quinta-feira, 31 de maio de 2007

O espectáculo

Ontem, a caminho de Évora, ouvi no rádio do carro o anúncio do nome do mandatário de Carmona Rodrigues na candidatura à Câmara de Lisboa. Ruy de Carvalho foi apresentado como a terceira figura do espectáculo nestas eleições, depois do mandatário sénior de António Costa (Raul Solnado) e do mandatário mesmo só mandatário de José Sá Fernandes (José Fonseca e Costa). Achei piada a isto das três figuras do espectáculo, porque o que me dá a parecer é que nestas eleições há muitas, mesmo muitas figuras do espectáculo. Como noutras eleições, aliás.
Entretanto, em breve irei colocar aqui uma entrevista que fiz a Carmona Rodrigues há pouco mais de um ano e na qual ele dizia que na Câmara de Lisboa era «o capitão de equipa». Já coloquei uma com Sá Fernandes (os restantes nunca os entrevistei, tirando Garcia Pereira, mas numa coisa sobre o Código do Trabalho, o último, que agora já andam a pensar rever, código esse que Garcia Pereira classificava na entrevista como «um mono»). Se eu vivesse e votasse em Lisboa, provavelmente votaria em José Sá Fernandes.
Ainda voto na minha terra, em Monchique, onde não há muito tempo estive um ano como vereador (independente, e da oposição), a substituir um colega (que uma vez foi ameaçado pelo número três do executivo, que estava completamente embriagado e com dificuldades em segurar-se de pé, de que ainda haveria de deixar a câmara «pelas escadas abaixo»). Nesse ano, tirando uns insultos e mais umas coisas, digamos assim, menores, até que deu para ir levando as coisas. No meu romance «O que Entra nos Livros» (capa ali ao lado) dá para ficar a saber algumas das peripécias. De qualquer forma, algo curioso, e que não está no livro… Lembro-me de que quando entrei o presidente da câmara começou por me tratar por senhor doutor e um ano depois já dizia que eu não era gente. Aos poucos talvez coloque aqui algumas coisas que me fizeram passar de «senhor doutor» a «não ser gente».

Dêem-lhe tempo...

Coloco abaixo o artigo de António Barreto que saiu no «Público» do passado Sábado. É uma análise absolutamente certeira. Copiei o texto do blog «Aspirina B», onde foi colocado por Fernando Venâncio, um dos «enfermeiros de plantão» que lá têm. Sócrates merece o texto, aliás, não pára de fazer por merecê-lo. Nós é que não merecemos andar a caminho de outros tempos, quando a televisão ainda era a preto e branco.

António Barreto, Retrato da Semana, «Público», 27.05.2007
Enfim, só!
A saída de António Costa para a Câmara de Lisboa pode ser interpretada de muitas maneiras. Mas, se as intenções podem ser interessantes, os resultados é que contam. Entre estes, está o facto de o candidato à autarquia se ter afastado do governo e do partido, o que deixa Sócrates praticamente sozinho à frente de um e de outro. Único senhor a bordo, tem um mestre e uma inspiração. Com Guterres, o primeiro-ministro aprendeu a ambição pessoal, mas, contra ele, percebeu que a indecisão pode ser fatal. A ponto de, com zelo, se exceder: prefere decidir mal, mas rapidamente, do que adiar para estudar. Em Cavaco, colheu o desdém pelo seu partido. Com os dois e com a sua própria intuição autoritária, compreendeu que se pode governar sem políticos.
Onde estão os políticos socialistas? Aqueles que conhecemos, cujas ideias pesaram alguma coisa e que são responsáveis pelo seu passado? Uns saneados, outros afastados. Uns reformaram-se da política, outros foram encostados. Uns foram promovidos ao céu, outros mudaram de profissão. Uns foram viajar, outros ganhar dinheiro. Uns desapareceram sem deixar vestígios, outros estão empregados nas empresas que dependem do governo. Manuel Alegre resiste, mas já não conta. Medeiros Ferreira ensina e escreve. Jaime Gama preside sem poderes. João Cravinho emigrou. Jorge Coelho está a milhas de distância e vai dizendo, sem convicção, que o socialismo ainda existe. António Vitorino, eterno desejado, exerce a sua profissão. Almeida Santos justifica tudo. Freitas do Amaral reformou-se. Alberto Martins apagou-se. Mário Soares ocupa-se da globalização. Carlos César limitou-se definitivamente aos Açores. João Soares espera. Helena Roseta foi à sua vida independente. Os grandes autarcas do partido estão reduzidos à insignificância. O grupo parlamentar parece um jardim-escola sedado. Os sindicalistas quase não existem. O actual pensamento dos socialistas resume-se a uma lengalenga pragmática, justificativa e repetitiva sobre a inevitabilidade do governo e da luta contra o défice. O ideário contemporâneo dos socialistas portugueses é mais silencioso do que a meditação budista. Ainda por cima, Sócrates percebeu depressa que nunca o sentimento público esteve, como hoje, tão adverso e tão farto da política e dos políticos. Sem hesitar, apanhou a onda.
Desengane-se quem pensa que as gafes dos ministros incomodam Sócrates. Não mais do que picadas de mosquito. As gafes entretêm a opinião, mobilizam a imprensa, distraem a oposição e ocupam o parlamento. Mas nada de essencial está em causa. Os disparates de Manuel Pinho fazem rir toda a gente. As tontarias e a prestidigitação estatística de Mário Lino são pura diversão. E não se pense que a irrelevância da maior parte dos ministros, que nada têm a dizer para além dos seus assuntos técnicos, perturba o primeiro-ministro. É assim que ele os quer, como se fossem directores-gerais. Só o problema da Universidade Independente e dos seus diplomas o incomodou realmente. Mas tratava-se, politicamente, de questão menor. Percebeu que as suas fragilidades podiam ser expostas e que nem tudo estava sob controlo. Mas nada de semelhante se repetirá.
O estilo de Sócrates consolida-se. Autoritário. Crispado. Despótico. Irritado. Enervado. Detesta ser contrariado. Não admite perguntas que não estavam previstas. Pretende saber, sobre as pessoas, o que há para saber. Deseja ter tudo quanto vive sob controlo. Tem os seus sermões preparados todos os dias. Só ele faz política, ajudado por uma máquina poderosa de recolha de informações, de manipulação da imprensa, de propaganda e de encenação. O verdadeiro Sócrates está presente nos novos bilhetes de identidade, nas tentativas de Augusto Santos Silva de tutelar a imprensa livre, na teimosia descabelada de Mário Lino, na concentração das polícias sob seu mando e no processo que o Ministério da Educação abriu contra um funcionário que se exprimiu em privado. O estilo de Sócrates está vivo, por inteiro, no ambiente que se vive, feito já de medo e apreensão. A austeridade administrativa e orçamental ameaça a tranquilidade de cidadãos que sentem que a sua liberdade de expressão pode ser onerosa. A imprensa sabe o que tem de pagar para aceder à informação. As empresas conhecem as iras do governo e fazem as contas ao que têm de fazer para ter acesso aos fundos e às autorizações.
Sem partido que o incomode, sem ministros politicamente competentes e sem oposição à altura, Sócrates trata de si. Rodeado de adjuntos dispostos a tudo e com a benevolência de alguns interesses económicos, Sócrates governa. Com uma maioria dócil, uma oposição desorientada e um rol de secretários de Estado zelosos, ocupa eficientemente, como nunca nas últimas décadas, a Administração Pública e os cargos dirigentes do Estado. Nomeia e saneia a bel-prazer. Há quem diga que o vamos ter durante mais uns anos. É possível. Mas não é boa notícia. É sinal da impotência da oposição. De incompetência da sociedade. De fraqueza das organizações. E da falta de carinho dos portugueses pela liberdade.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Ainda por desenvolver

