terça-feira, 13 de junho de 2006

Outra vez Campos e Cunha…

Vai para duas semanas. Já era tarde, a caminho da meia-noite. Eu fazia a viagem de Lisboa para casa, depois do fecho de mais uma edição da revista que dirijo, e de repente dei comigo a ouvir um programa de rádio em que entram Manuela Ferreira Leite e João Cravinho. Comentários, debate, painel, nem sei bem o que é… Os dois falam, creio que com um moderador, que fica sempre bem nestas coisas. A certa altura, começaram a discutir uns investimentos anunciados pelo ministro das Obras Públicas. Grandes Investimentos. Cravinho, mesmo do partido do governo, não ia em grandes entusiasmos. Manuela Ferreira Leite, pior ainda. Achava que não, decididamente, porque na nossa situação prometer investimentos é negativo, porque depois não há dinheiro para pagar e etcétera e tal. E eu a ouvir, mais atento à estrada do que ao que diziam, até que a mulher açambarcou a minha atenção. Pôs-se a dizer que aquilo dos investimentos que depois não se pode pagar ia colocar problemas ao ministro das Finanças, que se calhar até teria de fazer como o seu antecessor, que tinha tido que bater com a porta perante os investimentos que contrariavam a sua política de rigor e mais não sei o quê.
Só me faltava mesmo aquilo… No final de um dia bem cansativo para conseguir deixar todo o trabalho feito, ouvir falar de Campos e Cunha, para mim um dos exemplos mais vergonhosos do mundo da política no Portugal democrático. Ele a sua reforma principesca ao fim de uns poucos anos a ocupar um cargo numa instituição pública que até tem a sorte de ter um fundo de pensões. Lembrei-me da expressão de Fernando Alves numa crónica da TSF na altura do escândalo do homem, «profissionais do saque», uma crónica onde o jornalista falou de um museu da corrupção aberto num país da América Latina para dizer que nós em Portugal poderíamos ter não um museu do género mas um núcleo museológico, a céu aberto.
Só faltava mesmo ouvir falar do rigor de Campos e Cunha… Quem não se lembra dele a agarrar-se aos «direitos adquiridos» quando percebeu que as medidas que apregoava para a generalidade dos portugueses tinham acabado de trazer para a praça pública os seus próprios privilégios. E uns dias antes de rebentar o escândalo, que vergonha vê-lo numa entrevista conjunta para um canal de televisão e um jornal a dizer que as medidas do governo também haveriam de afectá-lo a ele, porque com elas passaria a só poder reformar-se mais tarde… Para depois se descobrir que afinal já estava reformado, e por causa de cinco ou seis anos a ocupar um lugar numa instituição pública. E a sua nova reacção foi dizer que era tudo legal. Por incrível que pareça, Campos e Cunha, enquanto ministro das Finanças, foi das pessoas que mais esperneou neste país para manter seus privilégios, e no fim parece que ainda terá conseguido salvar alguma coisa.
Depois de um dia cheio de trabalho, que rica lembrança me haveria de trazer a senhora…

4 comentários:

Anónimo disse...

António, António...
Depois de fechar uma edição da revista, a caminho de casa, na solidão da noite, aconselha-se um posto de rádio tranquilo.
Nada de políticos no éter.
Músiga a esgalhar se fôr preciso. Música suave se puder ser.
A música dos políticos é sempre suave no princípio, para deixar os portugueses a esgalhar de raiva.

Anónimo disse...

“As pretas trabalham ao dia, recebem em dinheiro vivo, não passam recibos, e no final do mês têm direito ao Rendimento Mínimo e aos abonos pelos 7 marginais que largaram na Escola da Rua e que agora estão na Universidade de Pinheiro da Cruz. Tudo isto no T5 Camarário, que lhes custa 10 euros por mês”.
Kitéria Bárbuda in “Crise? Só para os Brancos!”, Revista “Espírito”, nº3, 2005.

www.riapa.pt.to

Anónimo disse...

António, você ouve demasiada radio!...

Anónimo disse...

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