sexta-feira, 6 de abril de 2007

Entrevista a Ondjaki

Há uns dias publiquei aqui um texto sobre um livro de contos do escritor angolano Ondjaki. Referi nessa altura uma entrevista que lhe tinha feito em tempos (após a saída do romance «Quantas Madrugadas Tem a Noite»). Deixo-a agora aqui no blog, quando está a sair um novo livro seu, intitulado «Os da Minha Rua». A entrevista é longa, muito longa, daí ter empurrado o post anterior, sobre um livro de Dan Brown, bem lá para baixo. Dan Brown, quase de certeza, nunca vai saber disto.

À espera da próxima armadilha

O nome Ondjaki chegou-lhe pela literatura, para assinar aquilo que ia escrevendo e que de repente começou a publicar a um ritmo a que nem muitos dos grandes nomes se podem dar ao luxo. Quase uma dezena de livros desde 2000, entre poesia, contos, novela e romance, acabaram por revelar um jovem que pelo que escreve e pelo que vai dizendo em debates e entrevistas parece ser também, afinal, um grande nome. Parece e é; ora vejam já a seguir, o escritor Ondjaki à espera da próxima armadilha da vida.

Li na sua biografia referências a que se interessa pelo teatro, pela pintura e pelo cinema. Como se conjugam esses interesses com a escrita?
São áreas que se interligam através da sensibilidade; eu julgo que é isso que elas, em mim, acabam por ter em comum. Depois, existe também a possibilidade − sempre presente nas artes − de contar uma estória, seja pela pintura, seja, mais concretamente, pelo cinema. E a junção da sensibilidade com a possibilidade de inventar ou dizer uma estória alimenta imenso a minha motivação. Essas três áreas − pintura, teatro e cinema − são zonas de acção para mim, e além de permitirem fazer coisas, permitem receber também, uma vez que há uma interacção com novos motivos e, felizmente, com outras pessoas. Penso que toda a movimentação artística acaba por enriquecer a sensibilidade.
Mas pode dizer-se que a literatura vem em primeiro lugar?
Por enquanto tem vindo em primeiro lugar; a literatura ocupa um espaço enorme na minha vida interna e externa. Acontece-me por vezes olhar o mundo e pensar, dentro de mim, como se já estivesse a escrever algo. E há uma emoção associada à literatura, tanto quando leio como quando escrevo.
Um crítico literário português falou há tempos de os escritores de cá, nomeadamente os jovens, serem muito emotivos, contrapondo um ou outro caso mais racional como dignos de elogio. Como comenta isto, você que fala de uma emoção associada à literatura?
Eu falo até de várias emoções associadas à literatura... Mas não digo que as chamadas opções ou decisões literárias tenham necessariamente que ser emotivas. Mas no momento da criação, da vivência interna antes do momento de escrita, acho que é bom deixar a emoção circular. Provavelmente existem outras possibilidades; eu mexo-me muito em torno da emoção, a emoção que as coisas emanam ou a emoção das coisas reflectidas já em mim. Por exemplo, nos contos, parto muito de emoções, ou de sensações, para escrever. Bom, para ser mais simples: a emoção é uma coisa muito bonita.
Essa frase podia estar num dos seus livros. Concorda se se disser que da sua escrita passa uma imagem de grande simplicidade?
Nalguns casos, sim, a simplicidade vai estando presente. Mas é porque me serve no meu objectivo literário, pelo menos por enquanto parece-me ser isso. Não devo ter a pretensão de ser simples ou complicado na linguagem que uso, isso deve advir do ritmo da estória... Ou seja: essa pergunta é muito difícil.
Passa também da sua escrita, ao mesmo tempo, uma imagem de grande sabedoria...
Aí voltamos ao tempo... A sabedoria está, em quase todas as culturas, associada à idade, à experiência. A sabedoria requer alguma maturação, «repousio», eu diria. Há um certo tempo interno, do qual não quero falar, que já tem, em mim, alguma acumulação. Mas falta muito tempo externo, e só mais tarde poderei falar da sabedoria.
