Ver aqui; cinco histórias, num volume intitulado «Contos de Morte».
terça-feira, 29 de abril de 2008
segunda-feira, 28 de abril de 2008
A grande conquista
Sem querer, inadvertidamente, à custa de dois acidentes, é como se queira… Com a vitória sobre o Marítimo – Sporting 2 (Romagnoli 2), Marítimo 1 – , numa exibição a tocar o medonho e com golos a resultarem de um penalty inventado e de um ressalto a fazer lembrar alguma bruxaria encomendada sabe-se lá em que terreola da linha de Cascais, o Sporting chega ao segundo lugar. É a grande conquista, deve pensar Filipe Soares Franco, para quem o segundo lugar parece ser o melhor de qualquer competição. O pior é se o homem se esquece do Porto (ou na volta nem sabe que o Porto existe), o Porto lá tão longe, e então ele pensa que o campeonato é só para o Sporting e mais os outros catorze clubes; pode muito bem desatar a convencer o treinador para lutarem por um novo segundo lugar, deixando que ou o Guimarães ou até o Benfica (afinal, o clube que é maioritário lá em casa), um deles, é claro, nunca os dois, deixando que um deles passe para a frente. É o perigo de gostar de segundos lugares, de ser o segundo, de estar sempre quase lá mas nunca estar verdadeiramente lá; é o perigo de querer abrir uma garrafa de champanhe para festejar a grande conquista que permite pôr as finanças a salvo do pagamento dos prémios aos jogadores por serem campeões.
Uma nota ainda para o jogo: o golo do Marítimo, logo a abrir, saído da imaginação (enfim, da cabeça) do quase inclassificável Anderson Polga (que na segunda parte, num livre favorável ao Marítimo, e mais uma vez usando a cabeça, ia fazendo o mesmo que fez contra a Roma em Alvalade para a Liga dos Campeões).
E outra nota relativa aos dias antes do jogo: Paulo Bento, nas declarações despropositadas que fez sobre Manuel Cajuda (como depois durante o jogo na condução da equipa), demonstrou mais uma vez que é um treinador pouco inteligente. Mesmo assim, até nem me choca que continue no Sporting; se sair Filipe Soares Franco (e a sua incompetente equipa) já será uma grande ajuda para que a próxima época corra melhor.
Uma nota ainda para o jogo: o golo do Marítimo, logo a abrir, saído da imaginação (enfim, da cabeça) do quase inclassificável Anderson Polga (que na segunda parte, num livre favorável ao Marítimo, e mais uma vez usando a cabeça, ia fazendo o mesmo que fez contra a Roma em Alvalade para a Liga dos Campeões).
E outra nota relativa aos dias antes do jogo: Paulo Bento, nas declarações despropositadas que fez sobre Manuel Cajuda (como depois durante o jogo na condução da equipa), demonstrou mais uma vez que é um treinador pouco inteligente. Mesmo assim, até nem me choca que continue no Sporting; se sair Filipe Soares Franco (e a sua incompetente equipa) já será uma grande ajuda para que a próxima época corra melhor.
domingo, 27 de abril de 2008
sábado, 26 de abril de 2008
Animais de «O que Entra nos Livros» (7)
Parecia-me impossível depois de na estrada de terra ter feito um percurso de algumas centenas de metros com o carro em primeira, a dez ou vinte à hora, só por causa de uma lebre teimar em correr à minha frente aproveitando aquilo que por certo pensaria ser as luzes da ribalta; mas que não era mais do que os máximos do carro e os faróis de nevoeiro, que eu ligava na estrada de terra para ter uma maior visibilidade, sobretudo das bermas, de onde à noite muitas vezes saíam lebres como aquela, coelhos, alguma gineta desvairada ou um ouriço-cacheiro de passinhos curtos mas todos eléctricos.
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Longe
Sempre estive longe de imaginar que alguma vez haveria de aparecer numa crónica como esta.
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«Diário de Notícias»,
João Villalobos
sexta-feira, 25 de abril de 2008
O meu golpe demasiado azul
Lembro-me perfeitamente do dia 25 de Abril de 1974, apesar de ter então apenas seis anos. Melhor, se alguém me aparecer com a velha pergunta de onde é que estava no 25 de Abril, não terei dificuldade em responder, ainda que nessa altura nem sequer andasse na escola. No dia 25 de Abril de 1974, uma quinta-feira, fui para a casa da minha avó materna; fui logo de manhã. Das conversas que escutava à minha volta, ia percebendo que algo de estranho se passava, mas não entendia o que era. Para mim, todas as figuras que dominavam o país, fosse lá como fosse, pouco significavam. Uma vez, creio que um ano ou dois antes, tinha dado de caras com o presidente da República, Américo Tomás, depois de sair da missa; foi num domingo de manhã. O velhote ia a descer uma das ruas de Monchique, perante a multidão embasbacada e submissa, menos preocupada com ele do que com os guardas que não hesitavam em distribuir encontrões e o que mais fosse necessário. No meio de tanto burburinho, ainda me apertou a mão, enquanto dizia:
– Menino, menino.
Fiquei todo cheio de orgulho, e só daí a alguns anos é que percebi o quanto tal orgulho era ridículo. Não haveria de demorar muito, no entanto, para que num outro domingo, de novo à saída da missa, mas então já preparado para ir à catequese, dar de caras com o Mário Soares à frente de uma multidão ululante, com pessoas de punho fechado e com ar de poucos amigos. Meteram-me medo, mais ainda do que os guardas dos encontrões, que naquele espaço de dois ou três anos haviam desaparecido misteriosamente. Tudo ao contrário do velho presidente-almirante, que tinha sempre ar de não ser homem para fazer mal nem a uma mosca. Só mais tarde percebi que estava enganado, que o presidente do ditador Salazar não era tão bom como isso, assim como o Mário Soares também era capaz de não ser o diabo que a ira que transparecia dos seus gritos e do seu semblante, pelas ruas de Monchique, deixava adivinhar. Apesar de também não ser nenhum anjinho que aparecia ao domingo, pelo fim da manhã, em vilas do interior de Portugal.
O dia 25 de Abril de 1974, o dia do golpe de Estado, como eu ouvia as pessoas dizerem à minha volta, não foi lá muito bom para mim. Nas andanças pelos campos em redor da casa da minha avó, armado de faca e pau para melhor parecer um guerreiro, acabei por estragar as coisas logo a seguir ao almoço. Nessa altura, se calhar, o substituto de Salazar, Marcello Caetano, ainda tinha alguma esperança de conter o golpe para dar cabo do resto do país em mais meia-dúzia de anos. Ou então já tinha perdido a esperança completamente; isto se é que ele alguma vez soube o significado dessa palavra, que o mais certo é nem vir nos compêndios de Direito de agora, quanto mais nos daquela altura, muitos deles ainda de uso corrente. A imagem com que fiquei de Caetano é a de um homem a preto e branco, como a maioria dos homens do regime só de homens daquela altura, e com uns óculos de aros bem espessos e escuros. A culpa podia muito bem ser da televisão, igualmente a preto e branco, mas não. Eles eram mesmo assim, a preto e branco, ou cinzentos, e isso pude eu constatar na altura em que o velho Tomás me apertou a mão (Tomás, por vezes, até tinha a mania de andar com a farda branca da marinha, mas daquela vez estava de fato preto). Era a forma como todos se vestiam, tal como pensavam e agiam, a preto e branco, ou quando muito em tons de cinzento. Creio mesmo que naquele mundo kafkiano a televisão a cores, se existisse, não iria causar grande transformação aos nossos olhos. As imagens haveriam de colorir-se muito pouco ao focar os mandantes, fossem eles Salazar, Caetano, Tomás ou até os que mais tarde regressaram vestidos de cores garridas.
