quinta-feira, 29 de março de 2012

António Souto – Crónica (46)



A Primavera veio quando devia vir, embora se tivesse anunciado bem antes por árvores e arbustos em colorações, pólenes e irritações.

Variações, em baixa
Este mês de Março foi rico em variações: variou na estação, variou na hora, variou na velocidade. Só não variou muito na esperança, que continua candidamente em baixa.
A Primavera veio quando devia vir, embora se tivesse anunciado bem antes por árvores e arbustos em colorações, pólenes e irritações. Não veio a chuva, ou em salpicos apenas, e isto apesar das muitas súplicas e das muitas fés de gente crente e menos crente, que a seca toca a todos, e ao povo muito mais, sobretudo àquele que não desertou do campo e vive dele, do campo e do monte, e vê a sua vida a andar para trás, ainda mais para trás, a monte, que as sementeiras são incertas como incertas serão as colheitas, e o gado não tem que comer, e a necessidade que temos do gado, bovino seja, ou suíno, ou caprino, ou ovino ou de capoeira, sim, que o peixe não puxa carroça e mesmo que puxasse também ao preço a que anda, que é ao preço da morte, sucumbíamos todos só de o apetecer. Mas a Primavera, como a procissão, mal chegou ao adro, e por isso as águas mil podem fazer jus ao rifão e não dar mãos a medir a quantos cântaros houver para encher e vazar.
A hora mudou quando devia mudar. Avançaram sessenta minutos de um sábado para um domingo, a noite ficou um pouco mais pequena para uns quantos, de menos dormir e de mais sono, para outros ficou na mesma porque o acordar ao domingo não tem o mesmo rigor que aos dias úteis, exactamente porque sábados e domingos são inúteis para a maioria. Mas não se creia que fazer desaparecer assim num ápice seis dezenas de minutos é coisa inocente e de inocentes, que não é, porque sempre são três mil e seiscentos segundos de ócio que se esfumam, e o reflexo positivo que isto terá na produtividade do país durante o período de Verão, que é quando dá mais para a moleza, e só em Outubro é que se voltará à normalidade, se é que pode haver normalidade depois de corpos e mentes se habituarem ao quebranto. E se não é coisa inocente e de inocentes, também não é coisa inofensiva, pode até este passe de mágica transtornar ficheiros importantíssimos e dar azo a uma guerra ainda maior do que a guerra de audiências, sobretudo por ficarem as televisões desprovidas de medição credível às suas bélicas audiências e, o mais sério, a pairar uma desconfiança assombrosa sobre o mercado publicitário.
A velocidade abrandou quando devia abrandar, e para um país que já se afez a mover-se paulatinamente (e há beleza no advérbio), ora para a frente ora para trás, este afrouxamento principiou antes mesmo de ter principiado, tudo porque a vontade de andar na mecha não passara de um projecto anunciado, desejo de vencer fronteiras num piscar de olhos, determinação de encurtar distâncias a grande velocidade para bem das migrações e da economia, e agora fica a gente em média velocidade, mais ao nosso ritmo, mais à medida dos nossos apertos, mas esperançosos, nós, de que, com o andar das carruagens que sobrarem, havemos de chegar aonde houvermos de chegar, e antes isto do que acabarmos em pequena ou em nenhuma velocidade, inertes, portanto, como estamos quase e quase sem darmos por isso.
Esperançosos, nós? Quem disse que não estamos precisados de uma esperança rectificativa? Venha ela, se vier em alta!

Crónica de Março de 2012 de António Souto para o blog «Floresta do Sul»; crónicas anteriores: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28; 29; 30; 31; 32; 33; 34; 35; 3635; 3738;   39; 40; 41; 42; 43; 44; 45.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Cinco


Uma apresentação


Texto de suporte à apresentação de «O Livro da Selva Empresarial», de Liliana Silva Cerqueira (ed. Gestão Plus) – Lisboa, 22.03.12 (Bertrand Chiado)