Tribunal anula sessão de autógrafos de escritor da margem sul. Mais desenvolvimentos aqui, nos próximos dias.

domingo, 27 de maio de 2007

A taça

Belenenses – 0, Sporting – 1 (Liedson), na final da Taça de Portugal. Como se previa, mas provavelmente da maneira mais digna; uma vitória sem as facilidades de há uma semana, a deixar o Belenenses (uma equipa de que parece impossível não se gostar) sair de cabeça erguida. O Sporting, sem deslumbrar como conseguiu noutros jogos, mesmo assim mostrou que os adeptos podem ter confiança no futuro.
Duas notas, uma positiva e outra negativa. A positiva, o facto de Soares Franco parecer estar a inflectir o discurso do miserabilismo, mostrando confiança, desejo de ter uma equipa competitiva e de ganhar, depois da vergonha que protagonizou ao apelar a que se lutasse apenas pelo segundo lugar no campeonato. A nota negativa é para a cena lamentável do final, depois de a equipa estar a ganhar – a entrada de Custódio, para ir receber a taça, coisa que fez lembrar os tempos mais negativos desta época (mas pronto, ele, também, está de saída…).

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Sessão de autógrafos

Este Sábado (16 horas) realiza-se uma das minhas sessões de autógrafos previstas para a Feira do Livro de Lisboa.
A sessão é junto aos stands da minha editora, a AMBAR (114 e 115). São do novo romance («O que Entra nos Livros») e do livro de contos que publiquei em finais de 2005 («O Amor por entre os Dedos»).
Na feira há mais livros meus (os dois romances que publiquei na Temas e Debates - estão no respectivo stand -, «Os Sonhos e Outras Perigosas Embirrações» e «O Medo Longe de Ti»; o novo romance, curiosamente, tem muito a ver com este último).
Tenho informação de que estão esgotados os meus quatro primeiros livros, publicados na Pergaminho (títulos na coluna da direita); duvido muito que haja algum exemplar nos stands desta editora.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Textos sobre livros – 26 (ESPECIAL)

Este post da série «textos sobre livros» é especial. Recupera um romance sobre o qual escrevi em meados de 2005. Trago aqui o texto porque ontem à noite lembrei-me do título do romance, quando tomei conhecimento da figura triste do ministro (?) Mário Lino.


Livro: «O Deserto Habitado», de Júlio Conrado (Âncora, 146 pp.)

Soltar a imaginação

Três décadas depois, uma nova escrita para um romance que o corrupio da revolução dos cravos ajudou a que ficasse esquecido nas livrarias. Mantém-se a trama, mas o autor apostou no «reforço dos traços caracteriais da personagem principal», um crítico de televisão de repente mandado pela sua estação tratar de assuntos de maior conveniência. A história é de 1971, mas nos dias de hoje caberia muito bem.
Uma nova versão de um romance inicialmente publicado uma semana antes do 25 de Abril, também ele engolido pelo corrupio revolucionário que de repente se instalou em Portugal, versão esta a surgir três décadas depois, com «a supressão de uma mão cheia de páginas inúteis e o investimento no reforço dos traços caracteriais da personagem principal». Esta personagem principal é um crítico de televisão cujas opiniões acabam por ir deixando marcas na imagem da estação televisiva para a qual trabalha. Olegário Crispim – pseudónimo do destravado crítico, «herói para uns, demónio para outros» –, depois de suspenso de funções por causa de mais um artigo, inicia uma nova etapa da sua «carreira», passando a cobrir casos de polícia, que já os havia em 1971, ano em que decorre a acção do romance.
Crispim acaba por ser enviado para o Alentejo, para uma «vilória rendida ao sol em brasa no descampado a perder de vista». Motivo, acompanhar o julgamento de um pastor acusado de ter assassinado a mulher. Contudo, as peripécias deste julgamento pouco parecem interessar a Crispim. Aquilo que verdadeiramente o envolve são as suas próprias recordações. «De corpo inteiro no julgamento do pastor», Crispim acha-se ao mesmo tempo «presença e ausência, juiz, réu e testemunha de uma causa expandindo-se por mil subterfúgios de retórica forense até se diluir» num lugar onde a ele, Crispim, lhe «apetece pensar que se poderia estar e onde em certa medida se está», porque dá «rédea solta» à imaginação.
Crispim, a par da cobertura de casos como este do pastor assassino, e também a par da actividade de dar «rédea solta» à sua imaginação, torna-se também «folhetinista». Lá para o final, tirando os momentos em que as vagas de calor o deixarão «desnorteado», há-de sentir-se «contentinho da vida» por ao menos ter fama na província, principalmente numa pensão onde é «mimado como um verdadeiro Deus». Resta saber que espécie de mimos gostam os deuses de ter, nomeadamente aqueles que se possam classificar como verdadeiros.
Júlio Conrado (n. Olhão, 1936) é crítico literário e escritor, destacando-se entre a sua vasta obra o excelente romance «Desaparecido no Salon du Livre».

Frases mal ditas - 1

«O sul tem um defeito.»
António Almeida Santos (24.05.07)

O deserto

Esta é uma foto do deserto, em finais de Janeiro do ano passado. Nevou durante dois dias, muito, tanto que até que a neve desaparecesse não consegui sair daqui de casa; o carro ficava atolado na estrada do montado, bem antes de chegar à estrada de alcatrão que vai até Montemor-o-Novo. Com a neve a cair, nem se deve perceber bem que sou eu que estou na foto. Eu no deserto, e com neve, o deserto do norte do Alentejo que o ministro Mário Lino descobriu a meio de uma conferência em que – talvez avisado pelo caso do professor que levou com um processo disciplinar – já não se meteu a fazer piadinhas sobre a licenciatura de aviário do chefe. Aqui na margem sul, embora uma margem alargada, pois o rio está a mais de uma centena de quilómetros, vejo agora num portal qualquer que o ministro corrigiu as declarações feitas na conferência. Como o colega Manuel Pinho corrigiu as que fez sobre os empregos que (não) estavam a ser criados para ajudar a disfarçar os desempregos da zona da Guarda. É um tempo de correcções este que corre em Maio de 2007. Mário Lino, provavelmente a mando do chefe, obediente, já veio dizer à pressa que comparou a um «deserto» as zonas do Poceirão, de Rio Frio e das Faias, alternativas para a localização do novo aeroporto de Lisboa, e não a região da margem sul do Tejo. «As pessoas quando não têm argumentos deturpam a realidade. Estávamos a discutir as localizações do aeroporto. Sei muito bem que Almada, Montijo ou Setúbal têm gente.» Isto disse o homem à Agência Lusa. Já Rio Frio, o Poceirão e as Faias, a seu ver (seu dele), são «vagamente povoadas». E ainda reforçou… «Toda a gente percebeu o que eu quis dizer. [nem que seja vagamente] O deserto era a zona de implantação do aeroporto, não me estava a referir ao Norte do Alentejo na sua generalidade.» Ou seja, o deserto, afinal, era só um bocadinho, tipo oásis mas ao contrário; quer dizer, um enorme oásis desde o Barreiro, o Montijo, ou Alcochete («o alcóchêti», como dizia Luiz Felipe Scolari na altura do Euro 2004) até bem aqui ao Alentejo que talvez se possa classificar como profundo, na zona de Montemor-o-Novo – e no meio desse enorme oásis um pequeno deserto, o que ocupa o Poceirão, Rio Frio e as Faias. Sendo assim, corrijo eu também o que escrevi logo a abrir… Naquele final de Janeiro de 2006 não nevou no deserto, nevou foi numa parte do oásis, aqui, e eu fiquei na foto, embora, como referi, o mais certo é nem dar para se ver bem que sou eu. E este texto, outra correcção, afinal chama-se «o oásis». Lembra vagamente Cavaco Silva e um senhor que em tempos foi quase célebre, um senhor de nome Braga de Macedo. Enfim, não há-de ser nada…