Mas voltando à minha odisseia pelos campos de batalha junto à casa da minha avó, não sei por quê nem como, se calhar porque não conseguia dar outro uso à faca, cortei-me no dedo polegar da mão esquerda. Fiz um golpe de quase uns dois centímetros, coisa que pode não parecer muito mas que comigo, com seis anos, deu para lágrimas, gritos e alguns pulos. O que acabou por me distrair foi o paralelismo que logo alguém me fez com o que acontecia em Lisboa. Eu, tal como os militares, também tinha feito um golpe. Tinha arranjado o meu próprio golpe. Daí que a meio da tarde – já com Marcello Caetano a dizer que se ia embora, mas para o tratarem com dignidade, e que o deixassem levar a biblioteca – eu andasse de um lado para o outro todo contente a mostrar o polegar ferido, como um precioso troféu.
À noite, em casa, ainda eu andava com a mão esquerda bem à vista, não a fazer sinal de que estava tudo bem, mas a mostrar o dedo. Não liguei à surpresa da apresentação na televisão dos senhores da Junta de Salvação Nacional, uma espécie de governo que ia assegurar a transição para aquilo a que chamavam democracia. Para mim, com seis anos, tanto se me dava, ainda por cima aparecendo eles também a preto e branco, num fundo cinzento. Se nem a PIDE, a polícia política do regime (com o sonso Caetano camuflada com o pomposo e enganador nome de Direcção-Geral de Segurança), alguma vez me tinha dado que pensar, não haveriam de ser aqueles artistas a ter essa honra, ainda por cima comandados por um velhote quase mais caquéctico do que Tomás, o tal que dizia «menino, menino» quando apertava a mão. Não me preocupei mesmo nada, nem com as desconfianças que eles geravam, porque a verdade é que mesmo sendo os substitutos dos maus, como se dizia, ninguém sabia o que iriam fazer. Ainda ouvi comentar que de entre os que apareciam no ecrã, se calhar, o único que se aproveitava mesmo era o locutor, o Fialho Gouveia, mas nem a isso dei importância. Continuava orgulhosamente a pensar no meu golpe, mas já um pouco preocupado, porque o dedo estava a ficar demasiado azul.
– Menino, menino.
Fiquei todo cheio de orgulho, e só daí a alguns anos é que percebi o quanto tal orgulho era ridículo. Não haveria de demorar muito, no entanto, para que num outro domingo, de novo à saída da missa, mas então já preparado para ir à catequese, dar de caras com o Mário Soares à frente de uma multidão ululante, com pessoas de punho fechado e com ar de poucos amigos. Meteram-me medo, mais ainda do que os guardas dos encontrões, que naquele espaço de dois ou três anos haviam desaparecido misteriosamente. Tudo ao contrário do velho presidente-almirante, que tinha sempre ar de não ser homem para fazer mal nem a uma mosca. Só mais tarde percebi que estava enganado, que o presidente do ditador Salazar não era tão bom como isso, assim como o Mário Soares também era capaz de não ser o diabo que a ira que transparecia dos seus gritos e do seu semblante, pelas ruas de Monchique, deixava adivinhar. Apesar de também não ser nenhum anjinho que aparecia ao domingo, pelo fim da manhã, em vilas do interior de Portugal.
O dia 25 de Abril de 1974, o dia do golpe de Estado, como eu ouvia as pessoas dizerem à minha volta, não foi lá muito bom para mim. Nas andanças pelos campos em redor da casa da minha avó, armado de faca e pau para melhor parecer um guerreiro, acabei por estragar as coisas logo a seguir ao almoço. Nessa altura, se calhar, o substituto de Salazar, Marcello Caetano, ainda tinha alguma esperança de conter o golpe para dar cabo do resto do país em mais meia-dúzia de anos. Ou então já tinha perdido a esperança completamente; isto se é que ele alguma vez soube o significado dessa palavra, que o mais certo é nem vir nos compêndios de Direito de agora, quanto mais nos daquela altura, muitos deles ainda de uso corrente. A imagem com que fiquei de Caetano é a de um homem a preto e branco, como a maioria dos homens do regime só de homens daquela altura, e com uns óculos de aros bem espessos e escuros. A culpa podia muito bem ser da televisão, igualmente a preto e branco, mas não. Eles eram mesmo assim, a preto e branco, ou cinzentos, e isso pude eu constatar na altura em que o velho Tomás me apertou a mão (Tomás, por vezes, até tinha a mania de andar com a farda branca da marinha, mas daquela vez estava de fato preto). Era a forma como todos se vestiam, tal como pensavam e agiam, a preto e branco, ou quando muito em tons de cinzento. Creio mesmo que naquele mundo kafkiano a televisão a cores, se existisse, não iria causar grande transformação aos nossos olhos. As imagens haveriam de colorir-se muito pouco ao focar os mandantes, fossem eles Salazar, Caetano, Tomás ou até os que mais tarde regressaram vestidos de cores garridas.
Mas voltando à minha odisseia pelos campos de batalha junto à casa da minha avó, não sei por quê nem como, se calhar porque não conseguia dar outro uso à faca, cortei-me no dedo polegar da mão esquerda. Fiz um golpe de quase uns dois centímetros, coisa que pode não parecer muito mas que comigo, com seis anos, deu para lágrimas, gritos e alguns pulos. O que acabou por me distrair foi o paralelismo que logo alguém me fez com o que acontecia em Lisboa. Eu, tal como os militares, também tinha feito um golpe. Tinha arranjado o meu próprio golpe. Daí que a meio da tarde – já com Marcello Caetano a dizer que se ia embora, mas para o tratarem com dignidade, e que o deixassem levar a biblioteca – eu andasse de um lado para o outro todo contente a mostrar o polegar ferido, como um precioso troféu.
À noite, em casa, ainda eu andava com a mão esquerda bem à vista, não a fazer sinal de que estava tudo bem, mas a mostrar o dedo. Não liguei à surpresa da apresentação na televisão dos senhores da Junta de Salvação Nacional, uma espécie de governo que ia assegurar a transição para aquilo a que chamavam democracia. Para mim, com seis anos, tanto se me dava, ainda por cima aparecendo eles também a preto e branco, num fundo cinzento. Se nem a PIDE, a polícia política do regime (com o sonso Caetano camuflada com o pomposo e enganador nome de Direcção-Geral de Segurança), alguma vez me tinha dado que pensar, não haveriam de ser aqueles artistas a ter essa honra, ainda por cima comandados por um velhote quase mais caquéctico do que Tomás, o tal que dizia «menino, menino» quando apertava a mão. Não me preocupei mesmo nada, nem com as desconfianças que eles geravam, porque a verdade é que mesmo sendo os substitutos dos maus, como se dizia, ninguém sabia o que iriam fazer. Ainda ouvi comentar que de entre os que apareciam no ecrã, se calhar, o único que se aproveitava mesmo era o locutor, o Fialho Gouveia, mas nem a isso dei importância. Continuava orgulhosamente a pensar no meu golpe, mas já um pouco preocupado, porque o dedo estava a ficar demasiado azul.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Uma pequena maravilha
Estive na noite de terça-feira no lançamento da revista «Ler», em Lisboa, no Belém Bar Café (foto). Trouxe um dos exemplares que distribuíram. Em casa, pela noite fora, percebi que se tratava de uma pequena maravilha. Trabalho fantástico do Francisco José Viegas e de quem o acompanha no projecto. Todos de parabéns.
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terça-feira, 22 de abril de 2008
Animais de «O que Entra nos Livros» (6)
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Figura triste, para não dizer pior
Não liguei muito; mas, pelo que vi, Cavaco na Madeira voltou a fazer uma das suas habituais figuras tristes.
