sábado, 26 de janeiro de 2008

Corrupção

Não é o filme inspirado naquele famoso livro, é isto. Grande novidade!... Mas no fim quem vai ficar mal é o bastonário da Ordem dos Advogados, mal ou pelo menos a falar sozinho; o bastonário que tanta gente já anda a queimar, como seria de esperar. Por mais que o procurador e aquelas comissões da Assembleia da República que agora estão na moda apareçam a promover inquéritos e audições, não vai dar em nada. Eu, da experiência que tenho em denunciar práticas de corrupção no Estado, não auguro bons resultados. As entidades a quem se recorre para denunciar situações fora-da-lei desculpam-se sempre com falta de meios, com fins de legislaturas («agora há que pensar no futuro, por isso o melhor é arquivar») ou então com uma coisa esquisita que se traduz na frase «é conveniente não mexer no caso». Mas a melhor que me aconteceu foi quando uma das entidades a que recorri confrontou mesmo o fora-da-lei, não sei se por milagre. Fê-lo por carta, exigindo que fosse posta em prática a solução para que as ilegalidades acabassem. A carta foi lida numa reunião onde eu estive presente. O fora-da-lei a certa altura pegou na carta e antes de enfiá-la no meio de um dossier de papelada disse para quem quis ouvir: «Cá não há disso!» Voltei a denunciar tudo, mas a situação continuou. Acho que ainda continua. Se fosse hoje, não tinha perdido o meu tempo com o assunto. Tribunais de contas, inspecções-gerais, direcções de combate nem me lembro já a quê… Infelizmente, pelo andar da carruagem, não me parece que sirvam para grande coisa no nosso país.

3 comentários:

Anónimo disse...

António:

Goste-se ou não do estilo de Marinho Pinto, trata-se de uma pessoa que exerce um cargo com visibilidade, independentemente de ser aceitável, ou não, a existência de ordens profissionais num estado (dito) democrático.

Concordo consigo quando exclamou: Grande novidade!

O que ele disse, diz-se por todo o lado. Espero que desta vez o Sr. Marinho Pinto diga qualquer coisa de relevante. Não falo de provas, que isso pertence às polícias e ao MP descobrirem. Falo de apresentar casos reais onde as suspeitas sejam fortes ao ponto de não poderem ser ignoradas. Embora não tenha muita fé nisso, espero que, desta vez, a questão não seja entregue ao "Arquivador-mor do Reino".

Um abraço.

Anónimo disse...

Claro que isto não vai dar em nada. Ele não pode falar em casos concretos, senão leva com processos em tribunal; na volta ainda ia preso. É assim que as coisas funcionam. O próprio sistema de justiça está feito para dar cobertura a tudo isto. Obviamente que em muitos casos o Estado está a saque e quase que se pode aplicar uma adaptação de uma conhecida frase de António Guterres enquanto primeiro-ministro («Em Portugal só paga impostos quem é burro»): em Portugal, em certas posições, só não rouba quem é burro (ou quem é honesto, claro, independentemente de ser burro ou não).

António

Luis Eme disse...

Quanto pessimismo (e realismo...), António.

É bom que haja alguém com coragem para chamar os bois pelos nomes,e ter esperança, na mudança...

Pode ser que alguma coisa seja invertida e alguns fulanos deixem de sorrir com tanta lata...