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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O Nobel também chega aos escritores geniais

O Prémio Nobel, finalmente. Notícia boa, que soube ontem em viagem, pelo rádio, num dia triste para mim. Tenho quase todos os livros de Mario Vargas Llosa, embora não tenha lido os mais recentes. A notícia trouxe-me a lembrança de horas e horas de leitura, há dez, quinze, vinte anos, sobretudo de «A Tia Julia e o Escrevedor», dos dois romances onde aparece o polícia Lituma, de «A Cidade e os Cães» ou de «Pantaleão e as Visitadoras». Por vezes, o Nobel também chega aos escritores geniais.
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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O homem que vê albaneses um pouco por todo o lado

Ainda a propósito do jogo de quarta à noite, referência para uma asneira capaz de fazer figura ao lado dos remates daquele trambolho que actuou no centro do ataque de Portugal. Cheguei a casa com o jogo já a decorrer, depois de ouvir o hino nacional – verdadeiramente arrepiante, pela forma como foi cantado no estádio – mesmo no meio do montado, fora do carro, pois nessa altura estava a abrir o portão que impede a fuga do gado que anda aqui pelas redondezas. Devo ter perdido uns três ou quatro minutos do jogo. Mas antes da paragem que me permitiu ouvir o hino, no meio do escuro, no mesmo sítio onde um destes dias, pela manhã, ao sair para Lisboa, encontrei cinco javalis todos malucos a regressarem aos esconderijos depois de uma noitada mais prolongada, antes da paragem ouvi o que iam dizendo os comentadores. Um deles era um comentador político, Pedro Marques Lopes (na foto), que de repente decidiu meter a literatura nos palpites futebolísticos. Disse que a caminho do estúdio, por causa do jogo com a Albânia, se tinha lembrado de um romance de Mario Vargas Llosa, escrito há muitos anos, «A Tia Julia e o Escrevedor». Disse maravilhas sobre o livro, e com razão, e disse também que o queria oferecer ao Fernando Correia, que era quem conduzia a emissão. Pedro Marques Lopes tinha-se lembrado do romance porque, conforme assinalou, uma das personagens odiava albaneses. Nada mais errado. A personagem a que ele se referia, um escritor (ou «escrevedor») de radionovelas de Lima (Peru) chamado Pedro Camacho, odiava era argentinos (no fim do romance há uma surpresa em relação a esse ódio). Já numa adaptação para o cinema, num filme a anos-luz do livro, chamado «A Paixão de Júlia», a personagem (interpretada por Peter Falk, o famoso Columbo) não odeia argentinos, aí creio que já odeia albaneses (ou até talvez seja húngaros, não estou absolutamente certo, pois vi o filme há muito tempo, ainda andava na faculdade). Também mudaram o apelido da personagem, de Camacho para Carmichel, além de milhentas coisas mais.
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sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Textos sobre livros - 36

«A Tia Julia e o Escrevedor», de Mario Vargas Llosa (Publicações Dom Quixote, 342 pp.)