Em primeiro lugar, devo dizer que tenho muito gosto em apresentar «O Livro da Selva Empresarial». E devo também dizer que o livro me cativou logo à partida, inclusive pelo título. Quando era criança nunca li «O Livro da Selva», embora numa das colecções de cromos que fazia por esses tempos aparecessem o Mogli, o Rei Lu, a pantera Baguera ou o urso Balu, por exemplo. Só que nunca li o livro. Acontece que tenho filhos ainda pequeninos, três filhos, e por isso nos últimos anos acompanhei vezes sem conta as aventuras do Mogli, dos seus amigos e até, digamos assim, e com aspas, dos seus «inimigos». Vi os desenhos animados do «Livro da Selva», uma vez, e outra, e outra. Assim como vi os do Faísca Mcqueen, os do Nodi, os do Yakari, os do Bob o Construtor, os dos Gormiti, os do Rei dos Dinossauros e até, entre tantos outros, uns mais esquisitos de uma coisa que agora parece estar na berra chamada «Code Lyoko». Daí o título me ter cativado logo à partida.
Depois comecei a ler o livro e rapidamente me apercebi de que a selva de que fala, tão diferente da do Mogli mas por vezes tão parecida, é realmente a selva que fui conhecendo nas últimas duas décadas, uma selva que no final dos anos oitenta do século passado, e depois já no princípio dos anos noventa, quando eu andava a estudar Gestão de Empresas no ISCTE, os professores nunca falavam. Prometiam-me, a mim e a tantos outros jovens que por lá andavam, já não digo o paraíso, mas pelo menos algo que poderia sem grandes problemas servir de imitação.
De forma que quando comecei a trabalhar tinha mais a ideia da imitação do paraíso do que a da selva. E um dia, na serra do Algarve, quase na fronteira imaginária que por lá existe com o Alentejo, na casa de uma mulher simples mas certamente avisada de que os paraísos não surgem assim ao dobrar da esquina, nessa casa tocou o telefone. Era de um banco em Lisboa. A mulher estranhou, e inquietou-se. Por uma série de razões. Era o banco onde o filho tinha entrado como estagiário, e o filho nunca lhe ligava de lá, ligava-lhe era de casa, à noite, quando chegava do banco, porque ainda não tinha a invenção de que a mulher começava a ouvir falar: o telemóvel. Outra razão para estranhar e para se inquietar é que estavam a ligar de um departamento que diziam ser de recursos humanos, e estava lá um polícia. Terceira razão, a senhora do departamento de recursos humanos dizia para ela não se preocupar porque o filho estava bem.
A mulher era a minha mãe. Nunca me disse se chorou, mas eu acabei por saber que chorou. Só que foi apenas um instante. Pensou no que haveria de fazer para me ajudar e logo se lembrou de que no Hospital de São José, em Lisboa, trabalhava uma enfermeira da nossa terra. Em poucos minutos entrou em contacto com familiares dessa enfermeira e conseguiu que estes falassem para ela, para o hospital. Mais uns minutos e a enfermeira estava junto de mim a saber o meu estado. Depois o meu pai arrancou para Lisboa mais o meu irmão.
Conto o que aconteceu. Eu levava dois ou três meses do meu primeiro, digamos assim, emprego. Ainda eram tempos fáceis e tinha conseguido entrar como estagiário num banco, com um ordenado que era uma pequena bolsa da Europa, ou antes, de Bruxelas. Não custava nada ao banco, e a mim ajudava nas despesas. A promessa inicial era de que eu haveria de circular por várias áreas, mas rapidamente percebi que iria ficar no back-office de uma coisa a que chamavam Off-Shore. Passei a trabalhar lá, a fazer o que era preciso e a aprender por mim próprio. Ao fim de um mês já me desenrascava e então ia fazendo o trabalho. Mais um mês, e mais outro, e eu fazia o meu trabalho. E às vezes pensava no futuro. Na evolução que poderia ter naquele banco onde um homem quase com idade para ser meu pai, que trabalhava numa secretária próxima, costumava dizer de vez em quando para si próprio: «Isto é o que dá haver gente que gosta de brincar aos bancos!»
