Quarta-feira, 12 de Julho de 2006. Nesse dia publiquei aqui um pequeno texto intitulado «Não devia contar isto». Publico-o agora de novo. Parece-me actual, sobretudo devido às teimas do tipo que se pode ver na fotografia aqui ao lado; teimas em retirar a hipótese de milhares de portugueses terem acesso a serviços de saúde, mesmo que muito maus. Uma nota para um pormenor da fotografia. No púlpito aparece a expressão «novas fronteiras»; vem mesmo a propósito, pois as teimas que referi podem muito bem, com o passar do tempo, dar origem a novas fronteiras para Portugal, fazendo com que toda a zona interior passe a ser uma região de Espanha. O pequeno texto então, a itálico…
Eu andava para ir ao médico. Tinha-me aparecido uma borbulha que me parecia estranha e que nunca mais passava. Dias e dias e cada vez pior, até a formar um pequeno volume que me doía se fizesse pressão. A coisa preocupava-me. Tinha de ir mesmo ao médico, provavelmente a uma clínica a que por vezes recorria. Mas para algo assim eu não sabia a que especialidade ir. Então, talvez ir ao médico de família fosse o melhor… Mas isso devia demorar um ror de tempo, era o que eu pensava.
Um destes dias, a meio da tarde, uma tarde de calor, mesmo de muito calor, eu ia a conduzir pelas ruas de Montemor-o-Novo. E lembrei-me de ir ao centro de saúde, em tempos hospital, marcar uma consulta. A ver o que dava. Entrei e só vi dois funcionários, cada um no seu cubículo. Uma senhora e um rapaz. A senhora disse-me para falar com o rapaz. Eu disse que era para marcar uma consulta e acrescentei o nome do médico de família (que não conhecia, por ter recentemente transferido o processo de Lisboa).
O rapaz lá teclou umas coisas no computador e depois disse-me que era três euros e meio. Perguntei por quê, se estava apenas a marcar a consulta. E ele esclareceu-me que aquele era o dia em que o meu médico de família estava na urgência e que eu podia ser atendido (assim como poderia ser por outro médico se o dia fosse outro). Tinha consulta para a urgência.
Eu precisava de ir com o meu filho a Évora daí a duas horas. À pediatra (consulta privada, já se vê). O rapaz disse que dava tempo, e ainda me informou de que para consultas normais poderia fazer a marcação num sítio que ficava na outra ponta do centro de saúde. Depois mandou-me para a sala de espera.
Mesmo com o aviso do rapaz de que dava tempo, eu disse para comigo que se não fosse atendido na hora seguinte desistia, mesmo tendo pago os três euros e meio. Na sala de espera estava uma pessoa, que foi chamada quando eu ia a entrar. Levava uns papéis na mão, provavelmente para mostrar ao médico, pois saiu daí a uns cinco minutos. Fui chamado a seguir e conheci finalmente o meu médico de família. Disse-lhe ao que ia e ele não demorou muito a tranquilizar-me. Não era nada preocupante o que eu tinha; receitou-me um antibiótico e disse para tomar durante dez dias.
Eu não devia contar isto, porque se algum espertalhão armado em ministro da saúde sabe ainda manda encerrar o centro de saúde de Montemor-o-Novo e para a próxima tenho de ir a Évora, ou quem sabe a Badajoz.
Eu andava para ir ao médico. Tinha-me aparecido uma borbulha que me parecia estranha e que nunca mais passava. Dias e dias e cada vez pior, até a formar um pequeno volume que me doía se fizesse pressão. A coisa preocupava-me. Tinha de ir mesmo ao médico, provavelmente a uma clínica a que por vezes recorria. Mas para algo assim eu não sabia a que especialidade ir. Então, talvez ir ao médico de família fosse o melhor… Mas isso devia demorar um ror de tempo, era o que eu pensava.
Um destes dias, a meio da tarde, uma tarde de calor, mesmo de muito calor, eu ia a conduzir pelas ruas de Montemor-o-Novo. E lembrei-me de ir ao centro de saúde, em tempos hospital, marcar uma consulta. A ver o que dava. Entrei e só vi dois funcionários, cada um no seu cubículo. Uma senhora e um rapaz. A senhora disse-me para falar com o rapaz. Eu disse que era para marcar uma consulta e acrescentei o nome do médico de família (que não conhecia, por ter recentemente transferido o processo de Lisboa).
O rapaz lá teclou umas coisas no computador e depois disse-me que era três euros e meio. Perguntei por quê, se estava apenas a marcar a consulta. E ele esclareceu-me que aquele era o dia em que o meu médico de família estava na urgência e que eu podia ser atendido (assim como poderia ser por outro médico se o dia fosse outro). Tinha consulta para a urgência.
Eu precisava de ir com o meu filho a Évora daí a duas horas. À pediatra (consulta privada, já se vê). O rapaz disse que dava tempo, e ainda me informou de que para consultas normais poderia fazer a marcação num sítio que ficava na outra ponta do centro de saúde. Depois mandou-me para a sala de espera.
Mesmo com o aviso do rapaz de que dava tempo, eu disse para comigo que se não fosse atendido na hora seguinte desistia, mesmo tendo pago os três euros e meio. Na sala de espera estava uma pessoa, que foi chamada quando eu ia a entrar. Levava uns papéis na mão, provavelmente para mostrar ao médico, pois saiu daí a uns cinco minutos. Fui chamado a seguir e conheci finalmente o meu médico de família. Disse-lhe ao que ia e ele não demorou muito a tranquilizar-me. Não era nada preocupante o que eu tinha; receitou-me um antibiótico e disse para tomar durante dez dias.
Eu não devia contar isto, porque se algum espertalhão armado em ministro da saúde sabe ainda manda encerrar o centro de saúde de Montemor-o-Novo e para a próxima tenho de ir a Évora, ou quem sabe a Badajoz.
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