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Um cheiro preocupante

Um professor castigado por dizer uma piada sobre uma licenciatura manhosa, apelos à delação entre os funcionários públicos, tiques de autoritarismo, listas com os nomes de quem faz greve, manias de controlar a comunicação social, tachos para aqui e para ali, desabafos de que o melhor seria acabar com os blogs… Por vezes dá a sensação de que no ar anda um estranho cheiro a 24 de Abril.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Pergunta discreta

Por que é que os responsáveis do Sporting demoraram tanto tempo a perceber o verdadeiro problema que era o jogador que escolheram para capitão de equipa?
(Era bom, se isto se confirmasse.)

Os primeiros segundos e um pequeno excerto

Ia a sair de casa, pela estrada do montado. Levava a máquina fotográfica por acaso. Apanhei os primeiros segundos de vida do pequeno bezerro que a vaca está a lamber (clicar na imagem para aumentar). É a mesma estrada que percorro inúmeras vezes no romance «O que Entra nos Livros» (capa na coluna ao lado), muitas delas de noite, como no bocadinho que mostro a seguir...
(…) E eu no montado escuro, atento às pedras que poderiam interromper-me a viagem e aos movimentos dos olhos que aos pares povoavam a noite. Tinham chegado as vacas, umas centenas, tinham chegado durante a tarde, algumas já com os bezerros nascidos. Iriam ficar uns dois meses no montado, enquanto não dessem destino à erva toda. Os olhos eram de uma cor esverdeada, bem diferentes de uma outra, mais para o vermelho, que de vez em quando denunciava a presença de animais selvagens, como por exemplo as ginetas; mas também havia animais selvagens com olhos esverdeados, e até alguns que me parecia terem olhos de outras cores. Eu tinha de estar atento, não fosse alguma vaca atravessar-se, ou algum dos inexperientes bezerros. E depois, já perto da estrada de alcatrão, tinha de ter o cuidado de fechar bem o portão.
Apetecia-me voltar para trás. Era sempre assim. Perguntava a mim mesmo por que é que não deixava mais cedo do que o previsto o lugar na câmara para um outro colega. Serviria de alguma coisa gastar tempo, paciência ou argumentos em reuniões em que o presidente, além de ocupar o lugar central numa mesa com cinco pessoas ao lado umas das outras, me parecia pensar que ocupava também o centro não apenas do concelho mas do próprio mundo? E aturar insultos, a voz como se falasse para alguém ao longe e também murros no tampo da mesa, como se sobre esse mesmo tampo alguma postura municipal encorajasse qualquer pessoa que ocupasse o cargo de presidente a descarregar as fúrias maiores? Eram perguntas como estas que eu colocava. A mim próprio. As correrias, de noite, sempre a chegar de noite, muito tarde, e a minha mãe acordada com o jantar à espera, sem que faltasse a sopa de legumes; tantos, tantos legumes que eu seria capaz de nomear a sopa como prato preferido se por ele me perguntassem numa entrevista a despachar como as que às vezes via em revistas e jornais.
(...)

domingo, 20 de maio de 2007

Uma espécie de entrevista

Não é bem uma entrevista, é uma série de respostas a um questionário, dito de Proust. Pode ler-se no site «Novos Livros», ou logo directamente aqui. Tem umas fotos também; são de 1968, 1980, 1992 e 2002.

Eu acreditei

Sporting – 4, Belenenses – 0 (Liedson, Alecsandro, Yannick e Pereirinha). O Sporting deixou os adeptos tranquilos logo bem cedo. E no Porto, como há uma semana em Paços de Ferreira, as coisas pareceram estar todas a favor do Sporting. Mais uma vez, tudo mudou de repente. E agora é preciso dar os parabéns aos vencedores, e a todos aqueles que torceram por eles. A todos, menos a um, que não os merece, que merece apenas o desprezo dos adeptos do Sporting, Filipe Soares Franco – que deixou bem claro que não queria o seu clube campeão. Este triste presidente entrou para a história agora que a época termina; poderia ter entrado por ser o líder do campeão, mas não, bem longe disso, entrou por ser o primeiro presidente do Sporting a afirmar que queria o clube no segundo lugar só para poupar o dinheiro dos prémios. Eu, por mim, sinto-me bem, mesmo triste; ainda que me digam que foi em vão, ainda que muita gente nos últimos dias me dissesse que era em vão, mesmo assim eu acreditei. Acho que fiz bem.

Dia estranho

Um pequeno texto cuja leitura recomendo, aqui… Fala de optimismo e confiança para hoje. Eu falo de pensamento positivo. Vai dar ao mesmo. Hoje é um dia estranho. Coisas difíceis de acontecer, mas a sensação de que vão mesmo acontecer. Uma vitória do Sporting e um empate do Porto, pelo menos. Mas é um dia estranho, pois sabe-se que tanto o presidente do Sporting como o treinador da equipa que hoje vai jogar ao Dragão (e que conseguiu empatar em Alvalade), tanto um como outro, Soares Franco e o professor Neca, conforme já afirmaram, desejam que o Porto seja o campeão. Pensamento positivo, de forma tranquila, e vamos ver o que acontece.

sábado, 19 de maio de 2007

E mais uma coisa

Ainda esta tarde, já fora da horta, mas perto, muito perto. Uma árvore que ouve, é o que dá a parecer. Quantos segredos conhecerá?
(clicar na imagem para aumentar)

Esta tarde




Mais algumas coisas da horta. Esta tarde, depois da rega. Pimentos, alfaces, cebolas. Os pimentos ainda estão pequenos; mas crescerão, como talvez um dia os dirigentes de que falo abaixo, no post de há pouco. Reparo ao escrever que está tudo verde. Bom prenúncio para amanhã...
(clicar nas imagens para aumentar)

Crescer

Já cresceram as batatas de uma plantação que aqui mostrei há quase um mês (21 de Abril); agora estão assim. Oxalá os dirigentes do meu clube acabem também por crescer, um dia, para que deixem de pedir aos jogadores o segundo lugar, só porque o primeiro custa algum dinheiro e pode estragar o negócio.
(clicar na imagem para aumentar)

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Entrevista

Uma entrevista sobre o romance «O que Entra nos Livros» passa hoje na Antena 1 (16.40 e 22.40 – programa «À Volta dos Livros»). Depois pode ser ouvida aqui.

