«Pequenas Grandes Infâmias», de Panos Karnezis (Cavalo de Ferro, 281 pp.)
Simplesmente magia grega
A magia de um jovem escritor grego, radicado em Inglaterra, país onde as suas histórias lhe deram a fama. Panos Karnezis e um mundo para muitos desaparecido, contudo bem capaz de ser real. Mesmo que um centauro apareça num prado à beira-rio.
«Pequenas Grandes Infâmias» é o livro que revelou um dos nomes mais originais, fascinantes e seguros da jovem ficção europeia. Panos Karneziz, um estudante grego em 1992, mudou-se então para Inglaterra para fazer o curso de Engenharia, tendo a par dos estudos trabalhado como operário fabril. Dez anos depois, ainda em Inglaterra, publicou os contos que tinha ido escrevendo em inglês. A crítica britânica reconheceu-o, os leitores deram-lhe um lugar de honra nos tops de vendas. Foi o próprio Karneziz que traduziu o livro para a sua língua, um ano depois da publicação em Inglaterra. Não demorou muito a que se tornasse o escritor grego mais lido no seu país.
Nas histórias de «Pequenas Grandes Infâmias», que muito ficam a dever ao universo mágico de Gabriel García Márquez, bem no outro lado do mundo, Karnezis dá voz a inúmeras personagens de uma pequena comunidade da Grécia rural, talvez perdida no tempo, ou talvez teimando em acompanhar um tempo que não é mais do que o nosso, sem dispensar centauros, sereias ou mulheres tatuadas. É a comunidade do padre Yerasimo, do carpinteiro Jeremias, do «paralítico» Alexandre, da misteriosa Cassandra, do antigo homem mais forte do mundo, do gordo Baleia, do insolente Retsina, do centauro reivindicativo, de tantas outras personagens.
A certa altura… «O Sol escondia-se por trás das colinas e a aldeia mergulhava lentamente na taciturna obscuridade: o terramoto tinha deitado abaixo a subestação eléctrica e todo o equipamento tinha ficado destruído. Quando o padre Yerasimo saiu de casa com a lanterna na mão só se via a Sírio, mas ao cabo de uma hora de caminhada o céu já estava tão escuro que ele conseguia identificar todas as constelações.» Quem sabe se identificou também aquela onde agora Panos Karnezis está por direito próprio.
Com tanto êxito em Inglaterra em 2002 e na Grécia em 2003, este poderia ter sido um dos livros do ano em Portugal, em 2004. Mas de livros do ano, por cá, como é bem sabido, estamos mais do que conversados.
A Cavalo de Ferro, que deu ao público português a possibilidade de conhecer esta voz tão nova quanto fascinante, publicou entretanto um outro título do autor, o romance «O Labirinto».
Simplesmente magia grega
A magia de um jovem escritor grego, radicado em Inglaterra, país onde as suas histórias lhe deram a fama. Panos Karnezis e um mundo para muitos desaparecido, contudo bem capaz de ser real. Mesmo que um centauro apareça num prado à beira-rio.
«Pequenas Grandes Infâmias» é o livro que revelou um dos nomes mais originais, fascinantes e seguros da jovem ficção europeia. Panos Karneziz, um estudante grego em 1992, mudou-se então para Inglaterra para fazer o curso de Engenharia, tendo a par dos estudos trabalhado como operário fabril. Dez anos depois, ainda em Inglaterra, publicou os contos que tinha ido escrevendo em inglês. A crítica britânica reconheceu-o, os leitores deram-lhe um lugar de honra nos tops de vendas. Foi o próprio Karneziz que traduziu o livro para a sua língua, um ano depois da publicação em Inglaterra. Não demorou muito a que se tornasse o escritor grego mais lido no seu país.
Nas histórias de «Pequenas Grandes Infâmias», que muito ficam a dever ao universo mágico de Gabriel García Márquez, bem no outro lado do mundo, Karnezis dá voz a inúmeras personagens de uma pequena comunidade da Grécia rural, talvez perdida no tempo, ou talvez teimando em acompanhar um tempo que não é mais do que o nosso, sem dispensar centauros, sereias ou mulheres tatuadas. É a comunidade do padre Yerasimo, do carpinteiro Jeremias, do «paralítico» Alexandre, da misteriosa Cassandra, do antigo homem mais forte do mundo, do gordo Baleia, do insolente Retsina, do centauro reivindicativo, de tantas outras personagens.
A certa altura… «O Sol escondia-se por trás das colinas e a aldeia mergulhava lentamente na taciturna obscuridade: o terramoto tinha deitado abaixo a subestação eléctrica e todo o equipamento tinha ficado destruído. Quando o padre Yerasimo saiu de casa com a lanterna na mão só se via a Sírio, mas ao cabo de uma hora de caminhada o céu já estava tão escuro que ele conseguia identificar todas as constelações.» Quem sabe se identificou também aquela onde agora Panos Karnezis está por direito próprio.
Com tanto êxito em Inglaterra em 2002 e na Grécia em 2003, este poderia ter sido um dos livros do ano em Portugal, em 2004. Mas de livros do ano, por cá, como é bem sabido, estamos mais do que conversados.
A Cavalo de Ferro, que deu ao público português a possibilidade de conhecer esta voz tão nova quanto fascinante, publicou entretanto um outro título do autor, o romance «O Labirinto».
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