sábado, 7 de novembro de 2009

O íman

Não sei se foi este jogo com o clube letão com nome de marca de cigarros – Sporting 1 (Saleiro), Ventspils 1 – a fazer precipitar os últimos acontecimentos no Sporting, o meu clube. Paulo Bento diz que não, que já tinha sido o jogo com o Marítimo. Pouco importa, vai dar ao mesmo. Tudo isto já se esperava, a saída do treinador, o mau resultado com os letões, o mau resultado com o Marítimo, as demissões que se seguiram à de Paulo Bento. Que, diga-se o que se disser, não tinha mesmo condições para continuar. Prejudicou-se a ele próprio por ter ficado tanto tempo e agora é tarde para voltar atrás, à altura em que poderia ter saído de outra forma. Mas mesmo assim não me parece que saia tão mal como isso. Apesar de deixar a equipa num verdadeiro caos, com mais de uma dúzia de jogadores que nunca deveria ter permitido que integrassem o plantel, por nítida falta de qualidade.
O problema do Sporting, obviamente, não tem a ver com Paulo Bento, que muito fez pelo clube, mas que muitas asneiras também fez – e disse – no clube. O problema está num estranho fenómeno que faz com o clube atraia para dirigi-lo sobretudo incompetentes, como o actual presidente, José Eduardo Bettencourt, e o grupo que o rodeia (de cujos elementos nos últimos dias ele começou a falar mal). O Sporting, um íman. Como desmagnetizar esse íman? Talvez seja este o desafio. Se calhar isso não será suficiente. Talvez o clube precise também de um escudo protector, contra a incompetência, e também contra o desleixo, que foi uma novidade trazida por José Eduardo Bettencourt. Nos últimos anos o Sporting construiu uma tradição de dirigentes incompetentes, mas essa incompetência não aparecia de mão dada com o desleixo. Agora, com este presidente, passeiam as duas características, sempre de mão dada, sempre unidas, como se fosse impossível existirem uma sem a outra.
Claro que depois vem o pior. Perder a cabeça. José Eduardo Bettencourt perdeu a cabeça. Várias vezes. A incompetência e o desleixo levam a isso. Aos berros a mandar calar os adeptos, à história de à equipa faltar «cagança» (termo que presumo José Eduardo Bettencourt trouxe da banca), à dos estádios cheios com o Benfica, a despir o casaco para ir andar à pancada com adeptos, a tantas outras asneiras impensáveis num presidente do Sporting. Ou na volta, neste caso, não são tão impensáveis como isso. A verdade é que José Eduardo Bettencourt nunca foi bem o presidente do Sporting. A demissão, agora, se calhar até nem se ia notar muito. Nem que fosse preciso chorar um bocadinho na conferência de imprensa de anúncio da boa nova..

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