Esse homem que ali tem sacode a cabeça diante duma taça de vinho, estrebucha e fala dos seus sonhos frustrados.
– Viciámo-nos. Agora temos a Censura a escrever por nós. E amanhã? Quem sabe escrever amanhã, quando a Censura acabar?
Cala-se. Depois espalma a mão diante dos olhos, mirando-a com raiva, quase com espanto:
– A minha mão medrosa – anuncia. Volta-a e torna a voltá-la, como se a não reconhecesse, como se a denunciasse em público. – Está viciada, amigos, escreve com medo… Não há dinheiro no mundo que pague uma desgraça destas. Dinheiro nenhum. Nenhum, nenhum, nenhum, nenhum, nenhum…
– Acredito – diz o dono do bar. E virando‑se para mim: – E tu? Não falas, não contas nada?
– Viciámo-nos. Agora temos a Censura a escrever por nós. E amanhã? Quem sabe escrever amanhã, quando a Censura acabar?
Cala-se. Depois espalma a mão diante dos olhos, mirando-a com raiva, quase com espanto:
– A minha mão medrosa – anuncia. Volta-a e torna a voltá-la, como se a não reconhecesse, como se a denunciasse em público. – Está viciada, amigos, escreve com medo… Não há dinheiro no mundo que pague uma desgraça destas. Dinheiro nenhum. Nenhum, nenhum, nenhum, nenhum, nenhum…
– Acredito – diz o dono do bar. E virando‑se para mim: – E tu? Não falas, não contas nada?
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