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domingo, 20 de abril de 2008
Fora de brincadeiras
A propósito do Leiria 4, Sporting 1 (Liedson), pode-se dizer por brincadeira que o Leiria não é o Benfica. Mas fora de brincadeiras, o jogo desta noite acaba por ser o regresso do Sporting dos soares, dos francos, dos ferreiras, dos silvas, até dos carlos e dos freitas que foram enfiar barretes e quem sabe puroviques para outras bandas. Com um regresso assim, o que poderemos esperar para o futuro?
Foto: Pedro Ferreira (Record)
sábado, 19 de abril de 2008
A nova «Ler»
Capa do primeiro número da nova «Ler», dirigida por Francisco José Viegas. Sobre quem lá apareceria, fizeram-se apostas aqui.
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Revista «Ler»
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Facere
Cavaco Silva, doutor em literatura, hoje na TSF. Disse que não falava em público sobre os partidos (imagine-se o que dirá em privado…), e depois acrescentou: «Nunca o fiz, não faço, nem facerei!»
Pequena história com luíses e com filipes
Enquanto pensava na provável demissão de Luís Filipe Vieira, chegou-lhe a notícia da demissão de Luís Filipe Menezes.
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Luís Filipe Menezes,
Luís Filipe Vieira
Novidades no meio editorial português
Mais um novo projecto editorial que se anuncia, o de Manuel Alberto Valente, que há pouco tempo deixou o Grupo Leya. Entrevista na edição de hoje do «Público». Volto a assinalar aqui (é uma opinião pessoal, obviamente) o facto de se tratar do editor dos dois melhores livros de 2007.
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Meio editorial
quinta-feira, 17 de abril de 2008
A ideia de duas equipas do Sporting
É um jogo que fica para a história, o Sporting 5 (Yannick 2, Liedson, Derlei, Vukcevic), Benfica 3, como alguns outros entre os dois clubes (o dos sete a um, que curiosamente foi o meu primeiro jogo em Alvalade, mas também outros de resultado que nem vale a pena lembrar agora). A ideia que dá é a de que esta noite o Sporting jogou com duas equipas: primeiro uma com os elementos da direcção, uns gestores e mais o Purovic, o Farnerud e outros jogadores (?) parecidos; depois, uma equipa combativa e, principalmente, apenas com jogadores que sabem de facto jogar futebol. Não foi isso que aconteceu, os jogadores foram sempre os mesmos, mas a ideia que dá é de que estiveram duas equipas a representar o Sporting.
Alguns destaques do Sporting… O regresso de Derlei, a inspiração de Izmailov (nem sempre acontece), o apagamento de Romagnoli, a capacidade de luta de Liedson (aliada à grande categoria que tem), o valor de Yannick, a estranha incapacidade revelada por Adrien, a apatia de Vukcevic (mas sempre a ameaçar causar problemas ao adversário, o que veio a acontecer), a garra de Tonel… Fora de destaque, o despropósito de Soares Franco no final, a fugir dos jornalistas («não tenho mai nada pa dezer»); deve sentir-se pouco à vontade nos momentos de vitória, ou então estava ainda com os nervos da primeira parte (imagine-se o que poderia acontecer à sua direcção sem direcção nenhuma se o Sporting tivesse perdido este jogo…).
Quanto ao Benfica, enfim, nem devia comentar, mas a equipa realmente mais do que má (e é má) é estranha. Por um lado sente-se que há qualquer coisa que causa algum respeito (camisolas?), mas ao mesmo tempo a sensação que dá é a de que aquilo a qualquer momento pode acontecer uma hecatombe. Vê-se que o Quim está ali deslocado (poderia ser o guarda-redes de uma grande equipa, obviamente) e que há mais dois ou três jogadores realmente bons, só que depois… Tenho pena do Chalana, principalmente com as figuras em que deu em aparecer no final dos jogos, todo abatido, ele que como jogador além do génio personificava a alegria (ainda por cima no banco aparece sempre todo de preto, ele, o sóbrio Shéu e um estranhamente envelhecido Rui Águas, os três de preto como se fossem para um velório). E depois há o Luisão, que sem dúvida é o paradigma da mediocridade dentro de um estádio de futebol; dificilmente se encontrará na história do Benfica um jogador daqueles tidos como importantes mas protagonista de tantas situações anedóticas em campo (no circo, Luisão seria porventura um grande artista).
Por falar em artistas, desta vez o árbitro não nos complicou muito a vida (refiro-me à primeira parte, já se vê, pois na segunda mesmo que quisesse complicar era capaz de ter sido difícil). E outros artistas, alguns dos gatos fedorentos, depois do jogo foram filmados a fazerem uns trejeitos esquisitos; dificilmente se compreende esses trejeitos, como se a derrota do Benfica tivesse sido uma coisa completamente anormal (não acredito que não soubessem a equipa que têm e os riscos que correm).
Alguns destaques do Sporting… O regresso de Derlei, a inspiração de Izmailov (nem sempre acontece), o apagamento de Romagnoli, a capacidade de luta de Liedson (aliada à grande categoria que tem), o valor de Yannick, a estranha incapacidade revelada por Adrien, a apatia de Vukcevic (mas sempre a ameaçar causar problemas ao adversário, o que veio a acontecer), a garra de Tonel… Fora de destaque, o despropósito de Soares Franco no final, a fugir dos jornalistas («não tenho mai nada pa dezer»); deve sentir-se pouco à vontade nos momentos de vitória, ou então estava ainda com os nervos da primeira parte (imagine-se o que poderia acontecer à sua direcção sem direcção nenhuma se o Sporting tivesse perdido este jogo…).
Quanto ao Benfica, enfim, nem devia comentar, mas a equipa realmente mais do que má (e é má) é estranha. Por um lado sente-se que há qualquer coisa que causa algum respeito (camisolas?), mas ao mesmo tempo a sensação que dá é a de que aquilo a qualquer momento pode acontecer uma hecatombe. Vê-se que o Quim está ali deslocado (poderia ser o guarda-redes de uma grande equipa, obviamente) e que há mais dois ou três jogadores realmente bons, só que depois… Tenho pena do Chalana, principalmente com as figuras em que deu em aparecer no final dos jogos, todo abatido, ele que como jogador além do génio personificava a alegria (ainda por cima no banco aparece sempre todo de preto, ele, o sóbrio Shéu e um estranhamente envelhecido Rui Águas, os três de preto como se fossem para um velório). E depois há o Luisão, que sem dúvida é o paradigma da mediocridade dentro de um estádio de futebol; dificilmente se encontrará na história do Benfica um jogador daqueles tidos como importantes mas protagonista de tantas situações anedóticas em campo (no circo, Luisão seria porventura um grande artista).
Por falar em artistas, desta vez o árbitro não nos complicou muito a vida (refiro-me à primeira parte, já se vê, pois na segunda mesmo que quisesse complicar era capaz de ter sido difícil). E outros artistas, alguns dos gatos fedorentos, depois do jogo foram filmados a fazerem uns trejeitos esquisitos; dificilmente se compreende esses trejeitos, como se a derrota do Benfica tivesse sido uma coisa completamente anormal (não acredito que não soubessem a equipa que têm e os riscos que correm).
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Pinto da Costa no hospital
Ver aqui o que Pinto da Costa encontrou no hospital.