Pergunta discreta

Que figas andará a fazer Soares Franco para ver se no próximo domingo consegue livrar-se de pagar o prémio da conquista do campeonato aos jogadores do Sporting? (livrar-se, quer dizer, a pagar será sempre o Sporting)

Uma espécie de prefácio

Bom, para o livro de capa verde da imagem de um dos posts de dia 15 («A Mulher que Fazia Recados às Putas e Mais Contos Perversos») o Luís Graça, o autor, pediu-me para escrever um prefácio. Não consegui, de forma que tentei fazer uma coisa o mais parecida possível. Não sou tão bom como ele, nem tão rápido, nisto de escrever. O Luís disse-me que me pedia o prefácio por causa de eu ter gostado muito de um primeiro livro de contos que publicou («O Homem que Casou com Uma Estrela ‘Porno’ & Outros Contos Perversos», Edições Polvo, 2003). A verdade é que gostei muito do livro. Para mim, foi um dos livros portugueses desse ano na ficção, mas pouca gente lhe acertou, ou lhe conseguiu acertar. Foi também o ano de um grande romance de Mário de Carvalho («Fantasia para Dois Coronéis e Uma Piscina»). Eu também publiquei um romance nesse ano, mas isso agora, como dizia a outra, ou o outro, nem sei ao certo, não interessa nada. Deixo a seguir o que escrevi para o novo livro de contos do Luís.

A sombra dos dedos
– Uma coisa tipo prefácio

Eu nunca disse isto ao Luís, e também nunca falei a outras pessoas, mas de cada vez que leio uma história dele lembro-me do Lucky Luke. O Luís, acho eu – porque nunca o vi a escrever –, deve escrever mais rápido do que a própria sombra. A dos dedos, já se vê, não a sombra toda. Imagino-o pela noite fora – ou pela noite dentro, nem sei –, à luz de um pequeno candeeiro, a escrever, sempre escrever, lançadíssimo, e a sombra dos dedos, a sombra parcial de cada um, toda aflita a tentar acompanhar o próprio dedo, a tentar ir a cada tecla que é tocada. No meu caso, sei muito bem, a sombra chega à tecla uns milésimos de segundo antes, percebo que a tecla fica mais escura e que só depois é que o dedo a toca. Mas com o Luís só consigo imaginar que a tecla, cada tecla, não muda de tom; o que muda, se calhar, é o dedo, ou antes, a unha. O Luís, a escrever, carrega na tecla, em cada tecla, e só depois é que lá chega a sombra, toda esbaforida, e decepcionada, ofegante, confusa, provavelmente muito confusa, porque em vez da tecla, de cada tecla, o que consegue escurecer é a própria unha do dedo que lhe terá dado origem. O Luís, pode dizer-se, pelo menos eu acho, é um escritor despachado.
Uma vez, melhor, um dia, pedi-lhe uma história para uma revista. Um conto. Pedi-lhe ao fim da tarde. Telefonei-lhe e pedi. O Luís nem disse que sim nem que não, disse apenas qualquer coisa como não valer a pena preocupar-me. No outro dia de manhã eu tinha a história na minha caixa de correio electrónico, enviada algures durante a madrugada. Uma história de formigas, cuja narradora – uma formiga, obviamente – dizia muitas vezes «a malta anda por todo o lado», quase tantas vezes como um conhecido treinador de futebol diz «na realidade» ou um desconhecido colega de um trabalho que tive no século passado dizia (se calhar ainda diz), «por conseguinte». Eu já suspeitava do Luís nessa altura, mas aí tirei a prova. Quando abri o ficheiro com a história e li o que lá estava escrito, chegou-me logo a ideia de que ele escrevia mesmo mais rápido do que a própria sombra. E de que aquilo de a sombra de cada dedo em vez de chegar às teclas chegar, afinal, à própria unha era uma fortíssima possibilidade.
Ou seja, o Luís escreve sem avisar a sombra. Primeiro carrega na tecla e depois… Bom, podia pensar-se que depois perguntava qualquer coisa, mas nem isso. Nada, depois já está na tecla seguinte, sempre em frente, sempre em frente, e a sombra, aflitíssima, a atingir-lhe cada unha sem nunca chegar às teclas. Um dia, receio, o Luís poderá perder a sombra, talvez não a sombra toda, mas a de alguns dedos, se é que não os usa todos para escrever. Talvez se safe a dos polegares, que ele não deve usar para escrever, ou então usa menos vezes. A sombra, sempre naquelas aflições de acompanhar-lhe a velocidade da escrita, um dia ou dá-lhe qualquer coisa ou foge nem sei para onde; a parte dos dedos mais usados na escrita, o resto não, o resto é bem capaz de ficar.
Estranhamente, com estas velocidades todas metidas nos dedos, o Luís sai-se invariavelmente bem. Sei do que falo, sei bem o que me sai quando é preciso escrever a correr; gralhas e mais gralhas, e o pior, as coisas sem sentido que depois me deixam completamente espantado. Nem a sombra chega antes dos dedos às teclas, por mais que ela acelere, nem as coisas me saem bem. Com o Luís não, não tenho essa ideia. Ele escreve mais rápido do que a própria sombra e mesmo assim sai-se bem. Não sei se no final sopra os dedos; aliás, duvido de que o faça. Se escrevesse à luz da vela, no final talvez soprasse a pequena chama que tinha estado a iluminar-lhe a escrita. Mas eu não o imagino a escrever à luz da vela; imagino-o, como disse, com um pequeno candeeiro ao lado, também ele a iluminar-lhe a escrita. Se calhar, no fim de cada texto, o Luís nem sopra, ou melhor, nem assopra, como por vezes se diz. Aliás, o próprio Lucky Luke, do que me recordo – e aviso de que não conheço os álbuns todos –, também não soprava no fim dos tiroteios. Lembro-me dele sempre de cigarro na boca; como poderia assim soprar o fumo que lhe saía do cano do revólver. Talvez o Luís fume um cigarro depois de escrever.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Pacheco Pereira, Mourinho, um dos meus cães

Copiei isto do blog de Pacheco Pereira («Abrupto», link na coluna ao lado, no final): «Lamento mais esta manifestação do meu tenebroso elitismo, mas um país em que um noticiário (pelo menos às 8 da manhã na RTP) abre com a notícia de um incidente entre um treinador, o seu cão e a polícia, não pode ser considerado sério. Mas também sei que há quem goste, ache muito bem e justifique que, no espaço por excelência nobre do jornalismo e das notícias, se valorize tamanha irrelevância. Todos os dias se vêem porcos a voar e a andar de bicicleta, pelo que já não se dá por ela.»
É o cão de José Mourinho. E a polícia é a inglesa. Acho que no fim da confusão o cão pirou-se, ou com medo dos polícias ou farto do dono, não sei, ou na volta a razão foi outra. Até já pode ter voltado. Eu, por mim, li a notícia no site de um jornal qualquer já nem me lembro se de referência ou não e até me interessou mais do que as notícias, por exemplo, da parvalheira que anda às voltas com a câmara de Lisboa.
Outra coisa... Um dos meus cães, o quarto a cá chegar, encontrei-o na estrada a caminho de casa. Perguntei à GNR de uma povoação próxima se sabia de onde poderia ter fugido e eles ficaram de passar cá, eles, quer dizer, o cabo, mas acabou por nunca aparecer. E o cão foi ficando. É muito chato porque ladra por tudo e por nada, e agora não posso dá-lo porque dos quatro tornou-se o preferido do meu filho. Entretanto, soube que o cabo da guarda da povoação tem medo de cães. O cão é este da foto.

Pergunta discreta

E se a menina desaparecida no Algarve se chamasse, por exemplo, Maria José?

Entrevista – «À Volta dos Livros»

Uma pequena entrevista comigo, sobre o romance «O que Entra nos Livros», passa na próxima sexta-feira na Antena 1. É às 16.40, às 22.40 e às 04.20 (aqui já será sábado). O programa chama-se «À Volta dos Livros». Provavelmente terei dito algumas asneiras, mas como dura só cinco minutos talvez não se note muito. Depois pode ser ouvido aqui.