O seu nome, Ondjaki, o que significa?
Ondjaki significa, literalmente, «aquele que enfrenta desafios», e é uma palavra umbundu. Eu era para ser chamado Ondjaki, mas à última hora os meus pais decidiram mudar para outro nome. Quando comecei a escrever achei bem pegar nesse nome que outrora me esteve destinado.
Por que nome o tratam os seus amigos de infância?
Tratam-me pelo meu nome próprio, que é Ndalu. Alguns, agora, por brincadeira, chamam-me Ondjaki.
E na faculdade, como o tratavam? Os professores e os colegas...
Sempre me chamaram pelo meu nome próprio, e muitos nem sabiam que eu escrevia, e mesmo quando comecei a publicar também não se aperceberam. Esse anonimato às vezes é muito bom.
Você estudou Sociologia em Lisboa. O que o levou a tomar essa opção?
O que me levou mesmo a tomar essa opção foi a falta de opções, isto é, internamente eu não tinha definida uma vontade concreta, um caminho rígido e apetitoso. Nunca soube o que queria estudar, sempre soube que teria que ver com a escrita e com as pessoas. Pensei em Comunicação Social, mas não me apetecia também. A Sociologia pareceu-me unir isso da escrita com as pessoas. Mas acabei por não gostar do curso, embora o tivesse terminado. Agora apetecia-me fazer outra formação, um mestrado, e continuo sem saber bem em quê. A vida está cheia de armadilhas; eu espero a próxima.
Voltando à escrita... Parece haver em Portugal como que um fascínio pelo que escreve, tal como acontece com em relação a escritores africanos, nomeadamente a ligação à tradição oral. É uma coisa que não acontece por cá em relação à tradição oral portuguesa. Encontra alguma explicação para isso?
Eu só quero fazer literatura. Se as pessoas ficarem fascinadas por ela, e se isso significa que estou a enriquecer o momento da vida de uma pessoa, fico satisfeito. Mas depois das pessoas, e do julgamento temporário das pessoas, vem o tempo. O tempo é o nosso leitor mais exigente, e eu estou é preocupado com ele. O fascínio pode ser sempre temporário; o tempo é cruel. Eu não encontro explicação para fascínios, sinceramente. Talvez seja um momento oportuno, talvez o que os escritores africanos escrevam vá de encontro a uma qualquer ânsia deste público, mas o que importa é que, em última análise, se faça boa literatura.
E o que é, para si, a boa literatura? Ou mais, o que pode levar um escritor a falar de boa literatura até em relação àquilo que escreve?
Quem sou para definir a boa literatura... É difícil a definição, e seria ingrata a minha missão se fosse tentar dizer aqui o que é a boa literatura. Mas penso que, de certo modo, uma literatura que resista ao tempo, e que sirva, ao longo da História, várias ânsias de várias gentes, talvez possa ser uma boa literatura. Ou, definindo pelo oposto: a boa literatura não deixa ninguém indiferente. Embora, nos tempos que correm, com bons golpes de marketing as pessoas possam ser atraídas para determinados livros... Agora, há também um grau de encontro consigo mesmo, que pode levar um escritor à celebração – consigo mesmo – do seu momento de escrita. Aí ele poderá dizer: «escrevi um livro!», porque se encontrou, porque acasalou o que buscava com o que lhe aconteceu sentir para dizer. Mas não sei se essa busca tem fim.
Algumas pessoas que estavam comigo a ouvi-lo num debate, que não o conheciam, quiseram ir comprar os seus livros. O seu grande golpe de marketing parece-me ser você mesmo, a sua maneira de ser, aquilo que escreve. Acha esta ideia correcta?
Acho que as pessoas que compram livros meus depois de me ouvirem devem ter recebido algo no meu discurso que suscitou interesse. Não digo nada como golpe de marketing, seria até contraditório, uma vez que considero que é ao longo do tempo que as coisas literárias têm de perdurar.