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Jorge Nuno Pinto da Costa
segunda-feira, 14 de abril de 2008
O jogo de ontem, uma possível associação e algumas contas
O jogo de ontem – Sporting 2 (Tonel, Liedson), Leixões 0 – pareceu-me equilibrado, na primeira parte com o Sporting meio a dormir (mesmo assim Liedson marcou um golo mal anulado), na segunda talvez por depois dos golos jogar apenas com dez, devido à expulsão de Ronny (enfim, na primeira parte a presença de Farnerud também quase que fazia com que jogássemos com dez). É preciso agradecer aos dirigentes do Benfica (tão maus como os nossos, tanto que até poderiam fundar uma associação para a qual me abstenho de sugerir um nome) esta nova motivação para as últimas jornadas do campeonato. Não sei o que vai acontecer, mas o Sporting tem hipóteses de ganhar todos os jogos, salvo algum desvario dos que têm sido habituais (imagine-se que na visita a Paços de Ferreira Paulo Bento lança Purovic, ou que assim que regresse Polga faz das dele…). Fora isso, o Benfica até ao fim do campeonato vai ser uma coisa muito complicada; o problema é a entusiasmante equipa do Guimarães, mas como tem um calendário difícil tudo é possível. Claro que é triste estar a fazer contas assim, a não sei quantos quilómetros de pontos do campeão, mas para já é o que se pode arranjar, com os dirigentes que temos (sobretudo Filipe Soares Franco, que deve ser o único presidente de clube no mundo que prefere ficar em segundo em vez de ficar em primeiro, para poupar nos prémios aos jogadores).
domingo, 13 de abril de 2008
Animais de «O que Entra nos Livros» (5)
Às vezes ia no carro pela estrada de terra que atravessava o montado até à estrada de alcatrão e via à minha frente uma sombra; travava então um pouco e uma águia surgia a voar uns dez metros acima do chão, enorme, quase do tamanho de uma galinha, mas vigorosa, dona dos ares, a águia a dar a ideia de que era capaz de ser dona de tudo o que quisesse naquele momento.
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Romance «O que Entra nos Livros»
Palavras de Saramago
Estão em todas as entradas da cidade de Montemor-o-Novo, placas vermelhas com uma adaptação da frase com que termina o romance «Levantado do Chão», de José Saramago; a frase de um dia feliz, com gente viva e com fantasmas, todos em grandes cantorias… «E à frente, dando os saltos e as corridas da sua condição, vai o cão Constante, podia lá faltar, neste dia levantado e principal.»
Nas entradas de cada uma das freguesias também há placas, mas essas não vão buscar nada a Saramago, tirando as de Lavre, onde o escritor viveu para fazer o romance; aí a frase é logo a primeira – «O que mais há na terra, é paisagem.»
Nas entradas de cada uma das freguesias também há placas, mas essas não vão buscar nada a Saramago, tirando as de Lavre, onde o escritor viveu para fazer o romance; aí a frase é logo a primeira – «O que mais há na terra, é paisagem.»
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José Saramago,
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Montemor-o-Novo,
Romance «Levantado do Chão»
sexta-feira, 11 de abril de 2008
A frase da noite
«Vamos meter a parte positiva cá em cima.»
Chalana, sobre o futuro, momentos depois do jogo que o Benfica perdeu em casa por três a zero com a Académica
Isso de ser editor
Nelson de Matos numa entrevista de hoje (da autoria de Hélder Beja), no semanário «Sexta»…
As pessoas que hoje detêm editoras estão mais vocacionadas para o negócio [do] que para a literatura?
Da minha geração ainda há alguns editores em Portugal. Mas somos uma geração em extinção. O mundo moderno não se compadece com o vagar que é necessário para construir uma relação com o autor. Hoje os editores nem sequer lêem os textos. Na maior parte dos casos, o título publica-se porque o autor tem um programa de televisão, é jornalista, é político, é tudo menos escritor. As exigências das organizações empresariais que hoje são as editoras já não se compadecem com esta situação. Esse trabalho só pode continuar a ser feito das pequenas iniciativas de edição que têm a figura do editor muito preservada.
Fala de autores que não são escritores. As editoras devem publicar livros apenas com interesse comercial?
As editoras actualmente quase só fazem isso. Quando surge algo em que não há certeza de que vai ter vendas, hesitam em publicar. Não tenho nada contra isso. Um colega dizia: É preciso publicar o que dá para poder publicar o que não dá. É muito verdade. O que se tem que fazer é não misturar as águas, não enganar os leitores. Trabalhar com cuidado e com seriedade. Não se pode, por exemplo, publicar a Carolina Salgado ao lado de José Cardoso Pires.
As pessoas que hoje detêm editoras estão mais vocacionadas para o negócio [do] que para a literatura?
Da minha geração ainda há alguns editores em Portugal. Mas somos uma geração em extinção. O mundo moderno não se compadece com o vagar que é necessário para construir uma relação com o autor. Hoje os editores nem sequer lêem os textos. Na maior parte dos casos, o título publica-se porque o autor tem um programa de televisão, é jornalista, é político, é tudo menos escritor. As exigências das organizações empresariais que hoje são as editoras já não se compadecem com esta situação. Esse trabalho só pode continuar a ser feito das pequenas iniciativas de edição que têm a figura do editor muito preservada.
Fala de autores que não são escritores. As editoras devem publicar livros apenas com interesse comercial?
As editoras actualmente quase só fazem isso. Quando surge algo em que não há certeza de que vai ter vendas, hesitam em publicar. Não tenho nada contra isso. Um colega dizia: É preciso publicar o que dá para poder publicar o que não dá. É muito verdade. O que se tem que fazer é não misturar as águas, não enganar os leitores. Trabalhar com cuidado e com seriedade. Não se pode, por exemplo, publicar a Carolina Salgado ao lado de José Cardoso Pires.
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Nelson de Matos,
Semanário «Sexta»
Os jogadores: activos, passivos?
Foi há uns anos (2002), numa entrevista a Bagão Félix enquanto ministro; andava ele todo envolvido com o então novo Código do Trabalho. Respondeu-me assim a uma coisa que metia futebol.
O futebol parece-me um mundo muito competitivo. É muito criticado, mas dele também é possível retirar lições para as empresas, a gestão das estrelas, dos talentos, por exemplo... Os clubes acabam por ser as únicas organizações onde os talentos são activos e não um custo, que parece ser mais para as empresas. O que pensa disto?
Uma das coisas que mais me entristece é a discussão sobre o custo das pessoas nas empresas. Respondo justamente com o que escrevi a certa altura, num pequeno livro intitulado «Ética e Empresa»: «... as pessoas são o recurso e o bem mais importante. Toda a gente o diz, aliás, faz mesmo parte dos discursos oficiais, mas é curioso constatar que a contabilidade das empresas nem sempre o reflecte totalmente. Eis, então, um bom desafio para as técnicas contabilísticas. Não para as contabilidades criativas, mas para as contabilidades verdadeiras e reais. É que, de facto, se as pessoas são um património indispensável das organizações, das empresas, por que é que não estão no activo dos balanços e só estão, como custo, na conta de exploração? Claro que há excepções, como nas SADs, em que as pessoas (os jogadores) estão no activo do balanço, embora em alguns casos certos jogadores merecessem estar no passivo...» Isto no final é uma brincadeira, mas enfim...
Uma das coisas que mais me entristece é a discussão sobre o custo das pessoas nas empresas. Respondo justamente com o que escrevi a certa altura, num pequeno livro intitulado «Ética e Empresa»: «... as pessoas são o recurso e o bem mais importante. Toda a gente o diz, aliás, faz mesmo parte dos discursos oficiais, mas é curioso constatar que a contabilidade das empresas nem sempre o reflecte totalmente. Eis, então, um bom desafio para as técnicas contabilísticas. Não para as contabilidades criativas, mas para as contabilidades verdadeiras e reais. É que, de facto, se as pessoas são um património indispensável das organizações, das empresas, por que é que não estão no activo dos balanços e só estão, como custo, na conta de exploração? Claro que há excepções, como nas SADs, em que as pessoas (os jogadores) estão no activo do balanço, embora em alguns casos certos jogadores merecessem estar no passivo...» Isto no final é uma brincadeira, mas enfim...
