quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Intervalo

Os posts regressam dia 10 de Dezembro.

Mourinho e Scolari - Diferentes? Iguais?

Será que José Mourinho e Luiz Felipe Scolari, afinal, são iguais? Ou nem por isso? Ver aqui.

Kasparov

Garry Kasparov preso em Moscovo por denunciar o regime de um ditador que por cá ainda há uns dias foi tratado como um senhor. Coloquei aqui o texto que escrevi há cerca de um ano, quando Kasparov esteve em Portugal e não se coibiu de explicar quem na verdade é Vladimir Putin.

Só agora

Só agora falo da derrota do Sporting em Manchester – Manchester United 2, Sporting 1 (Abel). E não é para dizer grande coisa. Com directas atrás de directas, em trabalho, consegui espreitar uns minutos da segunda parte numa saída do escritório para comer qualquer coisa. Tenho ouvido os comentários mais diversificados, mas a verdade é que ainda nem sei bem o que se passou (Purovic, por exemplo, foi titular, mas eu mesmo sabendo que foi ainda assim custa-me a acreditar).

terça-feira, 27 de novembro de 2007

A frase da noite

«Com o que ganha Paulo Bento, na Europa só se consegue contratar massagistas.»
Rui Oliveira e Costa, na Antena 1

Viagem ao 24 de Abril

Cheguei há pouco de uma viagem ao 24 de Abril. Estive numa reunião da Assembleia Municipal da minha terra – Monchique –, onde falar, para quem não é da maioria (25 anos de poder), por vezes acaba por ser uma tarefa complicada, senão mesmo impossível.
Imagem: Blog «Monscicus»

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Pergunta discreta

Por que é que Filipe Soares Franco não se demite da presidência do Sporting?

domingo, 25 de novembro de 2007

Escritores no meu romance (30)

Juan Eslava Galán, Espanha
Em nome de Deus Todo-Poderoso, eu, o mágico velhinho, começo este livro no dia de Natal de 1498, e porque de toda a obra são princípio e fundamento Deus e a Fé Católica, como diz a primeira Decretal das Clementinas …
(excerto de «O que Entra nos Livros», página 127)

Desta vez não dá…

Lamento mas desta vez não dá para escrever sobre o Sporting, ou antes, sobre o jogo do Sporting – Leixões 1, Sporting 1 (Purovic). A equipa perdeu toda a capacidade competitiva e agora até os jogadores mais indigentes sobressaem (Purovic marcou o golo do empate e a certa altura Farnerud parecia querer fazer de patrão da equipa, enquanto Polga no ataque fazia fintas, embora toscas, mas fazia ). Ao mesmo tempo que os gestores (?) se divertem com negócios de gê-pê-ésses, o futebol, a principal actividade do clube, afunda-se a caminho daquilo que era habitual na segunda metade da década de 90 do século passado.

sábado, 24 de novembro de 2007

O texto de Vasco Pulido Valente sobre «Rio das Flores»

Li a análise do último (ou melhor, do mais recente) romance de Miguel Sousa Tavares («Rio das Flores») feita por Vasco Pulido Valente, que saiu hoje no «Público». Não comprei o jornal, nem sabia da coisa; vi por acaso uma referência num blog e depois fui a outro ler o texto. Ainda não li o romance, e quero ver se leio, embora uma espreitadela ao início, numa livraria, me tenha dado que pensar – começo meio à Camilo (com aquela mania do nome completo), meio à García Márquez de «Cem Anos de Solidão», só que o pai da personagem em vez de a levar a conhecer o gelo leva-a a uma tourada; e depois, a personagem tem já não me lembro quantos «anos de idade», recurso estilístico comparado ao «há x anos atrás», que Miguel Sousa Tavares também usa com frequência. Mas conto ler o livro, porque gostei da história do anterior («Equador»), mesmo com os erros – que começavam logo com uma confusão da época em que foi construído o Canal de Suez – e com a escrita que dava a ideia de aquilo ter sido sempre a despachar.
Da conta em que tenho Vasco Pulido Valente, só posso dizer que o que escreveu sobre «Rio das Flores» é bem capaz de ser verdade. Há uma frase que me chamou a atenção; esta… «[Miguel Sousa Tavares] Não escreve como quem escreve um romance, escreve como quem escreve um relatório: directamente, com a mesma luz branca e monótona para tudo.» Eu costumo comparar estes casos de forma diferente, com um velho manual de gestão da força de vendas que tinha numa das cadeiras da faculdade, um livro de um cromo norte-americano chamado Tom Hopkins que aparecia na capa a fazer lembrar uma das personagens do «Dallas» (o manual tem uns vinte anos e curiosamente há uns meses chegou-me ao escritório um exemplar de uma nova edição, a quinta, com o cromo ainda e sempre na capa só que mais velho um bocadinho mais bem arranjado).
No meio destas polémicas das literaturas, estranho o silêncio sobre o novo romance de José Rodrigues dos Santos, que também conto ler. Como «Rio das Flores», já o folheei numa livraria e chamou-me a atenção um estranho «crrrrrrr, crrrrrr» que provavelmente é o substituto dos «uhs» da esmagadora maioria das personagens do romance anterior. Os livros deste autor já se sabe que é mais para a palhaçada, mas sempre podia haver alguma coisa tipo Vasco Pulido Valente e «Rio das Flores»; para ver se isto animava um pouco.

Pássaro maluco

O pássaro maluco, esta tarde, como sempre a voar ali no caramanchão.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Um engenheiro a sério

Em tempo de engenheiros da treta e do fax, coloquei num dos meus outros blogs («Mundo RH») o perfil de um engenheiro a sério.

«Eu, Carolina»/ «Eu, Etelvina»

Ver aqui.

