sexta-feira, 18 de julho de 2008

Outra imagem da manhã

7 comentários:

Anónimo disse...

Imagino
o teu corpo
como caule despido
do desejo

Com os dedos sensíveis
parto delicadamente
os espinhos
dos teus pudores

Deslizo as mãos
na seiva corrente
dos teus sonhos
de íntima líbido

Com os lábios
mordo sofregamente
as pétalas do teu mundo
por florir

E finalmente desabrochas
para mim
deixando cair pétalas
de cio

Aspiro-te
cheiro-te
e chamo-te
minha flor

Chama-se "Caule despido de uma rosa" e já o escrevi há uns bons anos. Talvez uns dez.

E agora um inédito, que vou fazer agora, em "directo", com um abraço para ti, António:

Um gafanhoto abelhudo

Por mero acaso serei um gafanhoto
pois o meu sonho era abelha ser
de flor em flor colher o mel todo
numa missão infinita, até morrer

Espírito pátrio é coisa que não falta
se eu sou verde, vermelha é a flor
pois se a rosa é uma flor em alta
um gafanhoto logo s'perde d'amor

Se nesta terra há gatos, cães, ouriços
se no montado há tanto Montemor
que ninguém chore d'afectos omissos
de dia e noite aqui não falta Amor

Anónimo disse...

Agora olhei melhor para a flor...há grandes hipóteses de não ser uma rosa...
olha, já seguiu o outro comentário...

Anónimo disse...

Luís

Obrigado! Quanta honra, um poema em directo... E é uma roseira, claro.

Abraço,

António

adsensum disse...

Excelentes poemas.

Anónimo disse...

Bonita flor, mais ainda com gafanhoto intruso, e bonito poema, repentino por certo - verdadeira simbiose do mel...
Parabéns a ambos pelo instantâneo!

Anónimo disse...

Pois é, ainda bem que gostaram. Mas o poema instantâneo tem alguns problemas de métrica e de rimas pobres. Foi o que se arranjou, no estilo gafanhôtico.

E eu nem devia ter dúvidas quanto à flor, a avaliar pelas cicatrizes nos braços, arranjadas nos princípios de 80, na Malveira, quando atravessei uma sebe com espinhos, "cuspido" da minha bicicleta.

adsensum disse...

A propósito de cicatrizes a atravessar sebes... uma vez, um amigo meu, numa noite, já bastante etilizado, vindo de carro com outro amigo, tirou a cabeça de fora para apanhar um pouco de ar. Ao sentir umas giestas e silvas na cara, recolheu-se. Porém, dado estar com os óbvios reflexos lentos, ficou todo arranhado.
Mais tarde, ao relatar a história, dizia assim: "Eu vinha com o Miguel na carrinha, de repente, PASSARAM POR NÓS UMAS SILVAS!"
:)