quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

A banca

O presidente da Caixa Geral de Depósitos passa para presidente do Millenium BCP. O presidente do BPI diz que concorda. Do Banco de Portugal (o tal banco que tem uns créditos à habitação manhosos para empregados a partir de um certo nível e que dá umas reformas também manhosas ao fim de cinco anos, também a partir de um certo nível), do Banco de Portugal, dizia, dão palpites e fazem recomendações. A CMVM diz que vai investigar coisas que no passado foram arquivadas. A Caixa Geral de Depósitos pode ficar com alguém do PS a mandar, ou então com alguém do PSD. Pode ser até que seja o ministro da Economia do PS, o tal da descoberta idiota do «Allgarve» que já foi «quadro de topo» do Banco Espírito Santo. Ou pode ser um do PSD, um que já foi ministro também da Economia, ou outro que foi do Comércio e não sei se ao mesmo tempo do Turismo, ou outro que mandava nos polícias e gostava de mandá-los pelas ruas à bastonada (ou melhor, a darem bastonadas). Eu alterei a minha morada na Caixa Geral de Depósitos há quatro anos (preenchi uns papéis num balcão) mas só há menos de uma semana é que a coisa passou a valer). O ministro das Finanças mandava na CMVM quando as tais coisas foram arquivadas. O presidente do BPI já há uns meses que diz que essas coisas têm que ser investigadas. O governador do Banco de Portugal é do PS. Na Caixa Geral de Depósitos já houve quem depois de ser ministro se abotoasse com quase vinte mil euros por mês e depois se reformasse ainda novo, tipo Campos e Cunha no Banco de Portugal. No balcão da Caixa Geral de Depósitos onde alterei a morada disseram que a falha não era deles (era do outro balcão para onde tinha enviado os papéis, que na volta os tinham perdido). Tenho a conta da Caixa Geral de Depósitos quase parada, mas tiram-me dez euros de três em três meses (despesas). Se puser lá uma certa quantia tiram só cinco. A partir do dobro desse certa quantia não tiram nada. Mas eu agora tenho o dinheiro no BPI. No Millenium BCP nunca pus dinheiro porque tive uma experiência horrível numa coisa de que já pouca gente se lembra, a Nova Rede. Há uns anos eu tinha dinheiro a prazo na Caixa Geral de Depósitos. Uma vez, no fim do ano, estranhei que os juros fossem uma importância irrisória. Fui tentar perceber o que tinha acontecido e disseram-me que o dinheiro afinal estava à ordem. Mas eu tinha os papéis a provar que estava a prazo. O gerente do balcão (Campo Grande, Lisboa) acabou por reconhecer o erro mas a princípio ainda se armou em parvo («Isto o empregado que tratou das coisas já nem trabalha cá!»). Eu escrevi uma carta à «administração» e ao fim de uns três meses os juros lá apareceram. Tinha um amigo a trabalhar na Caixa Geral de Depósitos numa posição mais ou menos e quando lhe contei o caso, a ver se ele de alguma maneira ajudava, ficou muito escandalizado, mas disse que não podia fazer nada. Mas a «administração» (não me lembro se era do PS, se era do PSD) lá resolveu mandar creditar os juros (com a carta mandei cópias dos papéis). Se um dia inventarem um colchão que seja capaz de dar juros (e que ofereça boas taxas), deixo de trabalhar com bancos. Pode ser até que inventem um colchão que empreste dinheiro, que até se meta no crédito à habitação para directores, tipo Banco de Portugal (e eu serei director do meu colchão, já se vê). Até pode ser que dê cartão multibanco, e também cartão de crédito, e que ao fim de cinco anos me atribua uma reforma tipo Campos e Cunha só pelo facto de dormir lá habitualmente. Talvez inventem um colchão desses e eu consiga comprar um. Os americanos. Só mesmo os americanos. Ou então especialistas de algum consórcio europeu.

1 comentário:

CLeone disse...

Acho graça é à tese do poder socialista: primeiro, o Vara só ia para a CGD por ser socialista, mas agora o chefe leva-o para o BCP, certamente por ser masoquista e não um profisisional respeitado do ramo; agora, os dois serão infuência do PS no maior banco português, como se a CGD não participasse já no capital do BCP...para variar o VPV escreveu muito bem sobre isto e o que isto tem de simbólico sobre a banca e sobre Portugal e a sua «sociedade civil» num Público deste fim de semana.