Pergunta discreta

Será que António Costa, que se prepara para apresentar a demissão de ministro, é o número dois do governo ou, na verdade, é apenas o número dois do PS no governo?

Adesivos

Chegou-me por e-mail. Uma divulgação de uma agência de comunicação. Alguém numa empresa tinha sido nomeado «director-geral de adesivos de consumo». Foi numa multinacional que por cá está, ou actua, como se diz no mundo das empresas, foi aí que aconteceu a nomeação. Não parece um cargo assim muito interessante, mas na volta até se ganha bem.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Pergunta discreta

E se Marques Mendes convidasse para candidato a presidente da câmara de Lisboa, em vez do presidente da câmara de Sintra, o presidente da câmara de Gaia?

Quinta-feira, ao fim da tarde

O texto que coloco abaixo é a divulgação feita pelo meu amigo Luís Graça sobre os três livros que vai lançar na próxima Quinta-feira, em Lisboa (clicar na imagem para ver melhor as capas).

ESCRITOR LOUCO LANÇA TRÊS LIVROS NUM DIA
O conhecido louco Luís Graça (igualmente notório como escritor) foi acometido de mais um ataque de grau 7 e prepara-se para lançar três livros no mesmo dia, a menos que seja impedido pelas autoridades competentes, ou seja, Júlio de Matos e Miguel Bombarda.
A tripla insanidade ocorrerá a partir das 18 horas do dia 17 de Maio (Quinta-feira), na Livraria Bulhosa Entrecampos, em Lisboa (15 minutos a pé a partir do Júlio de Matos, um pouco mais a partir do Miguel Bombarda).
Produtos de uma mente doentia e delirante (mesmo perigosa), os livros «De boas erecções está o Inferno cheio, King Kong Size, Edição Especial para Masturbadores» (poesia), «A mulher que fazia recados às putas e mais contos perversos» (contos) e «15 desatinónimos para Fernando Pessoa» (contos) estarão disponíveis para todos os corajosos que se quiserem arriscar a comparecer no referido espaço de confraternização literária.
Igualmente presente estará o pessoano Riba de Castro, brasileiro radicado em Espanha, que comete a loucura de se deslocar expressamente (ou de avião?) de Madrid para o acontecimento, previsivelmente recheado com uma curta-metragem de Riba de Castro alusiva ao vate português («Pessoalmente») e uma exposição de fotos que é... uma loucura! («Lisbon Revisited», trabalhos de Inês Ramos e José de Deus, com textos de Luís Graça).
Luís Graça assegura que lhe retirarão a mordaça e o colete-de-forças na hora da sessão de autógrafos.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Uma carta

A carta é de Francisco Moita Flores, presidente da Câmara Municipal de Santarém e também escritor. Ponho-a aqui tal como veio parar-me ao computador, sem edição. Foi enviada para a assembleia da nossa república, para uma das comissões que lá têm. Francisco Moita Flores escreve no final que «darei voz pública à carta que vos envio»; aqui fica mais uma ajuda na divulgação.

Exmº Senhor Presidente
Da Comissão de Ética
Da Assembleia da República
Deputado José Correia

Santarém, 16 de Abril de 2007

N/Ref.

Desculpe-me antecipadamente V. Ex.ª vir incomodá-lo com um problema aparentemente sem importância, uma espécie de barba mal feita, e que sendo um problema formal me dirija a V. Exª com tão pouca formalidade.
Imagine um sapato de verniz com uma pequena esfoliação no calcanhar. É esse o problema que venho expôr. O sapato sou eu, e presidente da câmara de Santarém é sapato gasto, endividado e sem grande margem de manobra para lhes reforçar os contrafortes ou deitar-lhes meias solas. O verniz uma deputada vossa, agora ilustre secretária de Estado e que responde pela graça de D. Idália Moniz.
Aliás, deve dizer em nome da arte de fazer política, que a senhora D. Idália foi excelsa vereadora desta autarquia e contribuiu alegremente para a ruína do meu sapato. Vereadora da cultura, diga-se, cargo que ocupou com grande zelo e discrição até ao dia que um chamamento divino lhe revelou a sua vocação para a Reabilitação e foi reabilitar para o governo.
Até aqui nada a apontar. Sei que são poucos os chamados mas raros os escolhidos. D. Idália respondeu ao chamamento e aceitou o apelo divino e eis que aí está para nosso grande conforto a secretariar o Estado com grande determinação e loquacidade.
Feita a apresentação, devo agora pedir o esclarecimento que, por não saber mais a quem me dirigir, submeto a V. Ex.ª.
A nossa respeitável Secretária de Estado vive no concelho de Santarém e bastas vezes intervém aqui de forma pública. Até é deputada municipal, coisa que diga-se de passagem pouco frequenta. Confesso que me dá algum prazer vê-la por cá pois que até gosto da senhora e pessoalmente acho-a gentil e afectuosa.
Mas é raro encontrar a pessoa de quem gosto. Apresenta-se invariavelmente a Secretária de Estado, austero, divina. Bom, eu disse divina e com alguma base de convicção. É que a senhora passa por cima, julgo eu, das leis da República, e impõe de forma categórica a sua presença qual Diana enviada para caçar em nome de Zeus.
Chegados aqui, chegamos ao sapato e ao verniz. A Lei nº 40/2006 de 25 de Agosto, sobre o Protocolo do Estado, garante no seu artº 31 que no seu concelho, o presidente da câmara tem estatuto de ministro para as cerimónias públicas que aqui ocorrem. Mas a senhora no seu furor de secretariar o Estado, sobretudo em juntas de freguesia da sua cor política, teima que não (até já levei um raspanete por ter ousado dizer que era de outra forma), e que não, e porta-se como rainha a quem todos têm de prestar alvíssaras.
Pessoalmente não sou pessoa para me incomodar esta leitura napoleónica do poder. Quer presidir? Presida. Quer aspergir-nos a todos com a sua sabedoria reabilitada? Baixo a minha humilde careca perante o brilho solar que irradia da sua figura.
Mas também percebi que estas entradas de leão com saídas de deusa trazem água no bico. No meu entendimento violam a lei. Uma lei da República publicada durante o augusto governo a que pertence a augusta personagem. E das duas, uma. Ou a senhora Secretária de Estado não conhece a lei e é coisa grave. Ou conhecendo-a, não lhe liga puto, o que não é menos grave. A verdade é que tudo isto, sob a aparência de servir o Estado tem outras consignações. Reorganizar o seu partido desfeito com a última derrota eleitoral, amesquinhar o presidente da Câmara de Santarém, usar um bom sapato de verniz à custa dos sapatos remendões do desgraçado autarca crivado com as dívidas que a augusta personagem ajudou a construir.
Já percebeu V. Exª que esta carta não serve para repor honras espezinhadas porque a pessoa do presidente da Câmara, cuja vida é ser escritor, até se diverte e vai registando para memória futura estas atitudes que Eça de Queirós gostaria de ter conhecido. Mas o presidente da Câmara de Santarém não acha graça a que se violem leis da República, até porque é um dos seus garantes, e também não consegue aplaudir, como a pessoa do presidente aplaude, estas manifestações corriqueiras, narcísicas e petulantes de exercer o poder. Secretariar o Estado, na minha modesta opinião, não passa por este folclore de vaidades onde se esgotam personagens para melhores palcos.
Em Dezembro escrevi à senhora Secretária de Estado explicando-lha a lei que a sua maioria aprovou. Não ligou e acho que fez bem. Como pode senhora tão sobrecarregada com a arte de reabilitar preocupar-se com o afã de um presidente de câmara zeloso por fazer cumprir uma lei da República? Voltou à carga. E assim, aqui estou a pedir esclarecimentos a V. Ex.ª.
1. O Artº 31º da Lei 40/2008 está revogado?
2. O Artº 31º não se aplica a Secretários de Estado que vivem no concelho?
3. O artº 31º é só para fazer de conta?
Esta pergunta é apenas para confirmar porque, quando aqui esteve Sua Excelência o Senhor Presidente da República, percebi que o Protocolo de Estado se cumpre.
4. Existe alguma legislação especial para o caso da Secretária de Estado da Reabilitação?
5. Estou enganado na interpretação da lei?
Ajude-me V. Ex.ª Sei que tenho os sapatos sujos e rotos, sem dinheiro para os mandar consertar e é sempre com alegria que vejo os sapatos de verniz da nossa augusta governante. Mas não sei se devo aceitar que me espezinhe. Se for em nome da República e como ajuda a resolver o défice, eu próprio me oferecerei para servir de passadeira, deixando que os brilhantes saltos se cravem nas minhas costas. Se é um mero exercício de vaidade pessoal, pesporrência política e orgulho narcísico, tenho mais que fazer do que aturar esta procissão de vaidades.
Ajude-me a esclarecer esta dúvida existencial. Se para mim a República é um bem absoluto, também é verdade que reconheço que perante esta enviada dos deuses haja bens terrenos que têm se ser sacrificados e disponho-me já a ser mártir da República para servir o verniz da senhora Secretária de Estado.

