quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Uma época diferente para os pequenitos


Está a começar mais uma época de futebol para os pequenitos. É uma época diferente em relação às anteriores, pois pela primeira vez faz-se sentir verdadeiramente a crise. Há clubes que já não conseguem participar com a mesma pujança com que o faziam antes (aparecem com uma equipa por escalão em vez de duas ou até três), e outros que simplesmente desistiram. Há miúdos que já não foram inscritos pelos pais. Já não se pode contar com o tradicional lanche que era distribuído no final, nem mesmo com os autocarros para o transporte. E até nos pequenos campos que são instalados em cada estádio para os torneios se nota faltas no material (uma baliza que fica sem rede, as fitas das marcações a não surgirem com a mesma fartura de antes e por aí adiante). Este pequeno mundo do futebol em que os miúdos se julgam Messis e Ronaldos também está a fazer, se bem que à força e sem períodos de adaptação, o seu ajustamento. Mas eles marcam golos na mesma, muitos, como sempre têm feito. Ontem, os que acompanho, marcaram 19 em quatro jogos (um deles na imagem) – e também sofreram alguns, o que é bom, para não ficarem a pensar que são os maiores.
Observo estas mudanças, como tantas outras na sociedade portuguesa, e não consigo deixar de pensar, entre outras coisas, nas filas de carros para os conselhos (de Estado e de ministros), filas compridas e topo de gama, como antes, como provavelmente para sempre. Circulam depressa, não vá alguém fazer mais do que gritar «Gatunos!», e por isso nem dá para perceber algum ajustamento – uma jante de liga menos leve, uns estofos mais espartanos, um motorista mais pequeno, sei lá, uma coisa qualquer que mostre que ali, naquele mundo tão distante do nosso mundo comum, as coisas também são ajustadas.

1 comentário:

Luis Eme disse...

é pertinente esta "posta", António.

o dinheiro não estica.

estão a destruir tudo, até o desporto (onde nunca investiram grande coisa, diga-se de passagem).

o problema é que já não existem baldios para se jogar á bola como noutros tempos, pelo menos nas cidades.