quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Agora é que é mesmo para acabar a noite

«Meu caro, você se tem alguma coisa séria diga.»
Henrique Medina Carreira para José Gomes Ferreira, na entrevista que está a dar
na SIC Notícias e na qual diz que «Portugal hoje é um grande BPN»
.

4 comentários:

a. souto disse...

Gostei da entrevista e do estilo dos dois, da ironia e da boa disposição, do tom pseudo-provocatório que souberam e quiseram dar às palavras. E apesar de o Medina Carreira ter concluído que não tinham aproveitado bem o tempo, o facto é que o essencial foi dito: bastaria um ou dois ou três Silvas Lopes para em dois ou três meses fazer o diagnóstico e endireitar o leme.
A minha dúvida apenas está na boa vontade de alguém o querer ouvir e de lhe querer seguir, a sério, as recomendações - é que já passámos por esta experiência com o Silva Lopes presente em campanha...
Mas que esta entrevista foi interessantemente divertida, lá isso foi!

Manuel Ramalhete disse...

A. Souto:

O problema é que estes economistas sabem sempre tudo a posteriori. Quando estiveram ligados a funções governativas não se deu por nada.

Por outro lado, em economia política não existe uma só solução para um determinado problema. O que há são interesses antagónicos em presença. Uns advogam soluções que tendem a proteger determinados interesses e outros tendem a proteger interesses divergentes e até opostos. É por isso que se designa a ciência económica por economia política. A decisão é sempre política e não técnica. Tecnicamente há mais do que um caminho para se obter resultados semelhantes. É como em nossas casas: podemos cortar mais no que é acessório ou no que é básico. Em qualquer dos casos, se podem reduzir as despesas, mas quem vai ter de suportar o maior peso dos sacrifícios são pessoas diferentes.
Na economia política são classes diferentes.

amv disse...

António e Manuel

Eu concordo com muito do que ele diz, e gosto de o ouvir na televisão, até pela parte cómica que sempre acaba por fazer vir ao de cima. Creio até que o convidam mais para fazer aquele papel de bobo da corte que pode dizer tudo do que pela sua competência técnica (nota-se que se ele fala de questões técnicas tentam mudar de assunto, mas se ele diz umas graçolas não o interrompem).

Mas nesta entrevista fiquei com mais um ideia sobre ele. Pareceu-me um cobardolas. Fez acusações e mais acusações, mas quando o jornalista lhe pediu nomes meteu o rabo entre as pernas. E depois, para piorar as coisas, quando o jornalista lhe sugeriu o nome de Manuel Pinho, nem hesitou em fazer grandes elogios.

José Carlos Vilhena Mesquita disse...

Depois de ter visto a entrevista/debate fiquei com a mesma intelectual sensação que o Manuel Ramalhete aqui soube transmitir, embora ele o fizesse aqui com a eloquência crítica de quem não quer ferir susceptibilidades. Tem razão no que diz, mas não é severamente crítico nem suficientemente acutilante. Mas tu, António, como sempre, não perdoas a hipocrisia, nem a soberba dos grandes, zurzindo-lhes na pele sem dó nem piedade. Aqui para nós, que ninguém nos ouve, tanto o Medina como o Silva Lopes são figuras vicentinas que o Camões retratou como os Velhos do Restelo. São dois pseudo-economistas falhados que acham que isto não vai lá sem uma razoira, se possível manipulada por um ditador tipo Oliveira Salazar.
Francamente, nem um nem outro reunem hoje qualquer tipo de crédito nos meios científicos para poderem ser ouvidos. A única audiência que ainda vão tendo é nas tertúlias geriáticas da má língua.
As tuas afirmações António são como setas na mouche.
Um abraço para todo o auditório.