Creia-me com consideração
(Francisco Moita Flores)

PS: Como este conflito de vãs vaidades é suculento e é revelador de uma moral política extraordinária, informo V. Ex.ª que darei voz pública à carta que vos envio, assim como à carta que em Dezembro enviei à senhora Secretária de Estado.

A imaginação

Vitória em Coimbra (Académica – 0, Sporting – 2; Liedson e João Moutinho) e o Porto quase a perder em Paços de Ferreira. Eu acreditava que tudo pudesse correr a favor do Sporting, e quase correu. Vou continuar a acreditar até à última jornada, embora a minha grande aposta fosse até à de hoje para o Sporting passar para a frente da classificação. A ironia, no meio de tudo isto, é que mesmo sem saber como o Benfica ainda pode vir a ser campeão (ainda por cima treinado por Fernando Santos).
Ou seja, para a última jornada penso numa vitória frente ao Belenenses (bem difícil), e penso no Porto a não conseguir marcar ao Aves, apesar de o Aves ser uma equipa bastante má (mas empatou a zero em Alvalade; e muito jeito davam agora os dois pontos perdidos nesse jogo, ou, para não recuar tanto, aqueles dois da Luz, na volta deixados escapar com a ajuda das estratégias dos dirigentes).
Hoje o Porto deu uma má imagem, mas mesmo assim saiu a vencer, o Porto e Filipe Soares Franco, que já disse que não quer o Sporting campeão para poupar nos prémios, provavelmente algo inédito no futebol português.
Mas eu acredito no campeonato para o Sporting, ainda acredito, por mais figas que Filipe Soares Franco faça até ao dia do jogo a ver se poupa nos prémios, ele e os outros elementos da sua direcção. Não consigo imaginar Jesualdo Ferreira a ganhar um campeonato; provavelmente o problema é meu, da minha imaginação, e não de Jesualdo Ferreira. No próximo fim-de-semana já se saberá.

domingo, 13 de maio de 2007

Uma história exemplar

Coloquei no meu outro blog («Mundo RH») a história da contratação pelo Sporting do seu actual técnico de equipamentos, o Paulinho. Foi-me contada pelo meu amigo Carlos Antunes, que é um dos seus protagonistas.

Triste líder

Leio no «Sol» e nem devia acreditar, mas tenho a certeza de que é verdade, pelo que aqui tenho vindo a escrever. É nas páginas de Marcelo Rebelo de Sousa, a que não costumo dar grande atenção; mas isto tinha de ler, depois de ter visto a referência num blog. Marcelo Rebelo de Sousa escreve uma nota a que dá o título de «segundo», esta… «Realismo e pragmatismo de Filipe Soares Franco: ‘O ideal é ganhar a Taça e ficar em 2º na Liga. Chega-se onde se quer e não se tem de pagar o prémio da vitória.’ Dito bem antes do Sporting - Benfica.»
Recordo aqui um dos meus posts do dia um de Maio, intitulado «os negociantes»… « Ainda sobre o jogo do Sporting na Luz… Parece-me que uma resposta para a acomodação da equipa poderá estar nos dirigentes. É tudo gente dos negócios, para quem conta sobretudo a facturação e aquela coisa de que antes só se falava nas empresas mas de que agora também se fala no mundo do pontapé na bola, a gestão de activos (passivos é que nem pensar em geri-los). «Se o segundo lugar dá direito a ir à Liga dos Campeões, para quê esforçarmo-nos a lutar pelo primeiro?», poderão perguntar-se os negociantes do Sporting. Vá lá que o quinto lugar não dá para ir à liga milionária, nem o décimo, nem o último, senão nem sei para que metas apontaria aquela gente.»
Hoje é um dia decisivo para o campeonato. Se os jogadores forem parvos e seguirem as instruções de Filipe Soares Franco, o Porto até pode perder em Paços de Ferreira. Eu acredito, contudo, que vão lutar pela vitória no jogo contra a Académica, e que em Paços de Ferreira o Sporting vai ser protegido pela sorte. Tenho de acreditar.
É uma vergonha para os sportinguistas terem este triste líder.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Mais uns bocadinhos

Mais uns bocadinhos do meu novo romance, «O que Entra nos Livros», no blog «Miniscente», de Luís Carmelo, em pré-publicação.

terça-feira, 8 de maio de 2007

«O que Entra nos Livros»

Chega hoje às livrarias o meu novo romance (ed. AMBAR), de que tenho vindo a falar aqui. Deixo a seguir uma sinopse e o início.

Sinopse
Uma estranha carta sobre o romance de António Manuel Venda «O Medo Longe de Ti», publicado em 2003, chega ao autor através da editora, depois de para lá ter sido enviada por um homem que assina J. D. Sapinho Júnior. Trata-se de um velho livreiro de Évora que parece muito interessado numa das personagens e que a certa altura escreve o seguinte: «poderia ajudar-me desde já se, na volta do correio, me enviasse (caso tenha nos seus apontamentos) uma descrição o mais detalhada possível de uma personagem do seu último romance, o mágico velhinho, personagem da qual, em todo o texto (que li por diversas vezes), não abunda a caracterização». O livreiro tem uma longa história para contar.
(«O que Entra nos Livros», de António Manuel Venda, Ed. AMBAR, 200 pp.)