Scolari

Antes de ontem à noite, no empate a zero com a Finlândia, a sensação que tive foi a de que Scolari continuava de fora. Como não liguei muito ao que os comentadores diziam, só me apercebi dele na conferência de imprensa, quando a abandonou assim sem mais nem menos; não atirou nenhum sopapo a algum dos suplentes, mas mesmo assim arranjou um número para compor o ramalhete do jogo. Eu ainda acho que o homem é capaz de ser o melhor para fazer de seleccionador; vê-se que não está à vontade com as tácticas e essas coisas do jogo, mas o que é certo é que mais uma vez garantiu uma qualificação (não ganhou um jogo que fosse contra a Polónia, a Sérvia e a Finlândia, mas garantiu a qualificação, e daqui a uns meses já ninguém se lembrará de como foi penosa). Antes dele não era bem assim. E aquela coisa dos sopapos, do mau feitio e agora das fugas de cabeça perdida, mesmo com um assessor a tentar segurá-lo pelo braço… Ainda há uns anos tivemos um seleccionador que disse qualquer coisa do género «isto só vai se se matar aí uns dois ou três» – já não me lembro bem dos termos, não sei se a expressão correcta foi «limpar o sebo», e se era com «uma G3», ou algo assim. Na altura o desabafo foi feito em off, mas o país todo acabou por ouvir.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Escritores no meu romance (29)

Mario Vargas Llosa, Peru
Assim se agradecem os bons serviços nesta Guarda Civil em que caíste na asneira de te meter. Que vai ser de ti lá, mágico velhinho?
(excerto de «O que Entra nos Livros», página 92)

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A Finlândia a acabar

A Finlândia, hoje, no Porto, para acabar a fase de qualificação de Portugal para o próximo Europeu de futebol, esperemos que em beleza (e que Scolari, de regresso ao banco, não agrida nenhum dos suplentes).

O peso do Nobel

Reparo agora que aqui ao lado, mesmo na ponta de uma das estantes, depois da mais recente arrumação, os livros de José Saramago (muitos) estão em cima uns dos outros, na horizontal (para segurarem os que depois aparecem na posição vertical). Estão sobre três romances de José António Saraiva, coisa que aconteceu por coincidência da ordenação alfabética. O que pensar disto? Saraiva, candidato assumido a ser distinguido pela academia sueca, sentirá o peso do Nobel português? Não sei ao certo. Um dado adquirido é que por cada livro novo seu que venha cá para as estantes, Saramago irá elevar-se um pouco mais.

Os gestores divertem-se

Tirei do site do jornal «A Bola».
Sporting
GPS para trilhar caminho do título
O Sporting apresentou esta manhã o GPS Sporting, produto inovador que permite aos utilizadores encontrar com maior facilidade os pontos de interesse relativos ao clube. Para o presidente Filipe Soares Franco só falta mesmo o plantel de futebol encontrar também o caminho do título.
«Provavelmente no futuro isso até será possível através das novas tecnologias, mas não será ainda esse o efeito deste novo produto», gracejou Soares Franco na cerimónia de apresentação.O GPS tem como grande novidade a disponibilidade dos pontos de interesse relacionados com o clube, integrando as coordenadas de todos os núcleos sportinguistas espalhados pelo país.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Um pouco do que vou escrevendo

É um excerto de um romance que vou tentando escrever. Na versão final o mais certo é que não apareça assim; de qualquer forma, aqui fica…
(…)
Acabei por parar o carro perto da saída para a estrada de terra que dá acesso ao vale, tentando que não ficasse em cima dos matos e sujeito a arder se alguma fagulha caísse por perto. Desci pela estrada, sempre com o mesmo silêncio interrompido apenas pelos estalidos que pareciam querer fugir da linha de fogo. Andei perto de um quilómetro até que abandonei a estrada e atravessei a ponte de madeira sobre o ribeiro, para chegar à aldeia. Pouco passava das duas da manhã. A linha de fogo estava cinquenta metros acima, no monte oposto ao que eu tinha descido, e podia entrar na aldeia, embora esta estivesse limpa de mato. Ali, junto com a antiga casa da minha avó, a minha família possui mais algumas casas menores, uma azenha e um terreno. Eu sabia, de conversas pelo telemóvel cerca de uma hora antes, que o meu irmão estava por perto. Provavelmente iria encontrá-lo mais adiante, se avançasse pela estrada de terra. Saí da aldeia e atravessei de novo a ponte. Continuei pela estrada de terra, atento à linha de fogo, do outro lado. Uns dez minutos depois cheguei a uma zona de montado da minha família. Ainda com a linha de fogo a acompanhar-me. Foi então que me deparei com uma espécie de monstro a encandear-me.
(…)

Pergunta discreta

José Sócrates recebe hoje o sujeito que aparece na foto ao lado. Irá pedir-lhe que lhe dê algumas lições sobre ditadura?

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Isto interessa

Francisco José Viegas comentando esta notícia. A ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) chegará um dia aos blogs?

Frases mal ditas - 9

«Já mostrei valor desde que cheguei a Portugal. Preciso de alguma continuidade como titular.»
Purovic, jogador (?) do Sporting, 19.11.07

Ele como português

Não vi o Portugal - Arménia. Duas viagens ao Algarve no mesmo dia, para ir buscar e levar pessoas, fizeram com que fosse assim. Na segunda viagem, na ida de Montemor para baixo, ouvi o relato. Pareceu-me que as coisas não estiveram famosas, mas ao menos lá ficámos com os três pontos e agora só uma catástrofe na próxima quarta-feira frente aos finlandeses nos impedirá de ir à fase final do campeonato da Europa. Não me esqueço de que a fraca selecção da Finlândia na preparação para o mundial das rebaldarias em 2002 nos ganhou por quatro a um no Estádio do Bessa, mas prefiro pensar nos cinco a zero do início dos anos 80 do século passado, no desaparecido Estádio José Alvalade, na caminhada para o Europeu de França.
No jogo com a Arménia, mais do que a fraca exibição da selecção portuguesa, o que me irritou foi um comentador que me pareceu arranjado à pressa por uma das rádios em que andei a circular. Luís Martins, que andou pelo Sporting e esta época tentou ser treinador à séria no Portimonense, em algumas das coisas que lhe perguntavam começava a resposta assim «Bem, eu como português…». Ora isto tanto serviu para falar da fraca exibição da selecção como para comentar o lance do penalty arranjado por Ricardo quando derrubou um jogador da Arménia com o jogo ainda em zero a zero; depois de o jornalista que fazia o relato explicar que tinha sido falta e de lhe ter sido pedido um comentário, disse que «como português» achava que a decisão do árbitro de nada marcar tinha sido correcta. Fiquei a pensar que depois de como treinador não ter dado grande coisa, se calhar como comentador também não vai lá.
Finalmente, uma nota para Pepe: Chegou à selecção; ele (como português) ficou no banco, mas não deve demorar muito a entrar em campo. Continuo a achar que ter jogadores estrangeiros na selecção só em casos mesmo excepcionais (Deco, obviamente; ou Liedson, se não apostasse em que ainda irá à selecção brasileira, o que a acontecer será mais do que merecido).

