Este é um pormenor de uma fotografia de Abril de 1968, da autoria de J. M. Nobre Furtado, tirada no alto da Fóia (Serra de Monchique). A fotografia completa, tal como mais cinco, pode ser vista aqui. As seis fotografias testemunham uma visita de um pobre diabo à minha terra. O pobre diabo fazia de presidente da República, a mando de um diabo mesmo dos de meter respeito (ou respeitinho, como creio que se dizia na altura). Chamava-se Américo Thomaz. Eu tinha nascido havia dois meses e no dia em que foram tiradas as seis fotografias devia estar em casa, a poucos quilómetros dali, provavelmente no berço. Uns cinco anos depois, o pobre diabo haveria de visitar de novo a minha terra. Se a visita das fotografias era privada, a nova visita era mesmo como presidente da República, já não às ordens do diabo de meter respeitinho (tinha morrido entretanto) mas do idiota que a este sucedeu na presidência do governo. Nessa visita como presidente da República, o pobre diabo apanhou-me à saída da catequese e eu sem saber bem por quê lá lhe apertei a mão quando ele ma estendeu («Menino, menino», disse-me ele). Lembro-me de que andava em passo apressado mais a comitiva que o acompanhava por uma das ruas principais da vila, e lembro-me de que os gê-éne-érres pareciam ter gosto nos empurrões e nos pontapés que distribuíam a quem saísse da ordem. Não sei se foi ao alto da Fóia nessa segunda visita. Nem se há fotografias.
1 comentário:
Chamava-se Américo Deus Rodrigues Tomás.
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