O início
Chamo-me António Manuel Venda. Talvez não devesse começar assim, até porque se este relato for publicado, imaginemos que sob a forma de livro, o nome do autor aparecerá na capa. E depois, no interior, é bem provável que esse mesmo nome seja repetido quase até à exaustão, no topo de cada uma das páginas da esquerda, as de numeração par, numa espécie de desafio ao título, que dominará cada uma das da direita. Mas também há a hipótese de este relato não conhecer a publicação, e aí as coisas já serão diferentes. Se alguma pessoa o encontrar, nem interessa agora estar com especulações sobre o tipo de suporte, poderá querer logo saber quem o escreveu. Neste caso, a presença do nome a abrir o texto não será despropositada. Mas adiante, que os factos são muitos e importa deixá-los escritos antes que a memória, a minha memória, os remeta para um qualquer compartimento enevoado, daqueles onde as coisas parecem ser apenas o resultado de um sonho.
Em Setembro de 2003 publiquei um romance intitulado «O Medo Longe de Ti». Conta uma história de amor. Um jovem escritor português, que vive rodeado pelas suas personagens, encontra na Alemanha a rapariga mais bonita do mundo. Os dois apaixonam-se, mas o jovem escritor acaba por fugir. Isso acontece quando o medo de algum dia perder a rapariga se torna mais forte do que ele. Abandona um programa de estudos numa universidade da Floresta Negra em que ambos se tinham matriculado e viaja de regresso a Portugal. Uma das suas personagens, um mágico pequenino e de idade avançada, que lhe apareceu pela primeira vez quando estava na floresta em cima de uma árvore, faz a mesma viagem. O jovem escritor chega a imaginar como ele o segue num carro de modelo igual ao seu, e da mesma cor, mas de dimensões bem mais reduzidas. E as outras personagens acabarão por fazer um percurso idêntico, os «amigos», como o jovem escritor diz, e os «seres maus», expressão que também lhe pertence. Dezoito ou dezanove anos depois, o escritor, que nunca tirou da cabeça a rapariga mais bonita do mundo, e que continua a viver rodeado pelas suas personagens, inclusive pelo mágico, que é referido ao longo do romance apenas como mágico velhinho, tem um encontro surpreendente, em Lisboa, durante um debate literário.
Este é um resumo da história de «O Medo Longe de Ti». Por causa desse romance, durante os meses seguintes à sua publicação participei nalgumas iniciativas, principalmente em bibliotecas ou livrarias, além de feiras do livro. Falei da história, li pequenos excertos, conversei com leitores, estive em debates, dei alguns autógrafos... Enfim, a mesma coisa que tinha acontecido com os livros anteriores. Até que um dia, mais de um ano depois de o livro ter aparecido nas livrarias, corria o mês de Janeiro de 2005, aconteceu algo absolutamente… Bem, ia para escrever surpreendente, mas não, foi mais do que isso, muito mais.
Tudo começou com um envelope que recebi dos serviços da editora e que deixei uns dias em cima da secretária, por abrir, pensando que se tratava do convite para o lançamento de algum livro. Quando finalmente o abri, dei-me conta de que não era nada disso, de que se tratava de uma carta de alguém a tentar contactar-me através do endereço da editora. Não aparecia o nome de uma pessoa no remetente, mas sim o de uma livraria: «Sapinho Livros Lda». Confesso que não senti uma grande curiosidade em ver o conteúdo, tanto que coloquei a carta na pasta do trabalho e só à noite, ao arrumar alguns documentos, acabei por ficar a saber de que é que se tratava. Tinha apenas um cartão e uma folha A4, escrita de um dos lados, à mão, numa caligrafia muito cuidada e com uns curiosos salamaleques nas letras maiúsculas. Dizia assim…

Caríssimo escritor A. M. Venda
Escreve-lhe J. D. Sapinho Júnior para convidá-lo a deslocar-se à sua humilde livraria, em Évora, no endereço que poderá ver no cartão em anexo. Não é um convite para uma palestra sobre o seu último romance, nem tão-pouco para uma sessão de autógrafos. É, antes, para uma conversa comigo, que seria bom que tivesse lugar no espaço da livraria, e sobre a qual (a conversa, não a livraria) desde já lhe peço o mais absoluto sigilo. Agradeço que me confirme a sua vinda através do número de telefone que aparece no cartão.
Não tenho o seu endereço, nem sei onde reside (talvez em Lisboa, como boa parte dos nossos escritores), pelo que resolvi contactá-lo através da prestigiada casa que o edita.
Cumprimenta-o,
J. D. Sapinho Júnior
Acrescento – poderia ajudar-me desde já se, na volta do correio, me enviasse (caso tenha nos seus apontamentos) uma descrição o mais detalhada possível de uma personagem do seu último romance, o mágico velhinho, personagem da qual, em todo o texto (que li por diversas vezes), não abunda a caracterização.

O meu primeiro impulso foi…

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Apenas o resumo

Sporting – 3 (autogolo, Liedson 2), Setúbal – 1. Muito pouco a dizer. Vi apenas um pequeno resumo do jogo, e soube o resultado final já depois da meia-noite. Compromissos familiares alhearam-me do mundo; nem das eleições soube, as da Madeira e também as de França (onde elegeram um meio húngaro que não inspira confiança). Mas do resumo ficaram-me algumas ideias: a de que o Sporting ganhou com facilidade (o que me faz continuar a pensar que na Luz a desistência de lutar pela vitória foi uma grande irresponsabilidade – e veja-se o que a Naval foi agora fazer à Luz); a de que Ricardo mesmo sendo o guarda-redes com menos golos sofridos nos principais campeonatos europeus, ameaça voltar a uma das suas fases de deixar entrar uma bola defensável de vez em quando (foi o que me pareceu no golo do Setúbal); e o melhor, o mais interessante mesmo, Liedson passou a liderar a lista dos melhores marcadores. Próxima meta, Paços de Ferreira, a ver o que faz ao Porto (dava jeito um golo nem que fosse com a mão, ou então que o Porto jogasse com um caneira qualquer incapaz de fazer um sprint e então o Paços de Ferreira marcasse um golo como o que fez quando recebeu o Sporting).

sábado, 5 de maio de 2007

Sobre árvores cortadas III

Finalmente, um excerto do romance que vai sair agora («O que Entra nos Livros»); deve estar nas livrarias a partir de terça-feira, dia oito de Maio...
(…) Daí a pouco, já de regresso a casa, o telemóvel tocou num dos bolsos das calças, o que me fez dirigir o carro para a entrada de uma das estações de serviço de Monchique, numa zona em que a estrada era ladeada por enormes plátanos. Os mesmos que muitos anos antes me tinham inspirado parte do enredo de um conto chamado «A Costureira, o Raposo, o Pisco e o Plátano». A costureira tinha uma casa com costureirinhas muito jovens e dela dizia-se que se dedicava a um negócio bem diferente do da costura. O Raposo era um contador de histórias que vivia num sítio do concelho chamado Besteiro, e era conhecido como Raposo do Besteiro; um exemplo de uma história era a de quando tinha viajado para Lisboa à procura da Aranha aos Quadrados, sendo que depois, em Lisboa, de cada vez que via uma mulher vestida de xadrez, chegava-se ao pé dela e perguntava-lhe se era a famosa Aranha aos Quadrados, com resultados que não podiam deixar de ser considerados um pouco estranhos. O Pisco era o Pisco de Vale Moinhos, um homem muito esquisito que transportava uma bigorna e um martelo de sapateiro em cima de um carrinho de madeira, fazendo-se acompanhar por sete cães ainda mais esquisitos do que ele. E finalmente o plátano… Era um dos daquela zona, um que tinha sido cortado e cujo fantasma acabava por regressar, sendo impossível perceber alguma diferença em relação ao original.
Já tinham passado muitos anos sobre a escrita da história que metia a costureira, o Raposo do Besteiro, o Pisco de Vale Moinhos e o fantasma do plátano, mais de quinze, embora a sua saída em livro fosse um pouco mais recente. Eu lembrava-me muitas vezes dela quando passava na zona dos plátanos, tal como me lembrava de outras histórias dos meus primeiros livros quando passava noutras zonas da serra; aquela era apenas mais uma vez em que isso acontecia. Só que não durou muito a lembrança, porque o toque do telemóvel trouxe-me à memória o senhor Sapinho Júnior, o livreiro de Évora. De rompante, como se nenhuma das minhas histórias fosse capaz de lhe resistir.
Isto é o final de um capítulo.

