Esta é uma foto do deserto, em finais de Janeiro do ano passado. Nevou durante dois dias, muito, tanto que até que a neve desaparecesse não consegui sair daqui de casa; o carro ficava atolado na estrada do montado, bem antes de chegar à estrada de alcatrão que vai até Montemor-o-Novo. Com a neve a cair, nem se deve perceber bem que sou eu que estou na foto. Eu no deserto, e com neve, o deserto do norte do Alentejo que o ministro Mário Lino descobriu a meio de uma conferência em que – talvez avisado pelo caso do professor que levou com um processo disciplinar – já não se meteu a fazer piadinhas sobre a licenciatura de aviário do chefe. Aqui na margem sul, embora uma margem alargada, pois o rio está a mais de uma centena de quilómetros, vejo agora num portal qualquer que o ministro corrigiu as declarações feitas na conferência. Como o colega Manuel Pinho corrigiu as que fez sobre os empregos que (não) estavam a ser criados para ajudar a disfarçar os desempregos da zona da Guarda. É um tempo de correcções este que corre em Maio de 2007. Mário Lino, provavelmente a mando do chefe, obediente, já veio dizer à pressa que comparou a um «deserto» as zonas do Poceirão, de Rio Frio e das Faias, alternativas para a localização do novo aeroporto de Lisboa, e não a região da margem sul do Tejo. «As pessoas quando não têm argumentos deturpam a realidade. Estávamos a discutir as localizações do aeroporto. Sei muito bem que Almada, Montijo ou Setúbal têm gente.» Isto disse o homem à Agência Lusa. Já Rio Frio, o Poceirão e as Faias, a seu ver (seu dele), são «vagamente povoadas». E ainda reforçou… «Toda a gente percebeu o que eu quis dizer. [nem que seja vagamente] O deserto era a zona de implantação do aeroporto, não me estava a referir ao Norte do Alentejo na sua generalidade.» Ou seja, o deserto, afinal, era só um bocadinho, tipo oásis mas ao contrário; quer dizer, um enorme oásis desde o Barreiro, o Montijo, ou Alcochete («o alcóchêti», como dizia Luiz Felipe Scolari na altura do Euro 2004) até bem aqui ao Alentejo que talvez se possa classificar como profundo, na zona de Montemor-o-Novo – e no meio desse enorme oásis um pequeno deserto, o que ocupa o Poceirão, Rio Frio e as Faias. Sendo assim, corrijo eu também o que escrevi logo a abrir… Naquele final de Janeiro de 2006 não nevou no deserto, nevou foi numa parte do oásis, aqui, e eu fiquei na foto, embora, como referi, o mais certo é nem dar para se ver bem que sou eu. E este texto, outra correcção, afinal chama-se «o oásis». Lembra vagamente Cavaco Silva e um senhor que em tempos foi quase célebre, um senhor de nome Braga de Macedo. Enfim, não há-de ser nada…
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