segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Os tempos de agora
«Isto agora, soutora, quem não é arguido já não é ninguém na vida.»
(ouvido há uns dias, num restaurante em Lisboa, perto da assembleia)
.
A primeira frase (5)
«Às vezes, carinho, dou comigo a ver-te no mar.»
.
Primeira frase do romance «Os Sonhos e Outras Perigosas Embirrações».
.
.
Primeira frase do romance «Os Sonhos e Outras Perigosas Embirrações».
domingo, 29 de novembro de 2009
Ontem, em Alvalade
O jogo com o Benfica (Sporting 0, Benfica 0), apesar do mau resultado, pode ser visto como bem positivo. Acabou o miserabilismo de tempos recentes, a desorientação, a falta de empenho, a tendência mórbida, o espírito de derrota, o recalcamento, entre tantas desgraças. Mérito, sem dúvida, de Carlos Carvalhal; que não sei se vai ganhar alguma coisa, ou aguentar muito tempo (com os incompetentes dirigentes do clube onde está, o melhor é nem arriscar previsões).
Outras ideias sobre o jogo:
- o Benfica não está tão forte como o pintavam (já se suspeitava), mas está muito mais forte do que qualquer das patéticas equipas que apresentou nas últimas épocas;
- o Sporting entrou com uma equipa competitiva, apenas correndo riscos na baliza (mas o guarda-redes até esteve bem), no centro da defesa (o conhecido desajeitado Polga) e na esquerda também da defesa (Caneira, que apesar de tudo talvez seja um mal menor do que Grimi, além de ser uma espécie de prémio Nobel do futebol em comparação com o inconcebível André Marques);
- qualquer da equipas poderia ter ganho;
- o árbitro prejudicou mais o Sporting do que o Benfica, sobretudo nos cartões (Maxi Pereira e David Luiz deveriam ter sido expulsos), e nas dúvidas de grandes penalidades fiquei com mais num lance de David Luiz sobre Liedson do que de uma bola na mão de Polga (de quem haveria de ser?);
- foi uma pena Luisão não ter jogado (as hipóteses de o Sporting ganhar o jogo teriam subido);
- para além dos falhanços e das defesas (de ambos os lados), a maior frustração para mim foi o guarda-redes do Benfica ter defendido o pontapé de muito longe de Miguel Veloso (normalmente os guarda-redes não chegam àquelas bolas, mas o que o Benfica utilizou tem realmente muito valor e se às vezes falha há outras, como naquele lance, em que parece ser o número um ideal);
- o Benfica pensa que tem um grande ponta-de-lança (o paraguaio com nome de inspector da PIDE), e com os golos que ele tem vindo a marcar essa crença ainda se nota mais, mas continuo a achar que ele não é assim tão bom como isso;
- no meio do entusiasmo do público sportingista, a imagem de José Eduardo Bettencourt na tribuna, triste, alheio, desfocado (até sem uma sombra do entusiasmo anedótico que tantas vezes nos tem envergonhado), pareceu-me completamente desenquadrada;
- Jorge Jesus, nas declarações que fez a seguir ao jogo, provou de novo que não tem jeito nem para o português, nem para a boa educação.
.
Outras ideias sobre o jogo:
- o Benfica não está tão forte como o pintavam (já se suspeitava), mas está muito mais forte do que qualquer das patéticas equipas que apresentou nas últimas épocas;
- o Sporting entrou com uma equipa competitiva, apenas correndo riscos na baliza (mas o guarda-redes até esteve bem), no centro da defesa (o conhecido desajeitado Polga) e na esquerda também da defesa (Caneira, que apesar de tudo talvez seja um mal menor do que Grimi, além de ser uma espécie de prémio Nobel do futebol em comparação com o inconcebível André Marques);
- qualquer da equipas poderia ter ganho;
- o árbitro prejudicou mais o Sporting do que o Benfica, sobretudo nos cartões (Maxi Pereira e David Luiz deveriam ter sido expulsos), e nas dúvidas de grandes penalidades fiquei com mais num lance de David Luiz sobre Liedson do que de uma bola na mão de Polga (de quem haveria de ser?);
- foi uma pena Luisão não ter jogado (as hipóteses de o Sporting ganhar o jogo teriam subido);
- para além dos falhanços e das defesas (de ambos os lados), a maior frustração para mim foi o guarda-redes do Benfica ter defendido o pontapé de muito longe de Miguel Veloso (normalmente os guarda-redes não chegam àquelas bolas, mas o que o Benfica utilizou tem realmente muito valor e se às vezes falha há outras, como naquele lance, em que parece ser o número um ideal);
- o Benfica pensa que tem um grande ponta-de-lança (o paraguaio com nome de inspector da PIDE), e com os golos que ele tem vindo a marcar essa crença ainda se nota mais, mas continuo a achar que ele não é assim tão bom como isso;
- no meio do entusiasmo do público sportingista, a imagem de José Eduardo Bettencourt na tribuna, triste, alheio, desfocado (até sem uma sombra do entusiasmo anedótico que tantas vezes nos tem envergonhado), pareceu-me completamente desenquadrada;
- Jorge Jesus, nas declarações que fez a seguir ao jogo, provou de novo que não tem jeito nem para o português, nem para a boa educação.
.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Que vergonha!
José Penedos, presidente de uma das maiores empresas públicas portuguesas, indiciado por prática de crime de corrupção, suspenso de funções e a ter uma caução fixada em quarenta mil euros.
.
.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Romance «Uma Noite com o Fogo»
Para seguir o blog do romance «Uma Noite com o Fogo», clicar aqui.
.