Começos prometedores - 10

«Observemos a noite. É quase perfeita, com a Estrela Polar visível na sua posição exacta, cinco vezes para a direita do enfiamento formado por Merak e Dubhé.»
Início do romance «O Cemitério dos Barcos Sem Nome», de Arturo Pérez-Reverte (2000; Ed. Portuguesa – Edições ASA, 2002)

sábado, 17 de novembro de 2007

Frente à Arménia, em Leiria

Primeiro dos dois jogos finais da selecção nacional na fase de apuramento para o próximo campeonato da Europa de futebol. Hoje em Leiria, frente à Arménia, com o seleccionador Scolari ainda na bancada. Esperemos que Portugal vença sem problemas e que Scolari não agrida nenhum espectador.

Figuras de estilo

«Pela primeira vez há cinco milhões e duzentos mil empregados em Portugal, coisa que não acontecia há décadas.»
José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, 15.11.07

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Saramago

Faz hoje 85 anos. José Saramago. Pelos meus tempos de faculdade, devia o curso ir a meio, li pela primeira vez alguma coisa escrita por ele. Isto… «D. João, quinto de nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou. Já se murmura na corte, dentro e fora do palácio, que a rainha, provavelmente…» Li pela noite fora, uma edição do Círculo de Leitores de «Memorial do Convento» que me tinha chegado juntamente com o fantástico «Adeus, Princesa», de Clara Pinto Correia. Aquela escrita que me espantava a cada página foi das coisas que mais me ensinou no mundo dos livros.

Pergunta discreta

Carlos Freitas ainda não saiu do Sporting?

Escritores no meu romance (28)

José Riço Direitinho, Portugal
Sei que o mágico velhinho vai chegar hoje. Não que alguém me tivesse dito, mas há quinze anos que espero este forte cheiro a erva-cidreira que agora se sente, depois da chuva.
(excerto de «O que Entra nos Livros», página 35)
Foto: Rui André

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O espantalho

Finalmente alguém a sugerir a demolição do autêntico espantalho na horizontal que é a Gare do Oriente, em Lisboa; Duarte Calvão, no «Corta-fitas».

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Pergunta discreta

O que teria feito o presidente da nossa República no lugar do rei de Espanha, se por qualquer razão tivesse que reagir às provocações do tipo que na foto aparece de costas em primeiro plano?

Nota: «Por qué no te callas?», foi o que disse Juan Carlos a Hugo Chávez, já farto de ouvi-lo falar mal do anterior primeiro-ministro de Espanha.

A frase da manhã

«Ainda não sei quem é, e se custou zero já está a sair muito caro.»
Luís Aguiar de Matos, antigo dirigente do Sporting, sobre o jogador (?) Purovic, contratado esta época para o plantel do clube não sei se por engano, estupidez, incompetência ou brincadeira)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Escritores no meu romance (27)

Richard Bach, Estados Unidos
… ainda havia outros autores, como Richard Bach ou Gonzalo Torrente Ballester.
(excerto de «O que Entra nos Livros», página 125)

Carrinhos na mesa azul

Um dia – ou uma noite, quem sabe – estes carrinhos hão-de ser capazes de fazer parar o livro de um escritor. Por enquanto, estão parados na mesa azul.

domingo, 11 de novembro de 2007

Um futuro comentador?

Paulo Bento revelou-se um razoável comentador desportivo esta noite, no final do jogo de Braga. Pode comprovar-se aqui.

O gestor brilhante

Braga 3, Sporting 0. O resultado é humilhante, mas o gestor é brilhante. (Mesmo com um trabalho medíocre, ainda no final da época passada conseguiu sacar um prémio de 82.000 euros; quanto conseguirá sacar no final desta época?)
Nota: se se reparar bem na foto, nota-se que o gestor brilhante tem um bocado do cabelo a brilhar, a mão quase toda, um bocadinho da manga do casaco e uma parte da cara por baixo de uma das patilhas alongadas; e ao lado do olho esquerdo também surge uma pequena circunferência de brilho.

Pergunta discreta

Além da cimeira entre a União Europeia e África, já em Dezembro (ver a pergunta discreta anterior, num dos posts abaixo), Portugal será o anfitrião em 2009 da cimeira ibero-americana. Nessa altura, quantos criminosos serão recebidos em Lisboa de braços abertos?
Nota: mais uma vez, ver série «Este ditador vem a Lisboa», de Pedro Correia, no «Corta-fitas».

A marca

«Galp Sinergias». Está aqui.

sábado, 10 de novembro de 2007

Insensibilidade

A insensibilidade dos responsáveis de Sporting. Ver aqui.

Pergunta discreta

Quantos criminosos serão recebidos em Lisboa, de braços abertos, no próximo mês de Dezembro, aquando da cimeira entre a União Europeia e África?
Nota: ver série «Este ditador vem a Lisboa», de Pedro Correia, no «Corta-fitas».


Uma recordação

Recordação de Bormes les Mimosas, uma fantástica vila da Provence, entre Toulon e Saint-Tropez; há uns meses (ou «há uns meses atrás», como até nas melhores famílias literárias há quem teime em escrever).

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Já não há paciência

Depois de ontem à noite na «SIC Notícias», Carlos Freitas, administrador e gestor de activos e de inactivos (puroviques, farnerudes e por aí adiante) do meu clube, aparece hoje no «Record». Na caixa amarela pode ver-se Rui Santos a classificá-lo como «paradigma da paciência» (seja lá o que isso for). Eu, por mim, ansiando por um Sporting apenas com bons jogadores e com muitos títulos, só posso dizer é que já não há paciência para Carlos Freitas. Se antes, na sombra, já cansava a sua actividade no Sporting, como será agora com o homem armado em vedeta?

O casalinho

Não sei ao certo quem deixou este simpático casalinho entre os livros daqui de casa; mas desconfio.

Pergunta discreta

José Sá Fernandes ainda é vereador da Câmara de Lisboa?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Escritores no meu romance (26)

António Lobo Antunes, Portugal
O mágico velhinho aparecia na capa de um livro, juntamente com António Lobo Antunes…
(excerto de «O que Entra nos Livros», página 145)

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Brincar com a sorte

Desta vez, em relação ao Sporting 2 (Liedson 2), Roma 2, não me vou pôr com grandes comentários. Gostei muito de ver a equipa actuar, apenas com jogadores que sabem de facto jogar à bola (tirando o caso «especial» de Polga, obviamente). Até os que entraram na segunda parte foram dos que sabem jogar à bola. Mas com aquela coisa do golo do empate da Roma, misto de infelicidade e azelhice pura, poupo-me a escrever mais; por ter sido quem foi que deu o destino à bola fatídica. Ou seja, sobre a parte da azelhice não digo mais nada. A parte da infelicidade, não quer dizer que seja isto, mas não sei, não sei mesmo se o regresso de Carlos Freitas não terá ajudado ao que aconteceu (um regresso assim, para «estar perto dos jogadores», como hoje li, pode ter sido mesmo andar a brincar com a sorte).

Logo pela manhã

Uma abelha. Esta manhã, mesmo aqui à porta. Escondidas estavam mais umas cinco ou seis.

Péssima notícia

Carlos Freitas fica no Sporting.

Do Benfica? Do Sporting?

Ultimamente, tem-se falado muito na comunicação social de um gestor de topo do Benfica, Domingos Soares de Oliveira. É «acusado» de ser do meu clube, o Sporting. Eu já tinha ouvido falar no assunto, mas nunca liguei muito. Tanto se me dá que ele seja de um ou de outro clube, ou de um terceiro, ou que nem tenha clube. Mas agora, com o que tenho lido e ouvido, lembrei-me de uma coisa… Na revista que dirijo («Pessoal»), publiquei há pouco mais de dois anos (Verão de 2005), um perfil de Domingos Soares de Oliveira. O texto é da jornalista Ana Margarida Pedro, a quem Domingos Soares de Oliveira confessou então ser adepto e sócio do Benfica. A foto com a águia foi tirada pelo fotógrafo João Andrés. Pode ler-se o texto a seguir…

Domingos Soares de Oliveira
Um gestor no ninho da águia

«A minha relação com a informática é inexistente», escreveu resoluto Domingos Soares de Oliveira aos pais, quando o tempo de maiores responsabilidades se aproximou e a questão sobre o que fazer da vida se impôs. Contudo, porque medicina estava fora de questão e os dois anos de direito e físico-química que completara não lhe tinham enchido as medidas, decidiu-se pelo improvável, e da informática acabou mesmo por fazer carreira. De programador e analista de sistemas a gestor e presidente da Comissão Executiva do Benfica, Domingos Soares de Oliveira lá vai seguindo a somar vitórias. Fora e dentro dos estádios.

São Paulo não foi uma opção própria. Nem tão-pouco Paris. À semelhança do que aconteceu a muitas outras famílias, também a de Domingos Soares Oliveira se viu obrigada a sair do país no período revolucionário de 1975, facto que viria a marcar profundamente a sua infância. Depois de três anos passados no Brasil, do liceu completo e da admissão na faculdade, a França tornou-se a sua casa, e foi o local escolhido para concluir os estudos. Sozinho. «Não foi uma opção própria sair do país. Limitei-me a acompanhar os meus pais. Contudo, depois de eles voltarem, eu decidi permanecer em Paris. Fiquei e aproveitei bem a vida parisiense...» A forma como o afirma dá que pensar... «Mas não se pense que aproveitei bem só por causa das festas e das ‘cowboyadas’... Com 21 ou 22 anos há outras formas de aproveitar bastante bem o facto de se estar isolado, isto é, fora da relação paternal, uma vez que se trata de um período de desenvolvimento pessoal extremamente importante.» Tão importante que ainda hoje, já com uma carreira consolidada, este gestor sente os benefícios da decisão tomada quando jovem. «Não me custou absolutamente nada ter-me afastado, bem pelo contrário. Ainda hoje sinto que muitas vezes as pessoas precisam de alguém que assuma a responsabilidade da tomada da decisão, e o facto de se estar sozinho num ambiente que não é aquele onde se nasceu é algo de muito importante, até do ponto de vista da autonomia e da gestão da autonomia que se constrói.»
Ficou e concluiu com sucesso os estudos. Depois de por carta ter esclarecido os pais sobre o quanto a informática estava fora dos seus planos de futuro, Domingos Soares de Oliveira viu-se perante uma escolha reduzida. E optou pelo inesperado. «Honestamente, a informática nunca foi uma vocação. Aliás, foi mais por rejeição de outras alternativas do que propriamente por desejo. Tinha concluído dois anos entre os cursos de direito e de físico-química e sabia que medicina estava absolutamente fora de questão, por isso, tardiamente, enveredei por aquilo que viria a ser a minha carreira.» Por questões mais oportunísticas e menos estrututurais, ou vice-versa, uma vez que no início da década de 1980 muito poucos sabiam exactamente do que se tratava, o que é certo é que Domingos Soares de Oliveira se licenciou em Informática e Gestão de Empresas, corria o ano de 1983, e daí partiu para o mundo das empresas.
Fez a carreira normal de qualquer informático. Depois das diversas candidaturas que apresentara para o estágio profissional integrado na sua licenciatura, entrou numa empresa pertencente ao grupo Paribas e progrediu naturalmente por entre funções de programação e de desenvolvimento, como analista de sistemas. «Não houve qualquer tipo de problema na adaptação, porque me sentia bem preparado, e embora uma pessoa tenha sempre uma expectativa especial em relação ao primeiro emprego, eu diria que, no meu caso, o trabalho ficou aquém daquilo que eu julgava serem as minhas capacidades. Mas reconheço que quando se é novo se sabe fazer algumas coisas mas não fazer tudo, e portanto aquilo que nos vão dando é igualmente uma forma de desempenhar o serviço e um teste ao nosso potencial.»

