Finalmente, um excerto do romance que vai sair agora («O que Entra nos Livros»); deve estar nas livrarias a partir de terça-feira, dia oito de Maio...
(…) Daí a pouco, já de regresso a casa, o telemóvel tocou num dos bolsos das calças, o que me fez dirigir o carro para a entrada de uma das estações de serviço de Monchique, numa zona em que a estrada era ladeada por enormes plátanos. Os mesmos que muitos anos antes me tinham inspirado parte do enredo de um conto chamado «A Costureira, o Raposo, o Pisco e o Plátano». A costureira tinha uma casa com costureirinhas muito jovens e dela dizia-se que se dedicava a um negócio bem diferente do da costura. O Raposo era um contador de histórias que vivia num sítio do concelho chamado Besteiro, e era conhecido como Raposo do Besteiro; um exemplo de uma história era a de quando tinha viajado para Lisboa à procura da Aranha aos Quadrados, sendo que depois, em Lisboa, de cada vez que via uma mulher vestida de xadrez, chegava-se ao pé dela e perguntava-lhe se era a famosa Aranha aos Quadrados, com resultados que não podiam deixar de ser considerados um pouco estranhos. O Pisco era o Pisco de Vale Moinhos, um homem muito esquisito que transportava uma bigorna e um martelo de sapateiro em cima de um carrinho de madeira, fazendo-se acompanhar por sete cães ainda mais esquisitos do que ele. E finalmente o plátano… Era um dos daquela zona, um que tinha sido cortado e cujo fantasma acabava por regressar, sendo impossível perceber alguma diferença em relação ao original.
Já tinham passado muitos anos sobre a escrita da história que metia a costureira, o Raposo do Besteiro, o Pisco de Vale Moinhos e o fantasma do plátano, mais de quinze, embora a sua saída em livro fosse um pouco mais recente. Eu lembrava-me muitas vezes dela quando passava na zona dos plátanos, tal como me lembrava de outras histórias dos meus primeiros livros quando passava noutras zonas da serra; aquela era apenas mais uma vez em que isso acontecia. Só que não durou muito a lembrança, porque o toque do telemóvel trouxe-me à memória o senhor Sapinho Júnior, o livreiro de Évora. De rompante, como se nenhuma das minhas histórias fosse capaz de lhe resistir.
Isto é o final de um capítulo.
(…) Daí a pouco, já de regresso a casa, o telemóvel tocou num dos bolsos das calças, o que me fez dirigir o carro para a entrada de uma das estações de serviço de Monchique, numa zona em que a estrada era ladeada por enormes plátanos. Os mesmos que muitos anos antes me tinham inspirado parte do enredo de um conto chamado «A Costureira, o Raposo, o Pisco e o Plátano». A costureira tinha uma casa com costureirinhas muito jovens e dela dizia-se que se dedicava a um negócio bem diferente do da costura. O Raposo era um contador de histórias que vivia num sítio do concelho chamado Besteiro, e era conhecido como Raposo do Besteiro; um exemplo de uma história era a de quando tinha viajado para Lisboa à procura da Aranha aos Quadrados, sendo que depois, em Lisboa, de cada vez que via uma mulher vestida de xadrez, chegava-se ao pé dela e perguntava-lhe se era a famosa Aranha aos Quadrados, com resultados que não podiam deixar de ser considerados um pouco estranhos. O Pisco era o Pisco de Vale Moinhos, um homem muito esquisito que transportava uma bigorna e um martelo de sapateiro em cima de um carrinho de madeira, fazendo-se acompanhar por sete cães ainda mais esquisitos do que ele. E finalmente o plátano… Era um dos daquela zona, um que tinha sido cortado e cujo fantasma acabava por regressar, sendo impossível perceber alguma diferença em relação ao original.
Já tinham passado muitos anos sobre a escrita da história que metia a costureira, o Raposo do Besteiro, o Pisco de Vale Moinhos e o fantasma do plátano, mais de quinze, embora a sua saída em livro fosse um pouco mais recente. Eu lembrava-me muitas vezes dela quando passava na zona dos plátanos, tal como me lembrava de outras histórias dos meus primeiros livros quando passava noutras zonas da serra; aquela era apenas mais uma vez em que isso acontecia. Só que não durou muito a lembrança, porque o toque do telemóvel trouxe-me à memória o senhor Sapinho Júnior, o livreiro de Évora. De rompante, como se nenhuma das minhas histórias fosse capaz de lhe resistir.
Isto é o final de um capítulo.
1 comentário:
Dói-me o coração quando sei de árvores cortadas. Sobretudo aquelas que já viram por elas passar gerações de pessoas. Soube agora de dois casos dramáticos que ocorreram numa pequena quinta das margens do Sousa (afluente do Douro); uma tília e uma magnólia de enorme porte e vetusta idade que foram cortadas por um energúmeno proprietário. Talvez porque o incomodassem... Segundo me dizem, mas vou confirmar, cortou o tronco da tília centenária deixando um toco de uns 80cm para servir de tampo de mesa para piqueniques!
É criminoso!
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