Lê-se e quase não dá para acreditar. Luís Campos e Cunha, que em termos de classe política protagonizou uma das mais vergonhosas situações do período pós-25 de Abril, em vez de estar calado a gozar a reforma que arranjou no Banco de Portugal, ainda tem a lata de vir dizer (no «Público») que «com Santana Lopes, Sócrates vai ter um interlocutor no Parlamento do seu nível político e intelectual». O que não falta por aí é gente para falar de Sócrates e de Santana Lopes, gostando mais de um ou de outro, gostando dos dois, não gostando de nenhum ou até com outros sentimentos. Mas Campos e Cunha… É preciso ter lata.
Campos e Cunha, que na altura do escândalo que protagonizou chegou a motivar uma crónica de Fernando Alves na TSF onde o jornalista falava dos «profissionais do saque», devia mesmo ter vergonha. Mas parece que não tem. Entrou para o rol das pessoas que mais baixo fizeram descer a política no Portugal democrático e parece que ainda não deu por isso. Foi confrangedor vê-lo agarrar-se aos seus «direitos adquiridos» quando percebeu que as medidas que apregoava para a generalidade dos portugueses tinham acabado de trazer para a praça pública os seus próprios privilégios. Quase nem dava para acreditar. Uns dias antes de rebentar o seu escândalo, vê-lo numa entrevista conjunta para um canal de televisão e um jornal a dizer que as medidas do governo também haveriam de afectá-lo a ele, porque com elas passaria a só poder reformar-se mais tarde… E depois descobriu-se que afinal já estava reformado, e por causa de cinco ou seis anos de trabalho numa instituição pública, o Banco de Portugal, que nem há uma semana se descobriu que afinal também trabalha (ou actua, como se diz no mundo empresarial) no crédito à habitação, inclusive para administradores. A reacção de Campos e Cunha, na altura do escândalo, foi dizer que era tudo legal. Por incrível que pareça, o então ministro das Finanças foi das pessoas que mais esperneou neste país para manter os seus privilégios – e manteve, porque não lhe foi retirada a reforma (eu defendo que deveria ter sido). Ainda por cima, depois da saída do Governo – onde a única competência (?) que demonstrou foi a lembrança de que se podia aumentar os impostos e cortar nas reformas de quem quer que fosse (com excepção da que tinha do Banco de Portugal) – viu um antigo secretário de Estado passar a ministro e mostrar uma capacidade anos-luz à frente da dele. Enfim, uma vergonha.
Campos e Cunha, que na altura do escândalo que protagonizou chegou a motivar uma crónica de Fernando Alves na TSF onde o jornalista falava dos «profissionais do saque», devia mesmo ter vergonha. Mas parece que não tem. Entrou para o rol das pessoas que mais baixo fizeram descer a política no Portugal democrático e parece que ainda não deu por isso. Foi confrangedor vê-lo agarrar-se aos seus «direitos adquiridos» quando percebeu que as medidas que apregoava para a generalidade dos portugueses tinham acabado de trazer para a praça pública os seus próprios privilégios. Quase nem dava para acreditar. Uns dias antes de rebentar o seu escândalo, vê-lo numa entrevista conjunta para um canal de televisão e um jornal a dizer que as medidas do governo também haveriam de afectá-lo a ele, porque com elas passaria a só poder reformar-se mais tarde… E depois descobriu-se que afinal já estava reformado, e por causa de cinco ou seis anos de trabalho numa instituição pública, o Banco de Portugal, que nem há uma semana se descobriu que afinal também trabalha (ou actua, como se diz no mundo empresarial) no crédito à habitação, inclusive para administradores. A reacção de Campos e Cunha, na altura do escândalo, foi dizer que era tudo legal. Por incrível que pareça, o então ministro das Finanças foi das pessoas que mais esperneou neste país para manter os seus privilégios – e manteve, porque não lhe foi retirada a reforma (eu defendo que deveria ter sido). Ainda por cima, depois da saída do Governo – onde a única competência (?) que demonstrou foi a lembrança de que se podia aumentar os impostos e cortar nas reformas de quem quer que fosse (com excepção da que tinha do Banco de Portugal) – viu um antigo secretário de Estado passar a ministro e mostrar uma capacidade anos-luz à frente da dele. Enfim, uma vergonha.
4 comentários:
Este gajo é uma nódoa e como tal está muito bem no Público. Que sirva de emenda ao Sócrates e outros seguidores da religião dos «independentes». Mas o actual ministro não era secretário de estado dele, estava na CMVM, acho. Tinha sido SE no tempo de Guterres.
Carlos, sim, isso do actual ministro; ele estava na CMVM. Fiz confusão; vou mudar ali no post de «um seu secretário de Estado» para «um antigo secretário de Estado». Infelizmente o erro é só aqui; no resto, tudo como lá está.
António
É verdade. Mas parece que pouca gente comentou os dislates do senhor professor.
Já por duas vezes postei acerca dele.
A última foi precisamente pela comparação santanista.
O homem fez porcaria e aind a está ressabiado.
Pensava ser insubstituivél!
Tem razão neste seu comentário. Pouco se falou; inclusivamente o homem é visto com uma certa respeitabilidade, quando se trata de um caso nítido de falta de vergonha. Eu custa-me a perceber. E às vezes ainda vem aquela acusação recorrente de que quem fala o que tem é inveja da chulice. O caso foi mesmo uma das maiores poucas vergonhas do política portuguesa do pós-25 de Abril. E a universidade (e não só) acha que é prestigiante ter uma figura destas; eles lá sabem.
António
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