Mais dois capítulos (VII e VIII) de «Brites e as Gaivotas» (início aqui).
Brites e as Gaivotas
Uma história da Padeira de Aljubarrota
»»» Cap. VII
Do alto, duas gaivotas controlavam o barco, enquanto iam esvoaçando de um lado para o outro. E grasnavam.
- Ainda bem que a gente tem asas.
- Sim.
Brites seguia no barco, a contemplar a imensidão do oceano. Nova vida ia começar, pensava ela sem ligar ao vento que lhe fustigava o rosto. Até que de repente algo lhe prendeu a atenção, e às gaivotas que voavam por cima também. Um outro barco aproximava-se.
- Barco à vista!!!
Ou vinha em paz e tudo se resolveria, ou então vinha por mal. E aí é que seria o bom e o bonito. Por via das dúvidas, Brites começou a arregaçar as mangas. Isto enquanto a tripulação já andava de um lado para o outro, como se o seu destino se decidisse naquele momento.
- Chamem o capitão!
- Sim, chamem o capitão, que se retirou para descansar!
O capitão apareceu daí a pouco, e nessa altura já se avistava a bandeira dos do barco que antes tinha surgido do nada na linha do horizonte. E só podiam vir mesmo por mal, porque a bandeira indicava que eram piratas árabes, dos muitos que infestavam as águas do Mediterrâneo.
- Preparem-se, homens!! Preparem-se, que temos de nos defender daqueles labregos!!
»»» Cap. VIII
- Ainda bem que a gente tem asas, não me canso eu de grasnar.
- Sim, daqui de cima vê-se bem aquela desgraça.
A peleja foi tão grande que só Brites escapou com vida. Do lado cristão, bem se vê, porque do dos mouros ainda sobraram muitos para a segurarem. De modo que decidiram levá-la mais o saque para a venderem como escrava a algum rico mercador de olhos vesgos ou apreciador de maus encantos.
- Muito fortes devem ser estes mouros.
- Sim, nem Brites lhes resistiu. Eu até daqui de cima tive medo!...
- Os amaldiçoados eram muitos.
- Pois, tivesse Dom Afonso pelejado com uns assim em Lisboa e haveriam os portugueses de estar hoje a seguir o Corão.
- E achas que isso teria tido implicações práticas na nossa vida de gaivotas?
- Acho que não, mas isto sou só eu para aqui a grasnar.
Brites e as Gaivotas
Uma história da Padeira de Aljubarrota
»»» Cap. VII
Do alto, duas gaivotas controlavam o barco, enquanto iam esvoaçando de um lado para o outro. E grasnavam.
- Ainda bem que a gente tem asas.
- Sim.
Brites seguia no barco, a contemplar a imensidão do oceano. Nova vida ia começar, pensava ela sem ligar ao vento que lhe fustigava o rosto. Até que de repente algo lhe prendeu a atenção, e às gaivotas que voavam por cima também. Um outro barco aproximava-se.
- Barco à vista!!!
Ou vinha em paz e tudo se resolveria, ou então vinha por mal. E aí é que seria o bom e o bonito. Por via das dúvidas, Brites começou a arregaçar as mangas. Isto enquanto a tripulação já andava de um lado para o outro, como se o seu destino se decidisse naquele momento.
- Chamem o capitão!
- Sim, chamem o capitão, que se retirou para descansar!
O capitão apareceu daí a pouco, e nessa altura já se avistava a bandeira dos do barco que antes tinha surgido do nada na linha do horizonte. E só podiam vir mesmo por mal, porque a bandeira indicava que eram piratas árabes, dos muitos que infestavam as águas do Mediterrâneo.
- Preparem-se, homens!! Preparem-se, que temos de nos defender daqueles labregos!!
»»» Cap. VIII
- Ainda bem que a gente tem asas, não me canso eu de grasnar.
- Sim, daqui de cima vê-se bem aquela desgraça.
A peleja foi tão grande que só Brites escapou com vida. Do lado cristão, bem se vê, porque do dos mouros ainda sobraram muitos para a segurarem. De modo que decidiram levá-la mais o saque para a venderem como escrava a algum rico mercador de olhos vesgos ou apreciador de maus encantos.
- Muito fortes devem ser estes mouros.
- Sim, nem Brites lhes resistiu. Eu até daqui de cima tive medo!...
- Os amaldiçoados eram muitos.
- Pois, tivesse Dom Afonso pelejado com uns assim em Lisboa e haveriam os portugueses de estar hoje a seguir o Corão.
- E achas que isso teria tido implicações práticas na nossa vida de gaivotas?
- Acho que não, mas isto sou só eu para aqui a grasnar.
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