terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Sobre Zapatero

Ontem teve lugar o debate entre os dois principais candidatos à liderança do governo de Espanha. Curiosamente, hoje de manhã estive a traduzir o artigo do meu amigo Manuel González Oubel da próxima edição da revista «Pessoal». Eis algumas das coisas que desta vez ele escreve sobre Zapatero:

(…)
A falta desse «algo» – desse guarda-chuva em forma de projecto nacional com o qual se podem identificar todos os espanhóis – pode apenas gerar a «gestão por ocorrências e minudências» a que nos tem habituado nos últimos anos o presidente do actual governo de Espanha, José Luis Zapatero. Entre as suas ocorrências está a ruptura do consenso básico que surgiu com a Constituição de 1978, a provocação contínua a 50% de cidadãos que pensam de forma diferente (ressuscitando continuamente o fantasma das duas Espanhas irreconciliáveis), o balão de oxigénio dado aos terroristas da ETA e a negociação com os mesmos de contrapartidas políticas, o facto de governar aliado com nacionalistas radicais e ainda o saque fiscal a trabalhadores e reformados (com impostos directos e indirectos que são completamente abusivos).
Também está entre as ocorrências e minudências do governo de Zapatero gerir e legislar em benefício dos amigos – a OPA da Endesa, o assalto ao BBVA, o Estatuto da Catalunha (a cujo referendo afluiu menos de 50% da população catalã), a mentira sistemática ao povo e no parlamento (negando que continuou a negociar com os terroristas depois do atentado no aeroporto de Barajas) ou a última, a do cheque de 400 euros para cada espanhol se ganhar as eleições (dinheiro, já se vê, arranjado previamente através da espoliação de reformados e trabalhadores). Além, é claro, de um longo etcétera de outras minudências.
(…)
As pessoas parecem «idiotizadas» sob o signo da imposição e da manipulação em que dão cartas todos esses «anões» da política ou um grupo significativo deles que existe no mundo dos negócios. A manipulação, a mentira e a falta de comunicação autêntica em duplo sentido e em todas as direcções é muito rentável para os políticos que nunca fizeram nada na vida, como é o caso de Zapatero e de muitos dos seus colaboradores, e também o de empresários e directores de empresas que, incapazes de competir no mercado livre, procuram obter resultados debaixo da asa de governantes de turno. Sem esquecer os muitos actores, jornalistas, artistas e professores, incensários do governo ao qual se agarram como lapas, acostumados que estão a viver à custa do dinheiro sacado nos impostos a trabalhadores e a reformados; a quem inclusive se dão ao luxo de insultar.

Nota: o meu amigo, é claro, não conhece José Sócrates, senão talvez até estivesse agradecido pelo que em Espanha lhe calhou em sorte.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sim, antes o sapateiro que o engenheiro.