De regresso a casa
Viria a ser um convite que faria Domingos Soares de Oliveira regressar a Portugal, convite esse que resultaria no seu primeiro grande envolvimento com a vertente dos negócios e as funções de gestão. «Aceitei um convite da Locapor, a primeira empresa de leasing que existiu em Portugal, na qual passei a assegurar a direcção do departamento de informática. Na altura, a gestão foi logo uma experiência muito aliciante, porque do ponto de vista pessoal me ligava a uma vocação de coordenação e de animação de equipas que sempre me agradou muito.»
Apesar de a pouco e pouco a dinâmica da empresa se ter transformado, Domingos Soares de Oliveira nunca equacionou a hipótese de deixar definitivamente a informática para se dedicar totalmente à gestão. Contudo, era por esta última que nutria maior interesse, e ao fim de pouco tempo a preferência acabou por ter os seus efeitos. «Sempre gostei mais da parte de gestão do que propriamente da parte tecnológica, mas não equacionei isso assim. Hoje sei que não sou um tecnólogo e que existe um vasto conjunto de linguagens de programação que já não domino, portanto é natural que vá abandonando a área. Não deixo de prestar atenção ao que se faz, mas desde há algum tempo que a minha carreira é de gestor.»
Á Locapor seguiu-se a Unisys, em 1988. Em causa estava um novo convite, desta feita para ajudar a lançar a Unisoft, uma empresa de software e de serviços, da Unisys, que tinha como accionistas uma série de outras empresas, entre as quais a Compta, a Marconi, a Tranquilidade e a Norma. «Na Unisoft, assumi primeiro funções de chefe de projecto, depois de director de sistemas de informação e finalmente de director-geral, fazendo um percurso de quatro anos até à chefia da empresa, onde me mantive durante mais dois anos. Foi uma experiência interessante, porque tive a oportunidade de acompanhar a criação e de estar envolvido nos trâmites de lançamento da empresa, e isso é realmente o que mais me agrada: criar projectos, dar-lhes corpo e fazer deles concretizações claramente estruturantes.»
Mas nem tudo foi fácil. Impondo-se no mercado como uma das primeiras empresas do sector dos serviços quando as software houses davam os primeiros passos, a Unisys passou por momentos algo complicados... «Foi curioso e ao mesmo tempo angustiante, porque durante uns meses tivemos de inventar trabalho e fingir que trabalhávamos, porque pura e simplesmente não tínhamos clientes. Felizmente, depois surgiram dois ou três projectos marcantes e a partir daí a empresa desenvolveu-se.» Mas não tanto quanto as aspirações de Domingos Soares de Oliveira desejavam. Apesar de pela primeira vez se ter visto inserido no ambiente das multinacionais e de ter no «Power Point» um dos maiores aliados – «porque tinha de apresentar muitos orçamentos, muitas estratégias e muitos resultados» –, a Unisys manteve-se ligada a um conjunto restrito de clientes, que contudo já não satisfaziam plenamente o gestor. «Uma vez que os clientes da Unisys não asseguravam no mercado português a dimensão de que precisávamos, houve que equacionar fazer as coisas de maneira diferente. Como não era possível fazê-lo ali, saí em 1992 para uma nova empresa.»

