Mais um bocadinho do meu romance que sairá no próximo mês de Maio (ed. AMBAR, colecção «Literatura Universal»). Já escrevi aqui que se passa no Alentejo, nomeadamente em Évora e também Montemor-o-Novo, mas por vezes acontecem umas saídas, para Lisboa, para Santarém, até para a minha terra, nas serranias do Algarve (com montes mesmo a sério, como os da foto). Por exemplo:
(...) Já era o Alentejo próximo da serra algarvia, com uns montes de vez em quando, antes dos montes mesmo a sério da Serra de Monchique; aqueles montes que a par com os da Serra do Caldeirão pareciam querer proteger o Algarve de alguma doença que a planície lhe pudesse pegar, ou como se quisessem eles mesmos não deixar saltar para a planície algo de que tivessem orgulho, que quisessem à força de rochas e terra, tanta terra, guardar apenas para as gentes do extremo sul e que nem pelas estradas, ou pela auto-estrada, fosse capaz de passar. Os montes grandes da Serra de Monchique, despidos pelos incêndios dos últimos anos, despidos a cada Verão, com as chamas a queimarem perante os olhares dos mirones que já começavam a criar a moda do turismo do fogo, perante os olhares dos bombeiros que só as combatiam no resguardo das estradas de alcatrão, perante os olhares de cada político pulha, daqueles que andavam de um lado para o outro a fazer marcação cerrada às câmaras das televisões e de faro fixado num qualquer odor que à pressa imaginavam libertar-se dos gravadores dos jornalistas. (…)
(...) Já era o Alentejo próximo da serra algarvia, com uns montes de vez em quando, antes dos montes mesmo a sério da Serra de Monchique; aqueles montes que a par com os da Serra do Caldeirão pareciam querer proteger o Algarve de alguma doença que a planície lhe pudesse pegar, ou como se quisessem eles mesmos não deixar saltar para a planície algo de que tivessem orgulho, que quisessem à força de rochas e terra, tanta terra, guardar apenas para as gentes do extremo sul e que nem pelas estradas, ou pela auto-estrada, fosse capaz de passar. Os montes grandes da Serra de Monchique, despidos pelos incêndios dos últimos anos, despidos a cada Verão, com as chamas a queimarem perante os olhares dos mirones que já começavam a criar a moda do turismo do fogo, perante os olhares dos bombeiros que só as combatiam no resguardo das estradas de alcatrão, perante os olhares de cada político pulha, daqueles que andavam de um lado para o outro a fazer marcação cerrada às câmaras das televisões e de faro fixado num qualquer odor que à pressa imaginavam libertar-se dos gravadores dos jornalistas. (…)
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