quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Revista «human» de Outubro

(clicar na imagem para aumentar)
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Nas bancas a partir de hoje, 30.09. Na capa, Miguel Júdice, António Quina e Manuel Forjaz. Mais informações sobre a edição aqui. Deixo a seguir o meu editorial…
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Empreendedorismo e responsabilidade social
Empreendedorismo e responsabilidade social são dois dos temas em destaque nesta edição. Onde também falamos de planos de pensões (vistos como ferramenta de gestão de recursos humanos), damos a conhecer o Holmes Place – com a ajuda de Maria Bartolomeu, da respectiva academia de formação – e mostramos um projecto de mudança na gestão das pessoas da instituição que gere os aeroportos da Madeira e de Porto Santo.
No caso da responsabilidade social, são cinco os casos que escolhemos, da Sonae, da Novabase, da ROFF, da Liberty Seguros e da Fundação EDP. Instituições que ajudam na compra de equipamento médico para serviços pediátricos de oncologia, promovem a vinda de crianças de Chernobyl a Portugal ou apoiam o ensino de inglês e tecnologias de informação aos mais jovens. Entre outros projectos, todos eles capazes de as tornarem mais socialmente responsáveis. Ainda no âmbito da responsabilidade social, uma nota para a entrevista com Margarida Segard, que coordena uma rede que tem como objectivo promover aquilo que denomina como «uma nova cultura de responsabilidade social», rede que em cerca de um ano já conta, além das 14 entidades fundadoras, com mais quase duas centenas, sendo que o número não pára de crescer.
Quanto ao empreendedorismo, que faz a capa da edição, o que decidimos fazer foi entrevistar alguns protagonistas de projectos empresariais de sucesso, com relevância em Portugal. E eles falam de um país onde «o ambiente para os empreendedores é péssimo» e «ainda há muito para fazer ao nível da ‘simplexização’ da economia». Mas também dizem, por exemplo, que «aos empreendedores de raça, nada os faz parar» e que «há força suficiente para enfrentar os medos, empreender e inovar». Manuel Forjaz, António Quina e Miguel Júdice em discurso directo.

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terça-feira, 29 de setembro de 2009

A confirmação

O jogo no Porto – Porto 1, Sporting 0 – foi a confirmação de que estamos mesmo a bater no fundo. Vi-o num ambiente de alguma agitação, com as imagens ao longe e o som quase inaudível. Mas deu para perceber. E para ir pensando. Temos dirigentes que são uma vergonha (pela sua incompetência atroz), um plantel mal feito (por essa mesma incompetência) e nesse plantel, é inevitável particularizar, um elemento que desde que chegou ao clube não se tem poupado a demonstrar que está a anos-luz de ser um jogador de futebol: refiro-me obviamente a Polga, um autêntico cataclismo de chuteiras (para usar o termo do outro lado do Atlântico) – na imagem, a ser batido pelo avançado do Porto, no golo (depois de ter arranjado a falta para o livre).
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Foto: «A Bola»
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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Os papéis

Nas eleições legislativas, comparando com as europeias, José Sócrates fez de Paulo Rangel e Manuela Ferreira Leite de Vital Moreira. Como se esperava.
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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Ainda não consegui perceber…

… uma coisa das entrevistas do Ricardo Araújo Pereira no programa das eleições: por que é que a seguir a cada resposta ele diz sempre «muito bem».
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Longe

Longe do mundo, não deu para ver o jogo do Sporting com o Olhanense, uma equipa da minha terra – Sporting 3 (Daniel Carriço, João Moutinho, Vukcevic), Olhanense 2. Gostava de ter visto, mas se calhar até poupei algumas irritações. Não vejo o futuro com optimismo, mas mais do que o plantel preocupam-me os dirigentes, se é que a palavra «dirigentes» não está neles um pouco deslocada.
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domingo, 20 de setembro de 2009

António Souto – Crónica (16)

