Acabei de editar a crónica do meu amigo Luís Bento, para a revista. Não resisto a colocar aqui um bocadinho.
(…)
Modernamente, uma classe tecnopolítica (verdadeiros tecnocratas da política) emergente, é completamente incapaz de expressar emoções perante o sofrimento alheio. Reduz tudo a estudos e a análises económico-financeiras, cobrindo-se com o manto (não) diáfano do poder.
São os novos iletrados emocionais:
- conseguem dizer que são sensíveis ao problema e nada fazer;
- conseguem olhar com distanciamento o sofrimento alheio;
- conseguem persistir em ideias do passado quando vem aí o futuro;
- conseguem esconder-se dentro de uma redoma protectora;
- conseguem viver não vivendo e não deixando os outros viver.
Estes novos iletrados emocionais (que pululam por aqui e por ali) reconhecem-se facilmente não por aquilo que fazem mas, acima de tudo, pelo que não fazem, autoproclamando-se proprietários da razão, e os outros (os que sofrem, os que vivem com imensas dificuldades, os que não têm que comer) são sempre referidos como tendo dificuldades de entendimento e de análise das circunstâncias.
E até já se chegou ao cúmulo de classificar os dados sobre a pobreza e sobre as desigualdades na distribuição do rendimento em Portugal como «empiricamente falsos».
(…)
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Modernamente, uma classe tecnopolítica (verdadeiros tecnocratas da política) emergente, é completamente incapaz de expressar emoções perante o sofrimento alheio. Reduz tudo a estudos e a análises económico-financeiras, cobrindo-se com o manto (não) diáfano do poder.
São os novos iletrados emocionais:
- conseguem dizer que são sensíveis ao problema e nada fazer;
- conseguem olhar com distanciamento o sofrimento alheio;
- conseguem persistir em ideias do passado quando vem aí o futuro;
- conseguem esconder-se dentro de uma redoma protectora;
- conseguem viver não vivendo e não deixando os outros viver.
Estes novos iletrados emocionais (que pululam por aqui e por ali) reconhecem-se facilmente não por aquilo que fazem mas, acima de tudo, pelo que não fazem, autoproclamando-se proprietários da razão, e os outros (os que sofrem, os que vivem com imensas dificuldades, os que não têm que comer) são sempre referidos como tendo dificuldades de entendimento e de análise das circunstâncias.
E até já se chegou ao cúmulo de classificar os dados sobre a pobreza e sobre as desigualdades na distribuição do rendimento em Portugal como «empiricamente falsos».
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3 comentários:
António:
Aqui há uns anos, quando comentava os incentivos, da então CEE, para não se produzir, manifestei a colegas meus (de trabalho) a minha perplexidade pelo absurdo de uma política com esse desiderato. Para mim era uma política contra natura. Fui criticado por estar agarrado a ideias do "passado". Disseram que se estava mesmo a ver "que a agricultura não tinha qualquer futuro"???. E, nessa altura, muitos irresponsáveis deste país disseram o mesmo. Ontem, Braga de Macedo (olha quem) veio dizer que foi um erro, que faz parte do Tropical Research Institute, bla bla, bla... Alguém se lembra deste senhor ter alertado os irresponsáveis, aquando da aplicação dessas políticas?
Eu não, mas pode ser um problema relacionado com a minha memória.
Um abraço.
Manuel, o Braga de Macedo de agora não sei como está (nem estou para ouvi-lo), mas o de há uns anos encarnava perfeitamente o conceito de «iletrado emocional». De qualquer forma, na altura, creio que na Assembleia da República, houve quem lhe chamasse «adiantado mental».
António
Na 'mouche'!
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