Esta foto não é de agora, é da primeira metade da década de 90; ou seja, é do século passado. Quem aparece nela é um professor da Universidade de Aveiro. Era ministro do Ambiente do governo de Cavaco Silva nesses tempos. Foi ele que contou aquela anedota dos hemofílicos que tinham morrido no Hospital de Évora, de quem por lá – rezava a anedota – «se reciclavam os corpos para aproveitar o alumínio», precisamente o elemento causador da morte.
Lembro-me da situação como se fosse hoje. Numa cerimónia pública (e que fosse privada…), Borrego a certa altura disse qualquer coisa como «bem, isto está tudo um bocado desanimado, então eu vou contar uma anedota». E depois contou. Foi tudo gravado por uma rádio local e em menos de nada estava na TSF. E em menos de nada Cavaco (justiça lhe seja feita) o mandou embora do governo.
Passou mais de uma década, mas eu nunca me esqueci deste episódio tão nojento quanto inesperado. Nos últimos três anos tenho ido muitas vezes ao hospital de Évora. Foi lá que nasceram os meus filhos. Quando lá vou, não consigo deixar de lembrar-me daquele infeliz a fazer a figura triste que levou Cavaco Silva a pôr-lhe imediatamente um par de patins.
O que terá levado Carlos Borrego a fazer aquilo? Lembro-me de que nos tempos seguintes havia quem atirasse com explicações (até cheguei a ler que teria sido um figurão do «nosso» futebol a contar-lhe a anedota umas horas antes de ele a contar na tal cerimónia). Não sei… Penso que se alguém me contasse uma anedota daquelas o mais certo seria eu virar as costas. Mas o ministro não, guardou-a bem guardada para uma altura em que precisasse, e depois, quando achou que ficava bem, zás, contou-a.
Há dias, quando outro infeliz, Mário Lino, também ministro, se saiu na defesa de um aeroporto na Ota com a história do deserto da margem sul e do «jamé» (não sei se será assim que ele escreve), houve quem recordasse na comunicação social o caso de Borrego. Agora, hoje, quer dizer, ontem, o mesmo Mário Lino anuncia que afinal vai ser dado um tempo para se considerar também outra hipótese para a localização do novo aeroporto: Alcochete. Tudo por causa de um estudo encomendado pela Confederação da Indústria Portuguesa (CIP).
Escrevi num post ali abaixo que finalmente parecia ter chegado algum bom senso ao governo. Pareceu-me, e continua a parecer-me, que sim.
O pior foi à noite, esta noite. Vi na televisão imagens da visita a Belém do presidente da CIP, Francisco van Zeller; foi entregar uma cópia do estudo a Cavaco Silva. Levou com ele Ernâni Lopes e mais um homenzinho pequenino que apareceu nas imagens como coordenador do estudo. A cara não me era estranha. Estava mais velho, mas via-se bem quem era. Eu nem queria acreditar. Era o antigo ministro da anedota da reciclagem dos hemofílicos mortos para aproveitar o alumínio.
Lembro-me da situação como se fosse hoje. Numa cerimónia pública (e que fosse privada…), Borrego a certa altura disse qualquer coisa como «bem, isto está tudo um bocado desanimado, então eu vou contar uma anedota». E depois contou. Foi tudo gravado por uma rádio local e em menos de nada estava na TSF. E em menos de nada Cavaco (justiça lhe seja feita) o mandou embora do governo.
Passou mais de uma década, mas eu nunca me esqueci deste episódio tão nojento quanto inesperado. Nos últimos três anos tenho ido muitas vezes ao hospital de Évora. Foi lá que nasceram os meus filhos. Quando lá vou, não consigo deixar de lembrar-me daquele infeliz a fazer a figura triste que levou Cavaco Silva a pôr-lhe imediatamente um par de patins.
O que terá levado Carlos Borrego a fazer aquilo? Lembro-me de que nos tempos seguintes havia quem atirasse com explicações (até cheguei a ler que teria sido um figurão do «nosso» futebol a contar-lhe a anedota umas horas antes de ele a contar na tal cerimónia). Não sei… Penso que se alguém me contasse uma anedota daquelas o mais certo seria eu virar as costas. Mas o ministro não, guardou-a bem guardada para uma altura em que precisasse, e depois, quando achou que ficava bem, zás, contou-a.
Há dias, quando outro infeliz, Mário Lino, também ministro, se saiu na defesa de um aeroporto na Ota com a história do deserto da margem sul e do «jamé» (não sei se será assim que ele escreve), houve quem recordasse na comunicação social o caso de Borrego. Agora, hoje, quer dizer, ontem, o mesmo Mário Lino anuncia que afinal vai ser dado um tempo para se considerar também outra hipótese para a localização do novo aeroporto: Alcochete. Tudo por causa de um estudo encomendado pela Confederação da Indústria Portuguesa (CIP).
Escrevi num post ali abaixo que finalmente parecia ter chegado algum bom senso ao governo. Pareceu-me, e continua a parecer-me, que sim.
O pior foi à noite, esta noite. Vi na televisão imagens da visita a Belém do presidente da CIP, Francisco van Zeller; foi entregar uma cópia do estudo a Cavaco Silva. Levou com ele Ernâni Lopes e mais um homenzinho pequenino que apareceu nas imagens como coordenador do estudo. A cara não me era estranha. Estava mais velho, mas via-se bem quem era. Eu nem queria acreditar. Era o antigo ministro da anedota da reciclagem dos hemofílicos mortos para aproveitar o alumínio.
Mário Lino, o ministro que contou a anedota do deserto da margem sul deu o dito por não dito e agora pondera uma nova localização para o aeroporto. O que levou a que isso acontecesse? Um novo estudo, capaz de fazer com que o novo aeroporto acabe na margem sul, onde Lino jurou que ele nunca seria construído. A coordenar o estudo, nem mais, um ministro corrido há muitos anos por ter contado uma anedota muito, mas mesmo muito pior do que aquela arranjada por Lino para a margem sul. Não deixa de ter piada...
3 comentários:
Será que o eng. Lino terá olhado para o caso como um aviso, uma premunição?
A vida dá umas voltas do caraças.
A historia voltou a repetir-se
Enviar um comentário