terça-feira, 3 de junho de 2008

Onze bocadinhos

Terminei recentemente dois livros de histórias. Coloco a seguir onze bocadinhos de um deles (um bocadinho por cada história).
1. A moderadora, uma escritora mais velha do que nós e com ar entediado, a certa altura tinha-se lembrado de perguntar aos «escritores para o futuro» se se imaginavam, nesse futuro, a escrever os próprios livros em inglês.
2.
Poderia ter-me lembrado de Américo Tomás, o almirante que na ditadura lambia as botas a Salazar e depois também um bocado a Marcello Caetano, ou do arquitecto Tomás Taveira, ou talvez até de São Tomás de Aquino, mas não, lembrei-me do velho livro.
3.
Durante um debate numa sala de um hotel da Avenida da Liberdade, em Lisboa, o jurista Fernando Seara, bem conhecido nos meios desportivos, afirmou que a questão do novo treinador do Sporting, que parecia envolta em grandes mistérios, afinal não tinha nada de misterioso.
4.
Onde é que já se tinha visto uma coisa assim, um barrete verde, vermelho e amarelo e com o escudo nacional com as cinco chagas de Cristo numa pessoa de fato e gravata, ainda por cima ministro da nação?
5.
Mas na manhã do jogo, como que esquecendo-me do que anos antes tinha acontecido, levado por um estranho instinto de imitação, fiz asneira. Comprei um cachecol.
6. A ele tudo parecia tolerar-se; afinal, Cadete era «o capitão Jorge Cadete», não era nem o Capitão América, nem o Capitão Nemo, nem o Capitão Tormenta, nem sequer o Capitão Roby. Era o ponta-de-lança da equipa, ainda por cima bem diferente de um qualquer tony-sealy
inglês, ou até do polaco Juskowiak, a que muitos preferiam chamar Juskofiasco.
7.
Terá sido Guterres que deu azar ao Sporting? Ou terá sido o Sporting, e quem sabe até o próprio Real Madrid, terão sido os dois clubes a dar azar a Guterres? A verdade é que nunca cheguei a uma conclusão.
8.
Devia ser nalguma cave, foi o que pensei, ou então nalgum descampado urbano onde a rede não chegasse. Quem sabe poderia haver ali no meio do casario a cair uma planície municipal à espera de alguém, eventualmente de Braga, que lhe pusesse as unhas sem o vereador Sá Fernandes dar por isso…
9.
Por exemplo, o daquele jornalista que arranjou gravações de um seleccionador nacional de futebol a dizer com a maior das naturalidades que o que era preciso era matar dois ou três fulanos.
10.
Fui ouvindo o que ele contava, as histórias de Madjer, umas que eu conhecia, outras que nem imaginava, até que a certa altura não me contive e interrompi-o.
11. Haveria de ser uma bela cerimónia, a da entrega do Grande Prémio do Romance e da Novela ao futebol português, de certeza representado ainda por Gilberto Madail...

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