Um dia fui atropelado quando ia a entrar no trabalho, de manhã. Foi um autocarro da Carris, que imagino me bateu com algum cuidado, pois de contrário eu não estaria aqui hoje a apresentar «O Livro da Selva Empresarial». Segui a dormir para o Hospital de São José, numa ambulância, mas acordei antes de lá chegar. Devo ter entrado no hospital antes das dez da manhã, e ao princípio da tarde, com o meu pai e o meu irmão a caminho de Lisboa, tive a primeira visita. Um polícia. Ele é que tinha tomado conta do meu atropelamento pelo autocarro, ou antes, como se costuma dizer, da ocorrência. Precisava de ouvir o meu depoimento, mas eu não me lembrava de nada. Talvez por isso, por eu não ter nada para lhe dizer, ele é que falou, contando-me a partir dos relatos de testemunhas o que tinha acontecido. E depois disse-me que já tinha sido feito um contacto para a casa dos meus pais, acrescentando a seguir que tinha demorado algum tempo porque da esquadra não podia fazer chamadas interurbanas. Ainda não estávamos em crise, mas pelos vistos já havia contenção.
Mas o polícia tinha jeito de ser desenrascado. Assim como na minha carteira tinha encontrado o contacto dos meus pais, que viviam a duzentos e cinquenta quilómetros de distância, também tinha descoberto onde eu trabalhava. E então lá foi ao banco, a uns metros da zona do atropelamento. Era a sede do banco, que no rés-do-chão tinha uma agência. Ao entrar, o polícia ouviu um dos empregados a dizer ao balcão que parecia que um rapaz do banco tinha sido atropelado lá fora. Foi ter com ele e disse que estava ali por causa do atropelamento. O empregado aconselhou-o a ir ao Departamento de Recursos Humanos. E o polícia assim fez, e ao fim de alguma insistência conseguiu que fosse feita a chamada interurbana para avisar os meus pais de eu tinha sido atropelado quando ia entrar no banco.
Estive quatro dias no hospital. Ao fim de dois dias deram-me alta, mas quando ia a sair com o meu pai e o meu irmão senti-me mal e voltei a ser internado. À segunda tentativa, passados mais dois dias, saí. E no dia seguinte telefonei para o Departamento de Recursos Humanos. Disse que estava em casa e que tinha indicações médicas para ficar em repouso durante cerca de uma semana. Lembro-me de ter ouvido a pergunta: «Mas está bem, não está?» Disse que sim. Alguns dias depois regressei ao banco, não para trabalhar mas para dizer que não queria continuar lá. O diretor do departamento a que eu pertencia ficou espantado com a minha decisão. Tinha sido apanhado, na expressão dele, «desprevenido». Mais ou menos, imagino agora, como eu tinha sido apanhado uns dias antes pelo autocarro. No Departamento de Recursos Humanos a mesma coisa, também acabaram por ser apanhados desprevenidos. Mas não me fizeram grandes ofertas, nem grandes promessas para, como agora se diz, me reterem. Eu não era, pelos vistos, um quadro estratégico ou, se preferirem, um talento.
A mim, com vinte e poucos anos e o curso de Gestão de Empresas ainda fresco, foi preciso um autocarro me dar um abanão para eu perceber que o mundo empresarial poderia ser uma selva. Teria evitado esse abanão se nessa altura tivesse tido a possibilidade de ler um livro como este que agora a Liliana publica. Com os seus conselhos. Mas naquele tempo o mundo da edição, como tantos outros mundos, era muito diferente daquilo que é agora. Na universidade mandavam-nos comprar o que havia por cá, normalmente livros da McGraw-Hill, edições brasileiras onde me lembro de termos como «usuário» (utilizador), «demanda» (procura) ou até «varejo» (retalho) – edições que se calhar não eram mais do que uma preparação disfarçada para o acordo ortográfico.