Décima sexta crónica de António Souto, depois desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta e desta. O António mantém uma crónica («Ex-abrupto») no jornal da sua terra («Jornal D’Angeja»). Esta é a da edição de Setembro de 2009.
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Até às próximas
Estas eleições vêm tão velozmente ao nosso encontro que mais parece virem de encontro a nós, sobretudo agora que a campanha avança, como em todas as campanhas, a um ritmo frenético, com cola e descola cartazes, monta e desmonta outdoors – em frontlight e em backlight, quando o orçamento é generoso (e os ingleses, que exportam o vocábulo, aforram para a propaganda deles um outro, que é billboard), com arruadas por tudo quanto é ruas, vielas e praças (que para estas últimas ainda se não inventaram nomes), com comícios e quilómetros papados por todos os pontos cardeais deste país de continente e ilhas, tudo agora calculado a quilos de CO2 (e nem sempre quem mais andarilha mais polui).
E nós, a gente, o povo, os portugueses, mulheres e homens que somos e que chamados somos a votar por direito e por dever de cidadania, nós vamos vendo, ouvindo e lendo, e chegado o momento, porque em ocasião de escrutínio somos sempre pessoas suficientemente inteligentes, seremos capazes de decidir e com o nosso voto premiar ou punir quem tiver de ser. E pouco importa que nos esqueçamos disto, que sempre alguém no-lo há-de lembrar, em desinteressado elogio.
O problema, como sempre acontece, está no «depois», na palavra que se não cumpre, por não haver hoje palavra que contrarie os desatinos da globalização e das crises internacionais.
E no entanto todos sabemos, ainda antes dos sufrágios, que a verdade hodierna é cada vez menos verdade, apenas porque tudo se transmuta num piscar de olhos, até a ética. E no entanto fingimos que não, que as promessas se vão cumprir, porque esse é o desiderato dos actos compromissivos e essa é a honra de quem os expressa. E no entanto tomamos partido, abraçamos uma bandeira, aplaudimos e votamos em liberdade e em consciência, cremos na bondade, mesmo quando não queremos ir por onde nos imploram.
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«Vem por aqui» – dizem-me alguns com olhos doces,/ Estendendo-me os braços, e seguros/ De que seria bom que eu os ouvisse/ Quando me dizem: «Vem por aqui!»/ Eu olho-os com olhos lassos,/ (Há nos meus olhos ironias e cansaços)/ E cruzo os braços,/ E nunca vou por ali…// A minha glória é esta:/ Criar desumanidade!/ Não acompanhar ninguém./ – Que eu vivo com o mesmo sem-vontade/ Com que rasguei o ventre a minha Mãe./ Não, não vou por aí! Só vou por onde/ Me levam meus próprios passos…» (…) In «Cântico Negro», de José Régio .
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Mas vamos, vamos por «aí», por onde sempre fomos, que é o lugar de irmos e de estarmos, mesmo que estas eleições, como todas as outras, venham de encontro a nós, ou até contra nós, que esta é a nossa conquistada liberdade democrática, em claustrofobia, em asfixia, ou em outras costumeiras vilanias, que, após Abril, quem agora está de um lado já esteve do outro, e tão sufocado é agora o ambiente como dantes era, tudo questão de oportunidade.
Mas vamos, vamos por «aí», que esta é a nossa sina, o nosso fado.
E antes ainda do fim do mês, feitas as vindimas, gozemos o mosto. Até às próximas!
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Se tivéssemos dirigentes, já nem pedia com o nível de Liedson como jogador, pedia apenas com dez por cento desse nível…

O Sporting de novo na Holanda esta época. E mais uma vez eu escrevo atrasado sobre um jogo, o da estreia na Liga Europa. Heerenveen 2, Sporting 3 (Liedson 3). Retido no fecho de uma edição da revista, o máximo que consegui fui ir espreitado na Internet uma transmissão do jogo com as imagens tremidas. Vi o que se esperava, o Sporting a impor-se contra uma equipa mais do que má, desinteressante. Honra a Liedson, sempre um jogador fantástico. Se tivéssemos um guarda-redes do nível dele, um defesa central do nível dele e mais um jogador no meio campo também do nível dele – e dirigentes, já nem pedia do nível dele, pedia apenas com dez por cento do nível dele –, se esse meu sonho se realizasse certamente estaríamos a disputar a Liga dos Campeões e provavelmente até a ganharíamos.
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Foto: «A Bola»
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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Amado mórbido...

