terça-feira, 26 de junho de 2007

O novo livro do Joel

É hoje a apresentação do novo livro do meu amigo Joel Neto, um conjunto de crónicas com o título «Todos Nascemos Benfiquistas (mas depois alguns crescem)». Mais informações podem ser consultadas a partir daqui. O Joel é do Sporting, como eu. Temos é opiniões diferentes: ele acha que o Sporting nasceu para perder; eu acho que nasceu para ganhar, mas que tem é um bocado de azar com os dirigentes. De qualquer forma, isso agora não interessa nada, como dizia já nem me lembro quem. Especialmente para o Joel, deixo aqui uma crónica minha, pequenina, sobre futebol; uma crónica dos tempos em que rabiscava à pressa num pequeno bloco umas ideias para depois me apoiar para o que tinha de dizer na abertura de uma tarde desportiva de uma rádio, aos sábados. Bons tempos… A crónica é do tempo em que Octávio Machado treinava o Porto, o mesmo tempo em que em Lisboa, no Bairro Alto, ainda existia a livraria Ler Devagar (Outubro de 2001). Chama-se «Há uma livraria em Lisboa…».

Há uma livraria em Lisboa que se chama Ler Devagar. Fica no Bairro Alto e está aberta até tarde, para aí até às três da manhã. Nestes seus poucos anos de vida, conseguiu um estatuto que lhe confere um enorme prestígio, não sendo vista apenas como uma loja para vender livros mas como uma amplo espaço de cultura.
Mas por quê falar da livraria Ler Devagar numa crónica desportiva? Estranho, não é?! Bom, a verdade é que me lembrei da Ler Devagar um destes dias, ao assistir na televisão a uma conferência de imprensa do treinador da equipa do Futebol Clube do Porto, o senhor Octávio Machado. A propósito da confusão originada pela exclusão do capitão Jorge Costa dos convocados habituais, ao mesmo tempo que continua a integrar o onze titular da selecção nacional.
O senhor Octávio Machado respondeu na conferência de imprensa, sem revelar nomes, como é seu timbre, a uma declaração do seleccionador António Oliveira. A declaração sobre Jorge Costa, na qual Oliveira defendia que o tinha na selecção, mesmo não jogando no clube, por ser um grande jogador. Mais até, por integrar uma dupla de centrais considerada a melhor no último europeu.
Só que o senhor Octávio Machado, para a resposta a António Oliveira, não falou de improviso. Nada disso, na volta com medo de lhe sair mais alguma como a do Bin Laden do futebol português, mesmo que para compensar não lhe entrasse uma mosca na boca. O senhor Octávio Machado leu, o que também não traz mal ao mundo e se calhar até espanta alguma mosca mais atrevida. Só que leu devagar, assim tipo uma palavra e depois uma pausa para medir a seguinte, nem que esta seja uma preposição, ou até, imagine-se, um artigo indefinido, porque os definidos por certo não lhe convém usar.
O senhor Octávio Machado lê devagar, de forma que eu lembrei-me da livraria. Ainda por cima, o senhor Octávio Machado, que fala depressa, restando saber a que velocidade pensa... O homem a ler devagar marcou-me. Assim como deve ter marcado a apresentadora do noticiário onde eu vi a reportagem, Manuela Moura Guedes, que no final disse simplesmente «Octávio», e depois, imediatamente a seguir a uma pausa de cinco segundos, «Machado». O comentador, Miguel Sousa Tavares, nem se meteu ao barulho, não disse «Octávio» nem disse «Machado», não disse nada. Ficou-se pelo silêncio intermédio de Manuela Moura Guedes e por mais dois, um pelo Octávio, outro pelo Machado, os três a resultarem num só, aí de uns sete segundos. Um mais cinco mais um igual a sete, um pelo Octávio, cinco pela pausa e um pelo Machado.
Quanto à Ler Devagar, a livraria do Bairro Alto, a fechar tão tarde, ainda leva mas é com uma visitinha do senhor Octávio Machado. Se ele a descobre, o mais certo é ir pôr-se à espreita quando o Futebol Clube do Porto jogar em Lisboa. Não vá algum jogador querer comprar um livrito depois da meia-noite.

2 comentários:

Anónimo disse...

Dois Sportinguistas que não se entendem. Aliás, naquela casa É sempre uma grande balbúrdia!

Um, o Joel,acha, e muito bem, acrento eu, que o Sporting nasceu para perder O outro entende que o Sporting nasceu para nunca ganhar.

É, de facto, uma grande barafunda.

Anónimo disse...

Onde é que está escrito por mim que «o Sporting nasceu para nunca ganhar»?