Era o fogo. Andava à solta nos montes, embora visto dali, a uns cinquenta quilómetros de distância, parecesse apenas uma lâmpada enorme, de luz avermelhada, para iluminar as terras em redor. Ou um sinal. Talvez pudesse parecer isso também, um sinal para os barcos que andassem do outro lado, perto da costa. Eu imaginava estas coisas para o clarão do fogo, até que fosse um aviso para os aviões que sobrevoassem de noite aqueles montes. Não se desse o caso de irem eles lá bater, no sítio que passava dos novecentos metros, no que por pouco não atingia os oitocentos ou até noutro qualquer com menos ilusões de chegar às nuvens. A minha imaginação com os montes, as nuvens e os aviões, depois dos barcos perto da costa. Eu estava na berma da estrada, fora do carro, no primeiro sítio de onde tinha conseguido avistar o clarão. Era pouco mais de meia-noite, a fazer fé no que mostrava o relógio do carro.
.
Era o fogo. Andava à solta nos montes, embora visto dali, a uns cinquenta quilómetros de distância, parecesse apenas uma lâmpada enorme, de luz avermelhada, para iluminar as terras em redor. Ou um sinal. Talvez pudesse parecer isso também, um sinal para os barcos que andassem do outro lado, perto da costa. Eu imaginava estas coisas para o clarão do fogo, até que fosse um aviso para os aviões que sobrevoassem de noite aqueles montes. Não se desse o caso de irem eles lá bater, no sítio que passava dos novecentos metros, no que por pouco não atingia os oitocentos ou até noutro qualquer com menos ilusões de chegar às nuvens. A minha imaginação com os montes, as nuvens e os aviões, depois dos barcos perto da costa. Eu estava na berma da estrada, fora do carro, no primeiro sítio de onde tinha conseguido avistar o clarão. Era pouco mais de meia-noite, a fazer fé no que mostrava o relógio do carro.
.
Etiquetas:
Literatura,
Romance «Uma Noite com o Fogo»
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Uma pessoa está sempre a aprender
Estava longe de imaginar que o governador do Banco de Portugal fazia parte do governo, mas ontem, depois destas declarações, fiquei esclarecido. Vítor Constâncio mete-se mesmo a definir a política fiscal, e quer que os impostos aumentem (medida que provavelmente defenderá que seja acompanhada com aumentos do que ele e o grupo que o ajuda no Banco de Portugal ganham, para compensar). Claro que hoje, depois das críticas que surgiram, já veio dar o dito por não dito, para ver se salva a face. Mas não salva; aliás, desde a pouca vergonha da supervisão desleixada, a juntar à tentativa de aumentos de ordenados à socapa (que obrigou à intervenção do próprio ministro das finanças), aos créditos a habitação para altos quadros do Banco de Portugal (dados pelo próprio banco) e a outras proezas, desde tudo isto que não salva face nenhuma.
.
Etiquetas:
Aumento de impostos,
Política fiscal,
Vítor Constâncio
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Haja esperança
O jogo de ontem – Pescadores 1, Sporting 4 (Miguel Veloso 2, João Moutinho, Liedson) –, para a Taça de Portugal, foi o que se esperava. O novo treinador, cuja entrada não comentei aqui, começou a arranjar um pouco o mundo aos bocados em que Paulo Bento se ia arrastando. As perspectivas não são de grandes êxitos, pelo menos para já, mas alguma coisa se pode fazer. E o treinador, Carlos Carvalhal, parece decidido a isso. Pena alguns sinais preocupantes que ficam, por exemplo o regresso do medíocre Polga ou a presença de Rui Patrício (vamos ver se Stojkovic continua proscrito, tal como Tiago, e ontem viu-se o lindo resultado no golo da equipa da Costa da Caparica, com o infeliz guarda-redes a atirar-se de braços dobrados, perdendo a oportunidade de chegar à bola, e num lance anterior que podia ter dado no mesmo).
Tenho muita simpatia por Carlos Carvalhal. Conheço a carreira que tem feito, com alguns falhanços mas também com alguns êxitos importantes, mais até, êxitos com alguma coisa de épico (no Setúbal e no Leixões). Não comentei a sua entrada no Sporting por isso mesmo, pela simpatia que me merece. Não quis misturar o novo treinador com o que teria que dizer dos tristes dirigentes do clube (com o vergonhoso presidente à cabeça). Dirigentes que ainda por cima desconsideraram Carlos Carvalhal na maneira como o fizeram entrar no Sporting. Entre tantas asneiras, não é de admirar que tenham procedido assim.
Três notas mais: a entrada de Sá Pinto para a estrutura que acompanha a equipa não augura nada de bom (nem se compreende); as duas entrevistas de Paulo Bento, ressabiadíssimo, mostram a confusão que deve ir naquela cabeça; as reacções a essas entrevista, sobretudo de Rogério Alves, mostram a confusão que vai no clube (nem falo da que deve ir na sade, que isso nem interessa nada), e mostram sobretudo a que ia, não sei se pior se melhor do que a de agora, ou se igual.
Enfim, haja esperança.
Tenho muita simpatia por Carlos Carvalhal. Conheço a carreira que tem feito, com alguns falhanços mas também com alguns êxitos importantes, mais até, êxitos com alguma coisa de épico (no Setúbal e no Leixões). Não comentei a sua entrada no Sporting por isso mesmo, pela simpatia que me merece. Não quis misturar o novo treinador com o que teria que dizer dos tristes dirigentes do clube (com o vergonhoso presidente à cabeça). Dirigentes que ainda por cima desconsideraram Carlos Carvalhal na maneira como o fizeram entrar no Sporting. Entre tantas asneiras, não é de admirar que tenham procedido assim.
Três notas mais: a entrada de Sá Pinto para a estrutura que acompanha a equipa não augura nada de bom (nem se compreende); as duas entrevistas de Paulo Bento, ressabiadíssimo, mostram a confusão que deve ir naquela cabeça; as reacções a essas entrevista, sobretudo de Rogério Alves, mostram a confusão que vai no clube (nem falo da que deve ir na sade, que isso nem interessa nada), e mostram sobretudo a que ia, não sei se pior se melhor do que a de agora, ou se igual.
Enfim, haja esperança.
.
Mais um excerto
Mais um excerto de «O Sorriso Enigmático do Javali».
.
Deu um passo para o lado, no exacto momento em que a cobra abandonava a velocidade quase imperceptível para se lançar em direcção ao seu pescoço, num voo que lhe pareceu completamente despropositado. Um pássaro, um gafanhoto, um zangão, qualquer um desses poderia fazer aquilo, mas uma cobra… Não, uma cobra não podia voar para ele assim, não podia atacá-lo como uma vespa, cortando os ares. Mas aquela fazia precisamente isso, aquela tinha dado um tremendo impulso em direcção ao seu pescoço, como se tivesse uma mola no fim do corpo, mesmo na ponta do rabo, capaz de impulsionar um ataque assim. Ou como se tivesse umas asas invisíveis que a fizessem senhora dos ares.
.
Deu um passo para o lado, no exacto momento em que a cobra abandonava a velocidade quase imperceptível para se lançar em direcção ao seu pescoço, num voo que lhe pareceu completamente despropositado. Um pássaro, um gafanhoto, um zangão, qualquer um desses poderia fazer aquilo, mas uma cobra… Não, uma cobra não podia voar para ele assim, não podia atacá-lo como uma vespa, cortando os ares. Mas aquela fazia precisamente isso, aquela tinha dado um tremendo impulso em direcção ao seu pescoço, como se tivesse uma mola no fim do corpo, mesmo na ponta do rabo, capaz de impulsionar um ataque assim. Ou como se tivesse umas asas invisíveis que a fizessem senhora dos ares.
.
Etiquetas:
Literatura,
Livro «O Sorriso Enigmático do Javali»
sábado, 21 de novembro de 2009
A quadratura do triângulo
Vi agora no blog do Francisco. Um novo livro, da Quetzal, com frases dos artistas do nosso mundo do pontapé na bola (e na gramática). Espero que ainda tenham ido a tempo de apanhar algumas do meu vergonhoso presidente.
.
.
Etiquetas:
Frases,
Futebol,
Livro «30 Anos de Mau Futebol»,
Quetzal
Um palhaço e o homem-aranha
Um destes dias, por aqui. Um palhaço e o homem-aranha brincam junto ao insuflável. Lá atrás, bem depois das oliveiras, os sobreiros altos do montado.
.
Etiquetas:
Alentejo,
Homem-aranha,
Montado,
Palhaços
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
O mundial
Foto: Arlindo Pinto
.
.
Vara
«Um ex-político e banqueiro de duvidosa integridade.»
Caracterização de Armando Vara, num artigo do jornal espanhol «El País» (assinado por Francesc Relea)
.
Etiquetas:
Armando Vara,
Jornal «El País»,
Processo «Face Oculta»
Um excerto
Um excerto de «O Sorriso Enigmático do Javali».
.
«Como é que um deputado quase sem cabeça não é uma figura pública?», perguntou-se o pai do pequeno Tukie, apenas em pensamento.
A verdade é que nunca o tinha visto. Costumava estar atento ao mundo da política, apesar de o considerar um mundo demasiado sujo, mas nunca tinha visto aquele deputado, que no ecrã da televisão aparecia com muita gente à volta, num alvoroço.
– A criatura não é de cá! – disse o deputado.
O pai do pequeno Tukie pensou que ele se estava a referir a alguma pessoa que não era de Beja, mas passados uns segundos percebeu que não, que ele se estava a referir à lebre que tinha dentro da gaiola. E que quando dizia «não é de cá» queria dizer que não era não apenas de Beja, não apenas do Alentejo, não apenas de Portugal, não apenas da Europa – comunitária ou não –, mas do próprio planeta. A lebre – ou melhor, como dizia o deputado, «a criatura» – não era do planeta Terra. Nem ela nem outras três iguais a ela, que o deputado lamentava terem conseguido fugir.
– Serão apanhadas, é claro! – disse um homem muito gordo, de farda cinzenta.
O deputado virou-se para ele e concordou:
– Exactamente, senhor cabo.
.
.
«Como é que um deputado quase sem cabeça não é uma figura pública?», perguntou-se o pai do pequeno Tukie, apenas em pensamento.
A verdade é que nunca o tinha visto. Costumava estar atento ao mundo da política, apesar de o considerar um mundo demasiado sujo, mas nunca tinha visto aquele deputado, que no ecrã da televisão aparecia com muita gente à volta, num alvoroço.
– A criatura não é de cá! – disse o deputado.
O pai do pequeno Tukie pensou que ele se estava a referir a alguma pessoa que não era de Beja, mas passados uns segundos percebeu que não, que ele se estava a referir à lebre que tinha dentro da gaiola. E que quando dizia «não é de cá» queria dizer que não era não apenas de Beja, não apenas do Alentejo, não apenas de Portugal, não apenas da Europa – comunitária ou não –, mas do próprio planeta. A lebre – ou melhor, como dizia o deputado, «a criatura» – não era do planeta Terra. Nem ela nem outras três iguais a ela, que o deputado lamentava terem conseguido fugir.
– Serão apanhadas, é claro! – disse um homem muito gordo, de farda cinzenta.
O deputado virou-se para ele e concordou:
– Exactamente, senhor cabo.
Etiquetas:
Literatura,
Livro «O Sorriso Enigmático do Javali»
domingo, 15 de novembro de 2009
Uma frase
«Acho que ganhámos por um a zero.»
.
sábado, 14 de novembro de 2009
Até Jorge Gabriel e José Saramago...
Com as confusões por causa do novo treinador, percebe-se melhor a incompetência e o desleixo dos responsáveis do meu clube. Há dias falaram-me inclusive de Jorge Gabriel e de José Saramago (neste caso, presumo, para contrapor a Jorge Jesus). Percebi que era anedota, mas por momentos pensei que com o que nos tem habituado esta gente se calhar até poderiam ter tido a tentação de telefonar a um dos dois.
.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Nas terras do javali
«Sim, via-lhe um sorriso, e por isso chamou a atenção do filho, disse-lhe que se aproximasse, que o seguisse até quase meio metro do javali que dormia de patas para o ar mostrando na barriga o alvoroço que lhe ia lá por dentro, e no focinho simplesmente um sorriso.»
Excerto de «O Sorriso Enigmático do Javali» (terminado esta noite)
.
Etiquetas:
Literatura,
Livro «O Sorriso Enigmático do Javali»
domingo, 8 de novembro de 2009
A propósito dos tiques de ditador de José Eduardo Bettencourt
Coloco a seguir a carta que o sócio do Sporting insultado por José Eduardo Bettencourt (o vergonhoso presidente do meu clube) publicou no «Sporting Clube de Portugal – Site de Apoio». Os insultos de José Eduardo Bettencourt, e as ameaças de instaurar uma ditadura no clube, estão aqui. Nunca pensei que um presidente do Sporting pudesse descer tão baixo. Hugo Chávez não faria melhor. E Salazar, se fosse vivo, haveria de telefonar-lhe a aplaudir, e se calhar ainda recebia um convite para integrar o Conselho Leonino (nem que para isso fosse preciso mudar os estatutos de um momento para o outro).
.
Caros sportinguistas
.
Na qualidade associado do Sporting Clube de Portugal, venho a público fazer esta delaração, pois sinto que o meu bom nome de sportinguista e de sócio do Sporting Clube de Portugal tem vindo a ser manchado.
Por isso, na sequência das declarações, pouco lúcidas, hilariantes e difamatórias, proferidas pelo actual presidente da Sporting Sad, o Sr. José Eduardo Bettencourt, e depois de já ter sido alvo de uma tentativa de agressão por parte desse senhor, venho por este meio esclarecer todos os sportinguistas sobre os seguintes pontos:
1) Lamento o facto de ao leme do Sporting Clube de Portugal termos um presidente que ofende os associados do clube que representa. Considero ser de muito mau tom apelidar de «cretinos» associados que, curiosamente, até contribuem para que o Sr. José Eduardo Bettencourt possa neste momento auferir de um salário mensal exorbitante como presidente da Sporting Sad. São ofensas dignas de quem já não possui sanidade mental nem competência suficientes para o cargo que ocupa no nosso querido clube.
2) Se efectivamente esses mesmos «cretinos» são apoiados e financiados, por pessoas que o Sr. José Eduardo Bettencourt sabe quem são, julgo então ser razoável que o mesmo diga publicamente a todos os sportinguistas quem são essas pessoas. Em relação a mim, a única coisa que posso adiantar é que não sou financiado nem apoiado por ninguém. Prova disso é que as dificuldades financeiras que tenho na minha vida pessoal me impedem de apoiar tantas vezes o Sporting como gostaria. Talvez se eu auferisse um salário igual ao do Sr. José Eduardo Bettencourt, talvez aí existisse essa possibilidade, mas infelizmente não é isso que acontece.
3) Em minoria ou maioria, julgo que num clube democrático como o Sporting Clube de Portugal todos os associados têm direito a emitir as suas opiniões. E lamento veementemente que o presidente do Sporting Clube de Portugal queira fazer do nosso clube uma anarquia ou uma ditadura, onde José Eduardo Bettencourt parece querer ser o «Salazar de serviço» e onde os sócios que querem emitir as suas opiniões são constantemente censurados e alvo de repressão policial no interior e no exterior do Estádio José de Alvalade. Entendo que o facto de muitos sócios do Sporting que partilham da mesma opinião, que foram identificados ultimamente pela polícia do Estado, depois do jogo com o Marítimo, sem que existisse uma razão aparentemente lógica ou coerente para que tais identificações acontecessem, mais não foi do que uma forma inequívoca de censura ditatorial que rege a política infame e incorrecta do Sr. José Eduardo Bettencourt e que infelizmente tem vindo a vigorar no Sporting Clube de Portugal com o mesmo senhor ao leme dos destinos da instituição.
4) Na mesma declaração feita pelo Sr. presidente José Eduardo Bettencourt apelidou também os sócios a quem se referiu como «anormais». Pois bem, é apenas mais uma afirmação que só lhe fica mal a ele e que não é digna de um presidente de um clube com o historial de mais de cem anos de existência como é nosso Sporting Clube de Portugal. Se o Sr. José Eduardo Bettencourt chama «anormais» a sócios do Sporting, então gostaria de lhe perguntar o que é que é normalidade? Normalidade é um clube como o Sporting, que paga aproximadamente mais de um milhão de euros mensalmente aos seus atletas da equipa principal, para estar em sétimo lugar na tabela classificativa da Liga Sagres? É normal esse mesmo clube ter uma equipa profissional que leva sete golos do Bayern de Munique na Liga dos Campeões num só jogo? Isso é que é normal? Então se para ele o normal é ver o clube na decadência e não ser capaz de tomar atitudes competentes, eu prefiro optar pela anormalidade e ter orgulho da mesma. Pois eu, com a minha competência anormal, já dei mais e já fiz mais coisas positivas pelo clube do que o Sr. José Eduardo Bettencourt com a normalidade da sua incompetência.