… depois de Manuela mórbida.
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«O PSD está a cavar a sua sepultura como partido reformista.»
Luís Amado, ministro, num comício
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Frase da época

«Cruz-Quebrada Dafundo a sério»
De um cartaz da campanha autárquica
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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Chegámos aos cem dias de José Eduardo Bettencourt no Sporting e as coisas estão piores do que eu poderia imaginar faz agora cem dias

Não me esqueci do jogo do Sporting – Sporting 1 (Liedson), Paços de Ferreira 0. Não, não foi isso que aconteceu. O problema é que agora não consigo dizer nada sobre o Sporting, tão mal me parecem as coisas. Chegámos aos cem dias de José Eduardo Bettencourt no clube e as coisas estão piores do que eu poderia imaginar faz agora cem dias (passe a repetição). Só de pensar que poderão ficar assim «forever»...
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Nota: a propósito de cem dias, já lá vão três salários.
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domingo, 13 de setembro de 2009

Manuela mórbida

«O engenheiro Sócrates parece aquela pessoa que mata o pai e a mãe para depois dizer que é órfão.»
Manuela Ferreira Leite, no debate com José Sócrates, dirigindo-se à moderadora, Clara de Sousa
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«O senhor daqui a dez anos já não estará cá.»
Manuela Ferreira Leite, no mesmo debate, para José Sócrates
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Um golo obrigatório

Os dirigentes e funcionários do Sporting que trataram da dispensa de Silvestre Varela a custo zero deviam ser obrigados a ver o primeiro golo do Porto ontem contra o Leixões umas vinte vezes por dia durante uns dois ou três meses.
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Golo aqui.
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Os romanos atacam Vila Real de Santo António

Um excerto do conto – ainda inédito – que escrevi para um projecto da Câmara de Vila Real de Santo António (projecto «Nas Páginas dos Livros»).
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Com sorte talvez algum avião do aeroporto de Faro passasse baixo e assustasse os romanos. Um pássaro enorme haveria de deixá-los de boca aberta e fazê-los fugir, imaginava eu, mas não, pensei logo a seguir, os romanos estavam a ver tantas coisas para eles estranhas e mesmo assim não fugiam, não seria um avião a fazer com que fugissem. E mais… Outra coisa que me ocorreu, se eles tinham chegado ali, àquela cidade, e se tinham chegado àquela tarde de Agosto de 2007, sabia lá eu por que porta do tempo, por que brecha, por que confusão do tempo, na volta eram imunes até a balas, a bombas, ao que se quisesse. Se fossem imunes, aqueles romanos do barco poderiam conquistar o mundo todo, umas dezenas de homens e seria o suficiente para começar um novo império. Logo ali, e desta vez parecendo que com mais planeamento; não começavam num sítio à balda, começavam por uma das pontas do continente, para depois irem crescendo, crescendo, crescendo… Haveriam de passar pela própria cidade de Roma, e haveriam de conquistá-la… Quem sabe onde parariam, eles já fora do barco, a pé, sempre a andar, em conquistas com a sua imunidade a tudo, umas dezenas de homens que facilmente haveriam de arranjar seguidores, coisa que sempre se arranjou em toda a parte, em todos os tempos. Eles também haveriam de arranjar.
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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Desabafos

O ingénuo José Eduardo Bettencourt só agora é que começa a abrir os olhos. Eis algumas frases suas, bem fresquinhas:
«Não temos hoje solidariedade nos órgãos internos, nem o espírito de construção dos valores do Sporting, que se deixou enredar numa teia complicada para o clube e para os sportinguistas.»
«Assumo a minha quota de responsabilidades, mas não sou nem herói nem mártir.»
«Os problemas do Sporting não são apenas do presidente ou do Conselho Directivo, mas também de outras pessoas com responsabilidades no clube, que têm de contribuir para a sua resolução.»
«O presidente só será capaz de resolver esses problemas trabalhando em equipa com aqueles que têm responsabilidade no clube. Se não se entender isto, dificilmente lá chegaremos.»
Que confusões e traições o terão levado a fazer estes desabafos?
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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O meu primeiro livro

