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Nas bancas a partir desta segunda-feira. É o número 15, de Março de 2010. Mais informações sobre a edição aqui. Deixo a seguir o meu editorial…
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Dois mundos
A capa desta edição é feita com um homem de dois mundos, o da política e o das empresas: Pedro Passos Coelho. É dele que publicamos uma longa entrevista, contudo bem menor do que aquela que gravámos, por causa da habitual ditadura da paginação, que volta não volta nos obriga a cortar alguma coisa que não queríamos. Há meia dúzia de edições aconteceu ainda pior, na altura em que entrevistámos Manuel Carvalho da Silva, o líder da CGTP; ainda me lembro do pesadelo que foi, dessa vez, ter de escolher os cortes para ficar apenas com metade das respostas, para que não saísse das páginas previstas, que até eram muitas. Não deixa de ser curioso, num tempo em que começam a preocupar-nos outras ditaduras, por sinal bem perigosas (e vergonhosas), ter de lidar com esta que nos permite sempre brincar um bocadinho.
No caso do principal entrevistado da presente edição, e dos dois mundos que referi, parece-me bastante saudável a relação que existe entre a política e a «vida real», como o próprio diz a certa altura. Sempre me repugnou o habitual trajecto de via única desde os gabinetes ministeriais até às administrações de grandes empresas, sem que se encontre uma justificação que faça sentido para que tal aconteça.
Já agora, numa reportagem que este mês publicamos, o jurista Carlos Perdigão aborda de certa forma este problema, quando afirma que «é necessário que as operações que envolvem as pessoas nas organizações sejam credíveis», coisa que «na maior parte das nossas empresas está muito longe de suceder». Porque aí, muitas vezes, como assinala, a opção é «pelo manobrismo fácil, pelo clientelismo tentacular ou por um sem número de práticas avulsas que inquinam de forma impiedosa as relações interpessoais e explicam uma boa parte da baixa produtividade.» E «ao lado de processos kafkianos de recrutamento e selecção (provas, entrevistas, testes psicotécnicos, avaliações curriculares detalhadas, mais provas, mais entrevistas, etc, etc) há quem entre com uma simples palmada nas costas sem que lhe seja exigida qualquer credencial», e existem «casos em que, a par de remunerações chorudas para indivíduos de prestações vulgares de Lineu, se arbitram compensações quase simbólicas a quadros de valia e prestação incomparavelmente superiores». Tudo porque «neste domínio ainda existe muito a compensação pelo cargo em detrimento da compensação pelo mérito» além de que «a mediocridade no topo das organizações, para se poder sobreviver, fulmina tudo o que de bom exista em seu redor». Como conclui Carlos Perdigão, «nada que o Dilbert não tenha já explicado de forma incontestável».
Nas bancas a partir desta segunda-feira. É o número 15, de Março de 2010. Mais informações sobre a edição aqui. Deixo a seguir o meu editorial…
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Dois mundos
A capa desta edição é feita com um homem de dois mundos, o da política e o das empresas: Pedro Passos Coelho. É dele que publicamos uma longa entrevista, contudo bem menor do que aquela que gravámos, por causa da habitual ditadura da paginação, que volta não volta nos obriga a cortar alguma coisa que não queríamos. Há meia dúzia de edições aconteceu ainda pior, na altura em que entrevistámos Manuel Carvalho da Silva, o líder da CGTP; ainda me lembro do pesadelo que foi, dessa vez, ter de escolher os cortes para ficar apenas com metade das respostas, para que não saísse das páginas previstas, que até eram muitas. Não deixa de ser curioso, num tempo em que começam a preocupar-nos outras ditaduras, por sinal bem perigosas (e vergonhosas), ter de lidar com esta que nos permite sempre brincar um bocadinho.
No caso do principal entrevistado da presente edição, e dos dois mundos que referi, parece-me bastante saudável a relação que existe entre a política e a «vida real», como o próprio diz a certa altura. Sempre me repugnou o habitual trajecto de via única desde os gabinetes ministeriais até às administrações de grandes empresas, sem que se encontre uma justificação que faça sentido para que tal aconteça.
Já agora, numa reportagem que este mês publicamos, o jurista Carlos Perdigão aborda de certa forma este problema, quando afirma que «é necessário que as operações que envolvem as pessoas nas organizações sejam credíveis», coisa que «na maior parte das nossas empresas está muito longe de suceder». Porque aí, muitas vezes, como assinala, a opção é «pelo manobrismo fácil, pelo clientelismo tentacular ou por um sem número de práticas avulsas que inquinam de forma impiedosa as relações interpessoais e explicam uma boa parte da baixa produtividade.» E «ao lado de processos kafkianos de recrutamento e selecção (provas, entrevistas, testes psicotécnicos, avaliações curriculares detalhadas, mais provas, mais entrevistas, etc, etc) há quem entre com uma simples palmada nas costas sem que lhe seja exigida qualquer credencial», e existem «casos em que, a par de remunerações chorudas para indivíduos de prestações vulgares de Lineu, se arbitram compensações quase simbólicas a quadros de valia e prestação incomparavelmente superiores». Tudo porque «neste domínio ainda existe muito a compensação pelo cargo em detrimento da compensação pelo mérito» além de que «a mediocridade no topo das organizações, para se poder sobreviver, fulmina tudo o que de bom exista em seu redor». Como conclui Carlos Perdigão, «nada que o Dilbert não tenha já explicado de forma incontestável».
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