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Jogadores de futebol
Animais de «O que Entra nos Livros» (4)
Os cães desviaram-se, até o rafeiro alentejano com ar presidencial. E eu continuei, mas a viagem passou a ser diferente do que era costume. Chegaram-me mais cuidados, e via um possível cavalo em cada sobreiro, em cada azinheira, em cada pinheiro que ameaçava largar a berma a caminho da estrada. Cuidados a conduzir, sem ligar à nave espacial de mais adiante, a de Aljustrel, disfarçada pelo terreno sinuoso, o de uns montes capazes de fazer com que a nave de luzinhas e cereais não passasse mesmo da construção da época sinistra dos tempos de Salazar e de Caetano. Foi então que apareceu outro ser na estrada, imóvel, mas com um ar bem altaneiro, um ar que eliminava qualquer hipótese de estar morto. Era um pombo.
Excerto do romance «O que Entra nos Livros»; foto de Kindian (http://www.fotodependente.com/).
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Romance «O que Entra nos Livros»
O homem derrotado que sorria
Mais uma competição falhada, com o Sporting 0, Glasgow Rangers 2 e a eliminação nos quartos-de-final da Taça UEFA. O Sporting mostrou-se superior, o que não admira face a uma equipa com jogadores tão limitados que até o ausente Anderson Polga, se estivesse bom e fosse produto da academia, poderia muito bem nela fazer de número dez se os dirigentes escoceses o comprassem. O Sporting teve alguma falta de sorte: em quatro ou cinco lances a bola em vez de entrar na baliza ou bateu no poste ou passou muito perto. E o Rangers em quatro falhanços aproveitou dois para marcar. Por vezes acontece…
Não me parece, no entanto, que esteja apenas aqui a justificação para termos sido eliminados. A derrota do Sporting explica-se por alguma incapacidade de Paulo Bento em reagir quando as coisas não estão a correr bem (vê-se que apesar de ser minimamente capacitado para a função não é muito inteligente e então se as coisas lhe saem do esquema é uma carga de trabalhos). Mas pior do que isto é a falta de espírito de competição que a equipa em determinadas alturas demonstra, competição a sério, com objectivos elevados; é algo que resulta em grande parte da mensagem passada pelos responsáveis da sade (principalmente por Filipe Soares Franco), a mensagem de que somos pequenos e pobres, de que não temos grande capacidade para competir com os nomes de topo do futebol europeu. Este espírito tacanho de responsáveis que na sua vida fora do Sporting, principalmente nas empresas, se tratam um pouco paradoxalmente como figuras de topo, contagia por vezes a equipa de tal forma que os resultados depois são o que se tem visto.
Uma nota final para o despropósito de Filipe Soares Franco, depois de acabado o jogo e com o Sporting eliminado, ter aparecido todo sorridente como se tivéssemos ganho já não digo a Liga dos Campeões mas pelo menos a bem portuguesa Taça da Liga. É caso para perguntar: o homem sorria de quê? E também é caso para perguntar: quanto tempo mais ficará no Sporting?
Não me parece, no entanto, que esteja apenas aqui a justificação para termos sido eliminados. A derrota do Sporting explica-se por alguma incapacidade de Paulo Bento em reagir quando as coisas não estão a correr bem (vê-se que apesar de ser minimamente capacitado para a função não é muito inteligente e então se as coisas lhe saem do esquema é uma carga de trabalhos). Mas pior do que isto é a falta de espírito de competição que a equipa em determinadas alturas demonstra, competição a sério, com objectivos elevados; é algo que resulta em grande parte da mensagem passada pelos responsáveis da sade (principalmente por Filipe Soares Franco), a mensagem de que somos pequenos e pobres, de que não temos grande capacidade para competir com os nomes de topo do futebol europeu. Este espírito tacanho de responsáveis que na sua vida fora do Sporting, principalmente nas empresas, se tratam um pouco paradoxalmente como figuras de topo, contagia por vezes a equipa de tal forma que os resultados depois são o que se tem visto.
Uma nota final para o despropósito de Filipe Soares Franco, depois de acabado o jogo e com o Sporting eliminado, ter aparecido todo sorridente como se tivéssemos ganho já não digo a Liga dos Campeões mas pelo menos a bem portuguesa Taça da Liga. É caso para perguntar: o homem sorria de quê? E também é caso para perguntar: quanto tempo mais ficará no Sporting?
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Ainda sobre José Cardoso Pires
Algo a não perder mesmo, aqui.
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Uma homenagem tocante
Simplesmente tocante a homenagem do final da tarde de ontem a José Cardoso Pires, em Lisboa, na Biblioteca Nacional; entrega do seu espólio à Biblioteca Nacional pela família e apresentação (notável, de Maria Lúcia Lepecki) do inédito «Lavagante», publicado pelo seu editor de sempre, Nelson de Matos.
Durante a sessão, não pude deixar de lembrar-me de algumas coisas relacionadas com o grande escritor… O fascínio com que li «Alexandra Alpha» e «Balada da Praia dos Cães»; o primeiro livro que tive dele (um volume de contos chamado «Jogos de Azar», que ganhei como prémio por um texto que publiquei no «DN Jovem»); o Natal de 1988, em que eu estava doente, de cama, na casa dos meus pais, em Monchique, e o meu irmão me apareceu com um livro dele acabado de sair (os contos reunidos em «A República dos Corvos», onde está um chamado «Ascensão e Queda dos Porcos Voadores» a que fui buscar duas ou três linhas para uma citação do meu último romance); uma das muitas vezes em que fui com o meu pai ao Instituto de Reumatologia, e nessa vez José Cardoso Pires estava lá sentado à espera de consulta, como tantas outras pessoas, e eu, parvo, surpreendi-me porque pensava que uma pessoa como ele não tinha de estar à espera para consultas, porque para mim era mais importante do que, por exemplo, o presidente da República…
No regresso ao Alentejo, voltei a pensar em tudo isto, e em como tinha feito bem em marcar várias coisas de trabalho para estar o dia em Lisboa e despachado a horas de aparecer na Biblioteca Nacional sem grandes correrias.
Textos sobre a sessão aqui (de José Pedro Castanheira) e aqui (da Lusa, assinado por ANC).
No regresso ao Alentejo, voltei a pensar em tudo isto, e em como tinha feito bem em marcar várias coisas de trabalho para estar o dia em Lisboa e despachado a horas de aparecer na Biblioteca Nacional sem grandes correrias.
Textos sobre a sessão aqui (de José Pedro Castanheira) e aqui (da Lusa, assinado por ANC).
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Literatura
terça-feira, 8 de abril de 2008
Animais de «O que Entra nos Livros» (3)
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Animais,
Romance «O que Entra nos Livros»
Gralha ou trocadilho?
Fernando Sobral, no «Corta-fitas»: (…) Menezes continuou a falar, sem tempo para reflectir. Agora quer uma ponte Algés-Trafaria, “porque seria mais útil aos lisboetas” (Ferreira do Mamaral não diria melhor, para salvaguardar os rendimentos da ponte Vasco da Gama) (…)
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Ferreira do Amaral
Capa bonita
O novo livro do meu amigo Ondjaki tem uma capa muito bonita; e o título, «AvóDezanove e o Segredo do Soviético», não lhe fica atrás. Ondjaki que entrou no meu último romance, de que coloco a seguir um excerto:
(...) De súbito, parecendo recuperar da surpresa, ganhou algum discernimento e então ouvi-o dizer:
– Bom, eu queria resolver logo o assunto do escritor Ondjaki, mas surgiu aqui uma situação inesperada. Posso voltar a ligar-lhe um pouco mais tarde?