Quase que poderia escrever «há muito, muito tempo». Nessa altura, há muito, mesmo muito tempo, escrevi um livro de contos a que dei um título muito comprido: «Quando o Presidente da República Visitou Monchique por Mera Curiosidade», o título de um dos contos. Guardo recortes de jornais dessa época, e nalguns o livro até aparece nos tops das livrarias, nunca em primeiro lugar, mas em certos casos em segundo, batido se não estou em erro por «O Pesadelo de Obélix» ou pelo «Pequeno Livro de Instruções para a Vida». Podia ser pior…
O tempo passou. Habituei-me a que pouca gente conseguisse dizer o título correcto do livro; geralmente as pessoas começavam por «o dia em que o presidente foi» e a seguir atiravam com os sítios mais diversos: Beja, Santarém, Moura, Silves, Setúbal… Metiam tudo e mais alguma coisa no título, tirando, já se adivinha, a minha terra (Monchique). Isso foi nos primeiros anos. Agora já não acontece muito, porque quando me falam no livro é mais para me dizerem que não o encontram; o meu primeiro livro, «o do título comprido». Às vezes, em sessões de autógrafos, aparecem pessoas com outros livros meus e a perguntarem como poderão arranjar aquele, que não vêem em lado nenhum. Eu aí digo que não posso fazer nada, já que depois de esgotadas as edições que foram feitas só se surgir uma nova oportunidade, porque entretanto eu mudei de editora. E ofertas é coisa que não posso fazer, porque a verdade é que me resta apenas um exemplar de cada uma das edições.
Um dia, nem foi há muito tempo, recebi um comentário no meu blog; era alguém que tinha lido um dos meus livros (o romance «O que Entra nos Livros»). Dizia que o tinha comprado em Lisboa, «na Bulhosa do Campo Grande», isto depois de ter ido procurar a «duas livrarias da Bertrand». E que preferia ter começado por «O Medo Longe de ti», o romance que de certa forma dá origem ao que comprou, só que desse nem sinal nas livrarias. Mas o problema até nem era grave… No comentário estava escrito: «Como faz um brevíssimo resumo desse livro, sempre minimiza o desconhecimento do passado.» E depois, uma pergunta: «A propósito, não estão previstas novas edições dos seus livros?» Neste caso não havia uma referência ao primeiro, mas eu não consegui deixar de pensar nele, enquanto escrevia uma resposta a dizer que de alguns dos títulos por certo haveria livrarias com exemplares. O pior era mesmo em relação àqueles dos meus primeiros anos de escrita, que estavam dados como esgotados, e então no caso do primeiro livro devia ser mesmo impossível.
Eu ia todo lançado a escrever isto quando me lembrei de que a pessoa era do Sporting, como eu (no comentário aparecia também isto: «Estive lá, no meu lugar cativo de sofredor, e tive quase orgulho naquela equipa. Estou de acordo com as suas apreciações. Contudo, julgo que é um pouco injusto para com o Polga.»). Eu tinha escrito no blog, a propósito de um jogo das competições europeias entre o Sporting e uma equipa suíça, que o defesa brasileiro Anderson Polga parecia «mesmo talhado para o desastre». E então fiz um acrescento à resposta, pensando ainda no primeiro livro. Falei de um célebre golo de António Oliveira com a camisola do Sporting, marcado em 1982 ao Dínamo de Zagreb, num jogo da Taça dos Campeões Europeus disputado no antigo Estádio José Alvalade. Oliveira marcou os golos todos do três a zero, depois de uma derrota por um a zero em Zagreb. O golo era o terceiro, com Oliveira a avançar pela direita e depois, em vez de fazer um centro, a atirar a bola de uma forma estranha para a baliza, num remate que parece ter sido feito com a sola. No fim do jogo os jornalistas só lhe faziam perguntas sobre aquele golo, e ele acabou por comentar: «Quem viu, viu; quem não viu, já não vê mais!» Talvez eu possa dizer algo parecido sobre o meu primeiro livro: «Quem leu, leu; quem não leu, já não lê mais!» Mesmo o golo sendo do outro mundo e o livro pertencendo a este em que vivemos.
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(nota: em tempos já tinha publicado aqui este texto)
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domingo, 6 de setembro de 2009

