Ainda sobre o jogo do Sporting na Luz… Parece-me que uma resposta para a acomodação da equipa poderá estar nos dirigentes. É tudo gente dos negócios, para quem conta sobretudo a facturação e aquela coisa de que antes só se falava nas empresas mas de que agora também se fala no mundo do pontapé na bola, a gestão de activos (passivos é que nem pensar em geri-los). «Se o segundo lugar dá direito a ir à Liga dos Campeões, para quê esforçarmo-nos a lutar pelo primeiro?», poderão perguntar-se os negociantes do Sporting. Vá lá que o quinto lugar não dá para ir à liga milionária, nem o décimo, nem o último, senão nem sei para que metas apontaria aquela gente.
2 comentários:
Eu também tenho a opinião de que os dirigentes do Sporting gerem o clube como se se tratasse de uma empresa de construção civil (para dar um exemplo), em vez de atenderem à especificidade do negócio desportivo. Fora o que desconfio da maneira como são feitos os negócios (desde a compra de jogadores até à venda do património não desportivo) e em benefício de quem.
Mas não retiro mecanicamente a conclusão de que é esse o raciocínio quanto a aspectos concretos como a atitude da equipa em campo. Acho que a opção, tomada a meio do jogo, de jogar para o segundo lugar foi do Paulo Bento. Houve até um jogador que manifestou discordância em relação a essa opção: precisamente Caneira. Este achava que havia potencial na equipa para lutar pela vitória. Confiando embora na inteligência de Caneira e na influência que ele terá na equipa, confio mais no Paulo Bento. Ainda me lembro dum jogo entre o Brasil e a Itália num mundial: o Brasil (de Zico, Júnior, Sócrates, Falcão), a melhor equipa do mundo nesse tempo, atirou-se com autoconfiança para cima do adversário, mesmo depois de estar a ganhar. Foi o que a cínica Itália quis ouvir: ganhou 3-2 e foi campeã do mundo.
E a nossa equipa é uma equipa de putos, deficientemente enquadrados por jogadores mais experientes, devido a as contratações da época terem sido feitas com os pés.
Bom, dos responsáveis pelas contratações não vale a pena falar, está mais do que visto e percebido o que a casa anda a gastar.
Uma curiosidade... Entre a selecção brasileira do mundial de 1982 e o Sporting actual há umas certas semelhanças (na minha opinião, claro). O Brasil nesse mundial, em Espanha, actuava normalmente de início com nove génios ou quase e mais dois jogadores muito contestados e que contribuíram em grande parte para afundar a equipa: o guarda-redes Valdir Peres (ficou famoso pelos frangos e por um estranho hábito de se lançar para trás em muitos remates, passando-lhe a bola por cima, a meia altura - já o Ricardo, em muitos remates, ajeita os calções depois de a bola partir - ver golo do Inter no jogo de S. Ciro) e o ponta-de-lança Serginho (que quase com quarenta anos haveria de jogar no Marítimo e fazer boa figura, especialmente a marcar livres). Serginho no mundial de 1982 também fez figura, mas foi uma figura triste, especialmente quando lhe ghegava a bola aos pés, e Valdir Peres foi frango atrás de frango. O seleccionador, Telé Santana, teve críticas e mais críticas, mas também havia quem o compreendesse, referindo que nessa época Serginho tinha marcado golos até dizer chega e que Valdir Peres tinha sido o guarda-redes menos batido (de certeza que não tinha nem polgas nem luisões a jogar à frente dele), isto no campeonato brasileiro. Eu penso muito na selecção brasileira de 1982 quando vejo jogar o Sporting; já foi resolvido um caso (o assustador Custódio), falta o do guarda-redes (que, faça-se justiça, deixa entrar menos frangos do que deixava Valdir Peres) e o dos dois centrais que agora são titulares - creio, no entanto, que tão cedo não serão resolvidos e que ainda teremos Caneira, Polga e Ricardo por alguns anos (mas o problema grave mesmo grave é sem dúvida Caneira).
Enviar um comentário