Na minha ideia, os jovens que terminam agora os seus estudos estão muito mais avisados do que eu estava naqueles tempos da entrada no banco. Mas apesar disso receio que estejam a cair no mesmo erro em que eu caí ao aceitar um trabalho naquele banco. Ao aceitarem inclusive trabalhar em empresas que nada lhes pagam, quando eu ao menos ainda tinha a pequena bolsa de Bruxelas. Sei que na esmagadora maioria dos casos o fazem porque têm a esperança de se tratar apenas do começo de uma carreira. E sei também que há casos em que acaba por ser de facto o começo de uma carreira. Infelizmente, não é a maioria dos casos.
Este livro está organizado de uma forma curiosa: apresenta dez mandamentos a que a Liliana chama «de sobrevivência». Aos jovens de que falo faria bem, de certeza, lerem esses mandamentos – por exemplo, o segundo, «tempo é dinheiro, não trabalharás à borla para uma empresa com fins lucrativos»; ou o oitavo, «não te deixarás contaminar pelo vírus da anti-maternidade» (e este toca-me particularmente, porque a minha mulher foi em tempos despedida pelo facto de ter ficado grávida). Mais do que os mandamentos, mais do que isso: os argumentos que lhe estão associados, e as histórias que os ilustram. Esses jovens (e não só) poderão ter aqui, como se diz no sub-título, uma ajuda para a sua sobrevivência na selva das empresas. Eu sei que agora há muitos títulos de gestão onde se fala de sucesso. Óptimo. Devemos ser positivos. Mas falar de sobrevivência pode ser também uma enorme ajuda. E pode ser um passo para o sucesso. Este livro tem um enorme mérito. Faz-nos pensar. E se para mim já vem demasiado tarde, pela história que contei do começo da minha – passe o exagero – carreira, para outros poderá ser o ponto de partida para eles próprios construírem o seu futuro. E por isso a Liliana está de parabéns.
Apesar de esta apresentação já ir longa, permitam-me ainda deixar duas notas.
Primeira, uma nota de esperança. Vivemos num tempo em que no mundo do trabalho a exploração das pessoas é uma triste e vergonhosa realidade em tantos e tantos casos. Fala-se de estarmos a regredir, e quem poderá dizer que isso não é verdade? O caminho que a legislação tende a fazer é precisamente esse. Mas ao mesmo tempo existem empresas que valorizam as pessoas. Empresas que têm nas suas lideranças gente decente. Os vários estudos sobre ambientes de trabalho que vão sendo feitos anualmente no nosso país mostram precisamente alguns desses exemplos. Nem todas as empresas que por lá aparecem constituirão verdadeiros exemplos, é claro, mas de certeza que muitas delas são genuinamente exemplares na valorização das pessoas que fazem com que dia após dia prossigam a sua actividade.
Segunda nota… Já falei no gosto que tenho em apresentar este livro. Mas há mais uma coisa. Tenho também muito gosto em apresentar o livro por ser da editora que é, a Gestão Plus. Há alguns anos foi decidido numa editora onde eu publicava os meus livros de ficção lançar uma colecção da área de gestão. O editor um dia falou-me desse projecto e propôs-me, pela minha formação e pela ligação aos livros, ser eu o director editorial. Eu disse-lhe que poderia aceitar, mas que o melhor, para o sucesso da colecção, seria ele arranjar uma pessoa com prestígio no meio empresarial. Inclusive, acabei por ser eu a apresentar-lhe essa pessoa. E a colecção fez o seu caminho, primeiro com a ajuda dessa pessoa e depois apenas com o editor. A colecção tinha um nome que logo me pareceu muito bom: Gestão Plus. Tão bom que viria a dar origem à marca de uma editora. Também por isso a Liliana está de parabéns, porque tem o seu livro numa excelente casa.
Creio que falei mais tempo do que deveria. Peço desculpa por isso.