A história de Varguitas

Um dos grandes romances de Mario Vargas Llosa, na volta talvez o mais fascinante. O jovem Varguitas em grandes confusões com uma tia e também com a literatura.
Pus ali acima a referência ao número de páginas, que fui espreitar a um site de venda de livros, da edição da Dom Quixote. A que li (tenho-a há quase vinte anos) é do Círculo de Leitores.
Bom, o que no livro se conta é a história de um rapaz – o próprio Vargas Llosa adolescente, o Varguitas – e da sua relação amorosa com uma tia por afinidade (que pouco antes se tinha divorciada de um tio do jovem). Estamos nos anos cinquenta do século passado, quando a televisão ainda não tinha chegado ao Peru. À rádio cabia por isso entreter, informar e divertir as famílias. Eram os tempos áureos das radionovelas.
Varguitas estudava Direito, embora sem grande interesse (aliás, Vargas Llosa viria a formar-se em Letras), e ganhava a vida a trabalhar na Rádio Pan-Americana. É ele quem conta… «Tinha um trabalho de título pomposo, salário modesto, apropriações ilícitas e horário elástico: director de informação (...) Consistia em recortar as notícias interessantes que apareciam nos jornais e maquilhá-las um pouco para que fossem lidas nos noticiários. A redacção, sob as minhas ordens, era um rapaz de cabelo empastado e amante de catástrofes chamado Pascual.»
A par do romance com Julia, o jovem Varguitas toma contacto com um sujeito fascinante, um tal Pedro Camacho. Trata-se de um autor e intérprete de folhetins radiofónicos, boliviano, contratado para encantar as gentes de Lima e fazer aumentar os níveis de audiência. As radionovelas de Pedro Camacho aparecem como capítulos do próprio livro, alternando com os da história que vai sendo contada na primeira pessoa pelo próprio Varguitas.
Duas notas... Este romance foi passado ao cinema de uma forma, na minha opinião, bastante infeliz. O filme, cujo título é «A Paixão de Júlia», não tem praticamente nada a ver com o que Vargas Llosa escreveu, inclusive ao nível dos espaços em que a acção decorre. O próprio Pedro Camacho, que no livro odeia argentinos, no filme odeia albaneses; e chama-se Pedro Carmichel. É interpretado por Peter Falk, o actor que fazia de Inspector Columbo. Esta é a primeira nota. A segunda… Muitas personagens da radionovelas de Pedro Camacho são no romance caracterizadas da seguinte forma (e isto em redacção livre, apenas da minha responsabilidade): «tinha chegado aos cinquenta e as suas características particulares, fronte larga, nariz aquilino, olhar penetrante, rectidão e bondade de espírito...» Não ficam dúvidas de que o boliviano era um fraco amante da variedade. Mas tinha piada, muita, muita piada.
Um romance para ler ou reler em qualquer altura.

Nota: a foto é de Mario Vargas Llosa, há muitos, mesmo muitos anos; o artista quando jovem Varguitas.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Margarida Vila-Nova

Este post não é sobre a rapariga aqui do lado, mas ela também entra. Assim, ficou logo no título, e com direito a foto e tudo.
Bom, ontem à noite estive na Feira do Livro de Vilamoura. Foi das nove e meia à meia-noite e meia. Uma mesa de livros e uma cadeira, exactamente a mesma cadeira (segundo me confidenciaram com alguma pompa) em que na noite anterior tinha estado sentada a minha nova colega escritora Margarida Vila-Nova. Parece que muita gente aparecia com uns caderninhos, ou umas folhas, para ver se ela autografava, mas ela, esperta, só dava autógrafos nos próprios livros. Eu também só dei autógrafos nos livros, mas se me tivessem aparecido com algum papel, ou algum caderno, na volta lá dava na mesma (embora a hipótese de aparecer alguém com tal pedido fosse, com algum favor, uma num milhão).
Durante aquelas três horas, houve visitantes da feira que me fizeram perguntas, várias perguntas. Deixo aqui algumas de que me lembro:
- Consegue viver da escrita?
- Estou a pensar levar este livro, o que é que acha? (um senhor mostrando-me o romance de Mario Vargas Llosa «Travessuras da Menina Má»)
- Você é de onde?
- Já saiu o novo livro do autor de «A Sombra do Vento»?
- Por quê Montemor no seu último livro?
- Tem o «Foi Assim» da Zita Seabra?
- Vêm cá mais escritores?
- O que vale é que cá dentro não está fresco como lá fora, não é?
- Isto na capa deste seu livro é a Alcárcova, em Évora, não é?
- Acha que leve? (uma rapariga segurando o meu livro de contos «O Amor por entre os Dedos»)
- Vinha buscar um livro que vi ontem nesta mesa; por acaso não sabe onde está?
- Pago a si?
- Vi lá na entrada um livro chamado «O Afinador de Pianos» de Cristina Norton; não é o do Richard Zimmler?
- Onde é que estão os Calvins?
- Isto no Algarve agora é um horror, não é?
- Você volta amanhã à noite?
- Acha que agora se lê mais em Portugal?
- Pago aqui ou à saída?
- Posso-lhe pedir que assine?
- Já jantou?

sábado, 7 de julho de 2007

Começos prometedores - 3

«– Filhusdumagrandessíssima – balbuciou Lituma, sentindo que ia vomitar.»
Início do romance «Quem Matou Palomino Molero?», de Mario Vargas Llosa, 1986 (edição portuguesa de Publicações Dom Quixote, 1988)