domingo, 29 de junho de 2008

Luís Graça cria entrevista de Margarida Rebelo Pinto

Ver aqui. A propósito, eu pensava que tinha todos os livros do Luís Graça, mas não tinha. Na edição deste ano da feira do livro (Lisboa, entenda-se), ele foi lá levar-me as aventuras do seu detective Dick Hard, autografado e tudo. Só há uns dias é que peguei nele e tenho lido história após história, nalguns casos a rir até às lágrimas, sem conseguir parar (coisa que não me acontecia desde uma vez em que na praia tive de guardar na mochila um livro de Eduardo Mendoza porque de contrário não haveria de demorar muito a que toda a gente se pusesse a olhar para mim). O conto com a aventura editorial do detective foi dos que mais problemas me causou, mas os outros não lhe ficaram muito atrás. Ou seja, é um livro para ler em casa, e sem ninguém por perto. Querem um verdadeiro escritor? Leiam o Luís Graça.
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10 comentários:

Anónimo disse...

Totalmente de acordo com o seu conselho final.
Sandra

Anónimo disse...

Perante tamanha onda de afecto, resta-me agradecer, emocionado.
E agora, alguns pequenos trechos do livro da Margarida, assim ao calhas:

"Isso aconteceu quando o João, que andava com a Naná há dois meses, morreu na auto-estrada a caminho do Estoril. Vinha dormir com ela e não apareceu".
(página 4 do livro-trailer-missal)

"O Zé Maria é casado com uma gordinha simpática e pouco esperta, a Constança Alvim, e passa a vida a sair à noite, o típico parvo com a mania que é esperto, cabelo lambido com gel e camisas coloridas a atirar ao pseudomoderno, especialista em cabeleireiras e rapariguinhas de shopping"
(p.5)

"Nos anos 70 as corridas na Avenida Marginal eram um must, faziam parte da estupidez geracional, tal como fumar Português Suave sem filtro, usar Old Spice e dormir com as bailarinas do casino"
(p.9)

A avaliar pelo opúsculo, sexo e acidentes rodoviários são o prato do dia.

António Gregório disse...

O Luís é um contista do caraças.

Anónimo disse...

António

Pois é, o Luís é um dos nossos grandes escritores. É uma pena que esteja a publicar em edições de autor e não numa editora que lhe dê o estatuto que merece. Em 2003 publicou na Polvo o melhor livro de contos do ano, que foi completamente ignorado pelos prémios que por cá temos (por desconhecimento - incompetência - ou então por vergonha - darem o prémio, por exemplo o da APE, a um livro chamado «O Homem que Casou com Uma Estrela Porno e Outros Contos Perversos» era pedir muito, ainda por cima se depois tivessem que pedir ao presidente da República para fazer a entrega).

Abraço,

António

Luis Eme disse...

e onde se pode encontrar um livrinho deste escritor "desconhecido" (para mim claro)?

Anónimo disse...

Luís, não sei o que diga; eu tenho os livros todos do grande Luís Graça, oferecidos pelo próprio. Ele tem um na Oficina do Livro, mas muito datado, sobre o Euro 2004, ou seja, é colega da Margarida Rebelo Pinto. Tem aquele da Polvo de que falei num comentário anterior e o resto é tudo edições de autor. Mas dá para descobrir nos blogs dele, que estão lincados na minha barra lateral (luís Graça I, II, III e IV).

Abraço,

António

Anónimo disse...

Tomei contacto com o L. Graça aqui neste blog. Já fui descobrir os livros dele. É muito bom, muito bom.

Anónimo disse...

Notável Luis Graça!

Anónimo disse...

Não há dúvida que o Luís Graça merecia muito mais. Aos quarenta e muitos anos, e já com um acervo literário de monta, é pena que não se lhe abra uma janela de reconhecimento.
Infelizmente, a hipocrisia pseudo-intelectual ainda teima em alimentar alguma relutância no diferente, no ousado, nas margens...
E o Luís bem podia alternar (Ó Luís, não me refiro a alternes, que não és criatura para isso...), bem podia alternar, dizia eu, com alguma coisa mais canónica, mais politicamente correcta, que o sabe fazer, e assim demonstrar ao mundo o brilhantismo da sua criação.
Busquem o seu contacto e encomendem-lhe os livros, que o Luís tem ainda exemplares e é sério na resposta. E merece que o leiam!
Já agora, comecem pelo último "A Mulher Que Fazia Recados Às Putas - e mais contos perversos". Verão que se não arrependem.

Anónimo disse...

Obrigado, povo!
Ó António Souto, não são quarenta e muitos, são 45! A partir de agora tudo conta, pá! Quarenta e muitos é só a partir dos 49...

Ó António Venda, as edições de autor foram só nos últimos dois anos (está bem que foram cinco!).
Até aqui, individualmente, tenho "A Idade das Trovas" (1998, Universitária Editora); "Meia-Dúzia de Maldades" (teatro, Inatel); dois na Polvo ("O homem que casou com uma estrela porno e outros contos perversos", em 2003, e "De boas erecções está o Inferno cheio", 2004) e "Neura 2004" (Oficina do Livro).

E uma porradaria de edições colectivas na Universitária Editora.

Ó Souto, eu tenho muita coisa bem comportada. O problema é que as pessoas só olham para a ordinarice. E depois o ordinário sou eu!

Agradeço o vosso apoio moral, mas não vou andar a escrever o que não me apetece. Ultimamente tenho escrito muito poemas malandros e muitos poemas bem comportados. É o que sai.

E as edições de autor foram um recurso desesperado para ver se conseguia trabalhar e ganhar dinheiro. Falhado o objectivo, deixem-me estar sossegado, que se acabou o dinheiro. E foi bem empregue.
As edições de autor permitem-nos ter montes de livros para dar aos amigos e controlar todo o processo. A única coisa que falha é a distribuição.

Não ando nada desesperado por ser publicado e reconhecido. Nem desesperado por escrever.

Ando desesperado com o mundo.

E os livros dos outros são das melhores coisas que me vão acontecendo.