segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Contas de cabeça

Como agora passei a ser rico, ou pelo menos passei a pertencer a uma classe de privilegiados, os meus filhos, mesmo sem terem culpa de nada, vão deixar de receber abono de família. A crise a isso obriga, segundo dizem. O Estado Social não dá para tudo, segundo também dizem, por isso é preciso fazer opções. E contas, nem que seja só de cabeça. Eu fiz algumas, tendo como referência os valores dos abonos de família que vão acabar. Quantas crianças terão de deixar de receber abono de família para que se continue a pagar as reformas de alguns cidadãos? Contas de cabeça, por alto. Para pagar a reforma de Manuel Alegre, à volta de 90 crianças. Para pagar a de Alberto João Jardim, umas 120. Para pagar a de Cavaco Silva, perto de 180. A de Ernâni Lopes (que apregoa cortes de 30% nos salários mas reformou-se aos 47 anos), não mais do que 60 crianças. A de Marques Mendes (o das fusões & extinções), à volta de 80. Para pagar a de Mira Amaral, mais de 500 crianças (este é uma espécie de Tyrannosaurus Rex das reformas). Para a de Campos e Cunha, quase 230. A de Almeida Santos, umas 100 crianças. E dava para continuar a fazer contas. Podem-me chamar demagogo que eu não me importo. Nem deixo de fazer as minhas contas.
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1 comentário:

Manuel Ramalhete disse...

Muito bem, António, muito bem!
Que a mão nunca lhe doa quando escreve os seus livros e "postes" destes! Esses senhores merecem dezenas de adjectivos, mas por agora deixo aqui dois dos mais benignos: cínicos despudorados!
Demagogo não é quem diz a verdade, demagogo é aquele que faz de cada palavra que diz – ou escreve – um embuste!

Um abraço.