Um imenso orgulho pela estreia de Liedson na selecção

Foi com um imenso orgulho que vi esta noite a estreia de Liedson pela selecção, na Dinamarca. Mais uma vez, o jogo não correu bem. Com Carlos Queiroz não é de estranhar. Ainda por cima, quando finalmente teve um grande jogador para o ataque à disposição deixou-o metade do tempo no banco. É lamentável que estejamos nesta situação por culpa de uma escolha desastrada da pessoa para ser seleccionador nacional. Nada recomendava Carlos Queiroz para o lugar, mas mesmo assim foi escolhido. E chegámos ao que agora se vê, num grupo com equipas de segunda categoria e até pior. E pensar que qualquer Jaime Pacheco qualificava esta selecção para o mundial sem grande dificuldade...
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Fotos: «A Bola» (o golo de Liedson visto de dois ângulos)
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Eu gostava

Eu gostava de ver o Jornal Nacional das sextas-feiras, na TVI.
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sábado, 5 de setembro de 2009

Hoje, na Dinamarca

Em vez de acender uma vela, prefiro colocar aqui esta imagem.
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Foto: «A Bola»
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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Afinal havia outro

«A investigação do caso Freeport está agora na pista de um outro primo de José Sócrates, que pode ser uma das figuras-chave para esclarecer os indícios de pagamento de ‘luvas’.»
Jornal «Sol», 04.09.09
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Dia oito de Outubro

Ver aqui.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

António Souto – Crónica (15)