O Benfica
A nova empresa era a Geslógica, integrada no universo Prológica. Objectivo: criar uma organização que em vez assegurar a parte de equipamentos e hardware tratasse do software e dos serviços. «Aceitei, e fui o primeiro accionista individual.» O projecto foi um sucesso. Iniciando-se no mercado em 1992 com duas dezenas de pessoas, chegou a 1997 com mais de cem colaboradores, altura em que foi comprada pela primeira multinacional europeia de software e serviços, a Cap Gemini. Por volta do ano 2000, eram já seiscentos os funcionários da Geslógica e nem o rumor de um possível processo de fusão com a Ernst & Young abalou o rumo da próspera empresa. «Concluímos a fusão em Portugal sem grandes complicações e em finais de 2001 fui convidado para actuar com o presidente da empresa no mercado espanhol. Isto implicava uma dimensão completamente diferente, de cerca de três mil pessoas, mas mais uma vez aceitei o desafio e em 2002 e 2003 desenvolvi o projecto na dimensão ibérica. Depois, a partir de 2004, e por motivos de ordem vária, extinguiu-se a relação que existia com a Cap Gemini e eu decidi tomar um novo rumo.» Como ao longo dos cerca de vinte anos de empresas já tinha conseguido uma posição em que era difícil existir um próximo passo, e voltar a repetir passos também não era algo que estivesse nas suas intenções, Domingos Soares de Oliveira aceitou um convite que entretanto recebera do presidente do Benfica e em 2004 assumiu o papel de presidente da Comissão Executiva do clube da águia.
Mudança dramática a que foi assumida pelo gestor. Dramática, mas calculada. «O facto de ser um projecto muito diferente da minha carreira no universo da informática e da consultoria correspondia às minhas expectativas em termos de mudança. Contudo, das pessoas que consultei em relação à proposta que me foi feita pelo Benfica, noventa por cento disseram-me para não aceitar...» Escusado será dizer que o futebol no mundo dos negócios não era das coisas mais bem vistas, mas esta foi uma situação que também o clube lisboeta se viu obrigado a ponderar. «Bem vistas as coisas, o Benfica estava a apostar num gestor profissional. E o que é certo é que quando as coisas são suficientemente ponderadas acabam por correr bem. Quando entrei sabia exactamente o que me esperava. Tive zero surpresas, e sinto-me extremamente satisfeito com a experiência. Há muito tempo que não sentia tanto gozo no dia-a-dia.»
Depois de um projecto inicial em que as seis empresas detidas pelo Benfica passaram a ser vistas como um todo em termos de gestão, segue-se mais um grande desafio para o presidente da Comissão Executiva do clube: a fusão entre a Benfica – Sociedade Anónima Desportiva (SAD) e a Benfica Estádio. Mas nada que assuste em demasia Domingos Soares de Oliveira. Conta com o apoio dos cerca de trezentos funcionários da casa e dos cento e quarenta mil sócios (número sempre a mudar, pois a cada dia que passa entram cerca de mil, à conta do inovador sistema do kit «Novo Sócio do Benfica»), sócios seguramente ávidos de repetir a proeza desportiva da época de 2004/ 2005. E por falar nisso, que tal vão os negócios com os campeões nacionais? «Houve reflexos da vitória, não só em termos de motivação de toda a equipa como de impacto do ponto de vista das receitas, as directas, pelo facto de participarmos na Liga dos Campeões, e as indirectas, através da venda de merchandising e de adesão de mais sócios.»
Assim como sofrem os adeptos, de cada vez que a bola bate na trave ou teima em não ultrapassar o guarda-redes, assim sofre igualmente Domingos Soares de Oliveira, adepto e sócio do clube. «Sofro pelo Benfica, mas de maneira diferente do normal torcedor, porque se este fica satisfeito quando a bola entra e insatisfeito quando a bola não entra, eu penso nisso e no quanto fico satisfeito por ver o estádio cheio e muitas camisolas do novo modelo vendidas e insatisfeito com o inverso. É impossível para mim ver um jogo de uma maneira simplesmente apaixonada, sem a perspectiva financeira, até porque uma coisa está associada à outra.» E o que responde a quem ainda levanta a voz para questionar o seu clubismo? «Sou do Benfica, e mesmo que não fosse, depois de cá chegar não há outra hipótese senão vestir a camisola.»
Trocar o futebol por outro desporto, só mesmo pelo golfe, que pratica com amigos, «pelo menos uma vez por semana», em Belas. O resto do tempo divide-o com a família, a mulher e três filhos, cujo clube do coração não nos foi revelado.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Quase sempre com dez

O jogo de ontem à noite: Sporting 4 (João Moutinho, Liedson, Vukcevic e Gladstone), Naval 1. O golo de Liedson (que fez 2-1; imagem publicada hoje na capa do «Record») foi genial. O Sporting jogou com dez até aos setenta e três minutos, quando Purovic foi substituído. Voltarei ao assunto.

Domingo de manhã

Um diospiro cheio de curiosidade. Foi ontem de manhã, aqui mesmo ao lado de casa. Estava escondido dos pássaros e das abelhas, mas mesmo assim não resistia a espreitar. Na volta já deram com ele.

Pergunta discreta

De que clube é o presidente do Benfica?

Escritores no meu romance (25)

valter hugo mãe, Portugal
Tirou um livro e saiu-lhe um com formato e apresentação familiares… Lembrou-se logo. Era da mesma editora de «O Medo Longe de Ti», de onde tinha saído o mágico velhinho. Era inclusive da mesma colecção, daí a semelhança que percebeu na apresentação da capa. Achou piada ao nome do autor, só com letras minúsculas, três nomes, dois próprios e um apelido, «mãe». Nunca tinha reparado naquilo. Estaria o mágico lá dentro e essa presença agora mexia com o nome do autor, pondo-lhe as iniciais dos nomes em minúsculas? Aquilo era ainda mais grave do que pensava.
(excerto de «O que Entra nos Livros», página 153)
Foto de nelson d'aires (vhm com Inês Subtil); blog CASADEOSSO

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

«Pessoal», edição de Novembro

Esta é a capa da edição de Novembro da revista «Pessoal» (número 63). O meu editorial está disponível no blog «Mundo RH».
(clicar na imagem para aumentar)

Enganou-se no e-mail...

Vem hoje no Record. Enganou-se no endereço de e-mail e pronto, rua.

«Vieira nem sequer sabe os nomes de todos os vices»
AS CRÍTICAS DE ANDRADE E SOUSA, EX-LÍDER DO DEPARTAMENTO JURÍDICO ENCARNADO
Afastado do comando do departamento jurídico do Benfica, tece críticas ao poder e influência que adeptos de Sporting e FC Porto têm na cúpula encarnada com o beneplácito do presidente e em detrimento dos membros da direcção eleita

