Um excerto do meu livro de crónicas «O Bilhete do Senhor Scolari».
(…)
Era preciso pensar nalguma coisa que pudesse resolver o problema. Foi então que reparei no que estava escrito no envelope de cima: «Senhor Luiz Felipe Scolari». Bilhetes… Aquilo era uma pilha de bilhetes de convidados para o jogo, só podia ser. De imediato me chegou uma nova ideia, tipo aquela de perguntar à mastodonta do «ciao» se não tinham em Lisboa ninguém que falasse português; lembrei-me de pegar no envelope do senhor Scolari e em mais uns quantos e ir-me embora sem dizer nada. Durou uns segundos a ideia, ou melhor, a tentação; acabou por perder-se quando pensei no grande sarilho que se calhar iria arranjar, não sei se à Federação Portuguesa de Futebol se à UEFA, assim que o seleccionador de Portugal chegasse e descobrisse que não tinha bilhete. Eu estava longe de imaginar que dois anos depois o senhor Scolari, ainda a fazer de seleccionador cá por estas bandas, iria agredir um jogador sérvio com um murro mal calculado no final de um jogo desastroso, mas a verdade é que já na altura não me fiava muito na sua capacidade de contenção.
Ou seja, continuei sem bilhetes. E como não aparecia mais ninguém da UEFA com jeito de resolver o assunto, e além disso a mastodonta continuava lá com os papéis dela, resolvi ir tentar a sorte noutras zonas do hotel. Daí a pouco, nem cinco minutos, enquanto andava nas minhas deambulações, dei com uma cara conhecida; não era minha conhecida, era conhecida de muita gente, ou de quase toda a gente. Enfim, uma figura pública – um homem, todo despachado, de fato e gravata, assim a descair para o executivo mas sem telemóvel à vista. Veio logo falar comigo, e eu nem tive tempo de estranhar tal atitude; quando dei por ele já estava a ensaiar um sorriso, a pedir-me desculpa e a perguntar-me se sabia onde se levantava os bilhetes. Eu disse-lhe que tinha comprado dois e que andava à procura deles. O homem contrapôs: «Não, eu venho é buscar bilhetes dos dos convidados!» Compreendi logo e por isso indiquei-lhe como chegar até à pilha onde estava o envelope com o nome do seleccionador nacional de futebol em cima, no secretariado da federação. E acrescentei: «Aí deve-se desenrascar!»
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Era preciso pensar nalguma coisa que pudesse resolver o problema. Foi então que reparei no que estava escrito no envelope de cima: «Senhor Luiz Felipe Scolari». Bilhetes… Aquilo era uma pilha de bilhetes de convidados para o jogo, só podia ser. De imediato me chegou uma nova ideia, tipo aquela de perguntar à mastodonta do «ciao» se não tinham em Lisboa ninguém que falasse português; lembrei-me de pegar no envelope do senhor Scolari e em mais uns quantos e ir-me embora sem dizer nada. Durou uns segundos a ideia, ou melhor, a tentação; acabou por perder-se quando pensei no grande sarilho que se calhar iria arranjar, não sei se à Federação Portuguesa de Futebol se à UEFA, assim que o seleccionador de Portugal chegasse e descobrisse que não tinha bilhete. Eu estava longe de imaginar que dois anos depois o senhor Scolari, ainda a fazer de seleccionador cá por estas bandas, iria agredir um jogador sérvio com um murro mal calculado no final de um jogo desastroso, mas a verdade é que já na altura não me fiava muito na sua capacidade de contenção.
Ou seja, continuei sem bilhetes. E como não aparecia mais ninguém da UEFA com jeito de resolver o assunto, e além disso a mastodonta continuava lá com os papéis dela, resolvi ir tentar a sorte noutras zonas do hotel. Daí a pouco, nem cinco minutos, enquanto andava nas minhas deambulações, dei com uma cara conhecida; não era minha conhecida, era conhecida de muita gente, ou de quase toda a gente. Enfim, uma figura pública – um homem, todo despachado, de fato e gravata, assim a descair para o executivo mas sem telemóvel à vista. Veio logo falar comigo, e eu nem tive tempo de estranhar tal atitude; quando dei por ele já estava a ensaiar um sorriso, a pedir-me desculpa e a perguntar-me se sabia onde se levantava os bilhetes. Eu disse-lhe que tinha comprado dois e que andava à procura deles. O homem contrapôs: «Não, eu venho é buscar bilhetes dos dos convidados!» Compreendi logo e por isso indiquei-lhe como chegar até à pilha onde estava o envelope com o nome do seleccionador nacional de futebol em cima, no secretariado da federação. E acrescentei: «Aí deve-se desenrascar!»
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