5) Diz o Sr. José Eduardo Bettencourt que vai combater ferozmente o terrorismo? Enfim… Cada vez tenho mais a certeza de que o Sr. José Eduardo Bettencourt se equivocou no país e no clube que escolheu para presidir recebendo salários milionários. Aconselho-o vivamente a ir presidir a um clube na Faixa de Gaza. É que, para o caso de ainda não ter percebido, eu ajudo-o, ele está em Portugal. Não quero combate a terroristas. Quero vitórias do Sporting Clube de Portugal. O terrorismo, a mim e a uma grande minoria de adeptos do clube, não nos preocupa. Preocupa-nos, sim, o facto de não ganharmos nada nem a ninguém.
6) Nas declarações do Sr. José Eduardo Bettencourt, foi referido o seguinte: «Não admito ter sócios desta qualidade no Sporting!». Pois bem, fique o Sr. José Eduardo Bettencourt a saber que quem não admite ter um presidente com falta de qualidade, carácter, profissionalismo, competência, sportinguismo e profissionalismo sou eu. E garanto-lhe que há uma grande minoria de adeptos e sócios que pensam da mesma forma que eu penso, por muito que isso lhe custe.
7 ) A minha noção de democracia, pelos vistos, é muito diferente da do Sr. José Eduardo Bettencourt. Para mim, democracia não é «correr» com «sócios do Sporting» do clube, apenas e só porque têm formas de pensar diferentes da dele. Um bom presidente ouve e respeita qualquer opinião, seja de que associado for.
8) Não consigo compreender também como é que é possível um presidente criticar tanto os associados que apenas querem e exigem vitórias do clube. Pergunto-me a mim próprio como é que isso pode acontecer, quando associados como o Sr. Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, que tanto tem prejudicado o nosso clube nos últimos tempos, consegue ainda ser homenageado pela Direcção presidida pelo Sr. José Eduardo Bettencourt. Isso, sim, é um verdadeiro acto de terrorismo contra o clube.
9 ) Gostaria que o Sr. José Eduardo Bettencourt, que diz saber de tanta coisa, esclarecesse todos os sportinguistas sobre o que sabe. É que eu e todos os sportinguistas também queremos e temos o direito de saber o que é que ele sabe assim tanto e tão bem.
Por último, mas não menos importante, tenho a informar todos os sócios e adeptos do Sporting Clube de Portugal que não me revejo nas críticas difamatórias das declarações proferidas pelo Sr. presidente do Sporting Clube de Portugal. Sou apenas e só um sportinguista. Não sou patrocinado por ninguém. Não sou pago por ninguém. Tenho apenas e só como objectivo defender o Sporting Clube de Portugal, clube do meu coração, das suas políticas que na minha opinião são incompetentes e prejudiciais para o clube. Não sou um pau mandado de ninguém e mais pessoas que partilham da mesma opinião que eu também não o são. Só quero o bem do Sporting, e acredito que o bem do nosso clube, neste momento, advirá da demissão imediata do Sr. José Eduardo Bettencourt do cargo que actualmente ocupa.
.
.
Caros sportinguistas
.
Na qualidade associado do Sporting Clube de Portugal, venho a público fazer esta delaração, pois sinto que o meu bom nome de sportinguista e de sócio do Sporting Clube de Portugal tem vindo a ser manchado.
Por isso, na sequência das declarações, pouco lúcidas, hilariantes e difamatórias, proferidas pelo actual presidente da Sporting Sad, o Sr. José Eduardo Bettencourt, e depois de já ter sido alvo de uma tentativa de agressão por parte desse senhor, venho por este meio esclarecer todos os sportinguistas sobre os seguintes pontos:
1) Lamento o facto de ao leme do Sporting Clube de Portugal termos um presidente que ofende os associados do clube que representa. Considero ser de muito mau tom apelidar de «cretinos» associados que, curiosamente, até contribuem para que o Sr. José Eduardo Bettencourt possa neste momento auferir de um salário mensal exorbitante como presidente da Sporting Sad. São ofensas dignas de quem já não possui sanidade mental nem competência suficientes para o cargo que ocupa no nosso querido clube.
2) Se efectivamente esses mesmos «cretinos» são apoiados e financiados, por pessoas que o Sr. José Eduardo Bettencourt sabe quem são, julgo então ser razoável que o mesmo diga publicamente a todos os sportinguistas quem são essas pessoas. Em relação a mim, a única coisa que posso adiantar é que não sou financiado nem apoiado por ninguém. Prova disso é que as dificuldades financeiras que tenho na minha vida pessoal me impedem de apoiar tantas vezes o Sporting como gostaria. Talvez se eu auferisse um salário igual ao do Sr. José Eduardo Bettencourt, talvez aí existisse essa possibilidade, mas infelizmente não é isso que acontece.
3) Em minoria ou maioria, julgo que num clube democrático como o Sporting Clube de Portugal todos os associados têm direito a emitir as suas opiniões. E lamento veementemente que o presidente do Sporting Clube de Portugal queira fazer do nosso clube uma anarquia ou uma ditadura, onde José Eduardo Bettencourt parece querer ser o «Salazar de serviço» e onde os sócios que querem emitir as suas opiniões são constantemente censurados e alvo de repressão policial no interior e no exterior do Estádio José de Alvalade. Entendo que o facto de muitos sócios do Sporting que partilham da mesma opinião, que foram identificados ultimamente pela polícia do Estado, depois do jogo com o Marítimo, sem que existisse uma razão aparentemente lógica ou coerente para que tais identificações acontecessem, mais não foi do que uma forma inequívoca de censura ditatorial que rege a política infame e incorrecta do Sr. José Eduardo Bettencourt e que infelizmente tem vindo a vigorar no Sporting Clube de Portugal com o mesmo senhor ao leme dos destinos da instituição.
