sexta-feira, 11 de julho de 2008

O que vou escrevendo

Um pouco do que vou escrevendo…
E ele poderia muito bem atacar-me assim que eu abrisse a porta. Talvez estivesse em cima de uma mesa grande, aquela onde antes ficavam os sacos com a farinha, uma mesa que estava encostada à parede mesmo em frente da entrada. Apesar de velho, ele haveria de conseguir atirar-se num voo à maluca para me abalroar assim que eu transpusesse a soleira. Eu pensava nisto, mas não agia condicionado por esse pensamento. Era quase como se fosse um divertimento, um fascínio pelo risco, uma espécie de comportamento sádico contra mim próprio… Eu a pensar nos perigos que me poderiam esperar do lado de dentro da azenha e mesmo assim a entrar; eu a rodar a chave na fechadura, que rangia, muito, como se não quisesse ceder, como se lançasse um derradeiro aviso sobre o terrível Rasputine dos voos. Um aviso para mim, mas inevitavelmente também para ele, que dessa forma saberia que eu estava a entrar e que era tempo de começar a flectir as pernas para dar um bom impulso ao voo na minha direcção. O que esconderia na azenha aquele velho de longas barbas para tão empenhadamente querer defendê-la?
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