Releio «Os Maias». Carlos, a certa altura, fala com um tipo do Tribunal de Contas.
.
– Duas horas e um quarto! – exclamou Taveira, que olhara o relógio. – E eu aqui, empregado público, tendo deveres para com o Estado, logo às dez horas da manhã.
– Que diabo se faz no Tribunal de Contas? – perguntou Carlos. – Joga-se? Cavaqueia-se?
– Faz-se um bocado de tudo, para matar o tempo… Até contas!
.
.
– Duas horas e um quarto! – exclamou Taveira, que olhara o relógio. – E eu aqui, empregado público, tendo deveres para com o Estado, logo às dez horas da manhã.
– Que diabo se faz no Tribunal de Contas? – perguntou Carlos. – Joga-se? Cavaqueia-se?
– Faz-se um bocado de tudo, para matar o tempo… Até contas!
2 comentários:
Daí a grandeza e a intemporalidade de «Os Maias».
Está lá o nosso século todo, todo o nosso quotidiano, como se hoje fosse ontem, como se não tivéssemos aprendido nada em cento e vinte anos.
Apesar de toda a parafrenália das novas tecnologias, aos costumes se diz nada...
Mantêm-se todos os podres, agora apenas com nova roupagem, mais virtualmente globalizados, mas tão excessivos como outrora - nos Taveiras como nas filhas dos Taveiras (essas cameliazinhas meladas), nos Rufinos como nos Cruges, nos Palmas Cavalões como nos Sousas Netos, nos Eusebiozinhos como nos Gouvarinhos...
E, porém, há quem continue sendo feliz!...
António:
Não há nada de novo debaixo do sol, depois de Shakespeare e, por maioria de razão, depois de Eça.
Nessa passagem concreta, será melhor dizer – nada de novo debaixo da Lua.
E se, remotamente, alguma coisa mudou só se foi para uma maior tendência para fazer directas. Porque depois daquela hora, morando nos subúrbios e não já perto do Terreiro do Paço, que outra solução melhor senão uma directa...
Um abraço.
Enviar um comentário