domingo, 13 de janeiro de 2008

Os meus lugares

Resposta a um questionário do «Jornal de Letras» (edição de 02.01.08).

Um restaurante
Um de Barcelona a que gostava de ir, mas não é possível (aparece a abrir o romance «Flores Negras para Michael Roddick», do filho de Manuel Vásquez Montalbán), e o da Quinta das Lágrimas, em Coimbra.
Um café
Não sou muito exigente; desde que não sirva cafés italianos, tipo Buondi ou Segafredo…
Um bar
Mais do que um bar, talvez uma tasca perdida da Serra de Monchique, ou uma adega das do medronho.
Uma cidade
Évora. Gosto de cidades onde se percebe os limites. Isso é possível no Alentejo. Cidades grandes, sem dúvida Barcelona.
Um país
O Algarve e o Alentejo juntos; poderia dar um país interessante.
Um monumento
A famosa e quase mágica Porta Nigra (foto acima), na cidade alemã de Trier.
Um museu
O de uma crónica de Fernando Alves sobre os «profissionais do saque», na altura do escândalo da reforma do então ministro Campos e Cunha; um museu da corrupção, na América Latina, algo para servir de exemplo, tipo uma personagem do primeiro romance de Camilo José Cela («A Família de Pascual Duarte»), de quem o Nobel galego dizia ser um modelo («vês o que faz, pois faz o contrário daquilo que devia fazer»).
Um site
Troco por dois blogs, um colectivo («Corta-fitas») e o do Francisco José Viegas («A Origem das Espécies»).
Uma praia
A Praia do Barril, em frente a Santa Luzia, no Algarve, para onde se vai num pequeno comboio.
Uma viagem
Pelo mundo, sem tempo, sem preocupações com a data para regressar.
Uma livraria
É de ficção. Fica em Évora e tem à entrada cinco escritores de papelão e um gato de carne e osso.
Um cinema
Um de Portimão que já não existe, onde vi o primeiro filme sem ser na televisão («Excalibur»), depois de um jogo do Portimonense contra o Porto (um a um; o Portimonense esteve a perder, mas empatou por um brasileiro chamado Tião, que nessa época, infelizmente, também marcou ao Sporting).
Um teatro
O Teatro do Bairro Alto, pelas recordações de algumas das peças da Cornucópia.
Um sítio
Ferreira do Alentejo, à noite, vista de longe, chegando pelo lado norte. Os silos dos cereais iluminados, bem acima do casario, fazem-me sempre ver uma nave espacial pousada na planície.
Um passeio
Não é bem um passeio. As viagens nocturnas de regresso a casa, atravessando de carro o montado que a rodeia. Por causa dos bichos que encontro; coelhos, gatos-bravos, javalis, texugos, raposas… Mas o que mais impressiona são as vacas, passar por uma zona com centenas delas, inclusive na estrada, e quando ainda se vai a chegar vê-se os olhos verdes, aos pares, no escuro, como um exército de pirilampos.

1 comentário:

Arlindo Pinto disse...

São engraçados alguns dos seus lugares...
Abraço