quinta-feira, 12 de junho de 2008

No castelo

Vi o jogo dos três a um aos checos dentro de um castelo. O castelo de Montemor. Tivemos sorte nalguns momentos, poucos, porque fomos bem superiores a um adversário perigoso mas que nem com aquele trambolho de dois metros que entrou na parte final conseguiu equilibrar o jogo. É bom ver uma selecção dominadora, sem os complexos de há quinze ou vinte anos e sem os desentendimentos de há dois ou três meses. E é bom ter uma selecção em que a maior parte dos jogadores (até os defesas) sabe jogar à bola (passar, chutar, fintar, essas coisas que os caneiras e os polgas da vida futebolística têm uma certa dificuldade em entender).
Algumas notas soltas… Ricardo continua igual a si próprio (umas defesas apertadas, umas fintas, a ideia de que tem uma forte personalidade, mas cruzamentos não apanha um); Ronaldo é muito bom, dá a sensação de que meteu na cabeça que é o maior, mas não é; Deco, esse sim, apetece dizer que é o melhor jogador do mundo; o esforçado Petit teve um lance, apenas um, em que não se esforçou e isso custou-nos um golo (fez-se à bola à moda de Caneira e quando deu por ela já ia a caminho da baliza – vai para dois anos o Porto empatou em Alvalade por causa de uma asneira do género); Pepe e Ricardo Carvalho fazem mesmo a melhor dupla de centrais da história da selecção nacional; Bozingwa é muito, mas mesmo muito bom; Simão a titular e Quaresma de reserva para entrar e fazer das dele parece ser uma boa opção; e Nuno Gomes, como eu esperava (não creio que muita gente esperasse) está a ser a melhor solução para o ataque (foi mesmo uma sorte o Pauleta ter abandonado a selecção, senão lá andávamos a engonhar no ataque como há dois e há quatro anos).
Quanto à saída de Scolari para o Chelsea, é uma péssima notícia. Scolari, já se sabe, não percebe de futebol assim por aí além, mas a verdade é que fez da selecção uma equipa de alto nível, sobretudo em fases finais. A sua substituição vai ser muito complicada, por causa da capacidade de liderança que sempre demonstrou. Imagine-se a selecção nacional comandada, por exemplo, por um treinador tipo José Peseiro… Para onde o mandaria Quaresma se não entrasse, ou até o próprio Ronaldo num jogo em que fosse substituído? E os brasileiros naturalizados, onde o mandariam ir «tomá»? (Provavelmente no mesmo sítio em que Rochemback mandou.) Talvez Paulo Bento, que é parecido com Scolari (melhor na liderança do que nas tácticas e nas estratégias), pudesse ser uma solução, o problema é que eu acho bem que continue no Sporting.

4 comentários:

Anónimo disse...

We shall see (ou Chelsea) o que vai acontecer à selecção...
Ainda não estou convencido, apesar de estar a gostar de ver os jogos de Portugal.
Hoje brilhou muito o Deco.

Anónimo disse...

António:

Vejamos pelo lado positivo:

Agora, que a estrutura parece estar montada, que venha alguém que perceba um pouco mais de futebol. Mas tem de ser alguém que defenda os "mininos".

Espero que Luís Filipe Vieira não tenha peso suficiente para influenciar a vinda de Camacho.

Um palpite: Manuel José.

Saudações desportivas e que Scolari se despeça com um título.
Impossível não é!

P.S. Passar a treinador de clube não será, para Scolari, a aplicação do Princípio de Peter?

Anónimo disse...

Manuel

Camacho, só para a palhaçada (na selecção não sei se faria melhor do que o Luís Filipe Vieira se arranjasse um diploma de treinador nem que fosse em Angola); o ideal seria Camacho ter ficado no Benfica, e para muitos anos.

Eu já dei a minha solução para a selecção, o Paulo Bento, que tem um feitio parecido com o do Scolari (embora não pareça que possa meter-se a dar murros nalgum jogador adversário). Mas claro que prefiro que fique no Sporting.

Quanto ao Scolari no Chelsea, o principal problema que vai ter é o facto de num clube ter de trabalhar todos os dias. E em relação a ele despedir-se com um título, prefiro pensar que vai ser mesmo isso (se fosse Filipe Soares Franco o presidente da Federação - ou da sade da Federação, no caso - provavelmente não pensaria assim, pois sei que ele haveria de convencer jogadores e equipa técnica a lutarem apenas pelo segundo lugar para poupar nos prémios).

António

Anónimo disse...

António:

Não resisto a dizer-lhe o seguinte:

. Não simpatizo com a política, tipo FMI, que Soares Franco impôs ao Sporting;
. Os resultados desportivos são esclarecedores;
. O que eu não sei é quem realmente teve a culpa de a situação financeira ter chegado onde chegou.

Todavia, admiro a sua coerência em continuar a dar a Soares Franco o estatuto de "ódio de estimação". E, seja como for, a piada final (do seu último comentário) está deliciosa.


Saudações Leoninas!

P. S. Parece que este ano, a preparação da época é de Paulo Bento e não de Freitas.
Eu nunca acreditei que Purovic fosse uma invenção do Paulo Bento.