Do outro lado deve ter havido compreensão, porque o homem agradeceu e despediu-se com um «até daqui a pouco». E logo a seguir contornou o balcão, entregando o telefone à rapariga e fazendo-lhe uns sinais que não consegui perceber, e dirigiu-se a mim de braços esticados para a frente. Era mais do que certo que sabia quem eu era. (...)
(...) De súbito, parecendo recuperar da surpresa, ganhou algum discernimento e então ouvi-o dizer:
– Bom, eu queria resolver logo o assunto do escritor Ondjaki, mas surgiu aqui uma situação inesperada. Posso voltar a ligar-lhe um pouco mais tarde?
Do outro lado deve ter havido compreensão, porque o homem agradeceu e despediu-se com um «até daqui a pouco». E logo a seguir contornou o balcão, entregando o telefone à rapariga e fazendo-lhe uns sinais que não consegui perceber, e dirigiu-se a mim de braços esticados para a frente. Era mais do que certo que sabia quem eu era. (...)
segunda-feira, 7 de abril de 2008
«Digno» sucessor
Agora percebo por que é que Luís Filipe Vieira viu em Rui Costa um «digno» sucessor.
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Mau comportamento,
Rui Costa
Uma edição em Itália
O conto que dá o título ao meu livro «O Velho que Esperava por D. Sebastião» será publicado este ano em Itália (ed. Scritturapura). E um dia, completamente envolvido nas minhas invenções sobre os desgraçados dos bichos de sete patas compridas, eu acabei por me esquecer das horas. Foi por isso que a certa altura notei o bater de uma porta e ouvi de novo a voz dela. O filho, meio atrapalhado, não conseguiu mentir-lhe e disse que estava a falar com D. Sebastião, o coleccionador. Reparei que ele lhe passava o telefone, mas não pude desligar. Fiquei a olhar as pessoas na rua, do outro lado do vidro da janela, e quase no mesmo instante ouvi-a perguntar quem era. Uma, duas, tantas vezes, até que reconheceu o meu silêncio e disse que tinha chegado a pensar que poderia ter-me acontecido alguma coisa.
«Lavagante» na Biblioteca Nacional
É esta quarta-feira, dia nove (18h30), no auditório da Biblioteca Nacional, em Lisboa. Maria Lúcia Lepecki apresenta o inédito de José Cardoso Pires, «Lavagante», publicado pelas Edições Nelson de Matos. Mais informações sobre o livro: ver aqui.
Animais de «O que Entra nos Livros» (2)
Foi uma parte bem pequenina de um segundo, uma parte ínfima em que consegui fugir dos pensamentos dos silos de cereais transformados em naves espaciais na planície alentejana, e então percebi o perigo do cavalo. E percebi a impossibilidade de travar a tempo, como se isso estivesse escrito nalgum livro de uma repartição esquecida dos arquivos do Estado capaz de escapar à voracidade de todas as reformas públicas, das apregoadas de boca por um qualquer político standard ou até de alguma que fosse mesmo a sério. Como se estivesse escrito que eu não conseguiria evitar o choque, e sabe-se lá com que consequências para mim. Um bocadinho de segundo, e o cavalo à frente do carro, depois de saído nem eu sabia de que escuridão. Um cavalo preto como essa mesma escuridão que começava logo a seguir às bermas.
Excerto do romance «O que Entra nos Livros»; foto de Annick (http://picasaweb.google.com/annick.b42/).
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Romance «O que Entra nos Livros»
Pauleta volta a falhar
A imagem que tenho de Pauleta, sobretudo na selecção nacional de futebol, é a de falhanços, ou às vezes nem isso; às vezes o que acontecia é que Pauleta passava os jogos praticamente sem se mexer e a equipa parecia que jogava com dez. Mesmo assim, ele conseguiu tornar-se o jogador com mais golos marcados pela equipa portuguesa, muito à custa de selecções fraquíssimas e, lá de quando em quando, de uma ou outra distracção das defesas de selecções mais fortes (Brasil, Inglaterra e Holanda, por exemplo).
Mas se Pauleta nunca me surpreendeu com as más exibições na selecção (veja-se o Europeu de 2004 e o Mundial de 2006), uma vez devo confessar que me deixou espantado… Durante a preparação do Mundial 2006, uma rádio fez um trabalho com todos os jogadores seleccionados, pedindo que revelassem a canção da sua vida. Quando chegou a vez de Pauleta, imagine-se o que saiu? Nem mais nem menos do que uma coisa do Quim Barreiros chamada «A Garagem da Vizinha». Eu não conhecia a canção, mas a rádio meteu-a a tocar. No Youtube é capaz de dar para ouvir… Lembro-me de que na altura pensei: «mas é este tipo que na Alemanha vai jogar no ataque da selecção nacional, se calhar até como capitão?; isto não deve dar grande resultado!» Pauleta haveria de marcar um golo, logo no início do primeiro jogo, com Angola, o que foi um péssimo registo. Já a selecção, foi o que se sabe, fez uma competição fantástica. E com um jogador tipo Drogba no ataque, se houvesse por cá algum, certamente teria chegado ao título mundial.
Agora Pauleta surpreende-me de novo. Vai transportar a chama olímpica, alheio à barbárie chinesa no Tibete. Talvez seja o maior falhanço da sua carreira.
Mas se Pauleta nunca me surpreendeu com as más exibições na selecção (veja-se o Europeu de 2004 e o Mundial de 2006), uma vez devo confessar que me deixou espantado… Durante a preparação do Mundial 2006, uma rádio fez um trabalho com todos os jogadores seleccionados, pedindo que revelassem a canção da sua vida. Quando chegou a vez de Pauleta, imagine-se o que saiu? Nem mais nem menos do que uma coisa do Quim Barreiros chamada «A Garagem da Vizinha». Eu não conhecia a canção, mas a rádio meteu-a a tocar. No Youtube é capaz de dar para ouvir… Lembro-me de que na altura pensei: «mas é este tipo que na Alemanha vai jogar no ataque da selecção nacional, se calhar até como capitão?; isto não deve dar grande resultado!» Pauleta haveria de marcar um golo, logo no início do primeiro jogo, com Angola, o que foi um péssimo registo. Já a selecção, foi o que se sabe, fez uma competição fantástica. E com um jogador tipo Drogba no ataque, se houvesse por cá algum, certamente teria chegado ao título mundial.
Agora Pauleta surpreende-me de novo. Vai transportar a chama olímpica, alheio à barbárie chinesa no Tibete. Talvez seja o maior falhanço da sua carreira.
O Noddy
O Sporting a jogar às seis e meia da tarde. Para quem tem filhos muito pequenos, como eu, não dá muito jeito. Horas de banhos, de jantares, de lavar os dentes e de mais algumas coisas. E a ligar a televisão, em vez da Sport TV só mesmo o Canal Panda é que é admitido (Noddy, Doraemon, Kiteretzu…). Por isso, do Sporting 2 (Yannick 2), Braga 0, pouco mais do que umas espreitadelas (televisão, pouquíssimo, Internet e rádio). Deu para perceber que a equipa aproveitou oportunidades (sobretudo Yannick), enquanto o Braga as falhou e acertou na barra e se calhar até teve um golo mal anulado. Com alguma eventual quebra da soberba equipa do Guimarães e a queda para a asneira do grupo de jogadores que lá vai representando o Benfica, talvez se possa lutar pelo segundo lugar (a meta com que sempre sonha Filipe Soares Franco e os que ainda o seguem vá-se lá perceber por que carga de água). Uma nota apenas, para se ver a incompetência de quem dirige o Sporting: imagine-se que em vez de Yannick tinha jogado Purovic, uma contratação que não se admite nem para uma equipa daquelas dos jogos das consolas; qual poderia ter sido o resultado com o Braga?
domingo, 6 de abril de 2008
Uma dúvida
Não sei se devo dar os parabéns ao Porto ou se devo chamar incompetente a Filipe Soares Franco. Na volta, o melhor talvez seja fazer as duas coisas.
