quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Os javalis pequenos saíram à noite


Enquanto Pedro Passos Coelho anunciava mais medidas de austeridade, eu estava a trabalhar (mais umas duas horas e não a meia hora da treta que ele anunciou). Só o ouvi depois no carro, de regresso a casa. Foi poucos minutos a seguir a ter parado no meio do campo por causa dos javalis pequenos, que parece que escolheram esta noite para uma saída geral (tentei apanhar alguns com o telemóvel, mas não saiu grande coisa porque uma mão tinha de estar sempre no volante para direccionar a luzes). Depois, já mesmo a chegar, ainda dei com o texugo gordo do montado (que não via há meses), mas esse até ao telemóvel conseguiu escapar, correndo de forma atabalhoada e com as banhas aos saltos. E ao estacionar o carro, não sei por quê, liguei o rádio. Lá estava o tipo a anunciar as medidas, pesaroso. É melhor ser pesaroso do que ser mentiroso, acho eu. Nos primeiros anúncios, mal chegou ao governo, passou por mentiroso, depois do que tinha apregoado na campanha, onde até uma adolescente de uma escola teve a lata de enganar. Agora é diferente. Já não se trata de mentiras. Anunciou, está anunciado. Presume-se que não tinha feito promessas para 2012 ou para 2013, apenas para 2011. E portanto, agora, anunciou. Apareceu então pesaroso, apenas isso. Deve ter percebido que um primeiro-ministro não deve mentir, até deve ter percebido – arrisco – que qualquer pessoa não deve mentir. Fico agora a aguardar pelos novos modelos de carros que os membros do governo e outros parecidos vão passar a usar. Não creio que no estado em que o país se encontra possam continuar com Mercedes e BMWs de alta cilindrada, como os que hoje vi de um lado para o outro junto à Presidência do Conselho de Ministros. Certamente irão trocar por outros, e nalguns casos abolir o direito a carro. Os que mantiverem esse direito, espero que não usem mais do que utilitários. Um Fiat Punto para secretário de Estado, uma coisa um bocadinho acima para ministro. Não vai cair a ninguém nenhum parente na lama, quase de certeza. Se cair, enfim, que se levante.

Sem comentários: