Pois é, ainda bem que gostaram. Mas o poema instantâneo tem alguns problemas de métrica e de rimas pobres. Foi o que se arranjou, no estilo gafanhôtico.
E eu nem devia ter dúvidas quanto à flor, a avaliar pelas cicatrizes nos braços, arranjadas nos princípios de 80, na Malveira, quando atravessei uma sebe com espinhos, "cuspido" da minha bicicleta.
A propósito de cicatrizes a atravessar sebes... uma vez, um amigo meu, numa noite, já bastante etilizado, vindo de carro com outro amigo, tirou a cabeça de fora para apanhar um pouco de ar. Ao sentir umas giestas e silvas na cara, recolheu-se. Porém, dado estar com os óbvios reflexos lentos, ficou todo arranhado. Mais tarde, ao relatar a história, dizia assim: "Eu vinha com o Miguel na carrinha, de repente, PASSARAM POR NÓS UMAS SILVAS!" :)
7 comentários:
Imagino
o teu corpo
como caule despido
do desejo
Com os dedos sensíveis
parto delicadamente
os espinhos
dos teus pudores
Deslizo as mãos
na seiva corrente
dos teus sonhos
de íntima líbido
Com os lábios
mordo sofregamente
as pétalas do teu mundo
por florir
E finalmente desabrochas
para mim
deixando cair pétalas
de cio
Aspiro-te
cheiro-te
e chamo-te
minha flor
Chama-se "Caule despido de uma rosa" e já o escrevi há uns bons anos. Talvez uns dez.
E agora um inédito, que vou fazer agora, em "directo", com um abraço para ti, António:
Um gafanhoto abelhudo
Por mero acaso serei um gafanhoto
pois o meu sonho era abelha ser
de flor em flor colher o mel todo
numa missão infinita, até morrer
Espírito pátrio é coisa que não falta
se eu sou verde, vermelha é a flor
pois se a rosa é uma flor em alta
um gafanhoto logo s'perde d'amor
Se nesta terra há gatos, cães, ouriços
se no montado há tanto Montemor
que ninguém chore d'afectos omissos
de dia e noite aqui não falta Amor
Agora olhei melhor para a flor...há grandes hipóteses de não ser uma rosa...
olha, já seguiu o outro comentário...
Luís
Obrigado! Quanta honra, um poema em directo... E é uma roseira, claro.
Abraço,
António
Excelentes poemas.
Bonita flor, mais ainda com gafanhoto intruso, e bonito poema, repentino por certo - verdadeira simbiose do mel...
Parabéns a ambos pelo instantâneo!
Pois é, ainda bem que gostaram. Mas o poema instantâneo tem alguns problemas de métrica e de rimas pobres. Foi o que se arranjou, no estilo gafanhôtico.
E eu nem devia ter dúvidas quanto à flor, a avaliar pelas cicatrizes nos braços, arranjadas nos princípios de 80, na Malveira, quando atravessei uma sebe com espinhos, "cuspido" da minha bicicleta.
A propósito de cicatrizes a atravessar sebes... uma vez, um amigo meu, numa noite, já bastante etilizado, vindo de carro com outro amigo, tirou a cabeça de fora para apanhar um pouco de ar. Ao sentir umas giestas e silvas na cara, recolheu-se. Porém, dado estar com os óbvios reflexos lentos, ficou todo arranhado.
Mais tarde, ao relatar a história, dizia assim: "Eu vinha com o Miguel na carrinha, de repente, PASSARAM POR NÓS UMAS SILVAS!"
:)
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