Vi em livros que autografou o desenho de uma planta. Existe alguma razão especial para fazer isso?
Nem sempre é uma planta; é geralmente um desenho abstracto, conforme me apetece no momento, mas a maior parte das vezes assemelha-se a plantas. Mas é só para que o autógrafo não seja sempre igual, repetitivo. Assim, a pessoa pode levar algo diferente com a assinatura. Às vezes perguntam-me «o que é?», e eu digo que também gostaria de saber...
Fale-me um pouco da sua vida e de como chegou à literatura. Por exemplo, na infância, o que é que o fascinava?
Cheguei à literatura pelo fascínio com os livros, como quase toda a gente. Comecei a ler muito tarde, digo, ler com um sentido de compreensão e de apreensão do que lia. Terá sido aos treze, catorze anos que comecei a ler coisas boas. E logo de início me passaram coisas pesadas, Sartre, García Márquez, Graciliano Ramos. É óbvio que na altura devia entender pouco ao ler «A Náusea», mas a verdade é que li. Mas, antes disto tudo, na infância, o que me fascinava era, provavelmente, o que fascinava qualquer criança angolana: a vivência. As brincadeiras na rua, na praia, nas festas; a nossa infância foi muito, muito criativa; inventiva mesmo. Hoje vejo que muito do que escrevo tem a ver com isso, com essas aprendizagens feitas em Luanda. Foi depois dos catorze anos que cheguei à literatura; comecei a escrever nos diários, a ler muito mais, e a primeira «coisa criativa» que publiquei foi um pequeno jornal de oito páginas, que eu fazia com uma amiga. Chegámos a imprimir seis números, e das oito páginas seis eram quase completamente inventadas por mim. A coisa pegou bem junto da malta jovem e lembro-me de que fiquei entusiasmado. Depois escrevi muita poesia fraca, e mais tarde cheguei aos contos. O meu primeiro livro, publicado em Luanda, é um livro de poesia, já menos fraca; gosto muito de poesia, leio e escrevo poemas, mas publico pouca poesia.
Porquê?
Sinto-me demasiado exposto. Quando publiquei o livro de poesia «Há Prendisajens com o Xão» senti-me bem porque não era um livro triste, e a minha poesia tem tendência para ser triste. Dentro de mim também tenho tendência para ser triste, a verdade é essa, e a poesia acaba por sair repleta de «mins». Mas ultimamente tenho estado a pensar em reunir a poesia que eu considero ser boa, independentemente de ser triste, e publicá-la.
Quanto à ficção... Ouvi-o dizer, no debate que referi, que tinha boas fontes de informações para depois escrever, inclusive falou de a sua mãe lhe ter contado um caso que lhe inspirou o romance, «Quantas Madrugadas Tem a Noite». Mas um pouco antes eu tinha-o ouvido falar de uma série de peripécias vividas em Lisboa antes de fazer uma viagem, quando quis saber as vacinas que devia levar e foi parar a uma oficina de escrita, coisa que me pareceu uma criação sua. O que escreve tem sempre uma base real? E qual é o papel da efabulação?
Nem tudo o que escrevo tem uma base real... Não tenho regra quanto a isso, porque mesmo que tenha uma base real rapidamente uma certo ficcionismo me ocupa a escrita − e eu permito. Gosto dessa deambulação sem barreiras entre o que pode ser real e aquilo que, mascarado de ainda-real, já não o é. Às vezes, é a tal emoção do momento que nos arrasta e viajamos por outros caminhos; a literatura é também um labirinto onde por vezes é importante deixarmo-nos perder, para que a intuição e o desejo possam vencer. Depois é que vem o controlo, a correcção dos textos, a lapidação, que é importantíssima. Eu gosto, por vezes, de ser levado pelos momentos, como foi o caso desse dia em que contei a estória das vacinas, tudo perfeitamente inventado, quase no momento.
Como lhe surgiu a situação?