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sábado, 5 de abril de 2008
Animais de «O que Entra nos Livros» (1)
O mocho continuou sem se mexer, sempre a observar-me, e a certa altura pareceu-me notar-lhe um lamento, um grito de lamento que ecoava apenas no fundo do seu olhar cheio de força. Então, como se tivesse perdido a paciência – eu, não ele, porque ele continuava impassível –, toquei-lhe com a bota do pé direito, ao de leve, tentando afastá-lo. Mas nada, apenas percebi um pequeno cambaleio. Fiz um pouco mais de pressão e ele teve de dar um passo curto para não cair. E quando tentei fazer novamente pressão, aí já não consegui, porque ele começou a afastar-se, em direcção a uma das bermas da estrada, a do meu lado esquerdo. Fiquei a vê-lo andar, muito devagar; fiquei a vê-lo assim até onde a luz permitia por ali a visibilidade, o pequeno mocho a afastar-se, sempre a olhar para mim, pois caminhava com a cabeça virada para trás o mais que, por certo, conseguia. E tinha as asas um pouco levantadas, não abertas, apenas levantadas, com as pontas a cruzarem a parte de trás do corpo. Pensei na imagem de um menino triste a afastar-se, contrariado, de mãos coladas às costas. Essa imagem esteve durante uns segundos na minha cabeça, até que se dissipou, quando me meti no carro e rodei a chave, que tinha deixado na ignição.
Excerto do romance «O que Entra nos Livros»; foto de Jan van Holten (http://www.cowb.be/oiseau-centre.htm).
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Romance «O que Entra nos Livros»
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Uma crónica
A minha crónica de Abril na revista «Magazine Artes» (o título genérico da crónica é «Letra Redonda»).
Os capitães da areia na cabeça
Agora, no futebol, parece que está na moda dar cotoveladas. Antes era mais tipo murro e pontapé, agora é com os cotovelos, sendo o alvo as fuças do adversário. E a moda parece universal, como recentemente provou, até mais do que uma vez, aquele rapaz com nome de inspector da PIDE que o Benfica comprou na América do Sul. Mas não vou falar sobre as cotoveladas, vou é fazer uma viagem no tempo. É um recuo de dez anos, à década de noventa do século passado, a do murro e do pontapé. Por esses tempos, o Sporting e o Benfica tinham as braçadeiras de capitão entregues, em ambos os casos, aos elementos mais emblemáticos de cada equipa. No Benfica a João Pinto (que, tirando o guarda-redes belga Michel Preud’homme, era mesmo o único emblemático na altura), no Sporting a Oceano (que era o mais velho e o de maior carisma). Oceano e João Pinto pareciam por isso mesmo os dois jogadores que deviam manter a cabeça fria até nos momentos de maior pressão. Só que isso nem sempre acontecia. Bem pelo contrário, João Pinto quando se dirigia a um árbitro parecia só não lhe chamar santo; já Oceano, mais comedido nas termos que usava, distribuía pancada pelos adversários em grande parte das intervenções.
Era desta forma que os capitães das duas equipas mais representativas de Lisboa, muitas vezes, demasiadas vezes até, em lugar de ajudarem os colegas acabavam por fazer disparates. Uma vez, em pleno Estádio da Luz, com o Sporting a controlar um jogo que tendo em conta o valor das duas equipas podia e devia ganhar, o capitão Oceano foi expulso por dar uma pancada (com o jogo parado) num avançado do Benfica; nem mais nem menos do que um avançado sueco com nome de marca de batatas fritas que mesmo com os jogos a decorrer era praticamente inofensivo. Quanto a João Pinto, num famoso jogo com o Boavista, e depois de uma jogada que nem tinha sido polémica, só os colegas e os adversários o impediram de esmurrar um árbitro que depois se meteu a ser cantor, um artista chamado Isidoro Rodrigues (o pequeno jogador do Benfica talvez já andasse então a treinar para o mundial asiático de uns anos depois). São apenas dois casos de que ainda me lembro, um para cada capitão de equipa, mas poderia ir buscar muitos mais.
João Pinto e Oceano integravam-se pode-se dizer de forma perfeita (passe a banalidade da expressão) na realidade do futebol português de há dez anos. O futebol em que Sá Pinto, na altura nomeado embaixador da «Expo’98» em Espanha, esmurrou o seleccionador nacional Artur Jorge, acto que meio Portugal aplaudiu (agora é ao contrário, o seleccionador nacional é que esmurra jogadores). O futebol em que de novo João Pinto esmurrou um bombeiro que estava de serviço num estádio, coisa que o adjunto do esmurrado Artur Jorge, Raul Águas, em directo na televisão, achou bem, dizendo que se calhar o bombeiro estava mesmo «a pedi-las». Assim como o próprio bombeiro deve ter achado bem, porque três ou quatro dias depois dos murros estava no Estádio da Luz a ver João Pinto jogar, e se calhar pronto para apanhar mais.
Não sei se Jorge Amado, que escreveu o romance «Capitães da Areia», gostava de futebol. Palpita-me que era capaz de gostar, como bom brasileiro. E, já agora, lembro-me de mais uma coisa, que até dá para completar o rol dos três grandes do futebol português: o capitão do Porto era Jorge Costa, que por esses tempos também vi aos murros (a dar e a levar, no caso a levar do liberiano do Milan, Georghe Weah, a quem a FIFA depois atribuiu um prémio de fair play a nível mundial). Antes de Jorge Costa o capitão do Porto era Vítor Baía, que também foi esmurrado, e também esmurrou. E em directo para todo o país. O combate, se assim se pode dizer, foi com um dirigente do clube de Campo Maior, que agora já se deixou de futebóis (o clube, e na volta o dirigente), um senhor chamado Pedro Morcela. Dirigente esse a quem Augusto Inácio, treinador-adjunto do Porto na altura, confundiu o nome, também em directo na televisão, chamando-lhe «Pedro Morcelada».
Talvez «Os capitães da tareia» ficasse melhor para título desta crónica.
Os capitães da areia na cabeça
Agora, no futebol, parece que está na moda dar cotoveladas. Antes era mais tipo murro e pontapé, agora é com os cotovelos, sendo o alvo as fuças do adversário. E a moda parece universal, como recentemente provou, até mais do que uma vez, aquele rapaz com nome de inspector da PIDE que o Benfica comprou na América do Sul. Mas não vou falar sobre as cotoveladas, vou é fazer uma viagem no tempo. É um recuo de dez anos, à década de noventa do século passado, a do murro e do pontapé. Por esses tempos, o Sporting e o Benfica tinham as braçadeiras de capitão entregues, em ambos os casos, aos elementos mais emblemáticos de cada equipa. No Benfica a João Pinto (que, tirando o guarda-redes belga Michel Preud’homme, era mesmo o único emblemático na altura), no Sporting a Oceano (que era o mais velho e o de maior carisma). Oceano e João Pinto pareciam por isso mesmo os dois jogadores que deviam manter a cabeça fria até nos momentos de maior pressão. Só que isso nem sempre acontecia. Bem pelo contrário, João Pinto quando se dirigia a um árbitro parecia só não lhe chamar santo; já Oceano, mais comedido nas termos que usava, distribuía pancada pelos adversários em grande parte das intervenções.
