Jesus e o seu bigode
Um destacado escritor espanhol consegue com as aventuras de um tal Jesus, que é despedido de uma empresa, levar o humor quase até aos limites do absurdo.
O tonto, o morto, o bastardo e o invisível, afinal, são apenas um. Jesus, de seu nome – o que talvez fosse de estranhar se a história acontecesse em Portugal e não em Espanha, onde a ninguém faz espécie que um homem se chame Jesus –, é tudo isso e muito mais, após ser informado pelo chefe de pessoal da empresa onde trabalha de que irá ser despedido. Do mal o menos, terá direito a um ano de salário e a umas palmadinhas nas costas; e depois, conta a certa altura Jesus, «Laura trabalhava, era médica-legista, portanto o horizonte de indigência encontrava-se ainda um pouco afastado». Mas Jesus não consegue encarar a mulher e o filho, sente-se invadido pelo medo e refugia-se na casa de banho. «... deixei que toda a cobardia adiada desde que entrou na empresa uma equipa social-democrata, autorizada a vendê-la em partes, se reunisse de chofre na percepção do espaço (...) fechei várias vezes as torneiras para transmitir a sensação de actividade, confiante de que a angústia se retiraria ao atingir determinada magnitude. Então, lembrei-me do bigode.» Será assim, com a ajuda do bigode, que Jesus irá começar uma vida nova, num mundo bem diferente daquele a que estava habituado e onde as regras são ditadas pela sua imaginação. Juan José Millás, um dos mais destacados nomes da literatura espanhola, consegue com as aventuras de Jesus levar o humor quase até aos limites do absurdo, sem nunca sair dos ambientes quotidianos da vida moderna. Afinal, a vida que leva a sua personagem a empreender uma espantosa fuga, mesmo que para as terras da imaginação. Quantos de nós não terão já estado à beira de fazer o mesmo?
Um destacado escritor espanhol consegue com as aventuras de um tal Jesus, que é despedido de uma empresa, levar o humor quase até aos limites do absurdo.
O tonto, o morto, o bastardo e o invisível, afinal, são apenas um. Jesus, de seu nome – o que talvez fosse de estranhar se a história acontecesse em Portugal e não em Espanha, onde a ninguém faz espécie que um homem se chame Jesus –, é tudo isso e muito mais, após ser informado pelo chefe de pessoal da empresa onde trabalha de que irá ser despedido. Do mal o menos, terá direito a um ano de salário e a umas palmadinhas nas costas; e depois, conta a certa altura Jesus, «Laura trabalhava, era médica-legista, portanto o horizonte de indigência encontrava-se ainda um pouco afastado». Mas Jesus não consegue encarar a mulher e o filho, sente-se invadido pelo medo e refugia-se na casa de banho. «... deixei que toda a cobardia adiada desde que entrou na empresa uma equipa social-democrata, autorizada a vendê-la em partes, se reunisse de chofre na percepção do espaço (...) fechei várias vezes as torneiras para transmitir a sensação de actividade, confiante de que a angústia se retiraria ao atingir determinada magnitude. Então, lembrei-me do bigode.» Será assim, com a ajuda do bigode, que Jesus irá começar uma vida nova, num mundo bem diferente daquele a que estava habituado e onde as regras são ditadas pela sua imaginação. Juan José Millás, um dos mais destacados nomes da literatura espanhola, consegue com as aventuras de Jesus levar o humor quase até aos limites do absurdo, sem nunca sair dos ambientes quotidianos da vida moderna. Afinal, a vida que leva a sua personagem a empreender uma espantosa fuga, mesmo que para as terras da imaginação. Quantos de nós não terão já estado à beira de fazer o mesmo?
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