4) Na mesma declaração feita pelo Sr. presidente José Eduardo Bettencourt apelidou também os sócios a quem se referiu como «anormais». Pois bem, é apenas mais uma afirmação que só lhe fica mal a ele e que não é digna de um presidente de um clube com o historial de mais de cem anos de existência como é nosso Sporting Clube de Portugal. Se o Sr. José Eduardo Bettencourt chama «anormais» a sócios do Sporting, então gostaria de lhe perguntar o que é que é normalidade? Normalidade é um clube como o Sporting, que paga aproximadamente mais de um milhão de euros mensalmente aos seus atletas da equipa principal, para estar em sétimo lugar na tabela classificativa da Liga Sagres? É normal esse mesmo clube ter uma equipa profissional que leva sete golos do Bayern de Munique na Liga dos Campeões num só jogo? Isso é que é normal? Então se para ele o normal é ver o clube na decadência e não ser capaz de tomar atitudes competentes, eu prefiro optar pela anormalidade e ter orgulho da mesma. Pois eu, com a minha competência anormal, já dei mais e já fiz mais coisas positivas pelo clube do que o Sr. José Eduardo Bettencourt com a normalidade da sua incompetência.
5) Diz o Sr. José Eduardo Bettencourt que vai combater ferozmente o terrorismo? Enfim… Cada vez tenho mais a certeza de que o Sr. José Eduardo Bettencourt se equivocou no país e no clube que escolheu para presidir recebendo salários milionários. Aconselho-o vivamente a ir presidir a um clube na Faixa de Gaza. É que, para o caso de ainda não ter percebido, eu ajudo-o, ele está em Portugal. Não quero combate a terroristas. Quero vitórias do Sporting Clube de Portugal. O terrorismo, a mim e a uma grande minoria de adeptos do clube, não nos preocupa. Preocupa-nos, sim, o facto de não ganharmos nada nem a ninguém.
6) Nas declarações do Sr. José Eduardo Bettencourt, foi referido o seguinte: «Não admito ter sócios desta qualidade no Sporting!». Pois bem, fique o Sr. José Eduardo Bettencourt a saber que quem não admite ter um presidente com falta de qualidade, carácter, profissionalismo, competência, sportinguismo e profissionalismo sou eu. E garanto-lhe que há uma grande minoria de adeptos e sócios que pensam da mesma forma que eu penso, por muito que isso lhe custe.
7 ) A minha noção de democracia, pelos vistos, é muito diferente da do Sr. José Eduardo Bettencourt. Para mim, democracia não é «correr» com «sócios do Sporting» do clube, apenas e só porque têm formas de pensar diferentes da dele. Um bom presidente ouve e respeita qualquer opinião, seja de que associado for.
8) Não consigo compreender também como é que é possível um presidente criticar tanto os associados que apenas querem e exigem vitórias do clube. Pergunto-me a mim próprio como é que isso pode acontecer, quando associados como o Sr. Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, que tanto tem prejudicado o nosso clube nos últimos tempos, consegue ainda ser homenageado pela Direcção presidida pelo Sr. José Eduardo Bettencourt. Isso, sim, é um verdadeiro acto de terrorismo contra o clube.
9 ) Gostaria que o Sr. José Eduardo Bettencourt, que diz saber de tanta coisa, esclarecesse todos os sportinguistas sobre o que sabe. É que eu e todos os sportinguistas também queremos e temos o direito de saber o que é que ele sabe assim tanto e tão bem.
Por último, mas não menos importante, tenho a informar todos os sócios e adeptos do Sporting Clube de Portugal que não me revejo nas críticas difamatórias das declarações proferidas pelo Sr. presidente do Sporting Clube de Portugal. Sou apenas e só um sportinguista. Não sou patrocinado por ninguém. Não sou pago por ninguém. Tenho apenas e só como objectivo defender o Sporting Clube de Portugal, clube do meu coração, das suas políticas que na minha opinião são incompetentes e prejudiciais para o clube. Não sou um pau mandado de ninguém e mais pessoas que partilham da mesma opinião que eu também não o são. Só quero o bem do Sporting, e acredito que o bem do nosso clube, neste momento, advirá da demissão imediata do Sr. José Eduardo Bettencourt do cargo que actualmente ocupa.
.
Wilson Teixeira
.
(Nota: texto editado)
.
(Nota: texto editado)
.
Etiquetas:
Ditaduras,
José Eduardo Bettencourt,
Sporting
Portimão, o mundo
O mundo dos funcionários da Câmara Municipal de Portimão, aqui.
.
.
Nota: na foto (de Portimão), lá ao fundo, a minha terra.
.sábado, 7 de novembro de 2009
O íman
Não sei se foi este jogo com o clube letão com nome de marca de cigarros – Sporting 1 (Saleiro), Ventspils 1 – a fazer precipitar os últimos acontecimentos no Sporting, o meu clube. Paulo Bento diz que não, que já tinha sido o jogo com o Marítimo. Pouco importa, vai dar ao mesmo. Tudo isto já se esperava, a saída do treinador, o mau resultado com os letões, o mau resultado com o Marítimo, as demissões que se seguiram à de Paulo Bento. Que, diga-se o que se disser, não tinha mesmo condições para continuar. Prejudicou-se a ele próprio por ter ficado tanto tempo e agora é tarde para voltar atrás, à altura em que poderia ter saído de outra forma. Mas mesmo assim não me parece que saia tão mal como isso. Apesar de deixar a equipa num verdadeiro caos, com mais de uma dúzia de jogadores que nunca deveria ter permitido que integrassem o plantel, por nítida falta de qualidade.
