segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

O senhor doutor (II)

E mais outra notícia, agora do «Sol».

Visita presidencial à Índia
Cavaco desvaloriza manifestação de estudantes goeses
A manifestação contra a atribuição de um doutoramento honoris causa pela Universidade de Goa foi desvalorizada pelo Presidente da República, Cavaco Silva, que afirmou não ter ficado incomodado
«Não estou incomodado. Até porque sei que quer as autoridades de Nova Deli quer as autoridades daqui [Goa] disseram que rejeitam completamente estas atitudes, muito minoritárias, contra Portugal», afirmou Cavaco Silva aos jornalistas que acompanham a sua visita de Estado à Índia, após a cerimónia de doutoramento honoris causa.
Antes da cerimónia, à porta da Kala Academy, cerca de 30 pessoas, na sua maioria jovens, manifestaram-se ruidosamente contra o doutoramento atribuído a Cavaco Silva, um estrangeiro e Presidente de um país que foi potência colonizadora em três territórios na Índia - Goa, Damão e Diu.
Do outro lado da rua onde se situa a Universidade, os manifestantes gri tavam palavras de ordem e empunhavam cartazes com inscrições em inglês e hindi como «Abaixo o Imperialismo» e «14 de Janeiro - Dia negro para a Universidade de Goa».
Os manifestantes, segundo um seu porta-voz, pertencem a uma organização nacional de estudantes, considerada de direita, a Akim Bhartiya Vidyartih Parishad.
A organização defende que, antes do grau de doutor honoris causa ser recebido por um estrangeiro, deveria ser atribuído a um cientista - Pakhunath Ma shelkan - e a uma cantora - Leta Mageshtar.
Esta é, aliás, a primeira vez que a Universidade de Goa entrega um doutoramento honoris causa e essa decisão foi atribulada, tendo-se registado algumas resistências por parte das autoridades de Goa.
O protesto foi curto, Cavaco Silva nem sequer viu nada - dado que já estava na sala da cerimónia -, mas a polícia interveio, colocando os manifestantes numa carrinha e deixando o local escassos 20 minutos após o início do protesto.
Já depois da cerimónia, Cavaco Silva desdramatizou tanto a manifestação como as alegadas resistências ao seu doutoramento, que foi em literatura e não em economia, área de formação do Presidente.
«Não senti qualquer ressentimento. Pelo contrário. Não era eu que puxava a conversa... O Presidente da República e o primeiro-ministro eram eles próprios que sublinhavam que ficariam ofendidos se tivesse vindo à Índia e não visitasse Goa», disse.
Lusa/SOL

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