Surgiu por causa da temática do encontro; era um debate com o tema «viagens», eu não sabia muito bem o que ia dizer, e lembrei-me dessa coisa curiosa que é a «consulta do viajante». Decidi que ia partir dessa ideia para poder participar no debate, não ia com nenhuma ideia mais concreta do que essa.
Pode contar aqui o que aconteceu?
Não me lembro de tudo, mas posso resumidamente dizer que eu ia com duas ideias, uma era essa, que era curioso haver algo chamado «consulta do viajante», e outra é que eu gosto de brincar um bocado com o sentido das palavras, e pareceu-me que poderia explorar algo em torno da «vacina amarela». A partir daí imaginei que poderia entrar numa dessas consultas e alguém dizer que aquela não era uma consulta do viajante, mas sim do «viajado», e que essa pessoa gostaria de partilhar comigo, e eu com ela, viagens já acontecidas, sensações, memórias. E à medida que fui falando fui imaginando a estória, até que cheguei a entender a questão da vacina amarela; quer dizer, contei que o médico me queria finalmente dar a vacina contra a febre amarela e eu recusei: «todas as vacinas menos essa, pois já tive outras febres, mas gostaria muito de ter uma febre de cor amarela». E penso que as pessoas reagiram bem; lá está, porque as palavras têm essa função de encantamento, e de repente, para a assistência, já fazia sentido ter uma febre «de cor amarela», e algo desagradável passou a ter uma conotação colorida e poética. É essa a força das palavras e das ideias.
No seu romance «Quantas Madrugadas Tem a Noite» há também algo «desagradável», a morte de uma pessoa. Mas você transforma a situação num romance − pegando nas suas palavras − «colorido e poético». É também assim que sente a vida?
Eu sinto que o lado incrível, inacreditável, patético (no bom sentido) da vida, me fascina. Um sorriso pode ser fascinante, o olhar de uma criança, as falas dos mais velhos, um pássaro na praia em que ninguém repara, um sonho que nos mude a manhã ao acordar; o mundo é mesmo colorido e poético, só que às vezes não observamos isso. Esta frase é, inconscientemente, reflexo de uma outra que o Guimarães Rosa escreveu: «quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo». Se calhar os angolanos têm essa tendência de transformar o desagradável em colorido, mas não posso falar por todos. Sinto a vida assim: travessia criativa; poesia e vulcão. Nem sempre se consegue, mas vamos tentando...
O que falou há pouco da lapidação... Acontece-lhe no final da escrita em prosa. Na poesia começa a lapidar logo no início?
Na poesia lapido menos, tanto no início como no fim. Parece-me que há uma espécie de vivência interna do poema, e que ele sai quase pronto, quase nu. Mas isto já é racionalizar sobre o poema, e o poema pode zangar-se comigo. Deus me livre de um poema zangar-se comigo.
Você anda como que num triângulo, Angola, Estados Unidos e Portugal. Onde passa mais tempo? E onde pensa que vai passar mais tempo no futuro?
Vou passar mais tempo onde for mais urgente para as minhas vivências. Oxalá que esse triângulo se alargue; este ano já fui conhecer outros países, isso enriqueceu-me a poesia dos olhos, e a mão da escrita. Oxalá que esse triângulo ganhe muito mais do que três dimensões. Gosto muito do mundo, arredores e becos incluídos.
E nesse mundo, contando com arredores e becos, como vê o seu país?
Vejo o meu país a sair de uma época longa de sofrimento e de coragem, pronto para se refazer, contando com os angolanos e os demais que queiram bem àquela terra. A colonização, as guerras e todos os factores históricos que se cruzam no trajecto daquela nação têm que ser levados em conta para se entender o que já se passou e o que ainda se está a passar. Um dos grandes erros que se comete em relação a Angola é analisar a sua realidade – as suas realidades – com tanta leviandade. Não pretendo fazer isso, portanto deixo aqui apenas o meu testemunho de esperança e de empenho.
