quinta-feira, 17 de abril de 2008

A ideia de duas equipas do Sporting

É um jogo que fica para a história, o Sporting 5 (Yannick 2, Liedson, Derlei, Vukcevic), Benfica 3, como alguns outros entre os dois clubes (o dos sete a um, que curiosamente foi o meu primeiro jogo em Alvalade, mas também outros de resultado que nem vale a pena lembrar agora). A ideia que dá é a de que esta noite o Sporting jogou com duas equipas: primeiro uma com os elementos da direcção, uns gestores e mais o Purovic, o Farnerud e outros jogadores (?) parecidos; depois, uma equipa combativa e, principalmente, apenas com jogadores que sabem de facto jogar futebol. Não foi isso que aconteceu, os jogadores foram sempre os mesmos, mas a ideia que dá é de que estiveram duas equipas a representar o Sporting.
Alguns destaques do Sporting… O regresso de Derlei, a inspiração de Izmailov (nem sempre acontece), o apagamento de Romagnoli, a capacidade de luta de Liedson (aliada à grande categoria que tem), o valor de Yannick, a estranha incapacidade revelada por Adrien, a apatia de Vukcevic (mas sempre a ameaçar causar problemas ao adversário, o que veio a acontecer), a garra de Tonel… Fora de destaque, o despropósito de Soares Franco no final, a fugir dos jornalistas («não tenho mai nada pa dezer»); deve sentir-se pouco à vontade nos momentos de vitória, ou então estava ainda com os nervos da primeira parte (imagine-se o que poderia acontecer à sua direcção sem direcção nenhuma se o Sporting tivesse perdido este jogo…).
Quanto ao Benfica, enfim, nem devia comentar, mas a equipa realmente mais do que má (e é má) é estranha. Por um lado sente-se que há qualquer coisa que causa algum respeito (camisolas?), mas ao mesmo tempo a sensação que dá é a de que aquilo a qualquer momento pode acontecer uma hecatombe. Vê-se que o Quim está ali deslocado (poderia ser o guarda-redes de uma grande equipa, obviamente) e que há mais dois ou três jogadores realmente bons, só que depois… Tenho pena do Chalana, principalmente com as figuras em que deu em aparecer no final dos jogos, todo abatido, ele que como jogador além do génio personificava a alegria (ainda por cima no banco aparece sempre todo de preto, ele, o sóbrio Shéu e um estranhamente envelhecido Rui Águas, os três de preto como se fossem para um velório). E depois há o Luisão, que sem dúvida é o paradigma da mediocridade dentro de um estádio de futebol; dificilmente se encontrará na história do Benfica um jogador daqueles tidos como importantes mas protagonista de tantas situações anedóticas em campo (no circo, Luisão seria porventura um grande artista).
Por falar em artistas, desta vez o árbitro não nos complicou muito a vida (refiro-me à primeira parte, já se vê, pois na segunda mesmo que quisesse complicar era capaz de ter sido difícil). E outros artistas, alguns dos gatos fedorentos, depois do jogo foram filmados a fazerem uns trejeitos esquisitos; dificilmente se compreende esses trejeitos, como se a derrota do Benfica tivesse sido uma coisa completamente anormal (não acredito que não soubessem a equipa que têm e os riscos que correm).

6 comentários:

Anónimo disse...

Apesar de satisfeito com a vitória do Sporting, não posso deixar de lamentar a má qualidade do jogo.
Nada de espantar.
Muita bola pelo ar, muito chuto para onde estavam virados.
Depois, os golos. Que pareciam de outra anedota.
E a inesperada marcha do marcador, que soube a Taça de Portugal.
E a crise do Benfica segue dentro de momentos. A do Sporting adia-se mais um bocadinho.

Anónimo disse...

Luís, assim até parece que és pobre e mal agradecido.

Olha, isto do Benfica agora é capaz de ter piada, ainda por cima com a deslocação às antas, ou lá como é que se chama aquilo agora.

António

CLeone disse...

Só não percebo duas coisas: «apagamento do Romagnoli» (mas quando é que ele esteve aceso?) e «incapacidade do Adrien» (que mal fez ele?). Fífias a sério, foi com o Veloso, que tem sempre a desculpa da falta de rotina, mas ontem deu para tudo. O SLB, já se sabe, só com arbitragens como a que teve na Amadora paa a Taça da Liga ou no campeonato nosjogos connosco é que se safa...

Luis Eme disse...

Achei o jogo bastante bom, com tudo o que um jogo de futebol deve ter, António: golos, emoção e incerteza no resultado...

(ao ponto de escrever sobre isso, no Largo)

Anónimo disse...

António:

Estou de acordo no essencial. Já não me lembro se foi aqui que comentei que a comunicação social malhava na crise do Sporting e escondia a crise do Benfica. Mas como sabe, nada se pode esconder eternamente. Eles pelos vistos é que não sabem. E isto aplica-se tanto ao futebol quanto à política.
É por isso que os nossos jornalistas, de um modo geral, têm a credibilidade que têm.

"Há munta falta de memória na política e nos políticos…".

Para a história fica: 5 – 3 e olé!

Um abraço.

P. S. O "munta" é para tentar reproduzir a voz nasalada do Coelhone. Nasalada, mas com faro para orientar a vida. Olaré!

Anónimo disse...

Caro António:
Chama-me "pobre e mal agradecido", mas não consigo prescindir do espectáculo.
Mesmo que o Sporting perca no Funchal o campeonato de ténis de mesa, já fico satisfeito com o belo espectáculo a que assisti em Alvalade, na primeira mão (4-2 para o Sporting).
As pessoas dizem que os resultados é que ficam para a história, mas as memórias do espectáculo é que se guardam para sempre.

Podes fazer uma experiência: põe as pessoas a desbobinar resultados atrás de resultados, a ver se são capazes. As grandes memórias, essas, ficam para sempre.