O problema do Sporting, obviamente, não tem a ver com Paulo Bento, que muito fez pelo clube, mas que muitas asneiras também fez – e disse – no clube. O problema está num estranho fenómeno que faz com o clube atraia para dirigi-lo sobretudo incompetentes, como o actual presidente, José Eduardo Bettencourt, e o grupo que o rodeia (de cujos elementos nos últimos dias ele começou a falar mal). O Sporting, um íman. Como desmagnetizar esse íman? Talvez seja este o desafio. Se calhar isso não será suficiente. Talvez o clube precise também de um escudo protector, contra a incompetência, e também contra o desleixo, que foi uma novidade trazida por José Eduardo Bettencourt. Nos últimos anos o Sporting construiu uma tradição de dirigentes incompetentes, mas essa incompetência não aparecia de mão dada com o desleixo. Agora, com este presidente, passeiam as duas características, sempre de mão dada, sempre unidas, como se fosse impossível existirem uma sem a outra.
Claro que depois vem o pior. Perder a cabeça. José Eduardo Bettencourt perdeu a cabeça. Várias vezes. A incompetência e o desleixo levam a isso. Aos berros a mandar calar os adeptos, à história de à equipa faltar «cagança» (termo que presumo José Eduardo Bettencourt trouxe da banca), à dos estádios cheios com o Benfica, a despir o casaco para ir andar à pancada com adeptos, a tantas outras asneiras impensáveis num presidente do Sporting. Ou na volta, neste caso, não são tão impensáveis como isso. A verdade é que José Eduardo Bettencourt nunca foi bem o presidente do Sporting. A demissão, agora, se calhar até nem se ia notar muito. Nem que fosse preciso chorar um bocadinho na conferência de imprensa de anúncio da boa nova..
O problema do Sporting, obviamente, não tem a ver com Paulo Bento, que muito fez pelo clube, mas que muitas asneiras também fez – e disse – no clube. O problema está num estranho fenómeno que faz com o clube atraia para dirigi-lo sobretudo incompetentes, como o actual presidente, José Eduardo Bettencourt, e o grupo que o rodeia (de cujos elementos nos últimos dias ele começou a falar mal). O Sporting, um íman. Como desmagnetizar esse íman? Talvez seja este o desafio. Se calhar isso não será suficiente. Talvez o clube precise também de um escudo protector, contra a incompetência, e também contra o desleixo, que foi uma novidade trazida por José Eduardo Bettencourt. Nos últimos anos o Sporting construiu uma tradição de dirigentes incompetentes, mas essa incompetência não aparecia de mão dada com o desleixo. Agora, com este presidente, passeiam as duas características, sempre de mão dada, sempre unidas, como se fosse impossível existirem uma sem a outra.
Claro que depois vem o pior. Perder a cabeça. José Eduardo Bettencourt perdeu a cabeça. Várias vezes. A incompetência e o desleixo levam a isso. Aos berros a mandar calar os adeptos, à história de à equipa faltar «cagança» (termo que presumo José Eduardo Bettencourt trouxe da banca), à dos estádios cheios com o Benfica, a despir o casaco para ir andar à pancada com adeptos, a tantas outras asneiras impensáveis num presidente do Sporting. Ou na volta, neste caso, não são tão impensáveis como isso. A verdade é que José Eduardo Bettencourt nunca foi bem o presidente do Sporting. A demissão, agora, se calhar até nem se ia notar muito. Nem que fosse preciso chorar um bocadinho na conferência de imprensa de anúncio da boa nova..
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
A primeira frase (4)
«Tocou à uma e cinco da tarde.»
.
Primeira frase do conto de abertura do livro «O Velho que Esperava por D. Sebastião». Este conto chama-se «A Barraca da Eira Velha» e integra uma das quatro partes do livro, intitulada «Os Nossos Sonhos de Criança».
.
.
Primeira frase do conto de abertura do livro «O Velho que Esperava por D. Sebastião». Este conto chama-se «A Barraca da Eira Velha» e integra uma das quatro partes do livro, intitulada «Os Nossos Sonhos de Criança».
.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
A frio
Agora, a frio, já posso fazer aqui referência ao jogo do Sporting no domingo à noite – Sporting 1 (Matías Fernández), Marítimo 1. Foi o que se esperava; não o que se esperava antes do jogo mas o que se esperava logo no início da época. E agora estamos em sétimo lugar. Como mais ou menos se esperava. Paulo Bento não é de certeza o problema principal, embora me pareça que depois de tanta confusão o melhor que ele teria a fazer era afastar-se, até para se salvaguardar. Quanto aos jogadores, a mesma coisa, o problema não está neles, embora algum sejam realmente maus (Polga, Caneira, Caicedo, André Marques e por aí adiante). O verdadeiro problema é que quem manda no Sporting tem as marcas da incompetência e do desleixo. Uso estas duas palavras porque nem quero crer que tudo o que tem sido feito de tão mau na gestão do Sporting nos últimos tempos tenha a ver com o empenho em tomar más decisões sabe-se lá com que finalidade. Prefiro pensar que é mesmo incompetência e desleixo.
.
domingo, 1 de novembro de 2009
António Souto – Crónica (17)
Décima sétima crónica de António Souto, depois desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta, desta e desta. O António mantém uma crónica («Ex-abrupto») no jornal da sua terra («Jornal D’Angeja»). Esta é a da edição de Outubro de 2009.
.
Centelhas
1) Este ano houve mais fogos, arderam seis vezes mais hectares de mata e floresta do que no ano passado, e ninguém deu por isso. Só os homens que os combateram souberam das chamas, dos suores e dos ventos fortes e hostis. Estamos em crer que «outros» fogos abafaram estes, antes mesmo de assentarem as cinzas e de se extinguirem as indeléveis aflições. Este ano ninguém deu pelo fumo, nem por nada.