Era desta forma que os capitães das duas equipas mais representativas de Lisboa, muitas vezes, demasiadas vezes até, em lugar de ajudarem os colegas acabavam por fazer disparates. Uma vez, em pleno Estádio da Luz, com o Sporting a controlar um jogo que tendo em conta o valor das duas equipas podia e devia ganhar, o capitão Oceano foi expulso por dar uma pancada (com o jogo parado) num avançado do Benfica; nem mais nem menos do que um avançado sueco com nome de marca de batatas fritas que mesmo com os jogos a decorrer era praticamente inofensivo. Quanto a João Pinto, num famoso jogo com o Boavista, e depois de uma jogada que nem tinha sido polémica, só os colegas e os adversários o impediram de esmurrar um árbitro que depois se meteu a ser cantor, um artista chamado Isidoro Rodrigues (o pequeno jogador do Benfica talvez já andasse então a treinar para o mundial asiático de uns anos depois). São apenas dois casos de que ainda me lembro, um para cada capitão de equipa, mas poderia ir buscar muitos mais.
João Pinto e Oceano integravam-se pode-se dizer de forma perfeita (passe a banalidade da expressão) na realidade do futebol português de há dez anos. O futebol em que Sá Pinto, na altura nomeado embaixador da «Expo’98» em Espanha, esmurrou o seleccionador nacional Artur Jorge, acto que meio Portugal aplaudiu (agora é ao contrário, o seleccionador nacional é que esmurra jogadores). O futebol em que de novo João Pinto esmurrou um bombeiro que estava de serviço num estádio, coisa que o adjunto do esmurrado Artur Jorge, Raul Águas, em directo na televisão, achou bem, dizendo que se calhar o bombeiro estava mesmo «a pedi-las». Assim como o próprio bombeiro deve ter achado bem, porque três ou quatro dias depois dos murros estava no Estádio da Luz a ver João Pinto jogar, e se calhar pronto para apanhar mais.
Não sei se Jorge Amado, que escreveu o romance «Capitães da Areia», gostava de futebol. Palpita-me que era capaz de gostar, como bom brasileiro. E, já agora, lembro-me de mais uma coisa, que até dá para completar o rol dos três grandes do futebol português: o capitão do Porto era Jorge Costa, que por esses tempos também vi aos murros (a dar e a levar, no caso a levar do liberiano do Milan, Georghe Weah, a quem a FIFA depois atribuiu um prémio de fair play a nível mundial). Antes de Jorge Costa o capitão do Porto era Vítor Baía, que também foi esmurrado, e também esmurrou. E em directo para todo o país. O combate, se assim se pode dizer, foi com um dirigente do clube de Campo Maior, que agora já se deixou de futebóis (o clube, e na volta o dirigente), um senhor chamado Pedro Morcela. Dirigente esse a quem Augusto Inácio, treinador-adjunto do Porto na altura, confundiu o nome, também em directo na televisão, chamando-lhe «Pedro Morcelada».
Talvez «Os capitães da tareia» ficasse melhor para título desta crónica.
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Violência no futebol
«Pessoal», edição de Abril
Capa da revista «Pessoal» de Abril. O meu editorial está disponível no blog «Mundo RH».
(clicar na imagem para aumentar)
A melhor mentira
Já não se usa muito, mas sempre aparecem algumas: as mentiras do dia um de Abril. A melhor deste ano parece-me que foi esta.
Nas calmas
O Sporting empatou ontem em Glasgow nas calmas Glasgow Rangers 0, Sporting 0). Dá a ideia de que a equipa voltou àquele equilíbrio das duas épocas anteriores, o que não espanta. Yannick está de volta; perdeu-se o génio Nani mas pronto, sempre há Vukcevic, que está longe de ser um génio mas é um excelente jogador; Liedson é sempre Liedson, jogue bem ou jogue mal; em vez do problemático Ricardo está Rui Patrício; e o medíocre Caneira foi substituído com uma infinita vantagem por Grimmi. O pior é que, pela amostra do que tem sido esta época, o equilíbrio pode muito bem acabar no jogo que vem a seguir. Esperemos que não. Ontem com muito azar o Sporting poderia ter perdido; com um bocadinho de sorte, só um bocadinho, até poderia ter ganho, num campo em que o Benfica de certeza perderia por três a zero (vá lá, três a um) e em que o Porto talvez empatasse com golos ou perdesse por um a zero.
Já sem ter a ver com o jogo, uma nota: tenho criticado Filipe Soares Franco e o grupo que o acompanha no Sporting, pela incompetência angustiante que teimam em demonstrar ao nível da gestão desportiva (e não só) do clube; mas é justo agora realçar que Filipe Soares Franco tem estado muito bem nas declarações que tem feito sobre os apitos (o dourado e o final), insistindo na ideia – ou melhor, no facto – de que o nome que nunca apareceu referido em lado nenhum de todas aquelas poucas vergonhas foi o do Sporting. O Porto, por exemplo, mesmo que se safe (é o mais provável) ficará sempre com esta nódoa no currículo e na história, porque tal como os resultados dos últimos anos também ela já está homologada.
Já sem ter a ver com o jogo, uma nota: tenho criticado Filipe Soares Franco e o grupo que o acompanha no Sporting, pela incompetência angustiante que teimam em demonstrar ao nível da gestão desportiva (e não só) do clube; mas é justo agora realçar que Filipe Soares Franco tem estado muito bem nas declarações que tem feito sobre os apitos (o dourado e o final), insistindo na ideia – ou melhor, no facto – de que o nome que nunca apareceu referido em lado nenhum de todas aquelas poucas vergonhas foi o do Sporting. O Porto, por exemplo, mesmo que se safe (é o mais provável) ficará sempre com esta nódoa no currículo e na história, porque tal como os resultados dos últimos anos também ela já está homologada.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
No regresso
Hoje, pelo fim da tarde, pouco antes de começar o Sporting. A uns quinhentos metros de casa, no montado, depois de ter passado o dia em Lisboa; a manhã numa conferência, imagine-se, sobre direito do trabalho na Península Ibérica (num hotel que há uns tempos se chamava Meridien mas que agora tem um nome esquisito de que não me recordo), a tarde no escritório. Saí bem cedo para chegar a horas à conferência mas mesmo assim não consegui por causa da estupidez de Lisboa (eixo norte sul cheio de carros). À saída de casa, vi um javali completamente tresloucado, a correr de um lado para o outro, atrapalhadíssimo para voltar para o esconderijo.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Os segredos
Entrevista a Rogério Alves, feita em 2006; coloquei-a agora aqui.
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Pode dizer-se que na justiça o mais difícil tem sido guardar segredo?
Não diria isso. O que há é segredos a mais. E quando há muitos segredos para guardar, é natural que haja mais fugas.
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Segredo de justiça
Revista «Ler»
A revista «Ler», dirigida por Francisco José Viegas, já tem blog. Vale a pena lá ir. A edição impressa está prevista para o fim deste mês.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Naturalmente
Parecia que ia correr mal o jogo de domingo à noite, o Naval 1, Sporting 4 (Miguel Veloso, Liedson 2, Yannick), mas não, depois do golo sofrido tudo mudou com a naturalidade que se adivinha da estranha apatia que costuma acompanhar a equipa da Figueira da Foz. Costuma ser assim; a Naval nem é das piores equipas do campeonato, mas de vez em quando dá a ideia de que os seus jogadores andam a dormir. Contra o Sporting foi assim, e rapidamente eu afastei a ideia de que as coisas poderiam correr mal, a ideia que me trouxe o golo madrugador da Naval, com Grimmi, Gladstone e Rui Patrício a revelarem grandes debilidades. De qualquer forma, como sou optimista, pensei logo que uma derrota até poderia ser já não digo uma coisa positiva, mas pelo menos um mal que vinha por bem, porque talvez desse para que os responsáveis se demitissem e libertassem o clube de toda a sua imensa incompetência, sobretudo ao nível da gestão desportiva. Depois o jogo virou, naturalmente, e também naturalmente os responsáveis continuam no Sporting. Sairão um dia, é claro; resta saber depois de que prejuízos causados ao clube, e se desses prejuízos teremos salvação .
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