No Dia do Pai, mais três excertos de «O Sorriso Enigmático do Javali» (depois destes).
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«Escolheram a noite para a viagem, e essa noite acabou por chegar. O pequeno Tuki ia dormir mais tarde. Tinha prometido que aguentaria umas horas além do habitual, e para consegui-lo tinha inclusive dormido a sesta depois de chegar da escola, a meio da tarde. Saíram a seguir ao jantar, em silêncio, como se fossem para uma missão muito importante.»
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«Foi então que parou, decidido a não dar explicações que o mais certo seria originarem perguntas mais difíceis. E quando voltou às palavras foi para falar da borboleta. A que estava ali, na soleira da porta. Falou sem grandes esperanças de que o filho aceitasse ficar sem resposta sobre os políticos e a sua especial característica que os prendia à mentira como um cão feroz, de preferência rafeiro, a uma corrente das fortes. Mas o filho não insistiu em saber dos políticos.
'Essa malandragem’, pensou o pai do pequeno Tuki.»
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«Talvez. Podia ser mesmo uma explicação. O lagarto pareceu sorrir. Foi só nesse momento que o pai do pequeno Tuki reparou nele, agarrado à manga direita da camisa. Nem era agarrado, era preso. Uma camisa inutilizada. Um buraco. A ponta da cauda do lagarto, a ponta da clave de sol cravada na manga, e o lagarto pendurado. Sorria. Parecia um sorriso atrapalhado, embaraçado. Não tinha ar de querer arranjar problemas, mas a verdade é que tinha arranjado. Aquela camisa... Umas dezenas de euros, pensou o pai do pequeno Tuki. Uma camisa quase nova. Lembrou-se de muitos anos antes, de ver nos livros de cowboys do Tex Willer os chapéus inutilizados… Muitas vezes acontecia, uma bala furava o chapéu, num tiroteio, a um dos companheiros do Tex Willer, que tinha o famoso nome de Kit Carson. Costumava acontecer, e ele, sem ligar a que a bala lhe tivesse passado a uns milímetros da cabeça, limitava-se a dizer, em tom de lamento: ‘Um chapéu quase novo...’
Lembrou-se também de outro sorriso, o do javali.»
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«Escolheram a noite para a viagem, e essa noite acabou por chegar. O pequeno Tuki ia dormir mais tarde. Tinha prometido que aguentaria umas horas além do habitual, e para consegui-lo tinha inclusive dormido a sesta depois de chegar da escola, a meio da tarde. Saíram a seguir ao jantar, em silêncio, como se fossem para uma missão muito importante.»
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«Foi então que parou, decidido a não dar explicações que o mais certo seria originarem perguntas mais difíceis. E quando voltou às palavras foi para falar da borboleta. A que estava ali, na soleira da porta. Falou sem grandes esperanças de que o filho aceitasse ficar sem resposta sobre os políticos e a sua especial característica que os prendia à mentira como um cão feroz, de preferência rafeiro, a uma corrente das fortes. Mas o filho não insistiu em saber dos políticos.
'Essa malandragem’, pensou o pai do pequeno Tuki.»
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«Talvez. Podia ser mesmo uma explicação. O lagarto pareceu sorrir. Foi só nesse momento que o pai do pequeno Tuki reparou nele, agarrado à manga direita da camisa. Nem era agarrado, era preso. Uma camisa inutilizada. Um buraco. A ponta da cauda do lagarto, a ponta da clave de sol cravada na manga, e o lagarto pendurado. Sorria. Parecia um sorriso atrapalhado, embaraçado. Não tinha ar de querer arranjar problemas, mas a verdade é que tinha arranjado. Aquela camisa... Umas dezenas de euros, pensou o pai do pequeno Tuki. Uma camisa quase nova. Lembrou-se de muitos anos antes, de ver nos livros de cowboys do Tex Willer os chapéus inutilizados… Muitas vezes acontecia, uma bala furava o chapéu, num tiroteio, a um dos companheiros do Tex Willer, que tinha o famoso nome de Kit Carson. Costumava acontecer, e ele, sem ligar a que a bala lhe tivesse passado a uns milímetros da cabeça, limitava-se a dizer, em tom de lamento: ‘Um chapéu quase novo...’
Lembrou-se também de outro sorriso, o do javali.»
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1 comentário:
antes de mais nada, as minhas desculpas por este comentário não ter a ver com o post...
ma é só um
Convite
O livro "Continuando assim...", foi maltratado...
Resolvi por isso, e porque tanta gente não encontra o livro onde deveria estar (nas livrarias), recontar a história
Lá no …. Continuando assim…
Vamos em metade da história, o livro reescrito, não está igual (nem poderia!) ao que foi editado.
Obrigada a todos os que vão seguindo ( pois só assim vale a pena).
E já lá vão mais de 200 comentários de pessoas tão diferentes umas das outras…
Um obrigada especial a quem ainda não conhece, e chega de novo
Mais uma reflexão em relação a todo este assunto, e um conselho, se é que me é permitido:
--- quando vos pedirem dinheiro para editar as vossas palavras, simplesmente digam que não ---
BJ
Teresa
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