Não é o filme inspirado naquele famoso livro, é isto. Grande novidade!... Mas no fim quem vai ficar mal é o bastonário da Ordem dos Advogados, mal ou pelo menos a falar sozinho; o bastonário que tanta gente já anda a queimar, como seria de esperar. Por mais que o procurador e aquelas comissões da Assembleia da República que agora estão na moda apareçam a promover inquéritos e audições, não vai dar em nada. Eu, da experiência que tenho em denunciar práticas de corrupção no Estado, não auguro bons resultados. As entidades a quem se recorre para denunciar situações fora-da-lei desculpam-se sempre com falta de meios, com fins de legislaturas («agora há que pensar no futuro, por isso o melhor é arquivar») ou então com uma coisa esquisita que se traduz na frase «é conveniente não mexer no caso». Mas a melhor que me aconteceu foi quando uma das entidades a que recorri confrontou mesmo o fora-da-lei, não sei se por milagre. Fê-lo por carta, exigindo que fosse posta em prática a solução para que as ilegalidades acabassem. A carta foi lida numa reunião onde eu estive presente. O fora-da-lei a certa altura pegou na carta e antes de enfiá-la no meio de um dossier de papelada disse para quem quis ouvir: «Cá não há disso!» Voltei a denunciar tudo, mas a situação continuou. Acho que ainda continua. Se fosse hoje, não tinha perdido o meu tempo com o assunto. Tribunais de contas, inspecções-gerais, direcções de combate nem me lembro já a quê… Infelizmente, pelo andar da carruagem, não me parece que sirvam para grande coisa no nosso país.
António:
ResponderEliminarGoste-se ou não do estilo de Marinho Pinto, trata-se de uma pessoa que exerce um cargo com visibilidade, independentemente de ser aceitável, ou não, a existência de ordens profissionais num estado (dito) democrático.
Concordo consigo quando exclamou: Grande novidade!
O que ele disse, diz-se por todo o lado. Espero que desta vez o Sr. Marinho Pinto diga qualquer coisa de relevante. Não falo de provas, que isso pertence às polícias e ao MP descobrirem. Falo de apresentar casos reais onde as suspeitas sejam fortes ao ponto de não poderem ser ignoradas. Embora não tenha muita fé nisso, espero que, desta vez, a questão não seja entregue ao "Arquivador-mor do Reino".
Um abraço.
Claro que isto não vai dar em nada. Ele não pode falar em casos concretos, senão leva com processos em tribunal; na volta ainda ia preso. É assim que as coisas funcionam. O próprio sistema de justiça está feito para dar cobertura a tudo isto. Obviamente que em muitos casos o Estado está a saque e quase que se pode aplicar uma adaptação de uma conhecida frase de António Guterres enquanto primeiro-ministro («Em Portugal só paga impostos quem é burro»): em Portugal, em certas posições, só não rouba quem é burro (ou quem é honesto, claro, independentemente de ser burro ou não).
ResponderEliminarAntónio
Quanto pessimismo (e realismo...), António.
ResponderEliminarÉ bom que haja alguém com coragem para chamar os bois pelos nomes,e ter esperança, na mudança...
Pode ser que alguma coisa seja invertida e alguns fulanos deixem de sorrir com tanta lata...