Aconteceu ontem à noite na sessão da Assembleia Municipal da minha terra – Monchique. Uma pessoa do concelho que estava a assistir quis intervir e como de costume o presidente não lho permitiu. Essa pessoa acabou por ir-se embora e conta tudo no seu blog.
Eu sou membro da Assembleia Municipal de Monchique. Ontem tinha decidido não falar, mas fui obrigado a fazê-lo depois daquela vergonha. E a situação a seguir foi discutida, embora não me pareça que no futuro as coisas possam mudar. Tem sido uma constante na Assembleia Municipal de Monchique, e com situações semelhantes vi-me também confrontado nas reuniões do executivo municipal, no meu tempo de vereador – aí era o presidente da câmara a impedir as intervenções.
Já perdi a conta às vezes em que intervim na Assembleia Municipal sobre a situação de os munícipes não conseguirem falar durante o período a que têm direito. Não sei quantas vezes já disse, e escrevi, que me espanta que tanto tempo depois do 25 de Abril haja pessoas que tenham uma convivência tão difícil com o ambiente democrático. Mas ontem eu próprio tive dificuldade em falar… Por incrível que pareça, depois de ter impedido o munícipe de falar – pareceu-me que esperava uma intervenção crítica em relação ao poder socialista no concelho –, o presidente da Assembleia Municipal queria impedir-me, também a mim, de falar. Razão: eu como membro da Assembleia Municipal já não podia intervir porque tinha acabado o período da ordem do dia e tinha começado aquele destinado à intervenção do público. Confusos? Também eu. Bom, depois um dos elementos que na mesa acompanham o presidente negou que eu tivesse levantado o braço para pedir a palavra na altura em que o munícipe tinha sido impedido de falar. Mas vários membros da assembleia confirmaram que eu tinha mesmo levantado o braço. Lá falei, por entre não sei quantas interrupções, e lá disse as coisas do costume, de as pessoas terem direito à sua opinião, do ambiente democrático e por aí fora.
Só que para o final da sessão estava reservado o melhor… O elemento da mesa que tinha tentado influenciar o presidente da Assembleia Municipal para que não me deixasse falar – enganando-o –, assim de repente, resolveu entrar na onda que agora parece inundar o país. Contou ao presidente que o tal munícipe na altura de abandonar a sala lhe tinha chamado «presidente asqueroso». Eu não tinha dado por nada, mas a confusão tinha sido tanta que não posso dizer se tinha chamado ou não. Pareceu-me que entre os outros membros da Assembleia Municipal também não se sabia ao certo se aquilo tinha sido dito ou não. Mas o elemento da mesa tinha ouvido, e por isso tinha de se ter atenção à gravação (as sessões são gravadas), para não escapar do texto da acta. «Em que estaria a pensar o autor daquela queixinha tão surpreendente?» Foi a pergunta que me ocorreu. E outra, logo a seguir… «Consideraria a possibilidade de, se a gravação fizesse prova de algum insulto, o munícipe ser demitido de munícipe, ou levar um processo disciplinar enquanto munícipe, nem que fosse preciso arranjar à pressa uma directora regional de qualquer coisa para assinar a documentação?» Antes de 1974, esta queixinha talvez merecesse uma medalha de mérito, ou na volta uma grã-cruz.
Nota – Numa das discussões que referi sobre o facto de os munícipes serem constantemente impedidos de falar nas sessões da Assembleia Municipal de Monchique, um dos membros desta assembleia, afecto ao presidente, saiu-se com uma proposta no mínimo original: «só deveriam ser admitidas as intervenções de qualidade». Perguntei o que ele entendia por «intervenções de qualidade» e da resposta não fiquei a perceber nada.
Eu sou membro da Assembleia Municipal de Monchique. Ontem tinha decidido não falar, mas fui obrigado a fazê-lo depois daquela vergonha. E a situação a seguir foi discutida, embora não me pareça que no futuro as coisas possam mudar. Tem sido uma constante na Assembleia Municipal de Monchique, e com situações semelhantes vi-me também confrontado nas reuniões do executivo municipal, no meu tempo de vereador – aí era o presidente da câmara a impedir as intervenções.
Já perdi a conta às vezes em que intervim na Assembleia Municipal sobre a situação de os munícipes não conseguirem falar durante o período a que têm direito. Não sei quantas vezes já disse, e escrevi, que me espanta que tanto tempo depois do 25 de Abril haja pessoas que tenham uma convivência tão difícil com o ambiente democrático. Mas ontem eu próprio tive dificuldade em falar… Por incrível que pareça, depois de ter impedido o munícipe de falar – pareceu-me que esperava uma intervenção crítica em relação ao poder socialista no concelho –, o presidente da Assembleia Municipal queria impedir-me, também a mim, de falar. Razão: eu como membro da Assembleia Municipal já não podia intervir porque tinha acabado o período da ordem do dia e tinha começado aquele destinado à intervenção do público. Confusos? Também eu. Bom, depois um dos elementos que na mesa acompanham o presidente negou que eu tivesse levantado o braço para pedir a palavra na altura em que o munícipe tinha sido impedido de falar. Mas vários membros da assembleia confirmaram que eu tinha mesmo levantado o braço. Lá falei, por entre não sei quantas interrupções, e lá disse as coisas do costume, de as pessoas terem direito à sua opinião, do ambiente democrático e por aí fora.
Só que para o final da sessão estava reservado o melhor… O elemento da mesa que tinha tentado influenciar o presidente da Assembleia Municipal para que não me deixasse falar – enganando-o –, assim de repente, resolveu entrar na onda que agora parece inundar o país. Contou ao presidente que o tal munícipe na altura de abandonar a sala lhe tinha chamado «presidente asqueroso». Eu não tinha dado por nada, mas a confusão tinha sido tanta que não posso dizer se tinha chamado ou não. Pareceu-me que entre os outros membros da Assembleia Municipal também não se sabia ao certo se aquilo tinha sido dito ou não. Mas o elemento da mesa tinha ouvido, e por isso tinha de se ter atenção à gravação (as sessões são gravadas), para não escapar do texto da acta. «Em que estaria a pensar o autor daquela queixinha tão surpreendente?» Foi a pergunta que me ocorreu. E outra, logo a seguir… «Consideraria a possibilidade de, se a gravação fizesse prova de algum insulto, o munícipe ser demitido de munícipe, ou levar um processo disciplinar enquanto munícipe, nem que fosse preciso arranjar à pressa uma directora regional de qualquer coisa para assinar a documentação?» Antes de 1974, esta queixinha talvez merecesse uma medalha de mérito, ou na volta uma grã-cruz.
Nota – Numa das discussões que referi sobre o facto de os munícipes serem constantemente impedidos de falar nas sessões da Assembleia Municipal de Monchique, um dos membros desta assembleia, afecto ao presidente, saiu-se com uma proposta no mínimo original: «só deveriam ser admitidas as intervenções de qualidade». Perguntei o que ele entendia por «intervenções de qualidade» e da resposta não fiquei a perceber nada.