Os cães desviaram-se, até o rafeiro alentejano com ar presidencial. E eu continuei, mas a viagem passou a ser diferente do que era costume. Chegaram-me mais cuidados, e via um possível cavalo em cada sobreiro, em cada azinheira, em cada pinheiro que ameaçava largar a berma a caminho da estrada. Cuidados a conduzir, sem ligar à nave espacial de mais adiante, a de Aljustrel, disfarçada pelo terreno sinuoso, o de uns montes capazes de fazer com que a nave de luzinhas e cereais não passasse mesmo da construção da época sinistra dos tempos de Salazar e de Caetano. Foi então que apareceu outro ser na estrada, imóvel, mas com um ar bem altaneiro, um ar que eliminava qualquer hipótese de estar morto. Era um pombo.
Excerto do romance «O que Entra nos Livros»; foto de Kindian (http://www.fotodependente.com/).
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