2) Há palavras bonitas, há palavras que são só palavras, há palavras que nem isso. São estas últimas que, de vez em quando, em surdina, fazem avanços indecorosos: mobilidade, vulnerabilidade, governabilidade, noticiabilidade e muitas outras habilidades…
3) Volvi pela segunda vez ao Freeport de Alcochete. A seguir à neblina matinal veio a chuva, e o espaço comercial tornou-se rapidamente inóspito, com as pessoas correndo de loja para loja, salpicando-se, que ninguém vinha preparado para as bátegas. Quem projectou o complexo imaginou-o seguramente longe, num deserto, passe a ironia, árido e mirrado, e por isso não cuidou de cobrir as labirínticas ruelas a céu aberto. E quando a água cai, porque do lado sul do Tejo também cai água, os potenciais consumidores consomem-se para se manterem enxutos. Eu, por mim, avesso que sou a temporais e infortúnios ensopados, juro que ali não voltarei enquanto não voltar o novo sol de estio.
4) Dizem as estatísticas recentes que no ano passado nasceram em média 13 bebés por dia de mães adolescentes, quase todas menores. Não apurámos da proveniência social das progenitoras nem das suas habilitações, mas o facto de serem maioritariamente de menor idade dá que reflectir. Não sei se uma verdadeira Educação para a Sexualidade poderia inverter ou atenuar este fenómeno, mas que a Educação, enquanto instituição, tem o dever de promover uma política activa neste âmbito, lá isso tem – ou então, onde o sentido pleno de uma escolaridade obrigatória de doze anos?
5) Estalou a polémica em torno do último livro de Saramago, «Caim». Não vejo razão substancial para que haja polémica por causa de um livro não polémico. Trata-se, essencialmente, de um romance, e enquanto romance pode e deve ser lido. E enquanto romance pode e deve ser classificado. Será de qualidade igual aos anteriores, será melhor ou será pior? O leitor o dirá e julgará, seja um leitor comum, seja um leitor especialista. A matéria que a narrativa enforma, em jeito de crítica ou de paródia, não é de resto novidade (bastará reler «Memorial do Convento», «O Evangelho Segundo Jesus Cristo« ou «In Nomine Dei») e é consentânea com a ideologia do autor. A não ser que seja este que se quer classificar e julgar, e isso será outra história e outra inquisição.
6) 22 de Outubro de 2009. Temos nova equipa ministerial, finalmente! Como sempre, uns que ficam, outros que partem e outros que chegam. Será uma nova fase e uma nova aposta. Esperemos que um novo fôlego! 31 de Outubro de 2009. Temos o novo corpo de secretários de Estado, empossado de mansinho e sem discursos. Temos, finalmente, o governo completo! Sem feitiçarias, mas em dia de bruxas, por coincidência. Agora, à governança, assim ajudem os santos, que é dia deles amanhã.
.
Centelhas
1) Este ano houve mais fogos, arderam seis vezes mais hectares de mata e floresta do que no ano passado, e ninguém deu por isso. Só os homens que os combateram souberam das chamas, dos suores e dos ventos fortes e hostis. Estamos em crer que «outros» fogos abafaram estes, antes mesmo de assentarem as cinzas e de se extinguirem as indeléveis aflições. Este ano ninguém deu pelo fumo, nem por nada.
2) Há palavras bonitas, há palavras que são só palavras, há palavras que nem isso. São estas últimas que, de vez em quando, em surdina, fazem avanços indecorosos: mobilidade, vulnerabilidade, governabilidade, noticiabilidade e muitas outras habilidades…
3) Volvi pela segunda vez ao Freeport de Alcochete. A seguir à neblina matinal veio a chuva, e o espaço comercial tornou-se rapidamente inóspito, com as pessoas correndo de loja para loja, salpicando-se, que ninguém vinha preparado para as bátegas. Quem projectou o complexo imaginou-o seguramente longe, num deserto, passe a ironia, árido e mirrado, e por isso não cuidou de cobrir as labirínticas ruelas a céu aberto. E quando a água cai, porque do lado sul do Tejo também cai água, os potenciais consumidores consomem-se para se manterem enxutos. Eu, por mim, avesso que sou a temporais e infortúnios ensopados, juro que ali não voltarei enquanto não voltar o novo sol de estio.
4) Dizem as estatísticas recentes que no ano passado nasceram em média 13 bebés por dia de mães adolescentes, quase todas menores. Não apurámos da proveniência social das progenitoras nem das suas habilitações, mas o facto de serem maioritariamente de menor idade dá que reflectir. Não sei se uma verdadeira Educação para a Sexualidade poderia inverter ou atenuar este fenómeno, mas que a Educação, enquanto instituição, tem o dever de promover uma política activa neste âmbito, lá isso tem – ou então, onde o sentido pleno de uma escolaridade obrigatória de doze anos?
5) Estalou a polémica em torno do último livro de Saramago, «Caim». Não vejo razão substancial para que haja polémica por causa de um livro não polémico. Trata-se, essencialmente, de um romance, e enquanto romance pode e deve ser lido. E enquanto romance pode e deve ser classificado. Será de qualidade igual aos anteriores, será melhor ou será pior? O leitor o dirá e julgará, seja um leitor comum, seja um leitor especialista. A matéria que a narrativa enforma, em jeito de crítica ou de paródia, não é de resto novidade (bastará reler «Memorial do Convento», «O Evangelho Segundo Jesus Cristo« ou «In Nomine Dei») e é consentânea com a ideologia do autor. A não ser que seja este que se quer classificar e julgar, e isso será outra história e outra inquisição.
6) 22 de Outubro de 2009. Temos nova equipa ministerial, finalmente! Como sempre, uns que ficam, outros que partem e outros que chegam. Será uma nova fase e uma nova aposta. Esperemos que um novo fôlego! 31 de Outubro de 2009. Temos o novo corpo de secretários de Estado, empossado de mansinho e sem discursos. Temos, finalmente, o governo completo! Sem feitiçarias, mas em dia de bruxas, por coincidência. Agora, à governança, assim ajudem os santos, que é dia deles amanhã.
(foto: Rui André)
.
Subscrever:
Mensagens (Atom)