Não é a entrevista que fiz com o Ondjaki, que referi no post anterior, mas uma outra. Uma vez entrevistei a Margarida Rebelo Pinto para a revista que dirijo («Pessoal»). Foi no início de 2004, tinha acabado de sair o seu romance «I'm In Love With a Pop Star». Começava assim…
Margarida Rebelo Pinto
«Há sempre um Tulius Detritus»
Tulius Detritus, esclareça-se, para quem não leu «A Grande Zaragata», de Asterix, é «uma personagem nojenta que cheira a arenque fumado e anda constantemente a fomentar a discórdia». O esclarecimento tem por base uma opinião de Margarida Rebelo Pinto, quando fala do ambiente que se vive em muitas empresas. Conheceu poucas, especialmente das grandes, onde o ambiente fosse saudável, e mesmo nessas havia sempre o tal Tulius Detritus.
Mas isso foi há alguns anos, ou melhor, há alguns anos atrás, como agora existe muito quem diga no Portugal pós-modernista. Margarida Rebelo Pinto andava então pelo mundo das empresas, mas agora, nesse Portugal pós-modernista, já escritora e com vendas a tocar o meio milhão de exemplares, é ela o pomo da discórdia. Não porque se comporte como a personagem da «Zaragata» de Asterix, mas porque por mais leitores que tenha há quem não lhe reconheça o mérito. «Vulgarólogos» e «impotentes literários», assim os caracteriza uma mulher que fala da sua carreira como se estivesse a apresentar um plano de acção para uma empresa a sério.
Estamos numa publicação ligada a temas de gestão, portanto, ao mundo das empresas. Esse mundo raramente aparece reflectido na literatura portuguesa. O que acha que contribui para que ele não seja um cenário literário, digamos assim, tradicional?
Os escritores portugueses, em geral, vivem sob um certo isolamento e há uma cultura, ou ditadura, literária que dita os temas e os ambientes sobre os quais se deve escrever para se ser reconhecido. Nisso, como em tantas outras coisas, o país e a sua cultura estão atrasados e são ainda muito provincianos.
Os seus livros são um pouco uma excepção. Neles desfilam personagens que trabalham, que têm profissões, não apenas o costumeiro médico, ou o professor, ou o empregado de escritório, que às vezes dá para tudo... O que é que a levou a tomar essa opção?
Eu escrevo sobre o que conheço; como trabalhei mais de 10 anos na imprensa e em agências multinacionais de publicidade, é normal que vá buscar a esses ambientes personagens que, afinal, têm a ver com a nossa existência quotidiana.
E que mundo é este das empresas, para si? Uma personagem sua dizia a certa altura: «quando olho para trás e me lembro que dei sete anos da minha vida às maiores multinacionais do mercado até me dá náuseas.» Será um mundo saudável?
De forma alguma. As empresas podem ser verdadeiros infernos, se os líderes não as souberem gerir do ponto de vista humano. E não há nada mais difícil de gerir do que pessoas… Conheci poucas empresas grandes com ambiente saudável e mesmo nessas havia sempre um Tulius Detritus – aquela personagem nojenta que cheira a arenque fumado e anda constantemente a fomentar a discórdia em «A Grande Zaragata», do Asterix. Por outro lado, há pequenas e médias empresas muito saudáveis, onde o factor humano é uma prioridade. A Oficina do Livro, por exemplo, é assim: toda a gente gosta do que faz, sabe qual o seu papel, há espírito de equipa e de entreajuda. Mas são pouco mais de 10 pessoas.
Bom, a entrevista não acaba assim. Há muito mais. Está a versão completa no portal «RHonline», mais concretamente aqui.
Margarida Rebelo Pinto
«Há sempre um Tulius Detritus»
Tulius Detritus, esclareça-se, para quem não leu «A Grande Zaragata», de Asterix, é «uma personagem nojenta que cheira a arenque fumado e anda constantemente a fomentar a discórdia». O esclarecimento tem por base uma opinião de Margarida Rebelo Pinto, quando fala do ambiente que se vive em muitas empresas. Conheceu poucas, especialmente das grandes, onde o ambiente fosse saudável, e mesmo nessas havia sempre o tal Tulius Detritus.
Mas isso foi há alguns anos, ou melhor, há alguns anos atrás, como agora existe muito quem diga no Portugal pós-modernista. Margarida Rebelo Pinto andava então pelo mundo das empresas, mas agora, nesse Portugal pós-modernista, já escritora e com vendas a tocar o meio milhão de exemplares, é ela o pomo da discórdia. Não porque se comporte como a personagem da «Zaragata» de Asterix, mas porque por mais leitores que tenha há quem não lhe reconheça o mérito. «Vulgarólogos» e «impotentes literários», assim os caracteriza uma mulher que fala da sua carreira como se estivesse a apresentar um plano de acção para uma empresa a sério.
Estamos numa publicação ligada a temas de gestão, portanto, ao mundo das empresas. Esse mundo raramente aparece reflectido na literatura portuguesa. O que acha que contribui para que ele não seja um cenário literário, digamos assim, tradicional?
Os escritores portugueses, em geral, vivem sob um certo isolamento e há uma cultura, ou ditadura, literária que dita os temas e os ambientes sobre os quais se deve escrever para se ser reconhecido. Nisso, como em tantas outras coisas, o país e a sua cultura estão atrasados e são ainda muito provincianos.
Os seus livros são um pouco uma excepção. Neles desfilam personagens que trabalham, que têm profissões, não apenas o costumeiro médico, ou o professor, ou o empregado de escritório, que às vezes dá para tudo... O que é que a levou a tomar essa opção?
Eu escrevo sobre o que conheço; como trabalhei mais de 10 anos na imprensa e em agências multinacionais de publicidade, é normal que vá buscar a esses ambientes personagens que, afinal, têm a ver com a nossa existência quotidiana.
E que mundo é este das empresas, para si? Uma personagem sua dizia a certa altura: «quando olho para trás e me lembro que dei sete anos da minha vida às maiores multinacionais do mercado até me dá náuseas.» Será um mundo saudável?
De forma alguma. As empresas podem ser verdadeiros infernos, se os líderes não as souberem gerir do ponto de vista humano. E não há nada mais difícil de gerir do que pessoas… Conheci poucas empresas grandes com ambiente saudável e mesmo nessas havia sempre um Tulius Detritus – aquela personagem nojenta que cheira a arenque fumado e anda constantemente a fomentar a discórdia em «A Grande Zaragata», do Asterix. Por outro lado, há pequenas e médias empresas muito saudáveis, onde o factor humano é uma prioridade. A Oficina do Livro, por exemplo, é assim: toda a gente gosta do que faz, sabe qual o seu papel, há espírito de equipa e de entreajuda. Mas são pouco mais de 10 pessoas.
Bom, a entrevista não acaba assim. Há muito mais. Está a versão completa no portal «RHonline», mais concretamente aqui.
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