Décima quinta crónica de António Souto, depois desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta e desta. O António mantém uma crónica («Ex-abrupto») no jornal da sua terra («Jornal D’Angeja»). Esta é a da edição de Agosto de 2009.
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Andanças
Férias que são férias querem-se a laurear, longe do tecto que nos abriga o ano inteiro e nos envilece o espírito.
Reposta alguma saúde e reunida a família, rumámos manhã cedo ao Algarve, não que houvesse pressa, questão somente de fugir à previsível torrente na ponte 25 de Abril com veraneantes desejosos das areias da Caparica. Fizemos uma paragem na zona de Aljustrel, para abastecimento dos corpos e da viatura. Os carros eram à pinha, carregadinhos de tralha e de impaciências, via-se que era o primeiro dia do mês. Por entre o bando apeado, com uns quantos nipónicos excursionistas à mistura, descobrimos uma família chinesa nossa amiga, que se dirigia para Marbella. Estavam com mais mecha do que nós, que para mais longe iam.
Em Quarteira, já acomodados e repousados, fomos dar o primeiro giro pelo Calçadão. Nem duzentos metros caminhados e, surpresa, eis a vizinha que às sete da manhã encontráramos à saída do prédio, do nosso prédio, a uma distância próxima dos trezentos quilómetros. Coincidências, pois claro, que nenhum de nós confidenciou o destino, sequer a viagem. Pouco tempo volvido, igual coincidência nos pôs lado a lado com uma família de Lisboa, também nossa conhecida, esticados que estávamos todos na mesma estrema areenta de Vilamoura.
E assim, em plácida rotina, se foi levando a boa semana algarvia: praia de manhã, peixe grelhado ao almoço, leituras e piscina à tarde e, à noite, à beira-praia, passeio higiénico. Nada de incomum! Isto é…
Numa visita frustrada a Vila Real de Santo António, onde a SIC se encontrava, e para dar um abraço ao amigo José Carlos Barros (Vice-Presidente da Câmara Municipal e ocasional anfitrião da estação televisiva), resolvemos ali dar um saltinho, pouco mais de cinquenta quilómetros. À entrada da cidade, hora de almoço, partiu-se o elevador do vidro da porta traseira esquerda do carro. Meia volta e Quarteira de novo em busca de uma oficina para a recomendável reparação. Nada, nem uma oficina, aberta ou fechada, só em Almancil, informou-nos um local. Que não, com sorte só passados uns dois dias teríamos a peça, quando muito poderiam tentar escorar o vidro com uma braçadeira. Concordámos e, por uns desprezíveis vinte euros, que a vida custa a todos, fez-se o favor. Pena, mesmo, foi o dia perdido e o almejado abraço por dar. Há coisas piores!
Chegados a Lisboa, noticiava-se o passamento de Raul Solnado. Um momento de comoção, daqueles que, incomummente, nos toca mais fundo. Nos dois ou três dias seguintes muito se falou do assunto, que o artista era merecedor de uma homenagem retrospectiva. O artista e a sua pessoa. Triste foi ver e ouvir, por vezes, em programas de entretenimento, misturar-se Solnado com epopeias e dislates de um jet-set português, por ser importante nestas ocasiões, como se sabe, mostrar esta risível gente ao ‘mundo’, as relações de grandeza social que mantêm. Solnado, do outro lado do palco, continua a rir-se de tanta indecência.
Feita uma pausa de uns quantos dias em Agualva, com um salto à Torre de Belém e ao Padrão dos Descobrimentos (com uma bonita mostra de Gaitas de Foles de todo o mundo), turistas como os demais, com passagem (e apenas isso) pelo Centro Cultural de Belém, com ‘revisitação’ às otárias do Aquário Vasco da Gama e arejamento pela baía e marina de Cascais, seguimos para norte.
Apeadeiro em Aveiro, por ali, e ala para a Galiza que se faz tarde. Vigo, Pontevedra, Santiago de Compostela, A Coruña, Lorbé, Souto, Sada, Baamonde, Betanzos, Bergondo. Topónimos em círculo que se confundem numa cartografia pouco experimentada. Entrementes, um baptizado e uma mão cheia de afectos a comprovar raízes comuns, como num «alecrim, alecrim aos molhos» que a tradição popular conserva.
Debaixo de chuva (em jeito de primaverão, como alguém propõe), de novo Aveiro, de raspão, e, já com sol, Viseu e Carregal do Sal e Cabanas de Viriato (com Aristides de Sousa Mendes cansado de tanta espera) e Beijós e Sangemil, roçando as termas. Incursão por Moimenta da Beira, Aguiar da Beira e Sernancelhe. Ao início de uma noite, pulada ao Palácio do Gelo (com mais gelo que palácio) e à Feira Franca, dita de São Mateus, ou vice-versa, para gáudio das catraias. Tudo igual, consumo e diversão.
Lisboa não tarda, outra vez com uma janela do carro empanada (agora a da porta traseira direita, por causa das cócegas) e uns milhares de voltas no conta-quilómetros.
Terminados estes fatigantes excursos, o calor insiste em nos martelar este verão de férias – que desventuradamente se acabam mais depressa do que o verão. E apetece, oh se apetece, descansar. Se ao menos o trabalho pudesse esperar um mesito mais (como o vencimento), só até às eleições, para assim rematar estas andanças em beleza…
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terça-feira, 1 de setembro de 2009

Mãe e filha

A Tecla, com a filha Palhinha lá atrás; um destes dias, depois de comerem.
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Deu para disfarçar por mais um tempo os problemas causados por um grupo de dirigentes nitidamente desligados do clube

Uma exibição igual às outras duas do campeonato, mas com uma vitória – Académica 0, Sporting 2 (Liedson, Yannick) . Deu para disfarçar por mais um tempo os problemas causados por um grupo de dirigentes nitidamente desligados do clube. Mas quem consegue olhar friamente para o que vai acontecendo, especialmente se for do Sporting, não pode deixar de assustar-se. De qualquer forma, algumas boas notícias: a entrada do espanhol Angulo (bom jogador) e as saídas de Rochembak e de Purovic (de quem obviamente não se pode dizer que é um jogador de futebol). Pelo meio, as asneiras do costume a virem ao de cima (Tiago Pinto no Braga; onde Hugo Viana marca golos, tal como Varela no Porto; Stojkovic a ver Rui Patrício jogar; Ronny a sair para dar lugar ao estranhíssimo André Marques; e por aí adiante). Se não fosse pedir muito, gostava de ter dirigentes de jeito no Sporting.
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Foto: «A Bola»
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