Saindo da geografia, entre a escrita de ficção, a poesia, o teatro, a pintura, o cinema, ou até outras formas de expressão, onde acha que vai passar mais tempo no futuro?
Pergunta difícil, mas que está contida nos capítulo das «surpresas humanas». Não quero planificar, quero é surpreender-me. Ou ser surpreendido por urgências de escrita. A ficção é já quase uma constante, os contos, os romances, tenho ainda muitas ideias para trabalhar... Tenho é receio do silêncio, do silêncio interno. Se um dia a voz-que-escreve se calar, terei que parar de escrever...
Tem noção de como é vista a sua obra em Angola? Ouvi o José Eduardo Agualusa dizer que antes de conhecê-lo já lhe tinha chegado aos ouvidos a fama do Ondjaki...
Ele devia estar a brincar, não me parece que seja assim… Em Luanda as pessoas vão-me conhecendo, foram conhecendo aos poucos, já tinha feito lá duas exposições de pintura, e agora na escrita felizmente entendem que eu pretendo fazer um trabalho sério, que encaro a escrita com prazer mas também com respeito. E, sobretudo, o público angolano que me lê com atenção identifica-se com a realidade que descrevo, seja a social, seja a linguística.
Como é a edição dos seus livros em Angola?
Tem sido feita repartidamente pelas duas principais editoras angolanas; tudo o que sai cá sai lá também. É uma das minhas prioridades, ter os meus livros sempre disponíveis em Angola. A outra, que é mais difícil, seria poder lançá-los e distribui-los em todas as províncias, mas tem sido complicado porque nem sempre é possível organizar as coisas. Mas continuaremos a tentar.
Você parece reinventar a escrita, na medida em que segue a reinvenção que o povo faz da língua, algo diferente, por exemplo, de Mia Couto, que parece fazer ele próprio essa reinvenção, por vezes desligada do que fazem as pessoas na realidade. Esta ideia faz sentido para si?
Há sempre uma ideia de equilíbrio entre aquilo que capto e aquilo que invento. Mas agrada-me esse acompanhamento da oralidade, e procuro, sim, nalguns projectos, transpor isso para os livros. Mas é uma parte, a outra parte dessa oralidade também é um pouco inventada. Se há reinvenção na minha escrita, repito, é porque eu preciso desse elemento, dessa máscara, dessa característica, para criar uma estória literária. E assim há-de ser no futuro, penso eu, e só mais tarde se verá que eu não estou experimentando vozes, a minha voz tem várias texturas, os meus livros são feitos a partir de plurais que se complementam. Há que degustar mais do que classificar. O resto é surpresa.
Acha correcta a ideia de reinvenção, ou será mais o próprio desenvolvimento, ou a própria evolução, da língua?
A evolução é mesmo uma reinvenção, não se pode ir contra o movimento natural de milhares de falantes. Mas eu acho que é como na educação das crianças, não se pode permitir tudo, há que ter um molde, uma referência, e o resultado da reinvenção de uma língua é o combate entre o molde e a modernidade.
Haverá então palavras nos seus futuros livros que agora ainda não existem?!
Se os homens pudessem engravidar, além de crianças deveriam poder dar à luz palavras novas; palavras originais não só na sua face fonética mas na sua interna significação. Gosto tanto dessa ideia que um dia inventei dois personagens assim: um velho muito velho que criava palavras e uma velha muito velha que destruía palavras. Pessoalmente, gostaria de poder atravessar a fronteira poética que me separa dessa utopia e estar mesmo grávido de palavras novas. Devolvo a pergunta: estarei já?

1 comentário:

Anónimo disse...

lita

Entrevista maravilhosa!
Ondjaki é sensacional!
Abraços.