Sobre árvores cortadas II

Noutro dos meus livros, também um de contos, mais uma árvore cortada, ou melhor, várias árvores (conto «Uma Mulher à Espera», do livro de 2005 «O Amor por entre os Dedos»). Um excerto…
(…)
Claro que a mulher só lamuriava de vez em quando, principalmente ao fim da tarde, quando os pardais começavam a amalhar-se nas árvores do largo da câmara. Aliás, um dos assessores do presidente...
- Pois, o tal que na cerimónia confirmou a justeza do preto para o busto do rapazito, que tem a mania de que é um grande escritor.
... o assessor de maior graduação, segundo se opinava nos corredores municipais quando tocava a falar de aguardente de medronho, que era o produto tradicional da terra. Ou melhor, da serra, porque além de Santo Estêvão havia mais terras produtoras por toda a serra. Esse assessor entregou um relatório ao presidente da câmara em que defendia que o grasnar...
- Você escreveu grasnar no relatório?!
- Sim, senhor presidente.
- Ó doutor, grasnar?! Num relatório dos meus serviços?!
- Bem, senhor presidente, é realmente um relatório desses, sem dúvida, mas como parece tratar-se de uma acção de protesto, já se sabe, tem uma componente política marcante…
- E daí o grasnar?!
- Sim, senhor presidente.
O que o assessor defendia era que o grasnar da mulher, ou lá o que fosse que ela fazia...
- Doutor, desculpe estar a telefonar-lhe quase de cinco em cinco minutos.
- Diga, senhor presidente!
- O senhor refere aqui, na página cinco do relatório, e passo a ler, «o grasnar, ou lá o que é aquilo que a amaldiçoada faz».
- Exactamente, senhor presidente.
- Quer dizer que não há certezas?!
- De facto, não há.
Bem, mas o que o assessor defendia era que a mulher grasnava, «ou lá o que é aquilo», por causa dos pardais. Outros diziam, como se viu, que ela lamuriava.
- Bom, grasnar ou lamuriar...
Depois de uma quebra, continua assim…
Ora, o presidente da câmara nem pensou duas vezes. Mandou cortar todas as árvores do largo.
- Também, já eram velhas!...
- Velhas é favor, senhor presidente.
- Podia ter mandado matar os pardais, mas eram muitos e ainda por cima bem manhosos, capazes de se esconderem em menos de nada...
(…)

Sobre árvores cortadas

Os posts anteriores fazem-me lembrar que nos meus livros também aparecem árvores cortadas. Normalmente a mando de autarcas. No primeiro («Quando o Presidente da República Visitou Monchique por Mera Curiosidade», publicado em 1996) há um conto chamado «A Costureira, o Raposo, o Pisco e o Plátano». A certa altura pode ler-se…
(...)
Um dos plátanos de Santa Clara foi deitado abaixo, cortaram-no e venderam a madeira para a serração. A junta de freguesia precisou de abrir um caminho e o raio da árvore tinha logo nascido naquele sítio. Talvez já tivesse uns cem ou duzentos anos, ou até mais do que isso. Quanto aos irmãos do plátano, não os cortaram, tiveram mais sorte, nasceram em melhor sítio.
– Às vezes é logo ao nascer que se fica com o destino irremediavelmente marcado.
(...)
E mais adiante…
(...)
O plátano que cortaram em Santa Clara apareceu três dias depois no mesmo sítio, com as folhas bem verdes e a dar boa sombra. Na serração ninguém dava com a madeira, tanto que muita gente achava que havia mão de bruxa no assunto. Restava saber de que bruxa, porque a fama de várias mulheres das redondezas para as artes do oculto era muito grande. Podia ser obra de qualquer uma delas, podia até ser obra de todas ao mesmo tempo.
O presidente da junta dizia que nunca tinha pensado que as bruxas pudessem estar de sentido virado para a ecologia, ou melhor, falava-se que ele se tinha saído com essa. E também se falava que a princípio ele não tinha querido acreditar que o plátano tivesse aparecido no sítio de onde o tinham cortado, que tinha dito que o mais certo era tudo não passar de mais uma das histórias do Raposo do Besteiro. Só que não era, o plátano estava de novo no sítio onde nascera e ganhara corpo de árvore.
(...)

Custa a acreditar II

Custa a acreditar, aquilo do post que coloquei ali abaixo. Cortaram mesmo a árvore (foto de baixo). Na altura em que li fui a correr fotografar uma oliveira aqui de casa (foto ao lado) que acho muito parecida com a árvore cortada. Só hoje consegui colocá-la aqui.

Custa a acreditar

Esta foto foi publicada no dia 17 de Abril no blog «Casario do Ginjal». A árvore foi cortada. O autor escreve… «Depois de visitar o [blog] ‘Paul dos Patudos’, achei que devia mostrar a ‘árvore da boa sombra’ à Ana Paula, para que ela visse a beleza deste monumento, que foi arrancado à terra que o viu nascer, crescer e viver durante mais de dois séculos./ Não quero alimentar polémicas, até porque este tema foi debatido há pouco tempo no blogue ‘Em Almada’, com a minha participação. O que não me inibe de dizer, quase dois anos depois, que continua a ser um acto indesculpável e um atentado ao Património Almadense./ Na altura escrevi uma crónica no ‘Jornal de Almada’, cujo texto teve o seguinte destaque na primeira página do semanário almadense: ‘Era um ex-libris da cidade, um monumento que a natureza preservara, durante anos e anos, para alegria de todos os almadenses. Até que, pelos vistos, houve alguém que se achou com poder suficiente para decidir o futuro da árvore, que pertencia a todos nós, como se ela estivesse ali a mais e já fosse tempo de a transformar em lenha.’»

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Entrevista com Soares Franco

Coloquei no meu outro blog («Mundo RH») uma entrevista feita em Abril do ano passado para a revista «Pessoal» com Filipe Soares Franco. Tema: dois mundos, o das empresas e o do futebol. Colocarei daqui a uns dias, no mesmo blog, uma entrevista feita antes para a mesma revista com Rui Meireles.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Primeiro dia

Não, não é a táctica que Jesualdo Ferreira usou no último jogo Boavista – Porto, nem a que vai usar na recepção ao Nacional da Madeira (antes fosse). É apenas uma plantação de Alfaces. Hoje de manhã, primeiro dia de terra depois do viveiro.

Pequenas histórias - 10

Cócegas

Antes de rebolar, de preferência numa superfície de pedras pequeninas, para se libertar da água que não sai a poder de um simples movimento brusco. Há gotas que percorrem devagar o capim feito de pêlos, à procura de nada. Percorrem, apenas isso, e por longos minutos, até se fixarem nas pedras pequeninas. As pedras pequeninas não têm cócegas. Talvez as grandes...

Os negociantes

Ainda sobre o jogo do Sporting na Luz… Parece-me que uma resposta para a acomodação da equipa poderá estar nos dirigentes. É tudo gente dos negócios, para quem conta sobretudo a facturação e aquela coisa de que antes só se falava nas empresas mas de que agora também se fala no mundo do pontapé na bola, a gestão de activos (passivos é que nem pensar em geri-los). «Se o segundo lugar dá direito a ir à Liga dos Campeões, para quê esforçarmo-nos a lutar pelo primeiro?», poderão perguntar-se os negociantes do Sporting. Vá lá que o quinto lugar não dá para ir à liga milionária, nem o décimo, nem o último, senão nem sei para que metas apontaria aquela gente.