quinta-feira, 5 de junho de 2008

O reverso da medalha

Nos últimos anos passei algumas tardes na feira do livro, sentado ao sol, sentado à chuva, sentado a ver as pessoas a subirem e a descerem o parque, sentado a assinar livros e procurando evitar aquelas dedicatórias às três pancadas, como as que são referidas no final deste post («Para Joaquim Oliveira, António Lobo Antunes», «Cordialmente, José Saramago»). Ontem, durante umas horas (final da tarde, princípio da noite), foi o reverso da medalha; por razões profissionais, dei por mim a contemplar os pavilhões estranhamente minúsculos da feira desde a varanda do Eleven, com empregados que nunca mais acabavam, sempre de um lado para o outro, de bandejas a abarrotar. Não vi nenhum escritor conhecido (e desconfio que dos desconhecidos a mesma coisa) – já políticos, empresários e aproximados havia com fartura. À saída deram-me uma caixa que tinha dentro uma garrafa de vinho e ainda, imagine-se, um livro (sem autógrafo mas com cartão).
(foto: Eleven)

3 comentários:

Anónimo disse...

Um livro?? Posso imaginar... "Manual prático de gestão de restaurantes de luxo com renda a 500 euros".
E a garrafa? Será uma daquelas que têm na carta de vinhos a 4000 euros? Naaa...
Não é que a não mereça, António. Bem pelo contrário! Se eu pudesse, consigo brindaria rendendo homenagem à sua arte com o melhor e mais raro Barca Velha ou Cartuxa.
Mas suponho que esses senhores devem estar mais preocupados em aumentar a diferença entre proveitos e custos.
Sandra

Anónimo disse...

Sandra

Não deixou de ser uma experiência diferente em termos de feira do livro, vista de longe. Um pensamento que tive é de que não me importava de ter uma casa naquele sítio, nem que fosse apenas uma concessão, sei lá, por uns 20 ou 30 anos (renováveis) e com renda a valores, digamos assim, controlados. A câmara é que na volta, comigo, não ia nisso.

António

Anónimo disse...

Concordo.
Amo Lisboa e também aprecio a paisagem que este palanque oferece.
Lamentavelmente, a CML não lhe propôs este miradouro, António. Mas não fique triste... esse Além-Tejo que o António expõe aqui em fotografia, tão florido, com tantos animais, essa floresta do sul cheia de instantes distantes ao comum dos citadinos, é-lhe mais especial que qualquer varandim olisiponense.
Tenho a certeza.
Sandra