RECORD – Foi despedido do Benfica porquê e por quem? ANDRADE E SOUSA – Não se pode dizer que tenha sido despedido. Havia, por exigência minha, um contrato de prestação de serviços. Quando o clube quisesse ver-se livre de mim, podia fazê-lo sem constrangimentos nem cláusulas indemnizatórias, ao contrário do que acontece com muitos que por lá andam. O Benfica prescindiu dos meus serviços na sequência de um e-mail que enviei para a pessoa errada. A minha saída não se resume, contudo, a esse facto e é injusto passar-se essa imagem. Foi um pretexto, pelo que tenho o direito de me defender e não aceito ser tratado como um produto descartável. R – Qual o teor desse e-mail? E por que fala em pretexto? AS – Tecia considerações sobre as características profissionais do dr. Domingos Soares Oliveira [administrador executivo da SAD]. Ele teve acesso ao teor da mensagem e aproveitou-se disso para se ver livre de mim. O e-mail tinha como destinatário um amigo. Só que, por engano, enviei-o para um colega, Bernardo Faria de Carvalho [assessor da SAD], que, embora percebendo que não lhe era dirigido, submisso ao chefe, reencaminhou-o para Soares Oliveira. R – A quem se destinava então o e-mail? AS – Não vou dizer o nome do meu amigo. Quero protegê-lo e tratou-se de algo privado e confidencial. Nem o conteúdo do e-mail. Posso apenas garantir que não retiro uma vírgula ao que escrevi e que o mesmo tecia considerações de natureza exclusivamente profissional. R – O seu “amigo” está ligado ao Benfica? AS – Está ligado ao universo do Benfica… R – É dirigente? AS – Não. R – O que se passou depois de Bernardo Faria de Carvalho reencaminhar a mensagem para Soares Oliveira? AS – Acabou por ser Soares Oliveira a dar amplitude a esse facto. Depois de receber o e-mail do subordinado, revelou-o, desprotegendo inclusivamente o informador. Serviu-se do meu e-mail, de natureza privada, para exigir a minha cabeça numa reunião de direcção. Colocou-a entre a espada e a parede. “Ou ele ou eu”, chegou mesmo a dizer ao presidente. R – Mas isso foi só um pretexto, segundo diz. Quer concretizar? AS – Havia, há cerca de um ano, um grande desgaste na minha relação com o dr. Soares Oliveira, resultante do facto de criticar, interna e repetidamente, a presença de sportinguistas e portistas na estrutura profissional do Benfica. O dr. Soares Oliveira está no topo da pirâmide dessa estrutura e tem enorme poder e influência sobre Luís Filipe Vieira. O presidente dá-lhe esse estatuto e fala com ele vezes sem conta todos os dias. R – Todos sabemos que Soares Oliveira é simpatizante do Sporting. Isso quer dizer que, na sua óptica, não serve o Benfica com competência? AS – Não é uma questão de competência. Simplesmente, as grandes decisões do Benfica são tomadas por pessoas que não sentem o clube. Não gostam dele e movem-se por uma agenda própria. Hoje estão no Benfica, amanhã noutro lugar qualquer. R – Soares Oliveira não gosta do Benfica? AS – Não ama o Benfica como um benfiquista. Gosta daquilo que o Benfica lhe pode oferecer: notoriedade e um projecto profissional interessante. R – As grandes decisões, segundo argumenta, são tomadas pelos profissionais de cúpula, curiosamente adeptos de outros clubes. Qual então o papel dos vice-presidentes, sabendo que foram eleitos, há um ano, seis elementos efectivos e dois suplentes? AS – Um papel meramente decorativo. Luís Filipe Vieira nem sequer sabe os nomes de todos os vice-presidentes. Vi-o, há dias, a perguntar directamente o nome a um deles… Alguns são completamente marginalizados por uma estrutura profissional, que é necessária, mas que não pode desprezar os dirigentes eleitos. R – Além de Soares Oliveira, quem mais toma decisões importantes ou tem grande influência sobre o presidente? AS – O dr. Paulo Gonçalves [assessor jurídico da SAD], portista desde pequeno. Começou no departamento jurídico do FC Porto, com Pinto da Costa. Passou depois para o Boavista, na administração Loureiro. Eu próprio, pelo Benfica, e ele, ao serviço do Boavista, tivemos lutas enérgicas em reuniões da Liga. Trata-se de um portista da era Pinto da Costa, que já defendeu importantes posições contra o Benfica e que tem acesso, actualmente, aos documentos mais importantes e sigilosos da área jurídica do clube. R – Ainda não colocou em causa o profissionalismo ou a lealdade de Soares Oliveira e Paulo Gonçalves. Trata-se tão-só de uma questão de princípio?… AS – Não coloco isso em causa, assim como eles também não podem questionar a minha honestidade e competência. Não me envergonho de nada que tenha feito. Mas os benfiquistas merecem saber o que têm em casa. Soares Oliveira exorbita funções. É um pequeno ditador que só sabe funcionar com pessoas submissas. Ele afasta todos os que são incómodos. Como eu era incómodo, benfiquista, e afirmava não gostar de sportinguistas e portistas à frente do meu clube, fui afastado. R – Pelo cenário traçado, o Benfica parece estar em guerra aberta… AS – Não diria guerra aberta. Mas existe, de facto, um clima de grande tensão no interior do clube.

Textos sobre livros - 43

«O Romance do Kremlin», de Vladimir Fédorovski (Editora Livros do Brasil, 326 pp.)

Na colina do javali

A história de um dos símbolos da Rússia, um velho castelo fortificado construído no alto de uma colina onde uma estranha ave de rapina deixou cair um javali. O Kremlin, palco de assassínios, orgias, conspirações e muito mais que se possa ou não imaginar.

Distinguido em 2004, em Itália, como «Melhor Documento do Ano», «O Romance do Kremlin», do historiador, ensaísta e romancista Vladimir Fédorovski – que também foi diplomata durante a época da «Perestroïka», tendo mais tarde, aquando do golpe do Verão de 1991, tido um papel relevante –, conta uma longa história, a de «um castelo fortificado fundado casualmente durante uma caçada milagrosa». Tem origem numa lenda, que começa assim: «Numa noite escura e tempestuosa, o boiardo Kutchka chegou a um pequeno bosque, perto de um afluente do Moscova.» Kutchka passa a noite com os seus homens numa cabana de caçadores. De manhã, bem cedo, manda tocar as trombetas para dar início à perseguição de um enorme e feroz javali. Quando avistam o animal, surge uma ave de rapina com duas cabeças. Cai sobre o desgraçado do javali, segura-o bem entre as patas e com a ajuda dos dois bicos, e depois larga-o sobre a colina que domina o rio Moscova. O boiardo ficou de tal modo impressionado que decidiu erguer nesse local, precisamente o centro geográfico da Rússia europeia, uma pequena aldeia de caçadores. A aldeia tornar-se-ia a cidade de Moscovo, ainda que até que isso acontecesse muita água tivesse que correr pelo rio, e sangue (não necessariamente no seu leito). No alto da colina haveria de surgir o tal castelo fortificado, o Kremlin. Em russo, «Kreml» significa fortaleza.
Fédorovski, graças ao seu envolvimento na vida política russa, conseguiu para o livro obter testemunhos inéditos e ter acesso a arquivos confidenciais. Traça assim uma história de quase mil anos, que se lê como um romance, como o próprio título do livro parece logo fazer questão de assinalar. Um dos mais conhecidos símbolos da Rússia, cujas paredes viram tantos pecados e pecadilhos, enganos e desenganos, tantas vidas e tantas mortes, com muitos dos seus mistérios colocados à disposição dos leitores. Os seus e os de Gorbatchev, Lenine, Putin, Pedro o Grande, Brejnev, Ieltsin, Ivan o Terrível e tantos outros (e algumas outras). Grandezas e misérias, em plena colina do javali. De onde não se avista o mundo todo, mas de onde se consegue influenciá-lo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A falta de vergonha