Chegou por estes dias


domingo, 11 de março de 2012

António Souto – Crónica (45)



Por muito que me tenha disciplinado, entrei neste universo dos incumpridores e falhei a pontualidade desta crónica que, devendo ser de Fevereiro, é já de Março adiantado.

Quando as voltas se trocam
A escrita anda muitas vezes associada à leitura (e vice-versa). Precisamente por assim ser é que quando tentamos conjugar ambas as actividades as coisas nem sempre correm como desejamos, e depois vamos adiando ora uma, ora outra, e os compromissos acabam por se arrastar. Primeiro um dia, a seguir mais um ou dois, logo passa uma semana, e logo quinze dias, e aquilo que era para ontem passa para o mês seguinte e deixa de haver desculpa que nos valha – somos num ápice uns irresponsáveis. Por muito que me tenha disciplinado, entrei neste universo dos incumpridores e falhei a pontualidade desta crónica que, devendo ser de Fevereiro, é já de Março adiantado. E isto porquê (em jeito de desculpa)? Porque me tinha apalavrado que nesta crónica daria notícia de um livro de um amigo, não por ser amigo (que seria já razão para o fazer), mas porque comecei a ler o ensaio e comecei a gostar dele e comecei a cogitar que merecia ser apregoado (passe a imodéstia minha de me julgar consultado). O problema é que ia eu a meio da dita leitura e entrei pelo último Mário de Carvalho adentro enquanto o diabo esfrega um olho, perdão, pelo «quando o Diabo reza», assim mesmo, com um pós-título apelativo, «vadiário breve», e deixei-me seduzir com os enredos do casal Bartlo e Cíntia. O problema é que ia eu agora em leitura adiantada desta peripécia e mete-se a talho de foice a releitura do «Memorial do Convento» e d’ «Os Maias», questão de dever, questão de relembrar o que a escola e a vida, felizmente, nos não consentem esquecer. O problema é que quem muitos burros toca, algum fica para trás, e ficou, como se notou e vê.
E que ensaio era aquele merecedor de pregão? Um texto de pendor filosófico ou, como escreve o seu autor, «Um divertimento político-filosófico acerca da profundidade do quotidiano». Assim é este «Podemos Matar um Sinal de Trânsito?», uma deambulação entretecida a partir de um sinal de sentido proibido que deixou de estar onde estava, numa rua de sentido único, porque tombado. Para além dos sérios riscos que esta «ausência» pode causar aos automobilistas que por lá passam, é o olhar atento e a reflexão complexa de Porfírio Silva, em primeira pessoa, que nos conduz pelos meandros da aventura do «pensamento estruturado» como quem conta uma história – uma maneira enganadora de nos fazer parecer fácil o que é deveras complexo, ou uma maneira cativante de nos revelar a complexidade do muito que julgamos fácil, só porque deixamos de ver o que olhamos distraidamente no quotidiano.
Este é o ensaio que me trocou as voltas à crónica que deveria ter sido alinhavada em devido tempo, e não foi. Este o livro que ficou a meio, mas que não tardarei a rematar, antes mesmo de deslindar o andamento da reza do Diabo.
É só darem-me o tempo suficiente para orientar o Saramago e o Eça, ou orientar neles os alunos que deles precisam como de pão para a boca, não tanto das criaturas e dos seus ensinamentos, mas de classificações exibíveis, para que não deprimam. Sim, para que não deprimam. Que, pelos vistos, pior do que o estado das escolas é o estado psicológico dos alunos, jovens debilitados, com a auto-estima em baixo, porque os professores, os mesmos que andam a chumbar menos nos últimos anos, teimam em ser parcimoniosos nas notas que atribuem, e aí é que reside o mal do nosso país que há e há-de vir, termos um mundo de alunos infelizes por terem notas baixas, apesar de transitarem, mais infelizes do que aqueles que reprovam pela segunda ou terceira vez, pois nestes o «autoconceito académico já estabilizou», pelo menos assim reza um estudo recente do ISPA – como as rezas do Diabo.
Portanto, e porque quero contribuir para levantar a auto-estima dos meus alunos, preciso de arrumar devidamente os clássicos para me voltar para os meus coevos amigos, o Porfírio que me perdoe. Matar por matar, matemos os sinais!

Crónica de Fevereiro de 2012 de António Souto para o blog «Floresta do Sul»; crónicas anteriores: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28; 29; 30; 31; 32; 33; 34; 35; 3635; 3738;   39; 40; 41; 42; 43; 44.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Revista «human» de Março


A edição número 39, com a chegada de Futre ao mundo das empresas. Nas bancas desde o início do mês (ver aqui).