Lê-se e quase não dá para acreditar. Luís Campos e Cunha, que em termos de classe política protagonizou uma das mais vergonhosas situações do período pós-25 de Abril, em vez de estar calado a gozar a reforma que arranjou no Banco de Portugal, ainda tem a lata de vir dizer (no «Público») que «com Santana Lopes, Sócrates vai ter um interlocutor no Parlamento do seu nível político e intelectual». O que não falta por aí é gente para falar de Sócrates e de Santana Lopes, gostando mais de um ou de outro, gostando dos dois, não gostando de nenhum ou até com outros sentimentos. Mas Campos e Cunha… É preciso ter lata.
Campos e Cunha, que na altura do escândalo que protagonizou chegou a motivar uma crónica de Fernando Alves na TSF onde o jornalista falava dos «profissionais do saque», devia mesmo ter vergonha. Mas parece que não tem. Entrou para o rol das pessoas que mais baixo fizeram descer a política no Portugal democrático e parece que ainda não deu por isso. Foi confrangedor vê-lo agarrar-se aos seus «direitos adquiridos» quando percebeu que as medidas que apregoava para a generalidade dos portugueses tinham acabado de trazer para a praça pública os seus próprios privilégios. Quase nem dava para acreditar. Uns dias antes de rebentar o seu escândalo, vê-lo numa entrevista conjunta para um canal de televisão e um jornal a dizer que as medidas do governo também haveriam de afectá-lo a ele, porque com elas passaria a só poder reformar-se mais tarde… E depois descobriu-se que afinal já estava reformado, e por causa de cinco ou seis anos de trabalho numa instituição pública, o Banco de Portugal, que nem há uma semana se descobriu que afinal também trabalha (ou actua, como se diz no mundo empresarial) no crédito à habitação, inclusive para administradores. A reacção de Campos e Cunha, na altura do escândalo, foi dizer que era tudo legal. Por incrível que pareça, o então ministro das Finanças foi das pessoas que mais esperneou neste país para manter os seus privilégios – e manteve, porque não lhe foi retirada a reforma (eu defendo que deveria ter sido). Ainda por cima, depois da saída do Governo – onde a única competência (?) que demonstrou foi a lembrança de que se podia aumentar os impostos e cortar nas reformas de quem quer que fosse (com excepção da que tinha do Banco de Portugal) – viu um antigo secretário de Estado passar a ministro e mostrar uma capacidade anos-luz à frente da dele. Enfim, uma vergonha.

Um milagre em Fátima

Fátima 2, Sporting 3 (Liedson 2 e Purovic). Um milagre, ou então muita sorte. O Sporting passou para a fase seguinte da Taça da Liga num jogo em que voltou a jogar mal, como nos últimos tempos. As bolas atiradas pelo Fátima ao poste e a inexperiência de alguns dos jogadores desta equipa, para além da classe de Liedson, decidiram tudo. Deixo algumas notas…
- Primeiro, o final, ou melhor, já a seguir ao final do jogo – Paulo Bento saiu do campo a insultar toda a gente (creio que do Fátima) que lhe aparecia à frente (na televisão não se ouvia, mas pelas imagens dava a ideia de que era «filho disto», «filho daquilo» ou coisa pior.
- A perder e com um avançado do Sporting que sabe jogar futebol em campo mas a alinhar pelo Fátima (Saleiro, e já com um golo), Paulo Bento punha as suas esperanças no inconcebível Purovic, mandando-o aquecer.
- Esse mesmo inconcebível jogador (?) Purovic acabou por marcar um golo, nem sei se em fora-de-jogo; por um lado foi bom, porque representou na altura o empate a dois, mas por outro lado foi mau, pelo ânimo que vai dar a Paulo Bento para continuar a apostar nele.
- Polga regressou e mesmo assim o Sporting sofreu golos, contrariando a ideia que quase toda a gente defende, de que com esse «genial» jogador (?) a equipa é imbatível; a verdade é que Polga regressou ao seu nível, esforçado, sempre muito esforçado, mas ao mesmo tempo a mostrar a sua falta de jeito quando a bola se aproxima (lembro-me de um lance aos setenta minutos em que depois de interceptar um ataque do Fátima rematou com toda a força à saída da sua própria grande-área, e também de nos lances de golo e de perigo do Fátima nunca o ver por perto).
- Miguel Veloso esteve muito bem no regresso ao meio-campo, mas desconfio de que Paulo Bento ainda não terá percebido.
- Nota final – as coisas estão muito mal e o futuro não promete nada de bom; mesmo ganhando em Fátima, já não há grande espaço para Paulo Bento, embora o problema nem seja apenas dele, o problema vai muito mais além, porque a culpa da desastrada construção do plantel para esta época não se pode imputar apenas a ele, mas também à própria direcção (no caso da direcção, não sei se terá sido de forma premeditada ou não, mas aquela história de Filipe Soares Franco preferir segundos lugares em vez de primeiros para poupar nos prémios aos jogadores dá que pensar).